Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

CAPÍTULO IV

Parada no meio da sala enorme, Gio ima­ginou o que fazia naquele lugar. O assoalho era de madeira encerada e a janela ocupava toda uma parede. A vista era mais que uma foto maravilhosa da noite de Bar­celona. Olhando ao redor, percebeu que a quantidade de móveis era mínima, dois sofás brancos e uma mesinha de café em mármore preto. Havia uma lareira de mármore elegante e, no aparador, somente uma foto num porta-retrato de prata. Atra­vessou a sala e analisou a foto. Era Alfonso com o braço no ombro de outro homem e havia uma moça morena entre eles. Os três sorriam e a garota tinha um anel enorme no dedo.

— Amigos seus? — indagou, tentando entabular conversa.

— Sim, bons amigos. — Alfonso sorriu.

— Seu apartamento é bonito — disse ela, nervosa com o sorriso.

— Você achou? — Alfonso olhou ao redor desinteressado. Quando voltou a encará-la, percebeu sua cautela. — Não fique tão assustada. Não vou pular para cima de você. — Tomou-lhe o braço e a fez se voltar. — Eu a convidei para jantar, só isso.

— Você sabe cozinhar? — Gio recuperava a máscara de sofisticação que a carreira de modelo lhe ensinara, tentando se manter imune à proximidade daquele corpo másculo, apesar das batidas aceleradas do coração.

— Mas claro. Sou um homem de muitos talentos. — Ele deu de ombros e ergueu as mãos com a palma virada para cima. Gio ficou ainda mais encantada.

— Acredito em você — disse ela, apreciando a figura alta, imaginando quais seriam seus outros talentos.

— Que tal uma omelete espanhola, salada e vinho? — sugeriu Alfonso, sorrindo satisfeito, como se soubesse no que ela pensava.

— Está ótimo. Obrigada — respondeu ela, educada, e ele deu uma boa risada.

— Você não tem preço, Gio! — Ele a fitava e mantinha as mãos nos braços dela, amistoso. — Venha, você faz a salada — determinou, levando-a à cozinha.

Nos quinze minutos seguintes, trabalharam juntos com ale­gria. Ela nunca estivera sozinha com um homem antes, mas era olhar para Alfonso e perder todo o bom senso que possuía.

— Um brinde à minha bela Gio — anunciou ele, quando já estavam à mesa.

Ela pegou a taça e o fitou. Alfonso era tão bonito que até sentia uma dor no coração.

Ele levou a taça aos lábios e sorveu um gole. Em seguida, apreciou o corpete de seda que ela usava. Gio tomou um gole do vinho, mas precisou controlar as reações do corpo. De repente, pousou a taça e cruzou os braços para esconder os seios, chocada com o que ele podia fazer apenas com um olhar. Mas Alfonso capturou sua mão sobre a mesa.

— Não, Gio. Não fique constrangida. Acontece o mesmo comigo. Só a mesa protege meu desconforto — confessou, com um sorriso.

Ela ficou boquiaberta quando entendeu o que ele dizia.

— Oh! — exclamou ela, como uma virgem vitoriana, e enrubesceu.

Alfonso lançou a cabeça para trás e riu.

— Quanta inocência! Eu nem acredito. Mas tem razão quan­to a este vestido, Gio. O conjunto é só para os olhos de um amante e mais ninguém. Agora, saboreie minha especia­lidade antes que esfrie.

Ele era mais velho, mais experiente, podia brincar com a própria reação do corpo. Gio, não. Ela abocanhou duas garfadas e depois ficou empurrando o restante no prato. Não ousava olhar para ele, porque ficava sem fôlego.

— O que foi, Gio? Não gostou da omelete? — indagou Alfonso, preocupado.

Ela ergueu a cabeça e tentou sorrir.

— Gostei, está perfeita, mas acho que perdi o apetite.

— Você é modelo. Entendo que a dieta faz parte do seu trabalho. Mas também é uma garota linda sob qualquer aspecto, Gio. — Ele a encarou com seu olhar muito brilhante. — Uma perfeição que seria um crime estragar com o desejo de se manter muito magra. Agora, coma — ordenou ele. E ela obedeceu.

Alfonso conseguiu relaxá-la falando de sua paixão por carros, e ela presumiu que ele trabalhava na organização das corridas. Logo, passaram a conversar como velhos amigos. Gio con­tou-lhe histórias engraçadas de sua carreira de modelo e ele comentou sobre a fazenda de seu pai no sul da Espanha. Ela riu quando Alfonso narrou sua tentativa desastrosa de se tornar toureiro numa arena em Sevilha.

Continuaram a conversa na sala. Gio aceitou o café que Alfonso preparou, admirando discretamente seu semblante tão bonito. Haviam jantado e já estavam no cafezinho. Devia tomar a iniciativa de ir embora. Até então, ele se comportara como um perfeito cavalheiro. Ela, sim, encontrava dificuldade em manter as mãos longe dele. Não sabia o que estava acontecendo, profissionalmente já conhecera dúzias de homens bonitos, mas nenhum a afetara tanto quanto Alfonso.

Ele estava no sofá a seu lado, estendido, descontraído... e sexy. Gio reparou nas pernas longas, na musculatura das coxas. Sentiu um calor na região íntima e ergueu o olhar rapidamente. A nova visão não era menos tentadora, de um tórax musculoso, camisa meio aberta deixando entrever pêlos sedosos. Teve vontade de estender a mão

para sentir o calor da pele bronzeada. Desolada com os pensamentos eróticos, levantou-se.

— É melhor eu ir — declarou, ajeitando a saia. — Está ficando tarde e trabalho amanhã. — Arriscou uma espiada e ficou atônita com o brilho dourado no olhar de Alfonso. Ele se levantou, agar­rou-lhe a mão e, antes que ela percebesse, estava em seu colo.

— Não sem um beijo de boa-noite, claro.

— Por favor, vai estragar o vestido. — Gio disse a pri­meira coisa que lhe veio à cabeça. — Preciso devolvê-lo. — Sabia que parecia uma idiota; porém, com o braço dele em torno de sua cintura, o bumbum bem encaixado no colo mas­culino, mais a mão forte dele sobre seu ombro desnudo, sen­tia-se indefesa como uma gatinha.

— Não, considere um presente. — Ele lhe acariciou a nuca, aproximando o rosto. Gio ficou paralisada com a onda de excitação que a devastava. Segurando-a pelos cabelos, ele a aproximava mais e mais, devagar, como se não quisesse as­sustá-la. Mas o brilho no olhar indicava outra intenção.

— Não posso aceitar. — Se falava do vestido ou o beijo, ela não sabia.

— Considere um presente de aniversário. — Ele lhe varreu os lábios levemente com os seus. — Minha doce Gio.

Ela se afastou um pouco.

— Como você sabe que hoje é meu aniversário? — indagou, desviando-se da situação perigosa.

Ele deu uma risada.

— Eu não sabia. Estamos tão sintonizados que deve ser percepção extra-sensorial! — Ele a abraçou. — Feliz aniver­sário. Mas por que não me contou? Uma omelete não serve como comemoração. Eu a teria levado a algum lugar, se sou­besse —

assegurou, charmoso. — Mas e os seus amigos, seus pais, eles não querem compartilhar o dia com você?