Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— Eu sou tradicional. Este carro só podia ser vermelho. Sem comentar, Annie olhou pela janela. Ele só reafirmara o

que ela já sabia. Descobrira, aos dezenove anos, da forma mais penosa, o quanto Alfonso era tradicional, e não sabia por que o fato ainda a deprimia. Alfonso não lhe significava nada. O motivo de estar ali era simplesmente outra tradição... para servir de dama de companhia para a prima.

De repente, Alfonso praguejou e puxou o volante violenta­mente para se desviar de um furgão.

— Oh! — exclamou Annie. — Podíamos ter morrido! — Então, notou o trânsito veloz.

— Bem-vinda a Sevilha, Anahi! Os motoristas são conhe­cidos como os mais caóticos da Espanha — explicou Alfonso.

— Eu acredito — respondeu ela, amuada. Após acompanhar o trânsito, comentou: — Quase todos os carros têm um amassado.

— O meu, não — disse Alfonso, arrogante.

— Ninguém se atreveria — sussurrou ela, e ele brecou diante de um semáforo.

Tendo ouvido o comentário, Alfonso voltou-se para ela es­treitando o olhar.

— Está com medo de mim, Anahi?

— Não — disse ela, segura. Era uma mulher adulta, já não se deixava intimidar por homens havia muito.

— Pois talvez devesse — insinuou ele, tranqüilo, engatando a primeira marcha. Logo acelerava rumo ao centro da cidade.

Por um segundo, Anahi imaginou o que ele quisera dizer, mas então concentrou toda a atenção nas construções de Se­vilha. As ruas eram estreitas e tortuosas, algumas com toldos de lona que iam de um lado a outro. Alfonso explicou que eram para dar sombra aos transeuntes, oferecendo-se para lhe mos­trar a cidade, se ela quisesse conhecer melhor. Annie concordou, animada, e logo percebeu que Alfonso era muito bem informado sobre a história de sua cidade.

Passaram diante da famosa catedral gótica. Santa Maria de La Sede levara cento e dois anos para ficar pronta e constava no livro Guinness de recordes como a terceira maior catedral do mundo, considerando a área interna. Fascinada, esticou o pescoço para admirar a torre Giralda, o minarete mourisco, ao lado da igreja, pairando sobre a velha Sevilha, uma lem­brança magnífica da influência árabe. Olhou para Alfonso, cuja expressão de águia, com aqueles olhos castanhos e cabelos cas­tanhos, parecia mais pronunciada agora que ele estava em casa. Estremeceu e olhou pela janela.

— Não sabia que um rio cortava Sevilha — comentou, sur­presa, ao perceber que a rua que agora percorria acompanhava as águas verdes.

— Guadalquivir é um rio famoso, mas na verdade você está olhando para o Canal de Afonso XIII. O rio foi desviado no começo do século vinte para controlar as enchentes e, com isso, a cidade deixou de ser porto.

— Mas a cidade fica no interior! — Annie tinha bons conhe­cimentos de geografia.

Ele deu uma risada.

— O rio sempre foi famoso por ter um enorme porto fluvial. A rainha Isabel escolheu a cidade porque era mais retirada e mais segura contra os ingleses e outros inimigos. Cristóvão Colombo partiu daqui para descobrir a América. — Alfonso sor­riu. — Há uma enorme estátua dele na catedral, onde supos­tamente fica sua tumba.

Annie estava encantada com a arquitetura da cidade. Alfonso dobrou uma curva e saiu da via, passando sob um arco de pedra enorme, até que freou num pátio com piso de paralele­pípedos. Annie não disfarçou o espanto ante a casa mais pito­resca que já vira, em se tratando de área urbana. Provavel­mente construída no século dezenove, tinha um anexo enorme com garagens e estábulos tomando três lados do pátio. Degraus em semicírculo levavam a portas de carvalho com suportes de ferro fundido,

ora totalmente abertas. Um homem baixo e mo­reno aguardava. Alfonso saltou do carro e o contornou para lhe abrir a porta.

— Bem-vinda à minha casa, Anahi.

Annie lançou as longas pernas para fora do veículo, com mais pressa do que graça. Constrangida, percebeu que Alfonso a ava­liava de forma muito masculina e sentiu o coração disparar. Endireitou-se rápido e cerrou os punhos para controlar a pres­são arterial mais que instável.

— É linda — murmurou, tensa quando ele lhe tomou o braço e conduziu degraus acima.

Alfonso disse algo em espanhol ao empregado e então a apre­sentou. Aparentemente, Max era o mordomo e motorista, sua esposa, Marta, era a cozinheira.

Considerando o calor lá fora, entrar na casa era extrema­mente refrescante. O ambiente impressionava, uma mistura de arte espanhola e árabe. O piso do saguão imenso formava-se por um mosaico brilhante e o teto em abóbada era um testa­mento da habilidade dos artesãos. Pilares graciosos de cada lado recobriam-se de azulejos de padrão mourisco. Além das colunas, havia as portas para os ambientes e, ao fundo, uma escadaria de madeira magnífica, o ponto central da construção.

— Meu pai está descansando no momento, mas você vai co­nhecê-lo no jantar. Vou lhe mostrar a sua suíte. — Sem soltar-lhe o braço, Alfonso conduziu-a pelo saguão até a escadaria.

Mal galgaram o primeiro degrau, Ann e Jamie surgiram no topo.

— Vamos dar um passeio — anunciou o rapaz, descendo a escada. — Voltamos para o jantar.

— Este lugar não é o máximo? — comentou Ann para Annie, quando se cruzaram no lance do meio.

Annie voltou-se.