Fanfic: Volvere Junto a Ti | Tema: Portiñon

Florianópolis, Santa Catarina - Janeiro, quarta-feira 10:35 da manhã.

Dulce estava no quarto da sua mãe tentando convencê-la de deixá-la ir viajar com ela e não ficar com seu pai. Sua mãe dobrava algumas roupas em cima da cama sentada enquanto Dulce implorava sentada na sua frente pra ir junto com ela.

Dulce: Por favor mamãe, eu não quero ir ficar com o papai, ninguém merece isso, a senhora sabe que eu não me dou bem com ele.

Blanca: Por isso mesmo, ótimo momento pra se aproximarem de novo.

Dulce: Eu não acho, sem contar com aquela mulherzinha dele e a filhinha dela.

Blanca: Dulce, você nem conhece elas, como pode detestá-las assim?

Dulce: A senhora também deveria ser assim, ele te traiu com ela mamãe, como pode não se importar?

Blanca: Dulce, eu e seu pai já nos separamos e ele fica com quem ele quiser. E ele não me traiu!

Dulce: A senhora sofreu tanto por causa da separação, mas sempre age como se ele não tivesse culpa de nada.

Blanca: E não tem! Agora chega desse assunto, acho melhor você ir arrumar suas coisas, esse fim de semana você vai lá pra Minas.

Dulce: Me leva com a senhora mamãe, o que custa? 

Blanca: Dulce Maria, não vou te levar porque são apenas três meses, e eu não vou permitir que você atrase sua faculdade, não vai enrolar e você vai pra Minas, vai ficar lá com seu pai, começar a faculdade e quando eu voltar do treinamento vou ser transferida pra empresa de lá, ai você volta a ficar comigo, já conversamos sobre isso e ta decido, você fica com seu pai por esse tempo.

Dulce se irritou, se levantou da cama bufando.

Dulce: Mas que saco mamãe, vou ter que me enfiar no meio do mato, com um bando de caipiras, no meio do mato mamãe, no meio do mato! E ainda por cima com aquele povo. (cruzando os braços)

Blanca: Isso mesmo!

Dulce não sabia mais o que fazer ou dizer, sua mãe estava irredutível e cada vez mais tinha a certeza que não teria escapatória.

Dulce: Ta bom, a senhora pode até não me levar, então pelo menos me deixa ficar aqui em casa. 

Voltou a se sentar na cama. Blanca acabou de dobrar as roupas e a encarou.

Blanca: Ta louca minha filha?

Dulce: Porque?

Blanca: Pra você fazer festa aqui a semana toda? Encher a nossa casa de amigos e ficar só na farra? Eu te conheço Dulce, e jamais te deixaria sozinha em casa, se você já apronta comigo aqui, imagina sozinha. 

Dulce: Não farei isso mamãe, prometo!

Blanca: Não Dulce, chega!

Dulce: Mamãe por favor, nunca mais te peço nada. (ela suplicava)

Blanca: Não! Chega, você vai fazer sua faculdade e seu pai cuidará bem de você nesses três meses que ficarei longe, ficarei mais tranquila em saber que estará com ele. Quero que vá e comece essa faculdade logo de uma vez, quero que estude e deixe essas baladas de lado, festas, noitadas entendeu? Você só pensa nisso Dulce, em festas e mais nada, fica mais na rua do que em casa.

Dulce: Fico mesmo e sabe porque? Porque lá pelo menos eu tenho uma família de verdade mais do que aqui em casa, o papai se separou da senhora e foi embora, e a senhora depois disso só vive trabalhando, só fica enfiada nesse trabalho, prefiro meu mundo de festas porque pelo menos nele eu sou feliz.

Blanca: Você tem que parar com essa mania de botar a culpa das suas irresponsabilidades na separação minha e do seu pai Dulce Maria! Mas isso não é desculpa pra adiar a faculdade, vai pra Minas e pronto, ta decidido!

Dulce: Não acredito que fará isso comigo.

Blanca: Farei!

Dulce: É sua última palavra?

Blanca: Sim! E não insista mais Dulce.

Dulce: Droga de vida mesmo!

Ela disse irritada e saiu porta a fora do quarto, desceu as escadas nervosa e Blanca foi atrás dela, sabia muito bem o que a filha iria fazer. Foi atrás dela a chamando.

Blanca: Dulce Maria vem cá!

Dulce acabou de descer as escadas e seguiu andando pela sala com passos firmes com sua bota preta de salto fino, o barulho do salto ficava cada vez maior com sua raiva ao pisar no chão, conforme andava seus cabelos ruivos grandes e soltos levemente ondulados nas pontas iam batendo em suas costas, ela usava uma camisetinha branca com uma jaqueta de couro preta por cima aberta e justa ao corpo, uma calça preta também de couro colada ao corpo mostrando suas formas delineadas. Foi até a mesinha de centro sem diminuir o passo e pegou a chave da sua moto. Blanca desceu as escadas ainda a chamando.

Blanca: Não vai sair assim pilotando essa moto Dulce Maria, espera ai, sei muito bem que vai sair com ela e correndo.

Dulce abriu a porta e saiu andando pelo jardim em direção a moto, sua mãe foi atrás.

Blanca: Espera ai Dulce Maria! (irritada e preocupada).

Dulce continuou a andar em cima daquele salto e apenas levantou uma mão abanando pra sua mãe sem olhar pra trás dando um tchau. Enquanto andava se aproximando da moto apertou o controle do portão o abrindo, chegou na moto, montou e a ligou.

Blanca: Dulce não vai sair assim com essa moto, desce dai agora!

Blanca se aproximava, Dulce acelerou a moto e saiu pelo portão quando viu alguém entrar na sua frente. Freou bruscamente, viu a roda da frente da sua moto entre as pernas de Ucker.

Ucker: Caramba ruiva, ta louca? Quer matar seu amiguinho aqui? (com as mão levantadas)

Dulce: Sobe na moto ai!

Ela deu o outro capacete pra ele que estava em seu braço, enquanto isso Blanca se aproximava do portão a chamando.

Ucker: A Tia Blanca ta te chamando.

Tia era o jeito carinhoso que ele chamava a mãe dela.

Dulce: Sobe logo ai Ucker, rápido!

Assim ele fez, colocou o capacete e quando Blanca saiu no portão ela arrancou de uma vez saindo pela rua a fora correndo, Blanca levou as mãos a cabeça preocupada. Dulce era apaixonada por motos, ganhou essa do seu pai como presente de 18 anos, ele a deu com a intenção de agradá-la e assim se reaproximar dela ganhando seu carinho novamente, mas não adiantou nada, pra Dulce foi apenas uma obrigação como pai de a presentear no dia do seu aniversário. Blanca nunca concordou com esse presente dele para a filha, pois Dulce era muito aventureira e se jogava mesmo, ainda mais em cima de uma moto daquelas, achava muito perigoso e a cada vez que a filha montava naquela moto seu coração ficava na boca, principalmente quando a filha ficava a com raiva, descarregava tudo na velocidade da moto.

Dulce andava em sua moto com uma certa velocidade, ela corria, estava com muita raiva por ter que ir passar esse tempo com seu pai e sua `nova família` não conseguia aceitar isso de forma alguma e muito menos participar. Quando ficava irritada descarregava tudo correndo com sua moto, se sentia um pouco aliviada, se sentia livre correndo assim, sem rumo, corria pelas ruas mais vagas e tranquilas, sentia o vento contra ela e aquela sensação de liberdade. Apesar de correr muito pilotava muito bem. Depois de dar muitas voltas com Ucker, parou em uma praia, desceram da moto, ela tirou seu capacete e balançou os cabelos ruivos os alinhando. Ucker já tinha seu capacete na mão e passava a mão nos cabelos os arrumando e olhando pra ela, já sabia o motivo dela ter corrido daquele jeito.

Ucker: Brigou com sua mãe ruiva?

Dulce colocou o capacete em cima da sua moto se escorando nela, eles estavam em um canto no acostamento que ficava de frente pra praia, ela olhava pro mar e ventava aquela manhã, o vento esvoaçava seus cabelos levemente. Ucker colocou seu capacete na moto também e ficou do seu lado.

Dulce: Meio que discutimos.

Ucker: Por causa da viagem dela né? Esse negocio de você ter que ir morar com seu pai por um tempo.

Dulce: Isso mesmo Ucker, ela não quis me ouvir, não quer saber. E tudo por causa dessa maldita viagem, o que custa me levar? Ou me deixar sozinha em casa? Ou na sua casa? Sua mãe mesma disse que eu podia ficar de boa.

Ucker: Ela quer reaproximar você do seu pai Dul, não vai mudar de ideia.

Dulce: Não é justo, não é, droga!

Ela se virou pra moto batendo a mão no assento irritada.

Dulce: Vou ter que conviver com ele e aquela mulherzinha dele, aquela filha idiota e sei lá mais quem, numa merda de fazenda no meio do mato.

Ucker: Ei calma Dul, não fica assim. E você nem conhece a tal mulher dele e a filha dela, já pensou que podem ser boas pessoas?

Dulce o olhou.

Dulce: Boas pessoas? Ele traiu a mamãe com ela, uma mulher que se mete com homem casado não pode ser boa pessoa, e se a mãe é assim a filha não deve ser nada diferente. Ucker, eu as odeio e não quero ter que olhar pra cara delas todos os dias. Droga de vida!

Ela bateu outra vez na moto, depois se virou de novo olhando pro mar escorada na moto, agora estava visivelmente chateada, seus olhos começaram a encher de lágrimas.

Dulce: A gente era uma família tão feliz, ai do nada tudo mudou, e quando vi ele já estava com essa dai.

Ucker abraçou a amiga de lado a consolando. 

Dulce sofreu muito com a separação dos pais, quando isso aconteceu ela tinha 16 anos, apesar de não se dar mais bem com o pai e o culpar por tudo, sente muito a falta dele, na verdade sente a falta de ter sua família reunida de volta, mas isso não iria mais acontecer, ainda mais agora que seu pai estava indo se casar com outra.

Dulce: O dia que fiz aquela maldita prova pra fazer faculdade lá deveria ter errado a prova toda de propósito, assim não passava e não tinha que ir fazer faculdade lá, um motivo a menos pra ir.

Ucker: O que ia adiantar Dul? Seus pais falaram que se você não estudasse e passasse nessa prova iam tirar tudo de você, inclusive a sua moto.

Dulce: Pior que é, de qualquer forma ele iria me levar pra aquele fim de mundo, pro meio do mato!

Ucker: Mas pensa pelo lado bom, vai ficar perto da Mai de novo, vão morar na mesma cidade e fazer a mesma faculdade, juntas.

Dulce: Só isso mesmo de bom, vou ficar perto da minha morena de novo.

Ucker: E digo mais, não é só isso! (sorriu)

Dulce o olhou curiosa.

Dulce: O que mais de bom poderia ter nisso?

Ucker: Minha linda, o seu amigo aqui vai com você. (sorriu mais)

Dulce: Como assim Ucker? (começando a sorrir)

Ucker: Falei com a mamãe e o papai e eles deixaram eu ir morar lá em Minas também.

Dulce: Ta brincando?

Ucker: Claro que não, é sério Dul.

Ele abriu os braços sorrindo e ela pulou nele sorrindo também, os dois ficaram rindo afobados pela notícia.

Dulce: Mas espera, como eles deixaram assim tão fácil? Eu conheço seus pais.

Ucker: Eu disse que queria estudar pra valer, que queria deixar as baladas de lado e como você estava indo pra Minas eu queria ir junto. Como eles são loucos pra eu estudar, me formar, criar responsabilidade e deixar as baladas, deixaram, bom, demorou pra convencê-los, impuseram um monte de condições mas no fim aceitaram.

Dulce: Nossa nem acredito Ucker, agora sim eu fico mais feliz sabia? Pelo menos você e a Mai vão estar comigo. (sorrindo)

Ucker: Foi duas semanas conversando com eles os convencendo, deu trabalho mas no fim deu tudo certo.

Ele sorriram e ela o abraçou novamente.

Ucker: As mineirinhas que nos aguardem.

Se olharam rindo e depois foram a um quiosque ali da praia beber uma água de coco.