Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

Retrocedendo no tempo, Anahi se lembrou do Alfonso que co­nhecera e sentiu um aperto no peito. A transformação do magnata arrogante e autoritário em caubói endiabrado foi inesperada, mas tinha que acompanhá-lo, e estimulou a égua com o calcanhar.

Fazia um dia claro e brilhante. O sol incidia sobre a super­fície do lago, lançando reflexos que incomodavam a vista. Annie sentiu-se leve enquanto galopavam pelos campos. Finalmente, desmontaram, amarravam as rédeas numa árvore e saborea­ram o piquenique preparado por Marta.

Anahi olhou ao redor, encantada.

— Esta é uma parte linda do país — comentou. Satisfeita com o lanche e o vinho, usou o tronco de uma árvore como encosto, tão relaxada quanto possível, considerando a presença intimidante de Alfonso. — Fico espantada por você querer sair daqui. — Ao longe, identificou oliveiras a perder de vista. Havia também um campo de girassóis, um pasto para o gado e, bem ao longe, uma seqüência de montanhas.

Alfonso estendeu-se na relva a seu lado, apoiando a cabeça na mão para observá-la.

— Eu raramente me afasto daqui, e só a negócios. Com a moderna tecnologia, consigo movimentar as contas no banco e cumprir uma série de tarefas aqui da fazenda mesmo.

— Entendo. — Não, Annie não entendia. Tratava-se de um renomado playboy, ou pelo menos era, quando o conheceu. Tal­vez o grande amor pela falecida esposa o tivesse curado, mas duvidava muito.

Ele não se cansava de observar o rosto bonito de Anahi.

— Tenho a impressão de que não acredita em mim. — Pousou a mão livre sobre a coxa dela. — Estou certo?

Ela sentia cada ponto de contato através do tecido da calça, a proximidade, o cheiro masculino único, o calor do corpo... tudo a estimulava. Era difícil combater a onda de desejo que aquele toque evocava e, de repente, a atmosfera relaxada das últimas horas dava lugar a uma tensão elétrica.

Seu raciocínio dizia-lhe que aquilo era uma reação química natural entre um homem viril e uma mulher fértil. Mas seu bom senso dizia-lhe que ceder aos desejos básicos da carne com Alfonso era meio caminho para a perdição. Levantou-se.

— Acreditar em você? Só em sonho! — desdenhou. — O que eu penso não é importante para você, nunca foi. — Apreciou a figura estendida na grama. — Temos um acordo de negócios e antes de me casar na igreja com você, quero tudo por escrito: um contrato legal garantindo uma provisão adequada para Jamie e Ann, ou não há acordo.

Alfonso mantinha a expressão impassível e um brilho malé­volo no olhar. Levantou-se.

— Mas, claro, eu não esperava menos de você. — Recolheu os restos do piquenique e foi até os cavalos, exalando raiva por todos os poros. Guardou o embrulho na bolsa. — Podemos ir? — Sem esperar resposta, montou e lançou-lhe um olhar gélido para que se apressasse.

Duas semanas depois, diante do espelho em seu quarto, Annie concluía que parecia uma noiva de verdade. Prendeu os cabelos loiros com uma coroa de flores e deixou os cachos caírem graciosamente, emoldurando o rosto. O vestido de cetim marfim macio a deixava elegante, enfatizando a cintura fina e os quadris femininos. Clássico em sua simplicidade, a saia descia justa sobre as coxas e pernas. Finalizando, sapatilhas confeccionadas com o mesmo tecido. O problema era que não se sentia como uma noiva no dia do casamento. Havia resig­nação em seu olhar.

— Você está linda — elogiou Ann. — Mal posso esperar pelo meu casamento.

Annie olhou para a prima, encantadora num vestido no mes­mo estilo, só que verde-claro.

— Você também.

Tio Alex bateu na porta.

— Vamos, está na hora.

Ann entregou o buquê a Annie.

— Vejo-a na igreja. — Iria no mesmo carro de tia Jean. Alex tomou o braço de Anahi para acompanhá-la ao carro.

— Você está linda, querida. Seus pais ficariam orgulhosos de você — assegurou, emocionado.

Anahi sentiu vontade de chorar. Desde o dia do piquenique, tivera poucos encontros a sós com Alfonso. Ele tomava o café da manhã e, depois, só se apresentava no jantar para atuar como perfeito anfitrião e noivo. O único consolo de Annie era dom Pablo. Agraciado com uma sobrevida, a felicidade dele tornava-se uma fonte de vida, também.

Na semana seguinte ao anúncio do casamento, Annie voltara rapidamente à Inglaterra, de jatinho particular, claro, com Ann, para buscar tio Alex e tia Jean. Teresa, irmã de Alfonso, res­ponsabilizara-se pela organização do casamento. Viajaram vá­rias vezes a Sevilha para fazer compras, ir ao salão de beleza e tomar outra providências. Mesmo que houvesse desejado falar em particular com Alfonso, não teria tido chance.

Tio Alex acariciou-lhe a mão, trazendo-a à realidade. Haviam chegado. A igreja ficava do outro lado do lago, na aldeia dos Herrera, onde os trabalhadores da fazenda moravam, e a uma curta distância da casa principal.

— Pode beijar a noiva — entoou o padre.

Annie estremeceu quando Alfonso a tomou nos braços para um longo beijo.

Enrubescida e furiosa, ela o encarou. Ele não precisava ser tão convincente. Um beijo leve estaria de acordo com a tradição.

— Minha esposa. — Ele sorriu e Anahi estremeceu. De braços dados, voltaram pelo corredor.

Seguiu-se a obrigatória seqüência de fotos e Annie suspirou de alívio quando se viu no carro. Precisava de um intervalo antes de encarar todos na recepção na casa da fazenda.

— Acho que tudo correu muito bem — avaliou Alfonso. — E você está muito bonita, minha querida esposa. Quase virginal — ironizou.

— O vestido foi idéia da sua irmã, não minha — disparou ela. Devia estar louca para se casar com aquele homem. — Pessoalmente, eu preferia preto.

A festa teve início, com música e animação dos convidados bem servidos de champanhe e iguarias. Mesinhas espalhavam-se pelos terraços e jardins. Anahi sorriu até sentir dor nos mús­culos do rosto. Alfonso a mantinha cativa com o braço em sua cintura.

— Está na hora de partirmos para a lua-de-mel em Sevilha, Anahi — sussurrou ele, o olhar desafiador. — Quer que eu a ajude a se trocar?

— Está brincando! — Ela avistou Ann. — É para isso que a dama de honra serve! — Chamou a prima.

Enquanto Annie trocava de roupa, Ann, entusiasmada e abusando do champanhe, confirmou que Alfonso cumprira sua parte no acordo.

— Seu marido é mesmo rico e poderoso... Jamie e eu estamos eufóricos com a mesada que ele nos concedeu.

— Você já me contou ontem — replicou Anahi. Não queria saber o quanto Alfonso era maravilhoso.

Ajeitou o vestido de linho simples em tom cru, pegou a ja­queta do conjunto e a bolsa. Tirou as flores dos cabelos e pren­deu-os num coque simples.

Alfonso esperava-a no saguão e enrijeceu-se ao vê-la. O olhar que lhe lançou foi explicitamente sexual.

— Linda — murmurou ele, pousando o braço em seus ombros frágeis, conduzindo-a pelo salão apinhado de gente até onde seu pai estava, cercado dos familiares. Dom Pablo e Teresa beijaram Anahi, bem como Jean, Alex, Jamie e Ann.

Mas foi a prima Ann que Annie abraçou com mais força. A jovem jamais saberia daquele sacrifício em seu benefício.

Alfonso conduziu o carro esportivo pela via local e então tomou a estrada principal, pisando fundo no acelerador. Anahi foi lançada contra o banco.

— Por que a pressa? — resmungou ela.

— Hum, acho que estou frustrado.