Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

CAPÍTULO VI

— Mas por que eu? — questionava Annie. Não fazia sentido. Alfonso era o tipo de homem que podia conseguir qualquer mulher que escolhesse. Com certeza, não precisava ameaçar uma mulher para obrigá-la a se casar com ele. — Você mesmo disse que era tradicional, então, por não se casa com uma moça espa­nhola? Tenho certeza de que há dúzias ansiosas em se tornar a Sra. Alfonso Herrera.

— Foi o que fiz, na primeira vez. Agora, quero uma mulher madura, com seus próprios interesses, que não implique com os meus. Quero um arranjo mutuamente benéfico, sem nenhum sentimento envolvido. Quero uma mulher que aqueça a minha cama, sem fingir que aquece meu coração. Conhecendo-a como conheço, sei que é a candidata perfeita.

Ele não a conhecia em absoluto, exceto no sentido bíblico e, mesmo assim, não tinha o direito de rotulá-la como uma mulher sem vergonha, como sugerira várias vezes. Só não sabia porquê. De qualquer forma, magoava, o que a deixava zangada consigo mesma e furiosa com Alfonso. Encarou-o, enfrentando aquele um sorriso cínico nos lábios, confiante de que já con­seguira sua rendição.

A proposta e a atitude dele eram odiosas.

— Suma daqui! E engula a sua proposta imbecil. — Nem se dignaria a dar uma resposta; porém, no fundo, sentia medo.

Ele riu impiedoso.

— Posso até sumir, como deseja, mas, acredite, senhora, vou levá-la comigo. Você me pertence e eu sempre recolho os meus dividendos.

Ele estava muito próximo, próximo demais...

— Eu lhe pertenço? — indagou ela, incrédula. Estava louco, só podia estar...

Alfonso sorriu e ela sentiu o sangue congelar.

— É melhor acreditar — confirmou, ameaçador. — Sebastian contou-me como você se derreteu nos braços dele lá no apar­tamento em Sevilha antes de ir embora. Assim, poupe-me do fingimento, não vai funcionar duas vezes.

— Ele tentou me confortar. — Inocentemente, ela admitiu que esteve nos braços de Sebastian, mas sem perceber, pois estava nervosa demais. — Pelo menos Sebastian, foi honesto e me disse a verdade — acusou, furiosa. — Mas você... você e sua obsessão pela tradição com a moral de um gato de rua. Pobre da sua esposa, ela deve ter vivido o inferno. — Assim que ironizou, percebeu que fora longe demais.

Alfonso parecia muito zangado.

— Minha falecida esposa não é da sua conta. Mas como minha futura esposa você deve aprender boas maneiras.

— Só em sonho. — Annie estremeceu quando Alfonso a sa­cudiu, a expressão pura fúria.

— Pense nisso, Anahi. — Ele fechou os punhos sobre seus ombros delicados. — E tenho certeza de que concordará.

Estavam tão próximos que Annie sentia o cheiro de sua água-de-colônia, a pele ardente onde ele a tocava. Paralisada com o choque e algo mais elementar, ela o viu baixar a cabeça.

Annie tentou permanecer passiva sob o opressor, cerrando os punhos, e teria conseguido... mas ele roçou seus lábios... e a provocou com a língua até que ela permitiu passagem e entregou-se ao beijo com ansiedade. Ouvia a respiração ofe­gante dele, sentiu seus corpos se moldando e, com um leve gemido, enlaçou-o pelo pescoço.

Quando interrompeu o beijo, ele a fez retirar as mãos de sua nuca e afastou-a um pouco para avaliar o efeito.

— Como eu pensei, algumas coisas nunca mudam. Voltarei às sete horas para saber a sua resposta e para acompanhá-la à sala de jantar. — Sorriu, conhecedor. —

Talvez você queira conversar um pouco com Ann primeiro, não tenho dúvida de que ela será a favor de nosso acordo.

Annie empalideceu. Sabia que ele tinha razão. Um beijo e sucumbira à maestria sensual daquele espanhol. E Ann estava determinada a se casar com Jamie. Transtornada, observou Alfonso deixar a suíte.

Ele ainda se voltou da porta, a expressão cínica substituída por uma raiva intensa.

— E não cometa o erro de me subestimar desta vez, Anahi. Estou falando sério. Nunca falei tão sério em minha vida. — Com esse aviso, fechou a porta.

Rose não sabia por quanto tempo permaneceu imóvel, olhan­do para a porta. A gentileza com que ele a fechara pareceu-lhe mais ameaçadora do que se ele tivesse batido com força. Sem dúvida, ele levaria adiante a promessa de destruir o noivado de Ann e Jamie. Pior, sabia que ele conseguiria. Gostava de Jamie e sabia que ele amava Ann, mas era tão jovem... Quantos rapazes de vinte e quatro anos resistiriam às tentações que um homem sofisticado e cosmopolita como Alfonso podia lhes apresentar e proporcionar?

Contemplou a suíte suntuosa e quis chorar. Na verdade, as lágrimas já afloravam e as enxugou irritada. Houve época em que uma proposta de Alfonso teria sido um sonho tornando-se realidade. Mas agora...

Dez anos antes, um mês após retornar à Inglaterra, Annie des­cobriu que estava grávida. Como estava de férias, fora fácil es­conder o fato de sua tia. Depois, sozinha, com quase três meses de gravidez, engoliu o orgulho e telefonou para o apartamento de Alfonso em Barcelona. Sebastian atendeu e prometeu dar o recado a Alfonso de que ela precisava falar com ele com urgência. Meia hora depois, o próprio Sebastian ligou informando que Alfonso mandara dizer que se casava na semana seguinte e que, para ele, Gio não significava nada.