Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— Permita-me. — Um homem tomou a mala e a retirou, pousando-a no chão.

Anahi encarou-o.

— Eu não sou teimosa.

— Eu sugeri que era? — indagou ele, arqueando uma so­brancelha. — Qualquer mulher que chama uma máquina des­sas de "Bertram" pode ser considerada muito confiante. Não é um carro fácil de se dirigir ou manter. — Ignorando-a, apre­ciou a peça de engenharia, contornando o veículo.

Anahi escondeu o sorriso. Entre o carro esportivo e ela, na opinião de Alfonso, o carro ganhava. Ela não precisava se preo­cupar com o homem.

ligeiramente relaxada, entregou a chave ao tio, que foi juntar-se à família para a despedida. Alfonso chegou e ficou junto dela.

— O mito popular é que os homens gostam de carros es­portivos porque são um tipo de extensão fálica de si mesmos. De repente, ocorreu-me que o mesmo pode ser dito de você, Anahi — declarou ele, o olhar brilhando de atrevimento.

Annie  ficou chocada.

— O quê? — questionou, presa pelo olhar magnético. Em questão de segundos, ele mudara de sofisticado a algo muito mais ameaçador a seu equilíbrio. Havia algo sensual no sorriso dele que fazia seu coração disparar. Desviou o olhar, ciente do rosto enrubescido.

— Admita. Bertram a excita.

Ela acabara de se convencer de que ele não se interessava por ela como mulher e agora isso... Alfonso a provocava deli­beradamente, para tirá-la do sério. Mas ela não se abalaria.

— Você ensandeceu! — opinou, mas estava constrangida demais para encará-lo e suspirou de alívio quando Jamie os chamou para entrar no carro.

Annie torceu o nariz ao tomar seu lugar nos fundos do jatinho e apertou o cinto de segurança. Alfonso foi para a frente, para conversar com o piloto. Jamie e Ann estavam juntos como sem­pre. Franziu o cenho ante ao luxo ostensivo do aparelho. Após presenciar tanta pobreza, era desgostoso ver que um homem podia ter tanto.

— Um centavo por seus pensamentos. — Alfonso aproximou-se e tomou o lugar a seu lado.

Anahi apreciou de soslaio o perfil bonito e sentiu a coxa mus­culosa muito próxima, roçando contra a sua. Estava muito cien­te da resposta de seu próprio corpo a ele. Um milhão de centavos não seriam suficientes para convencê-la a divulgar seus pen­samentos. Por que aquele homem tinha esse efeito quase elé­trico sobre ela? Não era justo. Mas poucas coisas eram justas nessa vida. Então, externou sua opinião sobre o consumismo.

Surpreendentemente, passaram a conversar sobre a distri­buição da riqueza. Alfonso era um homem inteligente e articu­lado e Annie percebeu que gostava de debater com ele suas opiniões. Quando começaram a discutir sobre o perdão da dívida dos países do Terceiro Mundo, Annie o chamou de capitalista egoísta e manipulador. Jamie interveio.

— Chega, Annie, ele só está provocando você. Alfonso faz doa­ções a instituições de caridade, sustenta dezenas de estudantes africanos e quem sabe o que mais!

Envergonhada, Anahi olhou-o.

— É verdade?

— Culpado — murmurou ele, erguendo um canto dos lábios, num sorriso fraco. — Mas você agarra a isca tão fácil, Anahi, não pude resistir.

Annie engoliu em seco. Era culpa sua dizer o que pensava.

— Nesse caso, eu peço desculpas. Alfonso fitou-a, enigmático, impassível.

— Seu pedido de desculpas é prematuro. Afinal, você está meio certa. Sou de fato um manipulador — admitiu. Annie sen­tiu-se ameaçada. Por quê? Não tinha idéia...

A voz do comandante chamou-lhe a atenção. Já iam aterrissar.

Mais tarde, Annie imaginou como pudera ser tão estúpida. Quando as formalidades no aeroporto foram concluídas, Alfonso informou-a de que Jamie e Ann iriam para casa na limusine e os dois poderiam aproveitar seu carro esportivo italiano, que estava no estacionamento do aeroporto. Ela considerou a des­culpa de que não haveria espaço suficiente, mas percebeu que seria ridículo.

Entretanto, assim que se viu sentada no carro esportivo, com o corpo de Alfonso a poucos centímetros de distância, imaginou a falta de prudência em estar sozinha com ele. Olhou-o de soslaio enquanto deixavam o aeroporto e pegavam a estrada principal.

— Devia imaginar que você tinha um carro deste tipo — comentou, para quebrar o silêncio.

— Você me conhece tão bem. — Alfonso olhou para ela ra­pidamente e voltou a concentrar-se na estrada, e ela percebeu que quase se denunciara mais uma vez.

— Bem, você gostou tanto do meu carro. — Ela deu de ombros. — Obviamente, é do tipo que opta por carro esporte.

— Correto, inclusive tenho uma boa coleção de carros esporte antigos. Estão num galpão na periferia da cidade. Vou lhe mostrar um dia. Mas, para uso diário, adoro este carro italiano.

— Por que vermelho? Um pouco chamativo sob esse sol, eu diria — opinou Annie, controlando-se. Ficar ali confinada com Alfonso lhe afetava seriamente os sentidos. Não podia evitar admirar a mão forte segurando o volante ou o movimento de suas pernas musculosas enquanto conduzia o carro pelo tráfego conturbado.