Fanfic: Lírios em Lágrimas

Passei o resto do dia na casa da minha mãe, eu chorava sem precedentes, eu não comia, eu não poderia acreditar naquilo. Porque Anahí? Porque você foi embora. Em uma bela tarde o sol brilhava como nunca, o céu estava em festa comemorando a chegada da minha estrela junto deles. Eu estava ali parada diante do meu último Adeus a ela.  Eu olhava aquela foto sob o caixão a alguns centímetros abaixo de mim, eu nunca mais veria aquele sorriso, aqueles olhos, eu nunca mais sentia o calor daqueles braços, e a culpa era toda minha.

Deixei para ela um lírio solitário, lírio trigado representando o quanto eu sentia a sua falta, e lhe mostrando toda a gratidão por ter me feito a mulher mais feliz do mundo nos dias em que estivemos juntas.

O lírio era a flor favorita dela, era a flor que ela mais amava, muitas vezes eu dei a ela um lírio, como um pedido de desculpas, como um presente, como um símbolo do nosso amor. E só um, apenas um lírio tirava dela o sorriso mais lindo do mundo.  Agora os lírios são uma vaga lembrança que tenho dela.  Pouco antes de pedi-la em casamento, ela havia deixado um buque de lírios do vale, em minha casa e pediu para que eu procurasse o significado deles, e assim fiz. Lírios do vale significam “Doçura, humildade, retorno à alegria”

Tenho uma foto daquele buque em um porta-retratos lá em casa. Minha vida não tem mais sentido, acabei de enterrar completamente a minha vida. Acabei com minha carreira no jornal, não conseguia mais escrever, editar, comandar, ou qualquer outra coisa. Sabe as vezes eu escrevi e cantava para ela, principalmente quando estávamos sozinhas prontas para dormir. E agora para quem cantarei, para quem vou escrever, simplesmente por quem eu vou viver.

Anahí foi a única mulher que eu amei incondicionalmente e irracionalmente. Todas as vezes que eu me deixei levar pelos ciúmes, foi por medo de perde-la, eu não poderia imagina-la com outra ou outro. Eu não permitia ninguém amando ela a não ser eu, ninguém protegendo ela a não ser eu, e ninguém cuidando dela a não ser eu. Eu me tronei tão egoísta a ponto de não cuidar dela e perde-la.  Eu me tornei uma pessoa totalmente diferente, com ela eu decidi ter uma família, decidi parar de beber e fumar, decidi largar tudo para viver somente eu e ela.

Eu deveria ter acreditado nela, eu deveria ter dado a chance a ela, para que ela se explicasse. Eu deveria estar ao lado do amor da minha vida.

Cheguei em casa e corri para o abraço da minha mãe, chorei até soluçar, eu a apertada buscando refúgio e conforto.

-- Filha, calma. Estou tão preocupada com você.

-- Porque? Eu não vou cometer suicídio ou algo do tipo. Apesar de ter perdido toda a minha vida, por uma besteira minha.

-- Não brinque com isso Dulce! Você sabe que está sendo difícil para todos nós, todos gostávamos da Anahí. E sabemos que está ainda mais abalada por conta da carta não é mesmo.

Soltei da minha mãe, passei a mão no rosto e no cabelo para ajeita-lo. Fiquei olhando para ela.

-- Mais que carta? Notei que tanto minha mãe, meu pai e meus irmãos me olhavam surpresos.

-- Você não leu?

-- Eu não sei do que você ta falando mãe.

-- E uma carta da Any. Disse uma de minhas irãs pegando a carta que estava na estante e entregando para mim. – Chegou hoje cedo, achei que você já tivesse lido.

-- Deve ser alguém, uma brincadeira de mau gosto, Anahí não pode me mandar cartas Agora. Meus olhos marejaram de novo.

-- Não Dulce, olha. Se você olhar bem é a letra dela, e a data é.... bom... de um dia antes do acidente.

-- E porque só chegou agora?

-- Isso nós não sabemos, só sabemos que chegou hoje pela manhã.

-- Não deve ser dela.

-- Dulce minha filha, apenas leia. Se não for dela você joga fora tudo bem.

Respirei fundo e comecei a abrir o envelope, afinal como eu poderia ter lido se estava fechado? Ô gente louca. Aquilo só poderia ser uma brincadeira de mal gosto.  Olhei direito para o envelope e a letra era mesmo dela, com a data de 01/04. Fechei os olhos por alguns momentos tentando hesitar, mais resolvi ler. Peguei a carta, abri e comecei a ler.

(Início Carta da Any)

Oi meu amor!

Sei que você não quer falar comigo, tentei de todas as formas, e a única que encontrei foi essa, bom, não tenho certeza se você irá ler, mais essa é minha última chance.  Por favor, vamos esquecer tudo isso.

Eu só quero que saiba que não sinto raiva, nem ódio, nem magoa de você, muito pelo contrário, eu te amo a cada instante mais.  Sabe o que mais me machuca? É te ver sofrendo assim, eu sei que tudo foi por minha causa, mais se ao menos você me deixasse explicar, eu teria seu sorriso de volta, aquele sorriso que era só meu.

Foi o Alfonso Dulce, meu ex namorado armou pra mim, eu descobri tudo porque o Ucker me contou e me mostrou a foto original, mandei para o seu e-mail para que você pudesse ver e por fim acreditar em mim.  Mais como eu disse vamos esquecer isso.

Eu pensei em te encontrar hoje pela manhã, mais não sei ao certo se você iria falar comigo, e para não te magoar ainda mais, decidi não ir. Eu não quero que se culpe. Aconteça o que acontecer eu estarei sempre ao seu lado, estarei sempre por perto, e Dulce, por favor nunca se esqueça, eu te amo.

Com amor, sua Any !

(Fim da carta da Any)

Meu coração faltou saltar pela boca, lagrimas caiam uma atrás da outra no meu rosto, senti como se ela estivesse ali comigo, minhas mãos tremulas, eu respirava ofegante, eu sentia cada centímetro do meu corpo reagir.