Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

Ela tivera hemorragia no mesmo dia e sofrerá um aborto

naquela noite. Atribuía a perda do bebê ao choque e à traição; não obstante, uma década depois, ainda sentia dor e angústia com o episódio.

Annie concluiu que relembrar o passado não resolveria seu problema. Foi ao banheiro, deu uma olhada no closet e percebeu que alguém desfizera suas malas. Abriu a torneira da banheira, despiu-se e prendeu os cabelos com grampos. Entrou na ba­nheira que se enchia rapidamente. Pouco depois, fechou a tor­neira, apoiou a cabeça no local apropriado e desejou que seus problemas desaparecessem.

Pensou nas últimas vinte e quatro horas e não acreditava como pudera se deixar manipular tão facilmente por Alfonso, a ponto de se ver em tal situação agora. O espanhol era mesmo um inescrupuloso, malévolo... mas abominá-lo não resolveria seu problema. Vagarosamente, levantou-se e saiu da banheira, enxugou-se e enrolou-se na toalha macia. O problema era que não havia solução, pois só tinha em mente a prima Ann pe­dindo-lhe que fosse gentil com o poderoso tio de seu noivo. Não via outra saída além de fazer seu jogo e ser tão rude quanto ele!

Determinada, foi ao closet, tirou uma calcinha e um sutiã pretos da gaveta e foi ao guarda-roupa, separando um vestido preto dentre os vários que levara. Sorriu. Preto era adequado.

Dez minutos depois, voltou ao quarto e enregelou-se. Alfonso estava junto à janela de smoking, calça preta, camisa branca plissada e discreta gravata borboleta. Ele estava lindo, mas encarou-o com indiferença.

— A educação manda bater na porta.

— Eu bati. — Alfonso voltou-se e a apreciou com um olhar enigmático.

Annie soltara os cabelos e eles agora se derramavam ondu­lados por suas costas. O vestido era de seda, preso como gar­gantilha ao pescoço, deixando os ombros e as costas nuas. A saia tinha o formato levemente godê e o comprimento ia até três dedos acima dos joelhos. Nos pés, sandálias pretas de salto médio, expondo as unhas pintadas. As

unhas das mãos tinham esmalte da mesma cor e o batom também combinava. Ela aplicara todo o seu conhecimento de maquiagem dos tempos de modelo, mas tinha uma pele bonita e precisava de poucos retoques. As sombras nas pálpebras enfatizavam o verde dos olhos, salientados ainda mais com o delineador preto e a más­cara para cílios preta. Annie estava pronta para a batalha.

— O preto é um aviso para mim ou apenas quer mostrar que é uma mulher sexy? — provocou ele. Em poucos passos, eliminou a distância que os separava.

— Pareceu-me apropriado a uma dama de companhia. — Annie decidira ser irônica, também. — Podemos ir? — Já passava por Alfonso em direção à porta, mas ele a segurou pelo braço.

— Não tão rápido. Quero a sua resposta. Vai se casar comigo? Annie rezara por um milagre e tinha esperança de que a

conversa anterior tivesse sido apenas provocação dele, mas não teria tanta sorte...

— Ouça, Alfonso. — Optava pela tática da racionalidade. — Entendo que queira fazer seu pai feliz, mas não quero me casar. Sou médica, tenho uma carreira.

— Uma médica de licença no momento. — Alfonso parecia divertido. — Lamento, Anahi, mas suas objeções são fúteis. Você ainda me quer, eu soube assim que fomos apresentados na casa de Teresa. Estava de olhos arregalados e percebi a pulsação acelerada em seu pescoço. — Ergueu um dedo e le­vou-o ao ponto exato. — Sim, estava pulsando como agora. Além disso, preciso de uma esposa. "Sim" é a única resposta que estou preparado para receber.

Annie sentiu raiva, mas controlou-se. Afinal, tinha um plano...

— Não sou uma prostituta para pular na cama de qualquer um que me proponha — declarou, fria. — E, com certeza, não vou me casar com você. Mas, se insiste, serei sua amante pelo período de minhas férias, com a condição de que não interfira na relação de Jaime e Ann.

Se engravidasse desta vez, teria uma criança para substituir a que perdera. Estava com quase trinta anos e consciente do relógio biológico. Desejava um filho e tinha dinheiro para sus­tentar uma criança por um ano ou dois sem trabalhar. Passado esse período, sendo médica, não teria dificuldade em encontrar outro emprego. Isso significaria perder contato com os tios, mas tratava-se de algo inevitável quando Ann entrasse para a família de Alfonso. Em compensação, teria um filho para amar.

— Não preciso de amante, já tenho uma — replicou Alfonso, quase indiferente. — Preciso de uma esposa. Sim ou não?

— Deixe-me ver se entendi. — Ela procurou um sentido em meio aos pensamentos confusos. — Quer dizer que vou fazer o papel da esposa só para deixar o seu pai contente e mais nada? Enquanto a sua amante cuida de suas outras necessidades?

— Algo assim — confirmou ele, finalmente soltando-a. Ela o fitou por algum tempo.

— Por que não se casa com a sua amante? Ele ergueu o sobrolho, sarcástico.

— Você não é tão ingênua, Anahi. Um homem não se casa com sua amante.

Por que se surpreendia com o comentário desumano? Alfonso só a beijara para provar sua supremacia masculina, enquanto ela se iludia, achando que o homem realmente a queria. Como fora idiota!

— Você concorda — concluiu ele, afastando o punho da ca­misa sobre o relógio de ouro, meio impaciente.

— Quando o casamento aconteceria? — indagou ela, ainda hesitante, incapaz de encontrar uma alternativa que não ma­goasse Ann.

— Em duas, talvez três semanas. Esta noite, você vai se comportar comigo da mesma forma amigável. Nos próximos dias, vamos reforçar a nossa imagem como casal, trocando um beijo ou carícia ocasional.