Fanfic: Volvere Junto a Ti | Tema: Portiñon

Dulce se separou dele o olhando.

Dulce: Infelizmente eu sei, agora eu sei.

Daniel: Olha, ela é hétero, e depois de tudo o que viveu com você ela quer continuar sendo hétero. Você mesma disse que ela prefere se casar com um homem, ter filhos e essa coisa toda.

Dulce: Sim.

Daniel: Além do mais Dul, Any foi criada dentro de uma família tradicional, com costumes e ensinamentos antigos em relação ao amor e casamento. Desde que nasceu teve esses ensinamentos, vem sendo preparada pra se casar com um homem e ter uma família, dar um herdeiro ao pai dela. E ela aceitou esses ensinamentos, todos esses planos que fizeram pra ela. Ela optou por esse caminho. 

Dulce: Mas se ela gosta mesmo de mim, ta sendo uma covarde. 

Daniel: E se ela não gosta dessa forma?

Dulce: Cabe a mim esquece-la. Vou ter que esquecer de qualquer forma mesmo. Sabe o que mais dói? É saber que a pessoa no fundo sente algo muito especial por você e não tem coragem de lutar por isso, mas ai eu penso que sou uma idiota de ficar me iludindo achando isso, ela não sente nada, e se sente não é o suficiente pra lutar por mim. 

Ela voltou a chorar no abraço do pai.

Na cidade, Ucker e Manuela tinham acabado de acordar, passaram a noite em um motel. Estavam deitados ainda.

Manuela: Que bom dormir na cidade, assim não tenho que acordar tão cedo pra ir pra faculdade.

Ucker: E a gente nem dormiu essa noite né.

Eles sorriram. Ucker aproximou seus lábios dos dela a dando um selinho longo, depois ficou fazendo carinho em seu rosto.

Ucker: Foi muito bom passar a noite com você.

Manuela: Também achei muito bom, aliás, foi maravilhoso!

Ela sorriu e dando outro selinho.

Manuela: Que tal um banho? Se não vamos nos atrasar.

Ucker: Banho? Juntinhos? (sorrindo malicioso)

Manuela: Juntinhos! 

Ela se levantou enrolada no lençol, ele ficou deitado na cama a olhando ir, quando chegou na porta do banheiro ela se virou para ele, soltou as mãos do lençol o deixando cair pelo chão, ficando nua. 

Manuela: Não vai vim?

Ucker nem piscava vendo aquele corpo maravilhoso em sua frente, ele deu um pulo da cama com sua cueca box branca, indo até ela, a abraçou pela cintura a beijando e entraram no banheiro.

Algum tempinho depois o pessoal ia chegando na faculdade. Poncho estava sentado sozinho esperando o pessoal, Maite e Angelique chegaram juntas de braços dados e rindo, sorriam feito duas bobas e Poncho percebeu o quanto estavam felizes.

Maite: Bom dia Poncho, o dia não ta lindo hoje? (se sentou)

Poncho: Nossa, que felicidade!

Angelique: Mas o dia ta lindo mesmo.

Elas sorriram se olhando. Poncho ficou vendo a troca de olhares delas, estava tão intensa.

Poncho: Vocês duas tão estranhas, ta acontecendo algo que eu não sei?

No mesmo momento Ucker e Manuela chegaram, Ucker abraçado ela por trás.

Manuela: Bom dia gente, que dia lindo né? (com sorriso de orelha a orelha)

Ucker: Já começou perfeito! (deu um beijo na bochecha da namorada)

Poncho observava eles, com os mesmos olhares e sorrisos bobos de Maite e Angelique.

Poncho: O que vocês quatro fizeram ontem a noite hein? 

Manuela e Ucker se sentaram.

Manuela: Como assim primo?

Poncho: Estão muito felizes, eu diria que radiantes.

No estacionamento Christian e Anahi já tinham um tempinho que estavam ali, conversando.

Christian: Não fica assim Any, vocês ainda tem que conversarem.

Anahi: Conversar o que Chris? Ela não vai querer papo comigo, ta magoada demais.

Christian: Queria poder ajudar vocês de alguma forma.

Anahi: Queria que ela não sofresse.

Eles foram andando e conversando, ao chegarem no pessoal se sentaram, Anahi do lado de Poncho. 

Christian: E ai galera!

Maite: Cadê a Dul?

Christian: Parece que ela não vem hoje.

Ucker: Porque?

Christian: Não sei, não vi ela.

Poncho: Porque Any?

Anahi: Não sei também, acho que ela tava meio indisposta, a mãe dela ta querendo levar ela pra Londres.

Todos: O que?

Ucker: Tia Blanca ta ai?

Maite: Como assim?

Anahi: Ela veio de surpresa, conheci ela ontem a tarde. Super simpática e agradável. 

Christian: Gente, eu sinto muito em informar, mas já ta na hora de irmos pra sala.

Maite: No intervalo conta isso direito pra gente Any.

Ucker: É mesmo, fiquei preocupado agora, Dul não pode ir embora.

Anahi: Ta, eu conto pra vocês.

Todos repararam desde que Anahi chegou como ela estava desanimada. Eles se levantaram e tiveram que ir para as suas salas, o assunto sobre Dulce teria que ficar para o intervalo.

Cada um foi para o seu lado, Poncho foi junto com Anahi, ele viu que a prima não estava bem.

 Poncho: Any, aconteceu alguma coisa?

 Anahi: Me conhece bem né?

Poncho: Como a palma da minha mão. Ta desanimada, é por causa desse suposta ida da Dul pra Londres?

 Anahi: Também!

 Poncho: Quer conversar? Não tenho nada de importante na aula agora.

 Anahi: Quero!

 Eles foram para o estacionamento, lá ninguém os incomodariam. Escoraram no capô do carro e ela começou a contar.

 Anahi: Dul me pediu em namoro ontem, se declarou, disse que ta apaixonada e que me ama.

 Poncho: Nossa, ela disse isso tudo?

 Anahi: Disse

Poncho: E você?

 Anahi: Você já sabe Poncho, não posso aceitar esse namoro, sabe o que minha família espera de mim, o que eu planejei pra mim. 

 Ela disse a ele as mesmas coisas que disse a Christian, contou que ela ouviu, e todo o resto dos acontecimentos.

 Poncho: Ela deve ta arrasada.

 Anahi: E por minha culpa, ela não merece isso. A última pessoa que eu queria magoar no mundo era ela.

 Poncho: Any, tem certeza que não é o medo que não ta deixando você aceitar esse pedido?

 Anahi: Isso tudo é muito novo pra mim Poncho, to perdida nesse novo mundo, e antes que eu me perca mais, eu vou parar por aqui. 

 Poncho: E acha que ela vai embora?

 Anahi: Espero que não, não quero que ela vá. Vou sentir muito a falta dela.

 Ela sentiu os olhos encherem de lágrimas.

 Anahi: Ela foi muito importante pra mim quando eu tava mal por causa do Rodrigo, me ajudou tanto, não quero que acabe assim, dessa forma.

Poncho: É, mas pra ela com certeza ta sendo mais difícil que pra você Any, complicado isso. Mas eu espero que corra tudo bem, eu também não quero que ela vá embora.

As horas se passaram, estava perto do intervalo e Ucker saiu um pouco antes pra ir ao diretoria. Chegando lá pediu pra falar com o diretor da faculdade, estava sentado em uma cadeira de frente pra mesa dele.

Ucker: Bom dia senhor Romeu.

Romeu: Bom dia Christopher, em que posso ajudá-lo?

Ucker: É que uma amiga minha não tem vindo a faculdade já a algum tempo. Não consegui contato com ela nem com a família dela, o senhor sabe me dizer se ela saiu da faculdade? Ou porque dela não ter vindo mais?

Romeu: Quem é essa aluna?

Ucker: É  Carolzinha .. Carolina Fernandes.

Romeu: Bom, ela trancou a faculdade.

Ucker: Trancou? Mas porque? Ta acontecendo algo com ela?

Romeu: Não posso dizer Christopher, é algo particular dela.

Ucker: Ela ta doente?

Romeu: Christopher, terá que procurar ela pra saber o que se passou. Infelizmente não posso te ajudar.

Ucker: Tudo bem, eu entendo. Obrigado senhor Romeu!

Romeu: Disponha!

Ucker se levantou e saiu da sala. Foi andando para a cantina, tirou o celular do bolso e discou para Dulce, queria saber que historia era essa de Londres, e porque ela não foi a faculdade. Ele se sentou em uma mesinha e ia esperar dar o intervalo ali mesmo, já estava quase na hora. 

Dulce estava deitada no colo do pai enquanto ele fazia carinho em seus cabelos. Seu celular tocou, estava em cima do criado mudo e pediu ao pai que olhasse quem era.

Daniel: É o Ucker minha filha.

Dulce: Depois eu ligo pra ele.

Daniel: Não quer falar com ele? São tão amigos, acho que vai te fazer bem.

Dulce: Eu sei, mas é que ele vai perceber que não to bem, quero falar sobre isso com ele pessoalmente.

Daniel: Entendi. Então descansa.

Ela voltou a cabeça ao colo dele.

Dulce: O senhor não tem que trabalhar?

Daniel: Não vou deixar você sozinha.

Dulce: Tudo bem. Pode ir, eu sei que quando falta um dia naquela concessionária é complicado. 

Daniel: Mas vai ficar só?

Dulce se sentou.

Dulce: Eu vou ficar bem, além do mais tenho que tomar um banho, melhorar essa cara e ir pra cidade, fiquei de almoçar com a mamãe.

Daniel: Tem certeza que vai ficar bem?

Dulce: Tenho. Vou tomar um banho, depois dar umas voltas de moto por ai, sem rumo, to precisando disso, me acalma. Depois vou encontrar a mamãe.

Daniel: Tudo bem, se vai ficar bem eu vou então. Tenho uns papeis importante pra revisar.

Dulce: Papai, obrigada! 

Ele sorriu a abraçando forte.

Daniel: Não precisa agradecer, eu sou seu pai e sempre vou estar aqui para você. Nunca vai estar sozinha.

Dulce: Agora mais do que nunca sei que posso contar com o senhor.

Eles se pararam do abraço, ele deu um beijo carinhoso na testa dela e se levantou.  

Daniel: Qualquer coisa me liga ta?

Dulce: Pode deixar.

Ele saiu a deixando sozinha, com seus pensamentos.

Ela se levantou e foi para a janela, olhando lá pra fora, tanta coisa foi vivida ali com Anahi. Tantas coisas boas que agora seriam apenas lembranças, essas que com certeza seguirão vivas em seu coração por muito tempo, tão fortes a ponto de achar que é para sempre. Ela olhou para o seu pingente na correntinha no pescoço, segurou o coração se lembrando de quando deu pra Anahi, seus olhos encheram de lágrimas e escorreram pelo seu rosto, ela escorou a cabeça na parede da janela enquanto outras lembranças mais vinham a sua mente.

Chegamos a um impasse e não podemos superá-lo

Nada para aliviar

São águas passadas

Você disse, e eu entendi

É assim que é

Se lembrou da primeira vez que viu Anahi, parada na frente da Igreja no dia do casamento do seu pai, absolutamente linda naquele vestido, o brilho nos olhos e naquele sorriso único que ela tinha. E mais lembranças vieram, todos os beijos trocados, abraços, sorrisos, olhares, as risadas, a cumplicidade, todos os seus momentos juntas veio passando como um filme em sua cabeça, o que fazia doer mais ainda. A doce Anahi não seria mais sua, na verdade nunca foi, se lembrou do inicio de quando não gostava dela e viviam brigando, pensou que aquilo podia ter continuado, não sabia que se apaixonar por ela a faria sofrer tanto assim. Sempre se sentiu tão sortuda de te-la conhecido e poder estar ficando com ela, de poder senti-la, mas havia acabado, tudo acabou.

Na faculdade Anahi estava sentada em um banquinho sozinha no pátio, em uma parte mais sossegada. Ela segurava o pingente da sua correntinha no pescoço, a chave. Enquanto seu olhar estava longe e perdido, olhava pro nada. E em sua mente tudo o que viveu com Dulce, pensava em como sua vida mudou tanto em poucos meses. Pensava na dor que estava causando em Dulce, no quanto tudo estava tão complicado. 

Tentei esquecer a dor

Mas te fiz chorar e não consigo fazê-la parar

Estava apenas tentando me salvar

 E todos os seus momentos com Dulce vinham em sua cabeça a deixando mais perdida e mais assustada ainda, o medo se fazia presente sempre.

Descobrimos que não era como achávamos ...

... Mas é complicado, tão complicado.

Ela olhou pra chave e as lágrimas embaçaram sua visão, um nó na garganta, as lágrimas iam descer, mas ela passou as costas das mãos nos olhos, as limpando. Não ia se permitir chorar, afinal ela mesma estava escolhendo aquilo.

Todos estavam na cantina, e deram por falta de Anahi.

Manuela: Alguém sabe da Any? Será que ficou na sala?

Poncho: Vou ver se ela ta lá.

Christian: Vou com você Poncho.

Os dois saíram.

Maite: Tentei ligar pra Dul mas ela não me atendeu, to preocupada com ela.

Angelique: Eu também, saber sobre essa chegada da mãe dela e querer levar ela pra Londres.

Ucker: Eu também to preocupado, liguei, mas ela também não me atendeu.

Manuela: Vocês acham que a mãe dela pode forçar ela a ir?

Ucker: O problema não é só esse, mas se a tia Blanca for mesmo e deixar que Dul decida se quer ir ou não, vai ser duro pra ela ficar longe da mãe. Temos é que torcer pra tia Blanca não querer ir e desistir, se não Dul vai ter que tomar uma decisão muito difícil, ela não vai querer ir embora, mas também não vai querer ficar sem a mãe.

Maite: E eu to louca pra sair mais cedo pra ir ver ela, mas tenho prova no último horário, se eu sair perco a prova.

Angelique: E eu tenho um trabalho pra apresentar, só pra atrapalhar.

Ucker: Pois eu posso sair mais cedo, morram de inveja.

Maite: Chato!

Manuela só ria.

 Ucker: Será que Any não vai vir pro intervalo? Ela que sabe mais sobre a chegada da tia Blanca.

Maite: Acho que ela deve vir com os meninos.

Poncho e Christian a procuraram na sala, vendo que não estava foram ao pátio.

Christian: Any me contou sobre ela e Dul, já deve ter te contado né?

Poncho: Ela comentou comigo mais cedo, e Dul ouviu tudo né?

Christian: Ouviu. 

Eles avistaram Anahi sentada em um banquinho, dava pra perceber como seu pensamento tava longe. Eles se aproximaram, sentando cada um de um lado dela.

E ai acham que a Dulce vai mesmo embora? que Anahi vai deixar?

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