Fanfics Brasil - Capítulo 9 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 9

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                Dia 17 de setembro finalmente chegou. Fátima acordou no mesmo horário de sempre, apesar de não precisar mais levar as crianças pra escola, ela fazia questão de se levantar no mesmo horário que eles. Naquele dia, o despertador mal tocou e o quarto foi invadido por três cabecinhas ainda descabeladas e amassadas de dormir. Eles carregavam pequenos embrulhos de presente e desenhos feitos por eles. Fátima se assustou com a porta se abrindo repentinamente, mas abriu um sorriso quando viu os três entoarem um “parabéns pra você” muito animado. Amontoaram-se em cima da cama de casal e salpicaram beijos e abraços desengonçados, mas muito especiais pra ela. Cuidadosamente, Fátima abriu cada embrulho, depois de agradecer as felicitações dos filhos. Ela preferiu não perguntar quem foi que ajudou-os a comprar os presentes. Presumia que tinha sido William. Ele conhecia melhor que ninguém os gostos dela, sabia perfeitamente agradá-la. Abriu os três presentes e apreciou os desenhos. Depois, Fátima ajudou-os a se arrumarem rapidamente para o colégio e desceram pra tomar café juntos. Ela ganhou abraços dos empregados e ficou muito agradecida por isso. Beijou os três e despachou-os pro colégio. Quando o portão de pedestres se abriu, ela visualizou o pára-choque do carro de William estacionado em frente a casa. Sentiu um tremor no coração. Provavelmente, se eles estivessem juntos, ele teria participado da surpresa. De volta em seu quarto, veio repentinamente uma falta absurda dele. De seu cheiro, seu abraço e sua voz dizendo “Bom dia, meu amor”todas as manhãs. Todos os anos, batia aquele saudosismo de aniversário. Mas naquela manhã, ele veio mais forte e arrebatador. Mas a mágoa ainda era mais forte, então ela tratou de espairecer esse pensamento e entrar no chuveiro. Seria um longo dia de trabalho.


 


 


***


 


 


                Naquela tarde, a redação não estava nem muito agitada e nem em um dia especialmente calmo. Fátima entrou pela porta de vidro da frente vestida com uma calça jeans justa, uma cacharrel alaranjada e um cachecol fino com um nó no pescoço. Recebeu alguns abraços de parabéns no caminho até a própria sala. Naquele dia, ela foi trabalhar um pouco mais tarde do que habitualmente, devido a uns compromissos. A reunião diária já havia acontecido, então ela se trancou em sua sala e trabalhou compenetradamente. No aparador no canto, muitos presentes empilhados e dois buquês de flores. Ela desatolou um pouco de trabalho e seguiu pra abri-los. Ficou parada de frente pro vidro que permitia que ela visualizasse toda a redação. Correu os olhos e estremeceu de leve ao ver William encostado em uma parede, tomando uma xícara de café. Ele falava ao celular e parecia empolgado. Fátima não conseguiu tirar os olhos dele, enquanto analisava suas expressões faciais. Ele falava pouco, mas sorria com o que a pessoa falava do outro lado da linha. Ela franziu a testa. Será que era ela? A tal amante misteriosa? Dona da calcinha vermelha? Fátima sentiu seu coração se retorcer no peito. Não podia ser. Ela tinha um fio de esperança de que tivesse sido um caso sem importância e passageiro, quem sabe teria ocorrido uma única vez. Isso não minimizava a gravidade do ato dele para ela, mas imaginar que ele se apaixonou por outra e estava vivendo um caso de amor era muito doloroso. Fátima tentava dispersar sua atenção para os presentes, mas era impossível. Ela continuava observando-o, em um misto de tristeza e fúria. Justo no dia de seu aniversário! William começou a caminhar, jogou a xícara descartável no lixo e foi até a sala dele, ainda no celular. Ela abaixou a cabeça, respirou fundo e tentou se acalmar. Lentamente, olhou o cartões dos embrulhos, um a um. Eram todos muito carinhosos, com votos de felicidade e sorte. Alguns deles mencionavam William: “Que você permaneça sempre radiante, ao lado do Bonner e dessa família linda que vocês construíram!”, o que era absolutamente normal, ninguém no trabalho sabia do rompimento dos dois. E assim ela desejava que permanecesse por algum tempo.


                O volume de trabalho era grande, então Fátima procurava ser rápida, enfiando os embrulhos vazios em uma sacola grande e deixando os presentes em cima da mesma mesa onde estavam. Por baixo de todos, havia um pacote quadrado. Ela apalpou, mas não conseguir discernir o que era. Curiosa, rasgou-o sem pestanejar. Sentiu a cor sumir de seu rosto no exato momento em que viu o que era.


 


 




 


 


                Era a foto da lua-de-mel dela com William, em Paris, há anos atrás. Fátima tocou a caixinha. Era uma jóia, mas ele hesitou em abrir. Trêmula, não agüentou a curiosidade e abriu de uma só vez. Tapou a boca com a surpresa. Era muito mais inusitado do que ela esperava. Era típico de William. Naquela caixinha preta estava uma réplica exata da primeira aliança de casados que usaram. Fátima não a tinha mais, foi levada em um assalto que sofreram em casa há poucos anos atrás. Ela tocou a aliança com a ponta dos dedos, mas não a retirou de dentro da caixa. Não havia nenhum bilhete acompanhando aquele presente. Ela decidiu olhar novamente a foto. Virou-a, por um acaso e notou que havia uma dedicatória dele no verso, escrita a próprio punho na época em que ele a presenteou com aquela fotografia.


 


 


 


Por ser exato, o amor não cabe em si.


Por ser encantado, o amor revela-se.


Por ser amor, invade e fim.


(Djavan)


 


Que nosso amor perdure pro resto dos nossos dias. Que essa felicidade que só você me faz sentir, se multiplique ao longo dos nossos próximos anos.


Lembrança da mais incrível das “luas de mel”: a nossa!


Te amo. Hoje e sempre.


 


W.


 


 


Paris, março de 1995.


 


 


 


                Com lágrimas nos olhos, ela sacudiu a cabeça. Sentia seu coração despedaçado de saudade, tristeza e mágoa. Lembrou-se da cena de vê-lo no telefone, se desmanchando pra alguém que ela acreditava ser a suposta amante. Foi invadida por um sentimento de ódio por ele ter isso com ela justo no dia de seu aniversário, ter mandado aquele presente com aquele conteúdo. “Ele não tem esse direito! ELE estragou tudo!”, ela pensou. Cega de raiva, com os olhos encharcados, ela pegou com força a caixa com o anel e foi ventando até a sala dele. Entrou sem bater e deu de cara com William sentado na mesa, de frente pro computador, concentrado. Ele ergueu a cabeça e olhou pra ela, surpreso. Fátima deu uma pancada na porta atrás de si, fechando-a. Estava completamente fora de si. O estrondo da porta batendo foi grande, mas ela não ligou.


                - Fátima, você ta maluca? – ele perguntou, assustado com a entrada triunfal dela em sua sala.


Ela caminhou rapidamente e se debruçou na mesa dele. Jogou a caixa do anel e a foto no tampo da mesa e se inclinou pra cima dele, irada.


                - Engula essa foto junto com essa aliança. Essa palhaçada de chantagem emocional não vai funcionar comigo, muito menos vai conseguir me comprar com esse anel.


Ele franziu a testa.


                - Te comprar? Alguma vez você me deu motivos pra te achar “comprável”? Isso é um presente pelo seu aniversário!


Ela andava de um lado pro outro na sala, mas virou-se pra ele imediatamente.


                - O QUÊ? Presente? ISSO é uma tentativa sua de amolecer o meu coração, me esfregando na cara essa foto que sempre foi tão importante pra mim e VOCÊ SABE! Me dar uma réplica da nossa primeira aliança é um jogo MUITO baixo e muito cruel da sua parte. EU NÃO QUERO nada que me lembre você e nem nada do que já vivemos. As minhas memórias já me são suficientes pra me atormentar e não me deixarem te esquecer. – ela se arrependeu de dizer aquilo, mas era tarde demais. William absorveu o que ela disse, com o coração disparado. Pegou a foto e olhou-a mais uma vez. Sacudiu a cabeça, indignado e magoado.


                - Não foi minha intenção te magoar com esse presente. Foi a forma que eu encontrei de te falar que eu sempre vou te amar e sinto saudade.


                - Ah, é? A dona da calcinha vermelha vai adorar saber disso! Porquê você não liga pra ela novamente pra contar?


William não entendeu nada.


                - Quê?


Fátima riu.


                - Cínico. Você estava se derretendo pra ela no telefone, todo cheio de caras e sorrisinhos.


                - De onde você tirou isso?


                - EU ACABEI DE VER da minha sala. Vai negar que era com ela que você estava falando?


Ele esfregou o rosto e bufou.


                - Fátima, essa pessoa que você supõe, ela não existe. Eu estava falando com a LAURA, a NOSSA filha. Ela me ligou pra contar que recebeu elogios na escola pela redação que eu a ajudei a escrever. Pelo amor de Deus!


Fátima engoliu seco. Virou o rosto, desconcertada.


                - Você... bom, é... eu espero que você esteja falando a verdade, William. Não é possível que você mentiria descaradamente usando o nome da Laura. Não é POSSÍVEL!


                - Eu nunca menti pra você. Não seria agora que eu faria isso. – ele se levantou da cadeira, sorrateiramente, aproveitando que ela estava de costas pra mesa dele, aparentemente enxugando o rosto molhado de lágrimas. – É... a propósito, parabéns pelo seu aniversário. Fátima se virou e sacudiu a cabeça. Não respondeu nada a respeito das felicitações dele por seu aniversário.


                - Eu vou trabalhar. Ela girou o corpo e caminhou até a porta.


William, mais que depressa, chamou por ela.


                - Fátima! – ele pegou a foto e a aliança jogadas em cima de sua mesa. – Pegue. São suas.


Ela olhou pra baixo.


                - Eu não quero. Não me pertencem mais.


                - Como assim? Isso é seu e sempre vai ser. De quem mais seria? – ele estendeu até ela. Imóvel, Fátima fitava a foto e a caixa nas mãos dele. – Pegue. É sério. Ambas foram feitas pra você.


Ela cedeu a insistência dele e pegou. Antes de soltar, William tocou a mão dela com a ponta dos dedos. Fátima, como em um reflexo repulsivo, puxou o presente, virou as costas e saiu da sala. O toque dele em sua mão fez com que ela sentisse um pequeno choque, que ela não estava preparada pra sentir. Voltou pra própria sala, se encostou na porta já fechada e chorou baixinho relendo a dedicatória.


 


 


                Em sua sala, William refletiu sobre o que acabara de acontecer. Estava chocado com o tamanho do alcance da imaginação de Fátima, observando-o falar ao telefone e achando que era a tal “amante”. Deitou a testa na ponta dos dedos e riu da própria tragédia. “Mal sabe ela que a única mulher com quem eu faço amor é ela mesma, no meu sonho esquizofrênico e erótico.” Pensou em tudo que ouviu dela. “As minhas memórias já são suficientes pra não me deixarem te esquecer.” Por mais que aquilo não significasse nenhuma trégua da parte dela, pra ele foi uma espécie de “luz no fim do túnel”. Ela ainda o amava. Mesmo que estivesse empenhada em esquecê-lo, ela ainda o amava de verdade. Aquela conclusão foi suficiente pra fazer valer todo o seu dia. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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