Fanfic: Volvere Junto a Ti | Tema: Portiñon

Anahi sentiu as lágrimas descerem pelo seu rosto, não era assim que ela queria que acabasse, mas Dulce tinha razão. Não poderiam irem ficar desse jeito, apenas ficando, tinham que decidir no que isso iria se tornar, em algo sério e definitivo, ou acabar com tudo. Ela não podia fazer isso com Dulce, se não podia dar o que ela queria, tinha que tirar o time de campo. Na verdade Anahi tinha medo, muito medo de se apaixonar de verdade e não conseguir mais desprender dela, e como ela disse, sua família jamais aceitaria, seu pai morreu sonhando com um neto, e sua vida toda planejou junto com a família seu futuro, um casamento, filhos e uma família. Mesmo tendo estado com uma mulher, isso ia contra seus sonhos, metas e ensinamentos, o que ela achou que seria uma doce brincadeira, se tornou algo mais sério do que ela podia imaginar, e antes que saíssem mais feridos, iria parar. 

Anahi: Tem razão. Tenho que encarar os fatos.

Elas ficaram se olhando nos olhos e Anahi saiu do quarto, assim que ela fechou a porta, Dulce foi pra cama e desabou em choro. Anahi foi para o seu quarto e se jogou na cama, sua cabeça dava mil voltas, mil coisas passando por ela. Doía nela fazer Dulce sofrer daquela forma, ela pensava mais em Dulce do que nela mesma. 

Anahi: Vai ser melhor assim, não posso me apaixonar por ela e isso vai passar. Pra nós duas vai passar.

Ela limpava as lágrimas que desciam e horas depois acabou adormecendo. No quarto de Dulce depois de chorar muito pegou no sono também.

No outro dia Dulce não desceu pra tomar café. Estavam todos na mesa, Anahi, Marichelo e Daniel.

Daniel: Any, Dul não vai descer? Sempre descem juntas.

Anahi: Não sei Daniel, eu acordei meio atrasada, achei que ela já estivesse aqui.

Daniel: Any o que ta acontecendo? Ontem vi Dul subir as escadas chorando, fui no quarto dela mais tarde pra conversar e ela não abriu a porta, disse que queria ficar sozinha.

Anahi ficou sem saber o que dizer.

Marichelo: O que ta acontecendo com ela filha?

Anahi: Er .. nada mamãe.

Daniel: Mas porque ela tava chorando Any?

Anahi: Bem .. é .. é coisa pessoal dela Daniel, prefiro não dizer.

Daniel: Tudo bem, eu entendo. São amigas e amigas não revelam segredos uma da outra. Vou lá chamar ela.

Daniel se levantou e saiu. Marichelo olhou para a filha.

Marichelo: Não dormiu bem filha? Ta com os olhos inchados e um pouco de olheiras.

Anahi: É que fiquei estudando até tarde mamãe.

Marichelo: Meu amor, não é bom ficar perdendo sono assim, tem o dia todo pra estudar.

Anahi: Eu sei, é que me empolguei nos estudos.

Marichelo: Ta tudo bem minha filha? To te achando estranha, ta tudo estranho essa manhã.

Anahi: Não é nada mamãe, ta tudo normal como sempre. 

Lá em cima Daniel abriu a porta do quarto de Dulce, já que ela não respondeu. Viu ela deitada na cama acordada, ela se virou para o outro lado.

Dulce: O que o senhor ta fazendo aqui?

Daniel fechou a porta e foi até ela, se sentando na cama.

Daniel: Ta acontecendo alguma coisa entre você e Any? Brigaram?

Dulce: Não!

Daniel falava sereno com ela.

Daniel: Tem certeza?

Dulce: Porque acha que é alguma coisa com ela?

Daniel: Sei que ta chorando por ela. 

Dulce estranhou essa afirmação dele.

Dulce: Não viaja papai.

Daniel: Não to viajando, eu sei o que eu to falando, e sei mesmo.

Dulce estranhou mais ainda, essa conversa dele tava muito estranha.

Daniel: Se vira pra mim, por favor.

Dulce: Papai me deixa sozinha por favor, não quero conversar.

Daniel: Não vai a faculdade hoje?

Dulce: Não. E nem adianta brigar comigo porque eu não vou. Não to me sentindo bem.

Daniel: Tudo bem, se não quer ir não tem problema.

Dulce estranhou mais ainda, seu pai não estava normal aquela manhã, além de chegar lá com aquelas conversas estranhas sobre Anahi, não iria se importar que ela faltasse a faculdade? 

Daniel: Porque não me olha?

Dulce: Já disse que não to me sentindo bem papai, to indisposta, quero dormir.

Daniel: Eu sei que ta gostando da Any e que ta triste porque vão se separar, se você for embora.

Dulce abriu mais os olhos, ficou paralisada, continuou deitada e estática, gelou por dentro engolindo seco, e seu coração disparou no susto de ouvir aquela afirmação.

Dulce: Do que o senhor ta falando?

Ele se levantou fechando a porta, depois voltou se sentando na cama de novo.

Daniel: Ao contrário do que deve estar pensando eu não vou brigar com você por isso e nem te julgar. Vou ser seu amigo e apenas quero que saiba que pode conversar comigo sobre isso, à vontade.

Dulce jamais em sua vida imaginou que sei pai reagiria tão bem assim, com tanta naturalidade em saber que ela gostava de garotas. Depois de quase um minuto tomando coragem se virou para o seu pai e se sentou. Ela o olhou rapidamente para ver como estava seu semblante e depois não o olhou mais nos olhos. Daniel pôde ver como os olhos dela estavam inchados e vermelhos, com olheiras, estava pior que Anahi.

Dulce: Como o senhor sabe?

Daniel: Antes de tudo, pode olhar nos meus olhos minha filha, não tenha medo nem vergonha.

Dulce o olhou como ele queria, parecia calmo e sereno.

Dulce: Não vai brigar comigo? Querer me matar?

Daniel: Não. Porque eu faria isso?

Dulce: Por saber que sua filha também gosta de mulheres.

Daniel se aproximou mais dela. 

Daniel: Eu já sei que gosta de garotas a um bom tempo.

Dulce: Como assim?

Daniel: Eu já ouvi umas conversas sua pelo celular, não que eu estivesse te espiando. Uma vez cheguei em casa e você não ouviu, eu achei que não tinha ninguém em casa e fui pra cozinha beber água, ao chegar na porta você tava no celular de costas pra mim, ouvi sem querer e depois sai. Outra vez quando uma 'amiga' estava em casa, eu cheguei mais cedo do trabalho e você tava no quarto com a porta aberta e vi vocês se beijando, mas eu mais uma vez fingi que não vi nada. Ai voltei pra perto da escada e chamei por seu nome, perguntando se você tava em casa, pra você ver que eu estava chegando e assim se separar da amiga. (ele deu um leve riso) 

Dulce estava muito surpresa e pasma. E com vergonha também, por seu pai te-la visto beijando uma garota.

Daniel: Depois disso que passei a te observar, e fui notando coisas, entendendo mais de você em relação a isso.

Dulce: A mamãe sabe?

Daniel: Não, e nem podia. Não da forma que eu descobri. Sua mãe não tem a cabeça aberta como eu, não entende certas coisas e tem ignorância para isso. 

Dulce: E o senhor não contou nada a ela.

Daniel: Não, ela não ia aceitar e ia gerar um grande conflito em casa. Acho que você não tava pronta pra passar por isso ainda.

Dulce: Não incomoda o senhor ter uma filha bissexual?

Daniel: Não. Tenho uma amiga de infância que é lésbica, mas ela ta morando na Argentina, é uma pessoa maravilhosa, igual a todos, então ser bi, lésbica, ou hétero não faz ninguém melhor, nem pior que ninguém.

Dulce estava completamente pasma com as revelações do pai. Nunca imaginou ouvir isso dele, e ao mesmo tempo encantada, ele falava de uma forma tão doce e acolhedora para ela, que se sentia segura e sabia que tinha alguém que ela poderia contar e protege-la. O sei pai, o homem do qual não se dava mais muito bem, de quem se afastou, estava ali, a apoiando como ninguém em algo tão importante da sua vida.

Dulce: Nossa, eu to tão boba com isso tudo, impressionada. 

Daniel: É difícil um pai agir assim nessa situação né? A maioria quer matar os filhos.

Eles riram.

Daniel: Mas agora vamos falar de Any.

Dulce: Ah não papai, não quero falar disso.

Ela abraçou o travesseiro com os olhos já cheios de lágrimas. Daniel se aproximou dela, fazendo carinho em seu braço.

Daniel: Ta sofrendo né?

Dulce balançou a cabeça em sinal de sim.

Dulce: Desde quando o senhor sabe? Como sabe de mim e dela?

Daniel: Já vi vocês duas se beijando.

Dulce abriu mais os olhos, e ficou envergonhada.

 Dulce: Quando isso?

Daniel: Faz um tempinho já, foi na porta do quarto de uma de vocês, a noite. Parece que estavam se despedindo para uma entrar no quarto, eu tava vindo lá de baixo e vi, ai voltei pra trás. Eu te conheço Dul, via a cumplidade de vocês, passaram a andar muito juntas, pra Marichelo isso é normal, mas pra mim que vi o beijo de vocês e sabia o que tava acontecendo, tudo eu conseguia perceber. 

Dulce: E ela não sabe né?

Daniel: E nem pode. E vou te falar, vocês me deram trabalho algumas vezes. (rindo) Foram poucas às vezes, mas já tive que segurar a Marichelo pra não pegar vocês, como em um dia que acho que uma perdeu a hora de sair do quarto da outra no dia de manhã.

Dulce colocou o travesseiro escondendo o rosto e Daniel ria

Dulce: Não pode ser verdade.

Ela abaixou o travesseiro envergonhada.

Daniel: Eu vi que você estava feliz, Any estava. Estavam se fazendo muito bem.

Dulce: E porque nunca me disse nada sobre essas coisas? Que sabia.

Daniel: Porque se você não havia me contado ainda, é porque não estava pronta e a vontade pra isso. Eu também não sabia se era só uma fase, ou algo assim. Mas percebi que você estava bem e feliz assim. Minha filha, o que importa pra mim é sua felicidade.

Dulce: Nossa, é inacreditável. O senhor aceitar tudo assim, se soubesse já tinha contado antes.

Eles sorriram.

Dulce: A gente vivia brigando. O senhor poderia ter usado isso pra me fazer ficar quieta, mas ..

Daniel: Não usei. Jamais usaria disso pra fazer você se calar pra mim, ou ficar comigo aos fins de semana a força, ou fazer você aceitar meu casamento. Isso não tem nada a ver com os nossos desentendimentos.

Dulce ficou tão orgulhosa do pai, que esqueceu por aquele momento todos os seus desentendimentos e o abraçou. Ele a abraçou também, emocionado.

Daniel: Que saudade desse abraço,o  abraço da minha menina.

Dulce: Também senti saudade papai.

Eles se abraçaram mais apertado ainda.

Enquanto isso, Anahi havia ido ao seu quarto, escovou os dentes, pegou suas coisas da faculdade e saiu. Fechou a porta do seu quarto e estava olhando a porta do quarto de Dulce, ela sabia que Daniel estava lá dentro e conversando com ela. Pela hora achava que ela não ia a faculdade aquele dia, pois não desceu pro café da manhã e já estava na hora de ir. Ficou pensando como ela estava, e o que ela e Daniel estariam conversando. Como não poderia fazer nada além de imaginar o que estava acontecendo lá dentro, desceu para a sala, se sentou no sofá pensativa.

Marichelo: Dulce não desceu minha filha?

Marichelo chegava da cozinha.

Anahi: Não mamãe. 

Marichelo: Daniel ta conversando com ela ainda? Foi ao quarto dela?

Anahi: Ta sim, eu não bati na porta porque como estão conversando não quis interromper.

Marichelo se sentou do lado da filha.

Marichelo: Pode falar minha filha, ta triste assim porque talvez Dulce vai embora né? Por isso ela não desceu pro café da manhã, deve ta triste também, ela não quer ir né?

Anahi: Er .. sim mamãe, eu to triste pelo fato de talvez ela ir embora, ficamos muito amigas, nos apegamos, é ruim dar tchau a alguém que você gosta e considera né? Londres é tão longe.

Marichelo: Mas não é certo ainda que ela vai meu amor. Tudo tem que ser conversado. (Marichelo sorriu) Se apegaram mesmo né? Estão mesmo como duas irmãs.

Anahi: Pois é, bom mamãe, vou indo pra faculdade que to atrasada já.

Ela se levantou e Marichelo levantou junto.

Marichelo: Não vai ver se Dulce também vai? 

Anahi: Não mamãe, eu não quero interromper a conversa dela com Daniel. Falo com ela mais tarde.

Ela deu um beijo na mãe e saiu.

Voltando ao quarto de Dulce, ela e seu pai ainda conversavam.

Daniel: Filha, eu sei que ta chorando assim por causa da Any, sei que ta com medo de ficar longe dela, porque sua mãe quer te levar pra Londres, mas você não precisa ir. Pode ficar aqui comigo, e com Any também, já que gosta tanto dela.

Dulce novamente encheu os olhos de lágrimas, passou a mão nelas quando escorreram.

Dulce: É papai, mas pra isso ela tinha que querer também.

Daniel: Como assim?

Dulce: Ela pode até querer que eu fique, mas não como eu queria que ela quisesse.

Daniel não entendeu muito.

Daniel: Explica melhor minha filha.

Dulce: Eu to apaixonada pela Any papai, a amo. Pedi ela em namoro ontem, mas ela não aceitou e nem vai. Ela quer um homem ao lado dela, casar, ter filhos, uma família e tudo isso que o senhor já sabe.

Daniel ficou surpreso ao ver que a filha estava tão apaixonada por Anahi. Vendo a tristeza nos olhos dela. Ele pensava que ela estava triste porque ia ficar longe, porque iria embora, por tudo. Mas não imaginava que o sentimento por Anahi fosse tão forte e intenso assim.

Daniel: Eu sabia que gostava dela e que tava triste por talvez ter que se separarem, mas disse que a ama. Dul, gosta tanto dela assim?

Dulce: Gosto. Eu seria capaz de enfrentar o que fosse por ela. E se ela aceitasse meu pedido ia fazer de tudo pra mamãe ficar aqui. Mas ela não aceitou.

As lágrimas voltaram a descer de novo pelo seu rosto, começou a chorar.

Daniel: O que eu temia aconteceu.

Dulce: O que?

Daniel: Que você se envolvesse mais do que devia.

Dulce: É, aconteceu.

Dulce abraçou o pai novamente.

Dulce: Não sabia que doía tanto.

Daniel abraçou mais a filha ao ouvir sua voz embargada pelo choro, seus soluços. Dulce fechou os olhos com aquela dor a consumindo por dentro, parecia cortar seu coração.

Daniel: Minha filha. 

Dulce chorou por uns minutos e se separou do seu pai, ele limpava suas lágrimas e ela levou uma mão limpando a dele, depois a outra, eles se olharam nos olhos um do outro, com lágrimas. Daniel sentia a dor visível nos olhos da filha, como queria poder passar tudo aquilo pra ele pra não ter que ver a filha sofrendo assim.

Daniel: Ela não sente o mesmo?

Dulce fez sinal de não com a cabeça, já que sua voz não saia, não conseguia falar pela vontade de chorar mais ainda. 

Daniel: Então porque ela estava com você?

Dulce: Ela gosta de mim papai, mas pra ela é tudo uma amizade colorida, ou se ela sente algo a mais que apenas uma amizade colorida, ela não tem coragem pra levar adiante como eu.

Daniel: Mas vocês tem que conversarem melhor meu amor.

Dulce: Papai, Any era hétero, nunca tinha se envolvido com uma garota antes. Ela só viveu isso comigo, é um mundo novo pra ela ainda.

Daniel agora entendeu melhor a situação.

Daniel: Poxa minha filha.

Ele a abraçou fazendo a cabeça dela ficar em seu peito. Deu um beijo na cabeça dela enquanto fazia carinho nos seus cabelos.

Daniel: Então as coisas mudam.

Dulce: Sim papai. Eu que fui burra, não devia ter me envolvido com uma garota hétero, elas são muito confusas, não sabem o que querem, e no fim, era só uma curiosidade delas ou então, se descobrem que não foi apenas curiosidade, elas fogem porque tem medo.

Daniel: Meu amor, eu gosto muito da Any, mesmo. Mas diante disso que me disse, e de muitas outras coisas, Any não é garota pra você minha filha.