Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

CAPÍTULO I

— O garoto tem só vinte e quatro anos, é jovem demais para se casar. Jamie é seu filho, com certeza pode convencê-lo a não fazer essa bobagem — ralhava Alfonso, contraindo os lábios diante da irmã mais velha no sofá. Sabia que Teresa era perfeita­mente capaz de controlar o filho, se quisesse. Ora, com cer­teza, controlara-o após a morte da mãe, quanto ele contava oito anos.

Dez anos mais velha, Teresa tomara o lugar da mãe, mostrando-se mais rigorosa do que a própria. Por mais que gostasse da irmã, Alfonso se aliviara quando ela, aos vinte e quatro anos, conhecera e se casara com David Easterby, um inglês de Yorkshire que visitara a fazenda deles, a leste de Sevilha, a fim de comprar um cavalo andaluz puro para seu haras.

O resto era história, pensou Alfonso. Vinte e cinco anos de­pois, o filho único de Teresa decidira se casar. Por isso, en­contravam-se na casa dos Easterby, aguardando a chegada dos demais convidados, para que todos seguissem juntos para a festa de noivado, a se realizar num hotel campestre nas proximidades.

— O seu problema é que nunca se apaixonou — replicou Teresa.

— Mas já fui casado — retrucou Alfonso. — E, posso lhe garantir, Teresa, poucas pessoas no mundo encontram o tipo de companheirismo que você e David têm.

— Tolinho, você é apenas um cínico incorrigível — censurou a irmã. — De qualquer forma, é decisão de Jamie. David e eu o apoiamos totalmente. Eles estarão aqui a qualquer instante, assim, por favor, mantenha a sua opinião para si mesmo, e tente ser simpático com a noiva, Ann, e os parentes dela.

— Incluindo a prima solteirona — completou Alfonso, irônico. Ao chegar, três horas antes, soubera que não apenas a noiva e seus pais se hospedariam ali durante o

fim de semana, mas também uma prima. — Estou avisando, Teresa, se está achando que vou fazer companhia a essa moça, esqueça!

— Como se eu me atrevesse! — De estatura mediana, Teresa tinha que esticar o pescoço para falar com o irmão de um metro e noventa e três. Alfonso era um homem formidável sob todos os aspectos: rico, poderoso e bonito, cabelos pretos e olhos castanhos que adquiriam um brilho dourado quando ele se divertia ou se exaltava. As mulheres costumavam cair a seus pés como moscas e ele nunca se fizera de rogado. Nos últimos anos, porém, o brilho nos olhos se manifestava menos. Duro e frio, ele raramente sorria. — Duvido de que alguém o desafie a qualquer coisa, Alfonso — acrescentou, compadecida.

Ele franziu o cenho à piedade da irmã, voltou-se e atravessou a sala elegante e confortável. Afinal, aquele noivado não era da sua conta. Se o sobrinho queria se casar numa idade tão tenra, por que deveria se importar? Parou à janela e contemplou o pátio de cascalho e o estacionamento, sem vê-los realmente. Seus pensamentos estavam com Don Pablo Ortega Herrera. Aos setenta e nove anos, cardíaco, seu velho pai não pudera viajar à Inglaterra e insistira para que Alfonso o representasse na festa de noivado do neto.

Alfonso e o pai raramente concordavam em qualquer coisa, e o noivado de Jamie não fora exceção. Cedera quando o pai começará a criticá-lo por ainda não ter gerado filhos que carregassem o nome da família. Em geral, não freqüentava festas, a menos que ocorressem em sua própria casa, com amigos cuidadosamente escolhidos. Na verdade, fazia quase nove anos que não passava um final de semana fora da Espanha a lazer. O trabalho era sua vida e quebrava a rotina só de vez em quando, com uma visita ocasional à amante para cuidar das necessidades físicas, o que, aliás, não fazia havia uns cinco meses...