Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— Meu pai teve que ficar em Sevilha, pois está enfraquecido, mas, com sorte, estará melhor e poderá comparecer ao casa­mento, em setembro — explicava Teresa, a anfitriã.

Sevilha! Annie sentiu o coração falhar. A cidade espanhola lhe evocava lembranças de um passado distante, recheado de glamour e paixão...

— Você é espanhola! Mas não parece... — Enrubesceu quan­do todos cessaram as conversas e a encararam.

Teresa riu e quebrou o silêncio constrangedor.

— Meu marido diz que pareço mais inglesa do que ele, o que não é de admirar, considerando que vivo aqui há vinte e cinco anos, não acha?

Cinco minutos depois, acompanhando os demais hóspedes escadaria acima, Annie ainda não superara o choque. Tio Alex e tia Jean entraram na suíte deles, na parte da frente da casa, ao lado das acomodações da filha Ann, enquanto Annie seguia pelo corredor com Teresa. Passaram por uma porta fechada.

— O quarto de meu irmão — comentou Teresa. — Ele chegou esta manhã, mas foi dar uma volta pelos campos. — Parou diante da porta seguinte. — Este é o seu quarto.

Annie agradeceu mecanicamente e entrou no aposento. Um irmão! Teresa tinha um irmão e a família provinha de Sevilha. Tinha mais que um bom motivo para ficar alerta. Deu de om­bros, pondo de lado a idéia assustadora. Aquela cidade espa­nhola devia ter mais de um milhão de habitantes. Era mínima a probabilidade de ela encontrar ali o único sevilhano que já conhecera.

Era estranho ninguém ter comentado nada sobre esse tio de Jamie... se bem que mal conversara com Ann na última semana. Falara duas vezes com tia Jean, em Richmond, mas somente sobre os preparativos para a festa e, verdade fosse dita, passara o resto do tempo dormindo!

Na suíte confortável, ficou tentada a cair na cama e dormir novamente. Mas Teresa avisara que teriam um coquetel às sete horas e era urgente desfazer a mala. Guardou as peças íntimas numa gaveta da cômoda e pendurou as roupas no ar­mário. Apreciou mais uma vez o ambiente. Era mesmo lindo, com móveis de pinho antigos e o papel de parede, as cortinas e o acolchoado da cama combinando. Abriu uma porta lateral e viu um banheiro pequeno, mas encantador.

Despiu-se, foi para baixo do chuveiro e abriu as torneiras. A água morna acariciou-lhe o corpo, arrancando um suspiro de alívio. Tão logo desembarcara na Inglaterra, a prima de vinte e um anos lhe contara que estava noiva. Achava-a jovem demais para se casar e se sentia culpada, indiretamente res­ponsável por Ann e Jamie terem se conhecido. Vivendo no exterior nos últimos anos, alugara seu apartamento em Londres a dois estudantes, Jamie e Mike, sendo que Ann podia se hos­pedar lá de graça sempre que quisesse...

Tudo vai ficar bem, convenceu-se, sentindo-se relaxar sob o jato de água, tanto os músculos quanto a mente.

Vinte minutos depois, Annie saiu do quarto e desceu a escada. A porta da sala de estar estava encostada e ouviam-se con­versas e risadas. Respirando fundo, entrou.

— Atrasada como sempre, Anahi! Mas sempre linda. — Tio Alex sorria junto à lareira.

Annie ia a seu encontro quando aconteceu. Teresa interceptou-a.

— Você conhece todo mundo, Anahi, menos meu irmão. Por favor, permita que eu lhe apresente Alfonso.

Ao ouvir o nome, Annie sentiu as pernas bambas. Não podia ser! Uma coincidência tão absurda era impossível! Nervosa, passou a mão nos quadris e, quase em câmara lenta, voltou-se para Teresa e para o homem que a acompanhava. O destino

não podia ser tão cruel, pensou, vendo-se sem escapatória. Er­guendo o rosto, encarou o homem.

— Meu irmão, Alfonso Herrera. Esta é a prima de Ann, Dra. Anahi Portilla.

Annie mal ouviu a apresentação, nem precisava...

Alfonso Herrera olhava-a, o semblante obscuro, pois es­tava de costas para o pôr-do-sol incidente através da janela. Avançou estendendo a mão.

— É um prazer conhecê-la, Dra. Anahi Portilla.

Muda de choque, Annie sentiu a força dos dedos dele. Em contraste com o pânico em seu olhar, ele parecia amigável, sem demonstrar que a reconhecera.

— Como vai? — murmurou ela, educadamente, embora o coração palpitasse. Reencontrar aquele homem após dez anos era uma experiência que exigia todo o seu autocontrole. A figura alta, de ombros largos, exudava a mesma aura de masculini­dade vibrante à qual ela sucumbira já no primeiro encontro. Graças a anos de disciplina controlando as emoções, conseguia comportar-se de acordo com as normas sociais.

— Melhor agora por tê-la conhecido. — Com isso, ele se inclinou e lhe beijou a mão. Em qualquer outro homem, teria parecido exagero, mas vindo dele tratava-se de um gesto per­feitamente normal.

Ela sentiu uma corrente elétrica subir pelo braço e recolheu a mão, agitada.

— E devo dizer que concordo com seu tio: você está linda. — Apreciou seus cabelos, o rosto, o vestido verde de seda e, finalmente, as longas pernas, antes de voltar a encará-la.