Fanfics Brasil - Capítulo 18 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 18

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                Sexta-feira chegou. Se passaram apenas dois dias desde a descoberta definitiva de Fátima sobre a intriga imunda e covarde que sofreu. Desde então, seu pensamento se concentrava em William, na maior parte do tempo. Dentro da redação, por mais que tentasse, ela não conseguia disfarçar os olhares que lançava a ele o tempo todo. William retribuía grande parte deles, mas esquivava em seguida. Ela sabia que ele estava confuso com aquela mudança de comportamento dela. E percebia também que ele se esforçava pra superar o rompimento dos dois, se enfiando em trabalho quase na totalidade de seu tempo. Doía demais ver o olhar melancólico dele, que antes era sempre tão alto astral e engraçado. Fátima percebia que ele tentava desesperadamente agir naturalmente quando estava perante os outros colegas e ele até conseguia. Mas era observando-o pelo vidro de sua sala, em silêncio concentrado em seus afazeres, que ela percebia o quanto ele ainda estava mal. Aquela visão doía no fundo da alma de Fátima. Da sala dela, ela aproveitou um momento de descanso pra tomar um café e pensar em sua vida. Precisava reorganizá-la. Não tinha condições viver daquela forma por muito mais tempo. Devia isso a William, aos filhos, à ela mesma... Sentada confortavelmente em sua cadeira, ela esfregou as mãos pelo rosto e deslizou os dedos por entre os cabelos. De sua mesa, conseguia ver uma pequena parte da redação, do lado de fora do vidro. Via Joana várias vezes ao longo do dia de trabalho. Olhar pra ela naquele momento lhe despertava muito mais uma sensação de finalmente “vingada” do que raiva ou qualquer outro sentimento negativo. Joana desviava o olhar e abaixava a cabeça ao cruzar com ela, o que reforçava em Fátima a certeza de que conseguiu atingir seu objetivo, de mantê-la acuada e em uma distância minimamente segura dela e de sua família. Mesmo muito atarefada no trabalho naquela tarde, Fátima não conseguia se concentrar. Mais um fim de semana solitário naquela casa se aproximava e, novamente, ela teria que ver os filhos se arrumando pra saírem com William, ouvir a buzina do carro dele no portão e observar com dificuldade, escondida atrás da cortina da janela do quarto, ele aguardando com o carro ligado, óculos escuros no rosto e a mão esquerda apoiada no volante, com a aliança reluzindo no dedo anelar. Fátima girou a cadeira em que estava sentada. Virou-se pra prateleira, onde haviam portas-retratos dos filhos. Em um deles, uma foto dela e de William antiga, porém, muito especial pra ela.


 


 



 


 


                Enquanto olhava a foto, subitamente, sentiu um clique. Teve uma idéia que poderia ser um completo fracasso, mas ela precisava tentar. Lembrar-se de William e vislumbrar a possibilidade de que pudesse dar certo deu forças pra que ela girasse a cadeira novamente pra frente de seu computador e retomasse com seu trabalho. “Vai dar certo... PRECISA dar!”, pensou consigo mesma.


 


 


***


 


 


 


                - Mamãe, amanhã nós temos o aniversário do nosso colega na chácara do pai dele, você está lembrando né? – Beatriz disse, dentro do carro, a caminho da casa da avó.


                - Claro que estou. É almoço, não é? – Fátima estava apressada, aparentemente tensa.


                - É!


                - Então, fica tranqüila, a mamãe não vai fazer vocês se atrasarem para o aniversário. 11 horas busco vocês.


                - Não estou entendendo porque vamos dormir na vovó de novo! Não faz nem uma semana que viemos pra cá e você buscou a gente no meio da noite! – Laura comentou.


                - É ruim vir pra vovó, filha? – Fátima questionou.


                - Não, mas a gente nunca vem tantas vezes assim.


                - É que a mamãe tem um compromisso hoje, já expliquei pra vocês. Tudo bem?


Os três concordaram com a cabeça. Fátima estacionou na frente da garagem da mãe. Desligou o motor, puxou o freio de mão e aguardou que os filhos descessem.


                - Durmam bem. Qualquer coisa, falem pra vovó me ligar!


                - Você não vai descer?


                - Não, a mamãe está com um pouco de pressa. Amanhã desço com mais tempo. – ela deu um beijinho no rosto deles. Observou-os entrando pelo portão, até sumirem de suas vistas. Parada dentro do carro, Fátima olhou no relógio do painel do carro. Eram quase 23 horas. Não podia negar que sexta-feira era um dia especialmente cansativo e naquele dia não foi diferente. Trabalhou o dia todo, mas mal podia esperar pra estar em casa novamente. Mas, não pra dormir. Tinha algo mais importante a fazer.   


                Logo após sair da redação naquela noite, horas antes de deixar os filhos na casa da mãe, ela maquinou um plano pra conseguir ficar sozinha com William e tentar acertar os pontos da relação dos dois. Estava tensa, ansiosa, nervosa e muito otimista de que conseguiria se entender com ele. Parada no sinal, dois quarteirões à frente do prédio onde trabalhava, ela digitou uma mensagem pra ele, cuidadosamente elaborada.


 


 


 


 


Boa noite. Precisamos conversar. Pode me encontrar em casa hoje, por volta de meia noite?


 


 


 


                Ele demorou alguns minutos pra responder, mas no coração de Fátima pareceram horas.


 


 


 


 


Precisamos mesmo. E as crianças?


 


 


 


                Ela fechou os olhos, aliviada por ele ter topado conversar com ela. “Mas é lógico que ele toparia, Fátima, desse jeito que estamos não dá pra ficar...”, refletiu ela. Focou em responder a mensagem de William prontamente.


 


 


 


 


Tentarei deixá-los na casa dos meus pais.


 


 


 


                Ela se lembrou que nem procurou saber se a mãe poderia ficar com as crianças naquela noite. Mas tentou tranqüilizar a si mesma, pensando que a mãe sempre se prontificava a ajudá-la nesses momentos, principalmente quando se tratava dos filhos. O telefone vibrou e ela saltou, pegando-o no meio das pernas enquanto dirigia.


 


 


 


Ok.


 


 


 


                “Ok?”, ela se perguntou. A sequidão de William para tratá-la era terrivelmente desesperadora. Proporcionava a ela a sensação de que ele ainda estava absurdamente magoado. Fátima fechou os olhos e coçou a cabeça. Digitou outra mensagem a ele, precipitadamente.


 


 


 


 


Ok? Está confirmado? Você vai?


 


 


 


                Teve medo da resposta dele, que veio logo em seguida.


               


 


 


Sim.


 


 


 


                Parcialmente aliviada, ela concluiu seu percurso pra casa.


E parada na porta da casa dos pais após despachar os filhos, horas depois, ela releu as mensagens trocadas com William naquela noite. Notou que estava ligeiramente trêmula, ridiculamente parecida com uma adolescente imatura. Sacudiu a cabeça, reprimindo a si mesma, mas mesmo assim digitou mais uma mensagem a ele.


 


 


As crianças já estão com meus pais.


 


 


                “Porque eu fiz isso? Porque avisei isso pra ele?”, Fátima bufou. “Burra!”, ela ligou o carro e arrancou, retornando pra casa. Pra esperar. Esperar por ele.


 


 


 


***


 


 


                William dirigia pra se encontrar com ela, com o coração disparado. Fazia algum tempo que ele não pisava naquela casa. A última vez que esteve lá foi no aniversário dos filhos, em uma primeira tentativa de reaproximação entre ele e Fátima. Muitas coisas aconteceram desde então. William não tinha mais esperanças de reatar o relacionamento dos dois, apesar de ainda amar Fátima profundamente e verdadeiramente. Ele não era uma pessoa que desistia facilmente de seus objetivos. Mas sabia dosar o limite entre persistência e insistência. Uma linha tênue dividia a vontade que ele tinha de tê-la de volta e a capacidade que ele próprio tinha de discernir quando já estava se humilhando demais pra conseguir o que queria. Aquela manhã de domingo ainda estava recente demais na memória e no coração de William. A frieza com que ela olhou pra ele na sala do apartamento da Lagoa, logo após acordarem de uma intensa noite de amor, partiu o coração dele em mil pedaços. Naquele momento, ele decidiu que era o fim da linha. Não tinha mais condições de argumentar com ela. Não achava justo passar a vida lutando por uma guerra perdida. Ela simplesmente não confiava nele, não mais. Nunca entenderia o que foi que realmente aconteceu. E tinha certeza que, quando conseguisse se reerguer pra tocar a vida pra frente e, futuramente, embarcar em um novo relacionamento, nunca, jamais, sentiria por outra mulher o que ele sentia por Fátima. Algo dizia a ele que aquele encontro daquela noite seria um momento decisivo do rompimento dos dois. Provavelmente, ela solicitou aquela conversa pra resolverem questões legais, sobre divórcio e partilha de bens. Ele nem estava preparado pra isso, na realidade. Não estava pronto pra assinar aquela papelada, desvinculando sua vida da dela, depois de tantos anos conquistando coisas juntos. Nem mesmo sabia se tinha estrutura psicológica pra tratar desse assunto com um advogado, ter que enfrentar todas as pessoas questionando-o sobre aquilo constantemente... Fechou os olhos refletindo sobre isso. Mas precisava encarar. Era a única solução, afinal. Só havia algo que não se encaixava: Fátima estava diferente nesses últimos dias, ele não sabia explicar exatamente como. A forma com que ela olhava pra ele, aquela aliança que ela resolveu colocar no dedo repentinamente... Será que ela estava fazendo aquilo pra espezinhá-lo? “Ela não faria isso comigo...”, concluiu William. A cabeça dele girava em um turbilhão de pensamentos naquela noite. Enquanto dirigia pra casa, observava detalhes do percurso que era tão rotineiro e, agora ele percorria com as mãos suando de expectativa. “Seja o que Deus quiser.”, mentalizou, enquanto virava no quarteirão do condomínio residencial.


 


 


***


 


 


Duas taças de cristal vazias na mesa. As luzes estão na penumbra e as cortinas da sala estão fechadas. Um silêncio absoluto reina na imensa casa. Recostada no encosto do sofá com as mãos projetadas atrás do corpo, Fátima sacode um dos pés ininterruptamente em uma espécie de tique nervoso. Ela corre o olhar por toda aquela sala. Consegue enxergá-lo em cada milímetro dela. Nas fotos da prateleira, nas almofadas e na mesa de jantar. Entrando pela porta, descendo as escadas e saindo da cozinha depois de assaltar os chocolates da geladeira. Sorri sozinha e abaixa a cabeça. Sem suportar ficar parada, ela impulsiona o corpo pra frente e começa a andar de um lado para o outro. Passa os dedos pelos cabelos, puxa a bainha da blusa, ajeitando-a por cima da calça jeans. O único som que se ouve é o barulho dos saltos do sapato dela batendo no piso enquanto ela caminha. Tenta se concentrar em tudo o que tem a dizer a ele, reunindo o máximo que pode de coragem e sinceridade em seu coração. Respira fundo e para, encarando o jardim e a piscina da casa pela única fresta entreaberta da cortina. Respira fundo e fecha os olhos, perdida em seus pensamentos. Mas é interrompida e sugada fortemente quando o barulho do interfone ecoa, causando um impacto imediato em Fátima. Ela estatela os olhos, em um rompante e sente seu coração saltar peito afora, quase saindo pela boca. Gira o corpo e caminha até o receptor do interfone, levemente apressada. Puxa o gancho com a voz e as mãos trêmulas.


                - Oi. – ela diz, em um sussurro quase inaudível.


Do lado de lá, a voz do porteiro do condomínio.


                - Dona Fátima, o Sr. William está aqui.


Ela fecha os olhos e engole seco.


                - Pode abrir, Maciel. Obrigada.


Ela bate o interfone e recosta na parede. “Ele chegou!”. Fátima sente seu corpo desfibrilar. Caminha em círculos, cronometrando mentalmente o tempo que ele levaria pra se deslocar da portaria do condomínio até o portão da garagem. Não demoraram mais do que cinco minutos e o portão eletrônico faz um estalo, se abrindo lentamente. Ela consegue visualizar as luzes dos faróis do carro dele invadindo o jardim. Ouve o carro se desligando e uma porta se abrindo e se fechando, em seguida. O bip do alarme e das travas elétricas dispara e ela engole seco, no interior da casa. O sensor de presença, localizado no hall de entrada da porta da sala se acende. Ela caminha em cima dos saltos. Toca lentamente na maçaneta, respira fundo novamente e a gira, abrindo a porta em sua frente. William está parado com uma das mãos no bolso. O semblante sério, mas os olhos brilham ao olhar pra ela e mesmo assim, ele permanece sério. Ele corre os olhos por todo o corpo dela, ficando visivelmente deslumbrado com a beleza de Fátima. Tenta desesperadamente disfarçar, mas ela percebe que ele está nervoso, tanto quanto ela ou, talvez, até mais. Os dois cruzam os olhares e ficam ali por alguns segundos. Desconcertada e sem saber muito o que fazer, Fátima abaixa a cabeça, dá dois passos para o lado abrindo caminho pra ele. Baixinho, ela fita-o e diz:


                - Entra. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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