Fanfics Brasil - Capítulo 20 (PENÚLTIMO CAPÍTULO) Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 20 (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

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                Deitado sobre o sofá, William ofegava, ainda tentando recuperar o fôlego após fazer amor intensamente com Fátima. Ele estava completamente nu e com os olhos abertos, com olhar vago direcionado ao teto da sala. A mão direita estava pendurada, com a ponta dos dedos tocando o carpete o chão. A mão esquerda acariciava os cabelos de Fátima, que estava deitada de bruços por entre as pernas dele, com a cabeça recostada em seu peito. De olhos fechados, ela estava acordada, mas desfrutava daquele momento. As pernas de William contornavam a cintura dela, cruzando-se nas costas dela, acima do bumbum. Naquele momento, ela não pensava em nada. Só inalava o cheiro do corpo dele, sentindo o cafuné que ele fazia em seus cabelos e os pêlos do peito dele tocando sua bochecha. Abriu os olhos ao ouvir a voz de William:


                - Acho que seu jantar esfriou... – ela podia sentir que ele sorria ao dizer isso, mesmo sem conseguir vê-lo. Fátima riu.


                - É bem provável... – Fátima levantou a cabeça e apoiou o queixo no peito dele. Ficaram se olhando, enquanto William acariciava o rosto dela com a ponta dos dedos. – Posso te fazer uma pergunta? – ela questionou baixinho.


                - Claro. – ele foi firme.


                - Você... teve alguém nesse período que passamos separados? Quero dizer, não exatamente alguém fixo, mas... enfim, você entendeu. – o olhar dela estava apreensivo.


William riu, sacudindo a cabeça.


                - É lógico que não. Eu nem pensei nisso. – ele disse, olhando pra ela. – Faria diferença se eu tivesse tido?


                - Faria. Não deveria, mas faria sim. Que bom ouvir isso! – ela esboçou um sorriso.


                - Eu não conseguiria me envolver com outra pessoa... não por agora.


                - Nem por agora e nem nunca... não é? – ela mordeu na boca ao perguntar.


William sorriu, puxou o rosto dela pra si e salpicou um demorado selinho na boca de Fátima.


                - Nunca. – ela deitou o rosto na curva do pescoço dele e fechou os olhos, suspirando. William beijou a cabeça dela. – Putz, como eu senti sua falta! – ele sussurrou.


                - Eu também. Muito! Acho que não quero sair nunca mais daqui. – ela riu de si mesma e William também.


                - Nem eu... – ele fechou os olhos e continuou na mesma posição.


Em silêncio, ambos desfrutavam da companhia um do outro e da sensação de estarem novamente completamente entregues, nus e abraçados, sem preocupação e com o coração em paz. Fátima ouviu, de repente, um ronco vindo da barriga de William. Ergueu a cabeça, com os olhos arregalados.


                - Isso é seu estômago?


Ele gargalhou.


                - É!


                - Que horror, William! Fica com fome e não avisa?


                - Eu estava ocupado... – ele pisca maliciosamente pra ela.


Fátima ri. Senta-se no sofá, agarra a camiseta preta de mangas compridas que ele usava e veste-a, rapidamente.


                - Vou esquentar o jantar pra gente. – ela se levanta e caminha até a cozinha.


                - Tá vendo porque eu não queria falar que estava com fome? Sabia que você ia levantar daqui. – ele resmunga.


                - É rapidinho!


                - Já te disse que você fica absurdamente sexy vestida apenas com uma camiseta minha e mais nada?


Ela riu, entrando pela porta da cozinha.


                - Já! Várias vezes, inclusive. – ela olha pra ele e sorri, virando o pescoço pra trás.


                - Hum... Só pra ter certeza de que você não esqueceu.


William senta-se, veste apenas a cueca boxer e caminha até a estante da sala.


                - Tem algum vinho na geladeira? – ele questiona, correndo os olhos pela adega.


                - Tem, pode deixar que eu levo. As taças estão na mesa.


Ele dá meia volta e caminha até a mesa. Senta-se e aguarda ansioso pelo jantar. Era maravilhosa a sensação de estar ali novamente, jantando com ela. Mesmo antes do rompimento, faziam meses que eles não ficavam sozinhos em casa, sem as crianças e empregados. Apesar da saudade que sentia da rotina diária com os filhos, naquele momento ele estava aliviado por eles não estarem em casa. William olhou para a arrumação da mesa. Sorriu ao ver o capricho de Fátima pra proporcionar um clima romântico para o jantar. Dois castiçais com velas ainda acesas estavam no centro da mesa, com souplasts dourados e pratos fundos combinando com as taças e porta guardanapos. Refletindo, William concluiu: nem por um segundo imaginou que aquela noite terminaria daquela forma. Enquanto ele se arrumava pra ir encontrar-se com ela, se passaram um milhão de pensamentos em sua cabeça. Se preparou pra discutir sobre divórcio e pretendia pegar o restante de suas roupas que ainda estavam no closet da suíte do casal. Essa seria a parte mais difícil, ele presumia. E agora, estava seminu na mesa de jantar, após fazer amor maravilhosamente com ela e ser invadido por uma felicidade que era quase maior que ele. Ainda haviam muitas coisas que ele gostaria de conversar com ela. Mil coisas se passavam pela cabeça de William naquele momento. Olhar pra Fátima chorando, verdadeiramente intencionada a tê-lo de volta, sentir as mãos dela deslizando pelo rosto, pescoço e peito dele e o olhar dela, em um misto de arrependimento e desejo. Ele nem precisava de provas, mas as circunstâncias acabavam reforçando a ele o quanto amava Fátima. A presença dela, sua voz e seu cheiro desmontavam-no completamente, sempre, desde quando se conheceram. William ainda estava magoado, no fundo, por ter sido injustiçado por tanto tempo, mas se esforçava pra entendê-la e conseguia, em quase todos os momentos. Mas ainda era importante pra ele ouvir toda a verdade sobre aquele absurdo sobre uma calcinha implantada em seu carro. Nem tinha pensado nisso ainda, ficava em choque cada vez que o pensamento vagava e se deparava com aquela história. Interrompeu seus devaneios ao ouvir o barulho de talheres caindo no chão da cozinha. Mas nem teve tempo de perguntar o que havia acontecido, quase no mesmo minuto, Fátima apontou da cozinha, caminhando delicadamente, levemente na ponta dos pés. Novamente, um arrepio percorreu o corpo de William ao fitá-la. A blusa de frio dele cobria até o início das coxas dela. Descalça e com os cabelos pretos levemente desgrenhados, ela caminhava quase desfilando com uma travessa de macarrão na mão, envolta por uma luva de cozinha. O que tornava a cena ainda mais erótica pra William era o fato de que Fátima exalava espontaneidade e naturalidade. Não se esforçava pra ser sensual, ele tinha certeza que naquela momento ela estava mais concentrada em segurar firme a porcelana da travessa do que em seduzi-lo. E era impressionante como ela conseguia inquietá-lo com gestos bobos e corriqueiros. William sorriu feito bobo olhando pra ela, que se aproximava da mesa.


                - Que foi? – ela sorriu, depositando o macarrão no centro da mesa, tirando a luva e abandonando-a, em um canto qualquer.


                - Nada. Você é linda.


Fátima sorriu, constrangida, com as bochechas rosadas.


                - Não estou exatamente no meu melhor momento agora, com a sua blusa cabendo duas Fátimas dentro. Mas obrigada. – ela deu a volta na mesa, caminhando até ele.


William arrastou de leve a cadeira pra trás, presumindo o que ela faria. Ela olhou-o de cueca, mordeu a boca e, baixinho, disse:


                - Humm... – sentou-se deliciosamente no colo dele. William deslizou as mãos pelas coxas dela, subindo até o bumbum, que estava escondido pela barra da camiseta. Fátima puxou-o pelo queixo e deu-lhe um beijo molhado, que quase fez William jogá-la em cima daquela mesa e fazer amor com ela ali mesmo. – Eu estou tão feliz... – ela disse olhando nos olhos dele, depois de beijá-lo.


                - Eu também. – sorriram um para o outro e se beijaram novamente.


Ela se levantou e sentou-se de frente pra ele, na ponta da mesa.


                - Vamos comer antes que eu tenha que voltar pra cozinha pra esquentar de novo.


Enquanto ela servia-se despretensiosamente de um espaguete com molho branco, William, cuidadosamente, disse:


                - É... Eu gostaria que você me esclarecesse essa história direito. Sério, eu tô confuso demais, como assim colocaram uma calcinha no meu carro? De propósito, não foi tipo um acidente? E ameaças aos nossos filhos, eu... As coisas não estão se encaixando pra mim.


O semblante de Fátima ficou sério.


                - Sirva-se. – ela entregou a ele um prato. – Eu vou te contar tudo o que você quiser saber e estiver dentro do que eu também conheço dessa história horrorosa. – ele concordou com a cabeça. Respirou fundo e preparou-se pra ouvir o que ela tinha a dizer.


 


 


***


 


 


                De olhos fechados, quem ouvia o som do canto dos passarinhos podia apostar que estava em uma casa de campo ou em um hotel fazenda. Mas não. Era o jardim da casa de Fátima e William, que era quase um santuário de pequenas aves urbanas.


                Ao abrir os olhos, William respirou fundo e apreciou, imóvel aquele som. Era um misto de piados estridentes com outros mais discretos, mas todos muito agradáveis aos ouvidos, principalmente naquela manhã de sábado. Ele olhou ao redor. A sensação de estar de volta no quarto e na cama do casal era maravilhosa. Ele sentia muita falta das pequenas sensações que aquele quarto lhe proporcionava. O cheiro do amaciante nas roupas de cama, o cheiro do quarto todo, que era extremamente familiar pra ele, a penumbra que deixava a iluminação nem muito escura e nem clara demais. Os porta-retratos da família ainda estavam intactos, em seus devidos lugares, ela não havia tirado nenhum. O barulho do ar condicionado discreto, mas muito relaxante. Ele se remexeu na cama, afofando o travesseiro. O edredom quentinho cobria todo o corpo dele completamente nu, até a altura do pescoço. Ele deslizou os pés pelas pernas de Fátima. Ela estava maravilhosamente quente e a pele lisinha de suas pernas fez William ficar excitado. Tinham feito amor novamente após uma esclarecedora conversa e um jantar delicioso, mas dessa vez na cama deles, que era quase um santuário para os dois. Nunca levavam brigas e discussões pra cima da cama, tudo o que faziam nela entrava para a lista de boas e prazerosas lembranças. William impulsionou o corpo de leve, levando a mão em direção a ela. Fátima estava de costas pra ele, também nua. Ele tocou o ombro dela e desceu lentamente a mão. Alcançou os seios dela e os acariciou, envolvendo-os com toda a mão. Com a ponta dos dedos, pinçava os mamilos dela, sutilmente para não machucá-los. Fátima remexeu a cabeça, fazendo com que o cheiro dos cabelos dela ventasse no nariz de William. Ele se aproximou mais, colando o corpo no dela e moldando se nas curvas das costas, do bumbum e das coxas dela. Passou a mão na barriga de Fátima. Continuou roçando os pés pelas canelas dela, enquanto sua mão passeava, descendo até a virilha dela. Fátima enrijeceu o corpo e gemeu baixinho. Ele sorriu, levantou a cabeça e afastou os cabelos dela, pra que pudesse beijar sua nuca.


                - Bom dia, delícia.


Ela mexeu o pescoço e com voz de sono, respondeu.


                - Bom dia, meu amor.


William sorriu com a resposta e continuou salpicando beijos pela nuca e pelos ombros dela. Ela virou-se na cama, ficando deitada de barriga pra cima. Ainda cobertos, eles viam apenas o rosto um do outro e se tocavam por baixo do edredom. William cada vez mais se aproximava dela, jogando a perna por cima das coxas dela. Fátima sorriu, ainda com os olhos fechados.


                - Que sonho erótico você teve que acordou assim? – ela coçou o rosto.


                - Quem precisa de sonho erótico quando se tem você pelada em cima da cama?


Fátima gargalhou. Abriu os olhos e olhou pra ele. Não sabia se era possível sentir felicidade maior do que a que ela sentia naquele momento.


                 - Sensacional esse meu café da manhã. – ela sorriu e mordeu na boca.


William rolou pra cima dela, em um rompante. Encostou a ponta do nariz no dela e mordeu o lábio inferior dela, puxando-o pra si. Fátima deslizou as mãos pela nuca dele. O ar condicionado estava no mínimo, então o quarto estava muito frio. Ela enroscou as duas pernas ao redor do quadril dele. William afundou o rosto na curva do pescoço dela e penetrou-a devagar, fazendo com que Fátima franzisse a testa e soltasse um gemido baixinho.


                - Você deu folga pros empregados? – ele sussurrou no ouvido dela.


                - Hoje não. – ela disse gemendo, enquanto William se remexia por cima dela. – Mas a porta está trancada.


                - Ah... – ele continuou na mesma posição, acelerando o ritmo e fazendo Fátima gemer cada vez mais. Sentia as unhas dela cravadas em seus ombros e sua nuca e as pernas dela se fechando fortemente ao redor do quadril dele. O corpo dele vibrava inalando o cheiro dela e sentindo a pele dela arrepiar-se cada vez que ele ofegava no pescoço dela.


                - Por favor, vamos enraizar nessa cama? Pra sempre? – ele disse.


Ela riu e continuou gemendo baixinho.


Os minutos passavam e ela sentia seu corpo sofrer espasmos, seguidos de uma sensação maravilhosa, que ela já havia sentido várias e várias vezes antes com ele, mas sempre parecia ser a primeira e a melhor. Junto com ele, ela explodiu em um orgasmo incrível, fazendo os vários gemidos avulsos tornarem um único, longo e engasgado, abafado pela bochecha de William que estava encostada na lateral boca dela. Naquele momento, Fátima teve certeza de que era, disparado, a mulher mais feliz do mundo.


 


 


***


 


 


                - Onde é esse aniversário que as crianças vão? – William questionou, desligando a torneira do chuveiro. Do lado de fora do boxe, Fátima enxugava o corpo com o cabelo preso no topo da cabeça.


                - Em Saquarema. Por falar nisso, que horas já são? – ela caminhou embrulhada na toalha até a pia do banheiro. Apertou uma tecla qualquer do celular pra que pudesse ver as horas. – Nossa, já estamos em cima da hora pra buscá-los. Prometi que não ia me atrasar, eles estão tão empolgados com essa festinha, vão ter mil atividades. Estão falando disso a semana toda.


William terminou de se enxugar rapidamente e trataram de se vestir no closet. As roupas dele ainda estavam nas gavetas, assim como ele havia deixado. Ele apanhou uma calça jeans e uma camiseta mais antiga, mas era o que restava de suas peças naquele guarda roupa. A grande maioria estava no apartamento da Lagoa. Desceram juntos para o café e foram recepcionados com um largo sorriso da cozinheira da família.


                - Bom dia pra vocês!


Os dois sorriram em retribuição a ela e William a cumprimentou igualmente empolgado. Não disseram nada a respeito da presença dele lá depois de tantos meses, mas nem precisavam. Ambos transpareciam muita felicidade e isso deixava claro que estava tudo bem. Tomara às pressas xícaras de café e saíram ainda comendo rosquinhas de côco. Optaram por buscar as crianças no carro de William.


                - Eles vão adorar ver você chegando pra buscá-los comigo. Vão adorar nos ver juntos. – ela sorriu pra ele, passando a mão pela coxa de William enquanto ele dirigia. Ele retribuiu o sorriso e piscou pra ela. Mas logo o semblante ficou sério novamente.


                - Meu bem... é, desde ontem que não paro de pensar nessa história cabeluda da Joana e toda essa confusão, essa turbilhão que foi as nossas vidas nesses últimos meses... Que coisa surreal!


                - Eu também achei, mas depois que tive a oportunidade de ouvir essas barbaridades da boca dela, ficou mais fácil acreditar. Bom, “fácil” não seria a palavra, mas... mais “possível”, pelo menos.


Ele sacudiu a cabeça.


                - Eu não consigo nem visualizar como tenha sido esse encontro de vocês duas. Você virando a mão na cara de alguém? É difícil, em se tratando de você, ainda mais você que sempre foi tão ponderada...


                - William, eu perdi completamente a estribeira quando ela mencionou as crianças. Acho que eu seria capaz de matar ela se ela fizesse algo contra eles.


                - Fátima, você deveria ter gravado essa ameaça. Essa mulher é maluca, honestamente, eu tenho medo.


                - Ela não vai mexer mais com a gente. Eu sinto.


                - Mas nós vamos deixar isso por isso mesmo? Ela chegou muito perto de destruir nosso casamento. Putz, nunca imaginei que uma carona fosse me sair tão cara.


                - Nós não podemos fazer nada contra ela, William. Fazer o quê?


                - Sei lá, processá-la.


                - Processá-la como? Como vamos provar o que ela fez? Seria a sua palavra como a dela, eu nem estava presente no dia, nem posso testemunhar.


                - Mas ela confessou pra você!


                - Então seria a minha palavra contra a dela. William, a gente conseguiria o quê com isso? A pior punição pra ela é o próprio fracasso, aliado ao sucesso dos outros. É isso que a destrói por dentro. Não adianta movermos céus e terras pra tirarmos ela de dentro da redação, isso é um problema pessoal nosso, que extrapola nosso ambiente de trabalho. Claro que a minha colaboração ela nunca mais terá e eu sei que nem a sua.


                - Claro que não! O que eu puder fazer pra boicotá-la, eu vou fazer, sem peso de consciência nenhum.


                - E a partir de agora, nos blindarmos contra qualquer tipo de tentativa de maldade dela será a nossa forma de nos vingarmos dessa maldade que ela fez com a gente. Eu não alimento mais nenhum ódio contra ela, simplesmente ela nem existe pra mim. A nossa vida é muito mais do que esse mundinho obscuro e doentio dela, isso não poderá mais nos afetar. – ela olhou pra William. Ele coçou a testa e concordou com a cabeça.


                - É, você tem razão. Vai passar, é que... sei lá, eu to muito abismado mesmo, nunca pensei que algo assim pudesse acontecer comigo.


                - Ah, imagina eu então! Saber que uma criatura espeta agulhas em uma bonequinha vudu com a minha cara? Debaixo do meu nariz ainda! – ela riu. – É rir pra não chorar!


                - Exatamente, rir pra não chorar!


Fátima sacudiu a cabeça e alisou a coxa dele novamente.


                - Esquece isso. O pesadelo acabou. – ela passou a mão no rosto dele.


William beijou a mão dela.


                - Acabou.


 


 


***


 


 


                - PAPAI? – Vinícius gritou do portão, ao ver William descendo do carro na porta da casa dos pais de Fátima.


                - E aí, cara? – ele abraçou e beijou a cabeça do garoto. As meninas vieram logo em seguida.


                - Você veio com a mamãe buscar a gente? Vocês não estão mais chateados um com outro?


                - Você vai voltar pra casa, papai? Que dia?


As perguntas eram muitas e os olhinhos de cada um dos três brilhavam. William olhou pra Fátima e sorriu.


                - O papai e a mamãe conversaram e resolvemos o que tínhamos pra resolver.


A mãe de Fátima veio da porta da sala, com o telefone no ouvido, batendo papo com alguém. Olhou para William recostado no capô conversando com uma das filhas. Olhou em seguida pra Fátima e viu a expressão de felicidade no rosto da filha. Fátima imediatamente a viu e as duas cruzaram os olhares. Dona Eunice deu uma piscadela discreta pra ela e Fátima sorriu para a mãe. Não seria necessário maiores explicações, ela já havia entendido.


                - Bom dia, dona Eunice. Tudo bem com a senhora? – ele perguntou, educadamente.


                - Tudo, meu filho, e com você?   


                - Tudo ótimo! – ele sorriu pra ela.


Fátima abraçou a mãe, cumprimentando-a carinhosamente.


                - Vamos entrar um pouco, eu preparei um banquete para o café.


                - Não, mãe, obrigada! Eu pretendia vir mais cedo, mas acabei me enrolando e agora as crianças estão atrasadas para o aniversário. Mais tarde a gente passa aqui, pode ser?


                - Claro!


Todos se despediram e ocuparam seus lugares no carro.


                - Vocês já estão prontos, né? Vestiram o biquíni? Vestiu a sunga, Vinicius? – Fátima perguntou, girando a cabeça para o banco de trás.


                - Já! – eles responderam quase em um coro.


William ligou o som do carro, animado. Tocava Can’t stop loving you, do Phil Collins.


 


 


 


 


 


Era uma música que Fátima adorava, uma das preferidas dela. Os dois se olharam, cúmplices. Somente eles sabiam tudo o que haviam passado, em tantos anos juntos. Somente eles sabiam também o que passaram separados, por meses. Fátima, por muitas vezes, teve certeza de que nunca mais viveria momentos bobos e felizes como aquele que estavam vivendo naquela hora, ao lado dele. Seu coração se partia em milhões de pedaços quando ela pensava naquilo. Já William tinha certeza de que a história dos dois não havia acabado. Cada vez que essa esperança se perdia dentro das circunstâncias, ele vivia verdadeiramente aquele pesadelo. Na semana que antecedeu a noite de reconciliação dos dois, ele viveu alguns dos piores dias de sua vida, completamente perdido dentro de seus pensamentos e incertezas. Fátima era pra ele muito mais do que sua esposa, sua companheira e mãe dos seus três filhos. Ela preenchia uma importante lacuna de sua vida, norteando seus caminhos, puxando-o para o centro sempre que ele se sentia perdido e transformando-o recorrentemente em uma pessoa melhor. Ouvindo aquele CD antigo, olhou pelo retrovisor, viu o rostinho dos filhos sorridentes e, ao girar a cabeça pro lado direito, olhou para o rosto dela de perfil. Foi inevitável se lembrar do passado. Lembrou-se da primeira vez que olhou diretamente para o rosto de Fátima, dentro daquela redação apertada e tumultuada. Não conhecia absolutamente nada dela, mas naquele exato momento, ele teve certeza de que ela era a mulher de sua vida. Os meses que se seguiram desde aquele dia reforçaram nele aquela certeza. E, dezesseis anos depois, depois de experimentar a sensação de perdê-la, ele decidiu que nada, nunca mais o impediria de ser feliz com Fátima. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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