Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

A racionalidade mandava Annie resistir à agressão masculina selvagem, mas seu corpo comportava-se com a mesma urgência de seus dezenove anos. Ergueu os braços e o enlaçou pelo pes­coço. Então, moveu-se contra ele, trêmula de desejo. Engasgou quando Alfonso ergueu a cabeça e lhe acariciou o seio mais uma vez.

— Não! — gemeu ela, estremecendo de prazer sensual.

— É o melhor que pode fazer? — Ele sorriu, irônico, segurando-a pela nuca, ao que ela expôs a pele branca e macia do pescoço. — Tente mais uma vez, Anahi.

— Não posso — murmurou ela, baixando os braços.

A verdade que já a incomodava havia três dias impunha-se. Estava apaixonada por Alfonso? Não sabia, mas ele era o único homem que conhecera que a fazia sentir-se daquela forma. O cheiro masculino familiar, o corpo musculoso estimulava-se de forma primitiva, inegável. Em dez anos ou um século, seu corpo sempre reconheceria Alfonso e tal percepção a deixava atônita...

Ele se deteve.

— Não pode. — Ele recolocou a alça de seu vestido sobre o ombro e a soltou. — Você é escrava de suas sensações. — Parecia divertir-se. — Bem, estou vendo que terei que ficar de olho em você.

Ela sentiu raiva por aquele momento de fraqueza.

— Poso cuidar de mim mesma, Alfonso. Faço isso há um bom tempo. — Ele a considerava só um pouco melhor do que a uma prostituta. Não sabia de onde ele tirara aquela idéia, mas não o desiludiria. Que pensasse que era uma libertina. Era preferível a reconhecer que se abalava ao mero toque. — Sugiro que se atenha à sua amante e me deixe em paz.

Ele lhe lançou um olhar impiedoso e Annie desviou o rosto.

— Acho que não vou precisar de uma amante — afirmou ele, cínico. — A sua resposta me diz que você será o bastante. Pelo menos, por algum tempo.

Annie ergueu a cabeça com o comentário arrogante. Não im­portava saber que ele mentia... afinal, estivera com a amante na noite anterior. Seus olhos verdes brilharam de raiva, mas o que ia dizer ficou guardado, pois Jamie batia na porta do escritório.

— Tio Alfonso, posso lhe falar?

O rapaz entrou, olhou para o tio e, então, para Annie. Ar­regalou os olhos ao perceber. Os cabelos desgrenhados e os lábios intumescidos de Annie denunciavam o que haviam aca­bado de fazer.

— Bem, vejo que encontrou Annie — concluiu, sorrindo para Alfonso. — Ou vocês dois também planejaram passar a manhã juntos, como eu e Ann?

Alfonso a pegou pelo braço, rude.

— Vá para o seu quarto, arrumar suas coisas. Deixe Jamie comigo.

A porta mal se fechara quando ela ouviu o tom áspero de Alfonso para com Jamie. Quase sentiu pena do rapaz, mas não era nem metade da que sentia por si mesma. Saber que ainda sentia desejo por um tirano como Alfonso era inaceitável. Ata­cava sua confiança como mulher. Ela que, ao longo dos anos, fora uma campeã defensora dos direitos das mulheres. Que, como médica, desesperara-se pelas mulheres que permaneciam com seus maridos autoritários. Nunca tivera idéia do que sig­nificava ser dependente de tais sensações.

Desanimada, Annie foi a última a chegar à mesa para almo­çar. Alfonso imediatamente levantou-se e puxou-lhe uma cadei­ra. Dom Pablo tentou erguer-se, fiel às boas maneiras, mas foi o máximo que conseguiu.

— Por favor, estou atrasada — disse Annie, sentando-se. — Não é necessário.

— Cortesia a uma dama é uma necessidade a um cavalheiro em qualquer tempo — opinou o fidalgo, sentando-se. Olhou bravo para Jamie. — Embora os jovens pareçam se esquecer.

— Não é só disso que se esquecem — retrucou Alfonso, sen­tando-se na cadeira próxima a Rose, também olhando severo para Jamie.

Obviamente, o jovem casal ainda estava em sua lista negra, por deixá-la sozinha na cidade pela manhã. Annie divertiu-se en­quanto sorvia um gole de vinho, prontamente servido por Max.

— Não sei do que reclama, tio Alfonso. Parece que lhe fizemos um favor. Pôde bancar o cavaleiro galante diante de uma bela mulher — provocou Jaime.

Infelizmente, dom Pablo insistiu numa explicação e, para horror de Anahi, Jamie lhe contou em detalhes tudo o que acon­tecera naquela manhã. Dom Pablo abriu um sorriso e seu olhar brilhou ao fitar Anahi. Então, ele disse algo em espanhol que fez Alfonso e Jamie olharem para ela e começar a rir.

Anahi sentiu que enrubescia, pois não gostava de ser tema para o humor masculino, principalmente quando não entendia o que diziam.

— Por que teve que contar a Jamie? — indagou a Alfonso, zangada.

— Na hora da raiva, eu o repreendi por ter deixado uma mulher desprotegida, lembrando as conseqüências do abandono do dever. — Alfonso sorriu. — Não imaginei que ele fosse contar a meu pai. — Deu de ombros. — Desculpe-me.

Ciente da observação atenta de dom Pablo à conversa lateral, Annie sorveu outro gole de vinho.

O almoço foi terrível. Alfonso abraçara seu papel de enamo­rado com ardor e habilidade. Mostrara-se terno e gentil toda vez que se dirigiu a ela. Anahi alternava constrangimento e raiva. Quando sentiu um aperto na coxa por baixo da mesa, quase deu um pulo. Somente com muita força de vontade re­sistiu à vontade de atirar o conteúdo de seu cálice naquele rosto convencido.