Fanfics Brasil - Capítulo 5 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 5

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                Fátima respirou fundo e abaixou a cabeça. Não tinha estrutura pra estar frente a frente com ele.  Não conseguia raciocinar, ainda era muito cedo. Foi interrompida pela voz dele novamente:


                - Fátima, eu quero saber até quando a gente vai ficar assim. – ele usou um tom suave, mas foi firme.


Ela ergueu o rosto e olhou pra ele.


                - William, eu... eu não estou pronta pra ter essa conversa. Além do mais, aqui não é o local e nem esse é o momento pra falarmos sobre isso.


                - E quando você estará? Quando será o momento e onde será o local? Você acha justo me deixar assim?


                - O QUÊ? Justo, William? Quem é você pra falar sobre justiça depois de enfiar uma piraNha no seu carro? – ela disse sussurrando pra ninguém ouvisse, apesar de estarem sozinhos em frente ao portão.


William a segurou pelo braço de leve e a puxou pra trás de uma árvore grossa, a fim de que tivessem mais privacidade.


                - Você está maluca em continuar com essa idéia fixa. Eu não fiz NADA, eu já te disse! Eu jamais faria isso com você!


                - Então explica pra mim de onde saiu aquilo? ME EXPLICA, William!


Ele sacudiu a cabeça.


                - Eu não acredito que estamos discutindo sobre isso novamente. A gente precisa resolver a nossa vida.


                - Eu não tenho que resolver mais nada, já estou muito bem resolvida sobre o que devo fazer. – ela pausou. – Acabou. Nosso casamento acabou. – ela impulsionou o corpo, pra sair dali.


William fez uma expressão aterrorizada e segurou o braço dela.


                - O QUÊ? Não, você não pode estar falando sério.


                - William, nós estamos na escola dos nossos filhos. Eu não vou discutir a nossa relação aqui.


                - Fátima, pelo amor de Deus, não faz isso. Nós não podemos acabar com nosso casamento por conta de uma babaquice dessa, isso é um absurdo!


                - Babaquice? William, você está completamente fora de si, eu NUNCA tolerei mentiras de nenhuma espécie, você sabe muito bem disso!


                - Fátima, eu... – ela o interrompeu.


                - PÁRA, eu não quero ouvir você falar que não fez nada. Seus argumentos vazios não me convencem. É ridículo imaginar uma situação como essa envolvendo você. Logo você, William... – ela sacudiu a cabeça, com os olhos marejados. – Que decepção... – ela virou o rosto, com o olhar vago contendo as lágrimas.


William se aproximou, tocou o queixo de Fátima e virou o rosto dela pra ele, suavemente. Aquele gesto fez com que ela fechasse os olhos, deixando a lágrima escorrer.


                - Meu amor, olha pra mim? – ela negou, sem abrir os olhos. – Olha pra mim, Fátima. Eu estou bem aqui. Nada mudou. Sou eu, o mesmo de sempre. De quase dezessete anos juntos.


Ela abriu os olhos e fitou-o, com o olhar mais triste que William já vira nela, ao longo de todo esse tempo.


                - Eu sei que é você. E é por isso que está doendo tanto... – ela ficou com a voz embargada, deu um passo pra trás, se desvencilhando dele. Enxugou a lágrima, passando rispidamente o braço pelo rosto. Ergueu a cabeça e lançou um olhar desafiador pra ele. – Não vamos prolongar mais isso. Eu não tenho estrutura pra superar isso. Não CONSIGO confiar em você, não consigo te olhar e não me lembrar daquela... daquela maldita calcinha. Não há um único segundo do meu dia que a visão de você com outra mulher não me persiga. Eu estaria contrariando os meus princípios se fingisse que nada aconteceu. EU NÃO PERDÔO TRAIÇÃO! Isso sempre esteve MUITO claro pra você, desde o dia que enfiei todas as minhas roupas dentro de uma mala pra ir morar com você. E não espere ouvir de mim aquele típico discurso de “onde foi que eu errei?” e “o que foi que te faltou?” porque eu NÃO VOU atribuir a culpa dessa traição a mim. Eu fui o melhor que eu pude durante todos esses anos, você sempre fez questão de me lembrar diariamente o quanto você teve sorte de me encontrar. A culpa do fim do nosso casamento é SUA, você agiu por COVARDIA e não por carência. – ele ouvia tudo em silêncio, sacudindo a cabeça inconformado com o que ouvia, sem forças pra argumentar.


                - Fátima, nós temos uma família, os nossos filhos...


                - VOCÊ NÃO PENSOU NELES QUANDO TOMOU A SÁBIA DECISÃO DE SE ENVOLVER COM OUTRA MULHER. – ela alterou o tom de voz, mas logo se conteve novamente, olhando regularmente para o portão pra ver se os filhos procuravam por ela. Se voltou pra William e prosseguiu, em voz baixa. – Eu não disse pra eles a verdade. E nem vou. Eles não merecem que eu estraçalhe a imagem que eles têm de você. Eles não precisam passar por isso.


William esfregou o rosto, desorientado. A sensação que ele tinha era que estava completamente atado, não havia nada que ele pudesse fazer. Ela não iria acreditar. Mas acreditar em quê? Ele nem tinha sequer uma explicação. Não conseguia entender como foi que aquilo aconteceu. Só teve forças pra fazer uma pergunta, em meio um turbilhão de pensamentos desesperados que pairavam em sua mente.


                - O que... você disse pra eles?


Fátima olhou pra ele, melancolicamente.


                - Que estamos colocando nossas cabeças no lugar porque estamos magoados um com o outro, por isso você está ficando no apartamento da Lagoa, mas nada mudará pra eles. NADA pode mudar pra eles, William. Nunca. – ela olhou pro lado e os filhos chegavam, há alguns metros a frente, acompanhados de outros coleguinhas da escola. – Aquela casa é tão sua quanto minha. Vá quando quiser vê-los ou buscá-los. – ela fez menção de sair, mas William arregalou os olhos com o que ela disse.


                - O quê? Como assim? Eu não moro mais lá? Fátima...


                - Vou deixá-los na casa da minha mãe agora. Se você quiser buscar suas coisas, fique a vontade.


                - Fátima... por favor, não faça isso. – ela deu uma última olhada pra ele, virou as costas e saiu, caminhando de volta em direção ao portão de saída do colégio.


                - Ei, mamãe! Pensei que você tinha ido embora sem a gente.


Fátima esboçou um sorriso.


                - A mamãe nunca faria isso, filha. – ela acariciou a cabecinha dos três e saiu, sem olhar pra trás. William permaneceu parado, parcialmente escondido atrás de uma árvore para que as crianças não o vissem. Ficou observando até que a mulher de sua vida sumisse de suas vistas com os três filhos, portão afora.


 


***


 


                - A gente vai poder dormir aqui na vovó?


                - Não... A mamãe busca vocês mais tarde. E olha só! Os três, prestem atenção: – Fátima estacionou o carro na porta da casa dos pais. – Não quero saber de vocês três brigando e nem estragando as plantas da vovó! Ouviram bem? – três cabecinhas concordam, conformadas. – Então tá! Avisem a vovó e o vovô que na hora que eu vier buscar vocês, eu desço. Preciso... resolver umas coisas em casa. – ela pausou.


Despediu e observou os três descerem do carro e entrarem pelo portão do condomínio dos pais de Fátima. Ela arrancou com o carro e dirigiu pra casa, concentrada no trânsito pra não pensar em William e nem na conversa que tiveram naquela tarde. Entrou em casa, guardou o carro cuidadosamente na garagem e entrou pela sala. Agradeceu por ser folga dos empregados, como todos os sábados. Pensou em ir até o quarto, mas caiu na tentação de deitar-se esparramada no sofá. A sala era um cômodo da casa que ela amava ficar, era aconchegante e tinha um sofá delicioso. Fátima se abraçou às almofadas e fitou o teto, vagamente. Fechou os olhos e quase sentiu que cochilava por alguns minutos. Foi despertada abruptamente ao ouvir o portão da garagem se abrindo. Saltou no chão em segundos e correu pra janela. Abriu de leve a cortina e olhou pro carro. Seu coração disparou loucamente. William.


 


 


 


Trilha sonora para esse trecho do capítulo: Linger – The Cranberries (Link: )


 


 


               


                Fátima voltou em disparada para o sofá. Sentou-se com a almofada no colo e ficou olhando para a TV, em uma tentativa precipitada de evitar qualquer contato visual com ele. Sabia que isso despedaçaria o resto dos cacos que ainda restavam de seus sentimentos. Trêmula, ouviu ele destrancar a porta da sala e entrar por ela. Fátima permaneceu imóvel. Lentamente, ele caminhou pela sala em silêncio. Olhou pra ela, ela pôde sentir. Prosseguiu, subindo as escadas e desaparecendo para o andar de cima. Fátima presumiu o que ele faria a seguir. Não sabia se tinha forças pra suportar vê-lo saindo com uma mala. Saindo sem volta. Ao pensar nisso, foi invadida por uma enxurrada de lágrimas. Tapou o rosto com a almofada pra esconder os soluços, mas desistiu em seguida. Chorou copiosamente no sofá da sala, sozinha, enquanto aguardava aqueles minutos que pareciam não acabar nunca mais.


               


 


                Pisar no quarto não foi uma tarefa fácil pra William. Nem parecia que tinha estado ali ontem, pela manhã, acordando ao lado dela. Parecia que haviam se passado dias, meses ou até anos. O cheiro do quarto fez William estremecer. Ele fechou os olhos e seguiu em frente, completamente sem escolha. Abriu lentamente o maleiro. Jogou a maior mala que encontrou no chão. Calmamente, retirou os cabides com camisas e calças. Embolou tudo e atirou na mala. Abriu as gavetas e despejou cuecas, meias e camisetas em rolinhos, tudo dentro da enorme mala. Aquela era, sem sombra de dúvidas, a mais penosa e dolorosa tarefa que ele executava em sua vida. Era ainda MUITO inacreditável aquela situação. Não suportava a idéia de viver sem ela. Não conseguia imaginar como seria sua vida dali pra frente. Encaixou novamente as gavetas nos trilhos do armário, assim que terminou de desocupá-las totalmente. Sentiu que algo travou o encaixe de uma delas. Se abaixou e estendeu a mão, tentando descobrir do que se tratava. Tocou um pedaço de pano de renda e imediatamente se lembrou do que se tratava. Puxou e se surpreendeu com o tamanho, cabia na palma de sua mão. Era a lingerie que Fátima usou na noite em que se casaram no civil. Ele guardava-a consigo, durante todos esses anos. Vez ou outra, nas faxinas anuais, ela borrifava um pouco do próprio perfume, para que a calcinha nunca perdesse seu cheiro. William não resistiu e levou-a no nariz, inspirando profundamente. Uma lágrima teimosa caiu de seus olhos com a lembrança, não só dessa noite, como de uma vida inteira de momentos maravilhosos ao lado dela. Chorando sozinho, ele sentiu que deveria deixar aquela calcinha na gaveta, no lugar onde ela sempre estivera. Mas no íntimo, não quis fazer isso. Enfiou-a na mala, decidido a levá-la consigo. Lembraria-se do cheiro dela diariamente, já que não podia mais senti-lo na pele de Fátima. Ainda abalado, ele finalizou sua arrumação, deixando grande parte de suas roupas para trás. Fechou o zíper da mala e a arrastou até a porta. Deu uma última olhada pelo quarto deles. Fechou os olhos, respirou fundo e fechou a porta atrás de si. Desceu as escadas lentamente, carregando o peso da bagagem com a mão direita. Encontrou Fátima sentada no sofá, exatamente na mesma posição que ela estava quando ele chegou. William caminhou em direção a porta, cabisbaixo e com as lágrimas insistindo em escorrer pelo rosto. Antes de sair, parou no vão e olhou pra ela. Com a voz embargada, balbuciou as palavras:


                - Você vai pedir o divórcio? – engoliu seco, com medo da resposta.


Fátima abaixou a cabeça, mas não olhou pra ele.


                - Não por enquanto. Se você não se importa, eu não gostaria que ninguém soubesse disso. Não agora. Não estou pronta pra enfrentar... tudo. - ela desistiu de disfarçar o rosto inchado e a voz fanha.


Com o rosto encharcado, William prosseguiu.


                - Isso NÃO vai ficar assim. Eu vou até o inferno e volto pra te provar que você está cometendo uma injustiça. – Fátima riu, ironicamente. Ele continuou. – Não existe nesse mundo nenhuma mulher capaz de me fazer abrir mão de você. Nem nunca vai existir. Porque eu nunca vou desistir de você. De nós dois e do nosso amor.


Ele aguardou que ela respondesse, mas Fátima não esboçou reação alguma. William virou as costas e puxou a mala. Estava indo embora. Sabia que não seria pra sempre. Bateu a porta atrás de si, tentando não olhar pra trás. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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