Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

CAPÍTULO V

Anahi acordou com o som de uma porta batendo. Piscou sonolenta, soerguendo-se, e só então percebeu que não estava em casa. Esfregou os olhos. O dia anterior acontecera de verdade? Alfonso Herrera se tornaria seu contraparente? Não ousava pensar no assunto. Gemeu alto e teve vontade de voltar para baixo da coberta.

— Desculpe-me, Annie, mas você precisa se levantar. — Ann aproximou-se da cama trazendo uma caneca de café.

— Que horas são? — resmungou ela, mal enxergando a prima.

— Onze e meia. Beba isto e apresse-se, vamos partir logo.

— Pousou a caneca no criado-mudo.

— Onze e meia? — repetiu Annie, espantada. — Por que não me acordou? — Girou as pernas para a lateral da cama, sentou-se e pegou a caneca.

— Porque Alfonso lembrou-nos de que seu chefe mandou-a para a Inglaterra para descansar e insistiu para que a deixássemos dormir. Acho que você já conquistou alguém aí... — Ann sorriu.

— Portanto, agradeça a ele, não a mim — concluiu, retirando-se. Durante o banho, Anahi gemeu de humilhação. Dormira até

quase a hora do almoço e tudo por culpa daquele homem des­prezível. Saiu do chuveiro, enxugou-se com uma toalha macia e voltou ao quarto. Vestiu sutiã e calcinha limpas, uma camisa esporte azul, calça de sarja cinza e um cinto de pele de cobra para ajustar a peça folgada na cintura fina.

Escovou os cabelos longos e avaliou o cinto exótico. Fora presente de uma tribo de Botsuana, onde gerenciara uma clí­nica por algum tempo, e não se sentia culpada em usá-lo. Mas nem sonharia em usar um casaco de peles. Hipócrita!, censu­rou-se, com

um sorriso enquanto saía do quarto e descia a escada, os olhos verdes brilhantes de contentamento.

— Bom dia, Anahi. Creio que dormiu bem — saudou Alfonso, recostado na porta da sala, observando-a descer.

Ela ergueu o rosto e o olhou rapidamente. Ele vestia calça jeans preta e camisa esporte também preta. Espécime soberbo, havia arrogância em cada linha de sua figura encorpada.

— Sim, obrigada — respondeu ela, tensa, recusando-se se in­timidar pela presença masculina espantosa. — Mas podiam ter me acordado. — Ainda estava atônita com a informação que a prima lhe passara. A decisão de não perturbá-la partira dele.

— Ora, esse é um convite quase impossível de recusar. — Ele parecia divertido. — Vou me lembrar disso da próxima vez que você dormir até tarde.

Ao perceber o que dissera, Annie sentiu-se enrubescer e pas­sou por Alfonso, indo para os fundos da casa, para a segurança da cozinha, ouvindo a risada rouca dele. O homem era impos­sível e ela já se decidira... não iria a lugar algum com ele.

Ann, Jean e Teresa estavam na cozinha e, assim que Annie entrou, fizeram-na sentar-se para saborear um bom prato com ovos e toicinho defumado. Informaram que sairiam em meia hora.

Entre uma garfada e outra, Annie tentou convencê-las de que não iria à Espanha.

— Estamos no século vinte e um, ninguém mais tem dama de companhia.

— Por favor, Annie, pare de perder tempo — ralhou Ann. — Alfonso já telefonou ao piloto duas vezes e adiou o horário de partida. O aeroporto está sobrecarregado de vôos. Se per­dermos a vaga, só poderemos decolar amanhã.

Annie quase engasgou com os ovos. O homem tinha seu pró­prio avião! Ora, por que o espanto? Ele devia ter tudo, pensou amargamente.

— O que foi agora? — indagou Ann.

— Nada, já estou terminando — resmungou Annie. — Minhas coisas estão lá em cima e o resto está no carro... — O carro!

— Acabo de me lembrar de que não posso deixar Bertram — declarou, triunfante.

Um movimento na porta chamou-lhe a atenção. Silenciosa­mente, Alfonso entrou na cozinha seguido por tio Alex.

— Com certeza, seu namorado pode viver de lembranças por uma semana, em apoio à família — declarou Alfonso, seguro e confiante. — Eu tive que viver assim — acrescentou, num tom áspero.

Obviamente, ele se referia a viver das lembranças da falecida esposa, percebeu Annie. Ann e Alex riram da declaração. Alex bateu nas costas de Alfonso.

— Não, camarada, você não entendeu. Anahi não tem namorado. Ela está envolvida demais com a ajuda aos pobres

— explicou, rindo. — Bertram é o carro dela. — Voltou-se para Annie. — Não precisa se preocupar. Eu tomo conta dele até a sua volta. Seu pai permitia que eu o dirigisse, às vezes.

O sorriso saudoso do tio Alex deixou-a sem escolha.

— Vou pegar minha bolsa e a chave — rendeu-se, mas encarou Alfonso ao passar.

— Boa garota — disse ele com um breve sorriso que aliviou a expressão tensa. — E prometo que serão umas férias interessantes.

Ela quase retribuiu o sorriso, mas o bom senso prevaleceu. Não precisava de outra promessa de Alfonso Herrera. E por que a chamava de garota, aquele presunçoso... Pensando nisso, voltou ao quarto.

Sentia o coração disparado, mas atribuiu ao esforço de subir a escada, pois jamais admitiria ser suscetível ao sorriso de Alfonso. Com a decisão tomada, não demorou para arrumar a mala e descer. Foi para o carro, abriu o porta-malas e segurou a alça do outro volume.