Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— Que casa linda, e o lago parece uma miragem! — comentou Anahi com Ann naquela tarde, sentada no banco circular em torno do jacarandá no terraço dos fundos da ampla casa térrea. Mais abaixo, havia outra plataforma, e outra, até chegarem à prainha do lago. A viagem à fazenda ocorrera sem atropelos. Para alívio de Annie, viajara no furgão confortável, com dom Pablo, Max, Marta e Ann. Alfonso e Jamie foram no carro es­portivo do primeiro.

— Sim, bonito para descansar, mas um pouco tranqüilo de­mais para mim — murmurou Ann. - Jamie reconhece que não há uma loja decente nem diversão a quilômetros de distância.

— Pobrezinha — ironizou Anahi, começando a relaxar pela primeira vez em três dias.

Agora, Jamie e Alfonso  futebol no pátio com alguns empregados. Dom Pablo recolhera-se, cansado da viagem... ia jantar no quarto. Conseqüentemente, o jantar seria servido no horário andaluz, ao redor das dez horas.

Ann inclinou-se para a frente, o rosto bonito numa ex­pressão séria.

— Pobrezinha — repetiu ela. — Eu não acho que tenha que me preocupar, Annie. Mas acredito que esteja na iminência de se magoar. Sei que lhe pedi para ser gentil com Alfonso, mas, bem... Eu vejo o jeito como ele olha pra você, e Jamie contou que flagrou os dois trancados no escritório fazendo quem sabe o quê... Sei que você é mais velha e já andou pelo mundo, mas nunca foi realmente assediada antes. Após anos no deserto ou algo assim, pode estar vulnerável a um homem como Alfonso.

— Está tudo bem. Sei o que estou fazendo — afirmou Annie, enternecida com a preocupação de Ann. Felizmente, já estava meio escuro, pensou, ao sentir as lágrimas brotando nos olhos. A preocupação de Ann só confirmava o que já sabia. Tinha que se submeter às exigências de Alfonso. Envolveu a prima com o braço e apertou. Ann preocupava-se com ela, assim como se preocuparia com ela, provavelmente, em seu lugar. — Sou adulta, sabe, e não tão ingênua quanto você pensa.

Ann sorriu.

— Ainda bem. Jamie e eu quase brigamos por isso. Ele disse que você podia se cuidar sozinha. Mas eu disse que qual­quer homem que tem uma amante não podia sair flertando com outras mulheres. Quero dizer, Alfonso é viúvo; então, por que não traz a namorada para casa? Não faz sentido.

Annie riu, sentindo-se velha. Ann não era tão esperta quanto pensava. Abraçou a prima mais uma vez antes de olhar o relógio. Ela se levantou.

— Vamos, está quase na hora do jantar.

Alfonso foi o perfeito anfitrião durante a refeição tardia. Sem dom Pablo, o jantar até que foi informal. Não podia ser diferente, com Jamie e Ann tão extrovertidos e felizes com seu amor recíproco.

Serviram champanhe. Segundo Alfonso, era uma tradição celebrar sempre que voltavam após uma estada em Sevilha. Outra tradição, Annie franziu o cenho. Para um homem que gostava de carros e mulheres e era tido como um empresário dinâmico, sua moralidade era espantosa, talvez herança dos mouros. Só faltava um harém...

— Ao amor jovem. — Alfonso sorriu, bem-humorado, erguen­do a taça para Jamie e Ann. — Que continue florescendo. — Quando olhou para Anahi, porém, havia uma advertência ex­plícita no olhar.

Ela forçou um sorriso e brindou também.

— A Ann e Jamie. — Ergueu a taça e sorveu um longo gole. Mas captara a mensagem. O romance dos jovens só floresceria se ela o obedecesse. Naquele estado de espírito, apenas beliscou os pratos requintados, atribuindo a falta de apetite ao calor, quan­do, na verdade, tinha mais a ver com a presença intimidante de Alfonso. Sentia o estômago embrulhado de tanto nervosismo.

Alfonso mostrava-se solícito, o olhar terno e íntimo sempre que a encarava, o que era tocante na maior parte do tempo. Para Annie, era difícil não se mostrar amigável. Contudo, quan­do ele passou a mão por seu braço, estremeceu e disfarçou, levando a taça de champanhe aos lábios. Permitiu que Alfonso a servisse mais uma vez, já sem controle de quanto bebera. Na hora do café, o vinho espumante já lhe entorpecera os sentidos, bem como a dor no coração.

— Com licença, nós vamos dar uma caminhada. — Jamie foi o primeiro a levantar-se, com Ann a seu lado.

Sentindo-se aérea e levemente eufórica, Annie riu.

— Oh, não vão, não... eu sou a dama de companhia, lembram-se? — Levantou-se e cambaleou um pouco. — Vou com vocês.

— De jeito nenhum! — Alfonso levantou-se para ampará-la.

— Deixe os pombinhos a sós, Anahi, e permita que eu a acompanhe a seu quarto.

— Isso, de um homem que exigiu que eu viesse para a Espanha como dama de companhia! — Annie olhou-o de soslaio.

— Você mudou de idéia — acusou, combativa.

— Não, simplesmente estou me rendendo ao inevitável, assim como você — esclareceu Alfonso, fazendo-a voltar-se para ele. A proximidade, o toque no braço deixaram-na excitada. Sustentando seu queixo com um dedo, apreciava seu rosto. Mesmo não estando sóbria, Annie reconheceu o toque dourado no olhar.

De repente, sentiu-se cansada e apenas sorriu ao ver Jamie e Ann deixando a sala de jantar.

— Confio em você para cuidar de Annie, tio Alfonso... Ela não parece em condições de dar um passeio.

— Pestinha! — resmungou Annie. — Deve ser de família. — Mas ela não reclamou quando Alfonso pousou o braço em seus ombros.

— Cama, Anahi. — Vendo-a alarmada, Alfonso sorriu ma­lévolo. — Sozinha... por enquanto.

Na manhã seguinte, Annie acordou com dor de cabeça e uma vaga lembrança de alguém despindo-a antes de acomodá-la gentilmente na cama e cobrir com o lençol de algodão, despe­dindo-se com um beijo em sua testa.