Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— É preciso? — Gio gemeu.

— Se quiser ser paga, sim.

Ela pegou uma taça de champanhe de um garçom que passava, embora não tivesse intenção de beber, e começou a circular entre as pessoas. Quando chamavam nome, cumprimentava e sorria. Finalmente, encontrou o que procurava, um canto tranqüilo atrás de um vaso grande com uma palmeirinha, e recostou-se. Descalçou uma sandália de salto ridiculamente alto e suspirou de alívio. Com um pouco de sorte, logo escaparia de volta para o hotel. Olhando com cuidado ao redor, despejou a bebida no vaso.

— Eu vi. Que cruel... você destrói esta planta inocente, assim como fez com minha esperança.

Com o susto, ela deixou cair a taça no vaso e se voltou, atônita. Era o estranho alto que lhe chamara a atenção na passarela e depois a procurara nos camarins.

Enrubesceu até a raiz dos cabelos.

— Eu não queria... eu não estava... — Calando-se ao perceber a gagueira, sentiu o coração disparar. O homem era ainda mais devastador do que se lembrava. Tinha o rosto de um anjo caído, pensou, extravagante. Era mesmo muito bonito, com aquela tez morena dos mediterrâneos. As sobrancelhas escuras ornavam seus olhos castanhos de nuance dourada. Tinha um nariz não totalmente reto, com narinas infladas, maçãs do rosto salientes, boca sensual... em resumo, era bonito demais para ser verdade. Ela era alta, mas ele a ultrapassava em cerca de vinte centímetros. Os ombros largos preenchiam a camisa de algodão fino feita sob medida, o cinto de couro sustentava a calça creme. Vestia-se casualmente, mas ela reconhecia em suas roupas a qualidade dos estilistas de moda.

Ele se apoiou na parede a seu lado e cruzou os calcanhares, revelando o sapato de couro feito à mão.

— Só estou brincando, Gio. Vim só esclarecer um mal-entendido. Não sou traficante de drogas, como imaginou. Que­ria apenas me certificar de que você não era adepta. Lamento ter extrapolado em meu cinismo em relação às modelos e peço desculpas.

Gio acreditou. Pensando bem, ele parecia distinto de­mais para ser traficante de drogas.

— Tudo bem. — Ela devia compreender, pois conhecia bem a fama das modelos em relação a drogas.

— Posso lhe assegurar que trabalho honestamente e gostaria muito de conversar com você sem levar um tapa. — Ele sorriu e Gio esqueceu-se de todas as dúvidas que tinha.

Estava totalmente encantada com aquele estranho e sorriu, sentindo alívio e excitação.

— Só conversar? — replicou, atrevida.

— Bem, eu também tinha algo mais em mente... — pro­vocou ele.

Novamente decepcionada, Gio aprumou-se e calçou a sandália. Já perdera a conta das investidas de homens mais velhos que sofrera no ano anterior. Imaginara que aquele pu­desse ser diferente, mas enganara-se.

— Escolheu a garota errada — declarou, em tom de despedida.

— Não. — Ele a segurou pelo braço. — Por favor. Só quis dizer que ainda não jantei e ficaria honrado se aceitasse jantar comigo.

— Eu nem sei o seu nome — rebateu Gio, tentada a aceitar o convite. O toque no braço enviava sensações inusi­tadas a seu corpo. O olhar intenso parecia atravessar sua más­cara de modelo, ameaçando alcançar a garota que mantinha escondida.

— Não. — Ele ergueu o sobrolho, irônico. — Pensei que soubesse que eu... — Deteve-se no meio da frase e estreitou o olhar. O que viu fez com que mudasse de idéia. — Permita que eu me apresente. Alfonso Herrera. Tenho vinte e nove anos e sou solteiro. Sou espanhol, de Sevilha, para ser mais exato. No momento, moro em Barcelona e estou acompanhando a corrida.

A voz melodiosa com leve sotaque derramava-se sobre Gio como uma carícia. Alfonso tinha o corpo muito bem-feito, mais uma qualidade a ser anotada em sua ficha. Foi quando decidiu pôr a cautela de lado e aceitar o convite. Afinal, era seu aniversário...

Estendeu a mão e se apresentou no mesmo formato que ele usara:

— Gio, tenho dezenove anos e sou solteira. Sou inglesa e estou em Barcelona para o desfile.

— Isso significa que vai jantar comigo? — Ele apertou a mão delicada e a tomou pela cintura. Gio sentiu um choque elétrico subir pela sola dos pés, mas o olhar dele cegou-a para o perigo.

— Sim — concordou ela, encantada com o sorriso.

— Nunca verei uma palmeira novamente sem pensar em você — observou Alfonso, indicando a saída do salão.

— Já recebi elogios melhores — retrucou ela, divertida.

— Mas nenhum tão genuíno, eu lhe asseguro — disse Alfonso, sério. Encararam-se e, por um segundo, a multidão e o barulho desapareceram, o mundo parou.

— Gio — murmurou Alfonso, acariciando-a no rosto per­feito. — Um lindo nome para uma garota linda.

Ela sentiu um arrepio e a sensação prolongou-se até as partes mais íntimas de sua anatomia. Estava chocada com a reação, e um tanto receosa, mas mantinha-se cativava pelo olhar de Alfonso. Não sabia o que se passava, mas sabia que era momentâneo.