Fanfics Brasil - Capítulo 2 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 2

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Seis e dez da manhã, o despertador ressoa pelo quarto. William esfrega a testa e, em seguida, os olhos inchados de sono. Remexe na cama, extremamente confortável por entre os travesseiros e por baixo do edredom grosso e macio. Olhou pra Fátima ao lado dele. Ela estava com o corpo coberto até a altura das orelhas. O roupão que usava na noite anterior deu lugar a uma camisola cinza de algodão, curta e de alças finas. William respirou fundo. Esticou a mão pra alcançar o controle do ar condicionado na mesa de cabeceira e o desligou. Esfregou novamente o rosto e sentou na cama. Ficou por alguns segundos de cabeça baixa, sentado no quarto escuro. Naquele dia, por algum motivo que ele desconhecia, desejou fortemente ficar na cama emaranhado a Fátima o dia todo, pro resto da vida. Não era o cansaço que o provocou aquela estranha sensação, fazer amor com ela era sempre revigorante. Virou-se pra trás, pra olhá-la dormindo só mais uma vez. Sorriu com a visão da esposa de olhos fechados e com a mão repousada no travesseiro em frente o nariz. William girou o pescoço pra frente novamente e tratou de se levantar logo. Abriu as cortinas, como sempre faziam de manhã, ou ele ou Fátima, quem dos dois levantasse da cama primeiro. Observou Fátima se remexer, sonolenta.


                - Bom dia, delícia. – ele disse, entrando no closet.


                - Bom dia... – ouviu um gemido dela, abafado pelo pano do edredom.


William foi até o banheiro, tomou um banho rápido e se enxugou. Foi até o quarto e viu que Fátima ainda estava imóvel na cama. Estranhou, ela geralmente acordava pilhada, mais ainda do que ele. Caminhou até a beira da cama e se abaixou perto dela.


                - Que foi, amor? – ele disse, descobrindo o rosto dela e acariciando seus cabelos.


                - Nossa... Tô destruída de gripe. Mal consigo me mexer de tanta dor no corpo.


                - Aah, Fátima! Eu te falei dez mil vezes pra descer com o casaco ou então me esperar que eu buscava o carro pra você não tomar aquele vento do estacionamento. – ele sacudiu a cabeça. – Você está com febre? – ele tocou a bochecha dela.


                - Não, sei lá... Acho que não, não estou com calafrios. Acho que é só gripe forte mesmo... – ela tapa o rosto com as mãos. – Você leva as crianças?


                - Levo... – ele concordou com a cabeça. – Eu vou ter que passar na lavanderia pra buscar os ternos que mandei lavar, de todo jeito eu ia sair mais cedo hoje. Quer que eu pegue um café ou alguma coisa pra você?


                - Não... eu vou descer pra tomar café com vocês.


William sacode a cabeça novamente, com pena dela. Beija-lhe a testa e volta pro banheiro pra fazer rapidamente a barba e se vestir.


 


 


 


 


                - Cadê minha mãe, papai? – Laura pergunta, com os dois olhões estatelados para o pai.


                - Tá com gripe, filha. Papai vai levar vocês pra escola. Cadê a pasta? Já guardou seu material?


                - Já.


                - Então vamos descer pra tomar café. – ele sai do quarto, com a filha logo atrás. Caminha em largos passos pelo corredor. Inclina o corpo para o lado e dá duas batidas na porta de Beatriz, que está aberta.


                - Vamos, Bê? Mamãe ta gripada, hoje vocês vão comigo. – ele dá mais três passos. – Pronto, filho? – Vinicius acena com a cabeça, confirmando. – Então vem, vamos descer.


                William vai na frente, descendo em pulinhos a escadaria. As crianças vem logo atrás e já se acomodam na mesa.


                - Bom dia, Rose. – William cumprimenta a cozinheira.


Fátima aponta na escada, com um robe preto por cima da camisola. Esfrega os olhos e está fisicamente abatida.


                - Bom dia, amor. – ela dá um beijo na cabeça de cada uma das crianças. Ela dá a volta na mesa e se senta ao lado de William. Apóia o cotovelo no tampo de madeira e deita a bochecha na palma da mão, servindo um café vagarosamente.


                - Acho que você não devia ir trabalhar hoje.


Fátima levanta a cabeça e olha pra ele.


                - Talvez eu consiga, se eu for um pouco mais tarde...


                - Não, melhor não. Aquele ar condicionado vai te piorar. Melhor ficar em casa, guarda repouso e segunda você já está ótima.


Ela concordou com a cabeça.


                - É... Vou ligar lá daqui a pouco e avisar. Ai, nossa... que dor de cabeça. – ela resmunga.


Pesaroso por ela, William entrelaça os dedos por entre os cabelos dela e lhe faz um carinho. Aquela maldita sensação estranha o perturba. É como se o coração dele tivesse amanhecido levemente apertado, sem que ele saiba o motivo. Parecia que pressentia que algo ruim estava para acontecer. “É essa gripe dela que eu estou torcendo para que passe logo. É só isso...”, ele pensa, afirmando para si mesmo. Coça a cabeça, um pouco preocupado e tenta relaxar. “É só mais uma sexta-feira puxada, como outra qualquer.” Respira fundo e continua seu café.


 


 


***


 


 


 


                A redação em polvorosa, antes mesmo das 10 da manhã. William mal teve tempo de pensar em outra coisa, esteve envolvido com assuntos de trabalho o tempo todo. No fim da tarde sentado em sua sala, ele revisa alguns detalhes que ainda restam. Se levanta e atravessa a redação com uma papelada nas mãos. Passa por um grupo de colegas de trabalho, que estão conversando despretensiosamente. Joana está no meio deles e chama por William quando ele passa.


                - Ei, William!


Ele se vira.


                - Oi?


                - É... Hoje é meu aniversário.   


- Poxa, parabéns! Eu não sabia, desculpa não ter te parabenizado antes. – ele acaricia o ombro dela, simpático, cordial, mas formal.


Ela sorri.


                - Imagina, obrigada! A gente está combinando de comemorar em um restaurante lá na Barra, é super perto da sua casa. Vamos com a gente? Ah, inclusive estamos mendigando carona pra ir, pra voltar depois cada um pega um táxi. – ela e os outros colegas riram.


William sorriu.


                - Bom, eu agradeço seu convite, Joana, mas não vou poder. Em qual restaurante vocês vão?


                - No Applebee’s. – ela responde.


                - Ah, sei.


                - Poxa, vamos William?


                - Não, eu não vou poder mesmo, desculpe. A Fátima está com uma gripe danada, eu vou pra casa ficar com ela. Mas obrigado e, se precisarem de carona, podem contar comigo, eu deixo vocês lá. Sem problemas.


Joana sorriu com falsidade pra William e observou ele se afastar. Sentiu o sangue subindo em suas veias, em uma obsessão doentia de estar sendo sempre perseguida por Fátima. “Sempre ela no meu caminho, SEMPRE!” Engoliu seco. Aquele sentimento era mais forte do que ela. E, subitamente, teve uma idéia. Girou o corpo e voltou para a roda de amigos, exalando naturalidade.


 


 


                - TRÊS MINUTOS. – Avisa o produtor, na contagem regressiva para o jornal entrar no ar.


William ajeita o paletó. Tira do bolso o aparelho celular, que já está no silencioso. Rapidamente, digita uma mensagem pra ela.


 


 


 


 


Melhor?


 


 


 


Ele ergue a cabeça e enfia o telefone novamente no bolso. Mas o aparelho imediatamente vibra com a resposta dela.


 


 


 


                Melhor, meu amor. Obrigada pela preocupação. Amo vc, bj.


 


 


 


                - DOIS MINUTOS.


William coça a cabeça. Digita freneticamente, empenhado a respondê-la antes de entrar no ar.


 


 


 


Vou entrar no ar em 2 min. Te amo MT, bjs.


 


 


                Ele enfia o telefone no bolso e se concentra. Mais uma semana se encerra e a sensação de alívio é inevitável. Agora, a contagem regressiva pra ir pra casa começa mentalmente pra William.


 


 


***


 


                - Pessoal, vocês realmente vão querer carona? Eu já estou indo... - William diz, antes de sair da redação.


                - Opa, vamos sim, William! – um dos colegas responde. – Cadê a Joana? Ela vai com a gente também. – ele corre o olhar pela redação, à procura dela.


                - Ela está vindo ali. – Raquel aponta. – Cabe todo mundo, William?


                - Meu carro cabe seis pessoas, além de mim. – ele diz.


                - Não, nós somos cinco! William, você tem certeza que não vai te incomodar? – Raquel questiona, humildemente.


                - Não, imagina... Passo na porta mesmo, não é incômodo algum. Vamos?


Todos concordaram com a cabeça, inclusive Joana. E caminharam todos juntos até o estacionamento.


 


                O caminho pra casa foi um pouco menos solitário do que William imaginava que seria naquele dia, sem Fátima. Os colegas de trabalho, nos quais ele tinha pouquíssimo contato, se demonstraram animados e empolgados, falando todos ao mesmo tempo. Raquel e mais três colegas foram no banco de trás. Ao lado de William, no passageiro, estava Joana. Em silêncio, ela observava cada milímetro do carro. Olhava o compartimento central do veículo. Não tinha nada muito pessoal lá, a não ser alguns chicletes, um molho de chaves e, pendurado no câmbio, um lixinho de pano com um desenho infantil estampado, escrito em uma caligrafia torta: “Feliz dia dos pais! Vinicius, Beatriz e Laura.” Ela parecia maquinar alguma coisa em sua mente, mas William não percebeu. Dirigia tranquilamente, concentrado no trânsito engarrafado, que estava acostumado a enfrentar diariamente. E naquele dia, estava visivelmente pior. Um acidente entre dois veículos fez o congestionamento aumentar consideravelmente e o trânsito parou.


                - Putz... Vocês estão com tempo, né? Acho que aqui vai longe... – William comentou, bufando e batendo a mão no volante, exausto.


                - Temos todo o tempo do mundo, William. – ela sorriu pra ele.


Ele não respondeu, apenas sorriu simpaticamente a ela. Estava dentro daquele carro de corpo presente, mas sua cabeça e seus pensamentos estavam em Fátima, somente nela. Desejava fortemente chegar em casa naquela sexta-feira a noite. Era tudo o que ele queria naquele momento.


 


 


                Há uns 100 metros, era possível avistar o enorme letreiro do Applebee’s, dentro de uma galeria. William fez uma troca de faixa e entrou na galeria. Estacionou na porta do restaurante e aguardou que os colegas descessem.


                - Poxa, obrigado pela carona, Bonner. – um dos rapazes deu duas batidinhas no ombro de William, que sorriu agradecendo.


Todos saíram do carro, mas Joana permaneceu, fitando William.


                - Obrigada pela carona. Eu gostaria muito que você ficasse, mas se não pode, então tudo bem. – ela usou um tom que William estranhou. Tinha pouquíssimo contato com ela durante todos esses anos em que trabalhavam juntos. Mas sorriu, louco pra ir embora.


                - Imagina, Joana. Feliz aniversário. Boa comemoração pra vocês. Desculpe por não ficar.


                - Obrigada e melhoras para a Fátima. – ele concordou com a cabeça.


Joana destravou a porta do carro e a abriu. Impulsionou o corpo pra fora do banco do passageiro. Antes de bater a porta, em milésimos de segundos, correu os olhos pra fora do carro e os colegas de trabalho conversavam entre si mais adiante, do lado contrário do carro. Estavam todos de costas pra ela. Joana abaixou a cabeça e olhou pra William, que estava com o rosto para o lado contrário dela, tentando puxar o cinto de segurança para afivelá-lo novamente. Sem pensar muito, ela enxergou ali uma oportunidade perfeita. Não sabia se entraria no carro dele novamente algum dia. Arrancou da bolsa uma calcinha vermelha de renda minúscula. Levemente trêmula, ela a jogou no canto direito do banco, deixando a peça entre a parte de baixo do assento e o compartimento inferior da porta do veículo. Bateu a porta rapidamente e caminhou até o restaurante, tentando explicar pra si mesma como foi que teve coragem de fazer isso. Não havia como voltar atrás. Não mais. Não sabia quais seriam as conseqüências desse seu ato impensado, precipitado e absurdamente cruel. Apesar da pontada de culpa e indignação consigo mesma, ela não sentia arrependimento. E ao pensar na reação de Fátima, Joana sentiu uma onda de satisfação invadi-la. Finalmente sentia-se vingada. Finalmente, todo o ódio acumulado todos esses anos, extravasava-se ali, naquele momento. Fechou os olhos e respirou fundo, com um sorriso doentio nos lábios. Juntou-se aos colegas e olhou pra trás. O carro de William dava seta na saída da galeria, aguardando o movimento de carros cessar para que ele prosseguisse em seu caminho pra casa. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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