Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

CAPÍTULO IX

Com os pulsos livres, Annie relaxou os braços na cama. Agora, sabia que seu corpo jamais se livraria daquele desejo terrível por Alfonso. Recusava-se a chamar aquilo de amor. Alfonso rolou para o lado e ela fitou a escuridão por algum tempo, inconformada com sua rendição tão fácil ante a mais leve carícia daquele espanhol devastador.

— Você está muito quieta, Anahi — comentou Alfonso, a voz rouca denunciando satisfação. Passou o indicador pelos lábios intumescidos. — Você me surpreendeu... estava tão faminta. Se não soubesse, diria que não faz sexo há um bom tempo.

Do êxtase à brutal realidade. Annie tomou a única atitude possível, escondeu-se sob uma capa de sofisticação.

— O que quer que eu diga? Você é um grande amante, mas centenas de mulheres já devem ter lhe dito isso, afinal você praticou bastante — declarou ela, sarcástica. — Pena que não seja tão confiável na hora de cumprir as promessas.

— Está pisando em terreno perigoso — alertou ele. — Não me esqueci nem perdoei o fato de você ter me abandonado após a nossa primeira relação.

— E você me chantageou para aceitar este casamento, com a promessa de que seria platônico — rebateu ela, raivosa e constrangida. — Você é um mentiroso e eu o odeio.

— Nunca prometi um casamento platônico, você é que en­tendeu mal. Quanto ao ódio, isso a faz derreter-se em meus braços e gritar meu nome quando a tomo. Agora, diga, quem é a grande mentirosa?

Atrevido, ele abocanhou um mamilo.

— Não, não... — gritou ela, agarrando-o pelos cabelos para afastá-lo.

— O ódio faz seus seios intumescerem ao meu toque? — provocou ele.

Apesar do esforço em afastá-lo, um estremecimento de prazer que a traiu. Passou a explorar aquele tórax, os pêlos macios, e afastou o paletó do pijama, expondo os ombros musculosos.

Fizeram amor de forma furiosa e passional. Xavier conduziu a mão delicada até seu quadril. Ela acariciou a pele lisa, sen­tindo os músculos das coxas e da masculinidade.

— Isso! — grunhiu ele, quando Annie alcançou a área sen­sível. — Ah... Anahi, isso. — Ele a agarrou e tomou como homem, impondo o ritmo que os levou mais uma vez ao êxtase.

Alfonso puxou-a para junto de si e afastou as mechas de cabelo da testa, sussurrando algo em espanhol em seu ouvido. Annie suspirou e aninhou-se, enterrando o rosto no amplo tórax, onde podia ouvir as batidas do coração, e adormeceu.

Annie acordou completamente desorientada. O quarto estava escuro e sentia o peso de um braço masculino sobre si. Tentou desvencilhar-se.

Alfonso murmurou algo em seu sono, mas não acordou, apenas se remexeu e rolou para o lado, liberando-a. Ela saiu da cama e enrijeceu-se quando alguém bateu na porta, chamando Alfonso.

A porta abriu-se e o mordomo acendeu a luz, entrando com uma bandeja de café da manhã.

Anahi voltou para a cama e agarrou o lençol para se cobrir. Alfonso acordou e sentou-se.

— O que é que está acontecendo?

Annie ergueu o olhar e viu a mancha nas costas dele.

— Oh! O que aconteceu? — indagou, impressionada. Não era preciso ser médica para saber que ele sofrera uma séria queimadura.

— Pode ir, Franco — disse ele ao mordomo. — O que es­perava de um acidente de carro? Uma cicatriz graciosa? Você é médica, com certeza reconhece o efeito do óleo em chamas.

Ela se sentou e tateou a cicatriz.

— Eu não sabia, desculpe-me. — De repente, até o pijama fez sentido!

— Você sabia, sim. — Ele removeu a mão dela e saiu da cama. — Parece um anjo, mas é traiçoeira.

Anahi ficou horrorizada e confusa. Não era a primeira vez que Alfonso a chamava de mentirosa e ela não imaginava por quê.

— Não preciso nem quero a sua simpatia — declarou ele, áspero. — Só quero o seu corpo e provei, espetacularmente, que você quer o meu; portanto, não se incomode em negar.

Ela agarrou o lençol. Anahi amava aquele homem, para o resto da vida. Emocionada, soluçou.

— Eu não ia negar — respondeu. Ele sorriu, cínico.

— Embora você preferisse não olhar para mim. Mas, não importa, sabe o que dizem... à noite, todos os gatos são pardos.

Insultada com o comentário, Annie esqueceu-se de que estava nua, pulou da cama e ficou na frente dele.

— Não diga isso. Eu... — Mordiscou o lábio. Quase confessara seu amor. Encarou-o e enrubesceu.

Ele apreciou seu corpo nu e franziu o cenho ao ver duas pequenas marcas roxas nos seios.

— Eu a machuquei? — indagou, preocupado.

— Não — murmurou ela, orgulhosa do próprio corpo ante a admiração dele.

— Ótimo.

Ela ficou constrangida ao ver o órgão masculino ereto.

— Acho que vou tomar banho. — Apressou-se ao banheiro, ouvindo o riso de Alfonso.

Pouco depois, no closet, percebeu que as criadas já haviam arrumado suas roupas. Escolheu um conjunto de sutiã e cal­cinha branco e um vestido de algodão verde. Naquele momento, ouviu a água correndo e pensou ter deixado a torneira aberta. Voltou ao banheiro e estacou. No boxe de vidro estava Alfonso, a água escorrendo sobre seu corpo magnífico, a cabeça inclinada para trás, os olhos fechados.

Ela estava espionando novamente! Sem fazer barulho, voltou para o quarto. Nervosa, viu a bandeja com o café da manhã e serviu-se de uma xícara. Já estava frio, mas sorveu tudo mesmo assim. Decidiu que precisava sair dali. Mas, a meio caminho da porta, viu Alfonso saindo do banheiro.

— Já é ruim você invadir o meu quarto, podia ao menos usar o seu banheiro — protestou ela. Só então notou as roupas que ele trazia.

Alfonso franziu o cenho.

— Este é o nosso banheiro. — Colocou as roupas sobre a cama desarrumada.

— Espere um pouco, você disse que este era o meu banheiro.

— Annie admitia que amava Alfonso, mas isso não tornara o casamento melhor. Ele tinha uma amante dez anos antes, usa­ra-a. Por mais que o amasse, não seria nenhum capacho. Tinha orgulho, merecia mais.

— Este aposento é a suíte master, Anahi -— explicou ele, vestindo-se.

— Mas, quando eu cheguei aqui, você me disse que era a suíte de hóspedes — teimou ela.

— Anahi, eu a instalei aqui quando chegou porque já tinha a intenção de me casar com você. Há dez anos, jurei me vingar e que um dia eu a teria novamente. Você saiu de cena, mas assim que a vi saltar de seu carro na casa de Teresa, seu destino estava selado. E eu consegui, querida. Foi mais fácil do que imaginei.

Por alguns segundos, Anahi ficou sem fala. Alfonso a obrigara a se casar com ele por alguma vingança doentia... Não podia acreditar. Se alguém devia desejar vingança era ela!

— Mas por quê? O que eu fiz para magoá-lo?

— Oh, você não me magoou. Se me lembro bem de suas palavras há dez anos: Não preciso da chave, nem de você. Adeus. E desligou.

— É por isso? Porque eu o dispensei? Ou talvez você espe­rasse mais pelo preço daquele vestido? — provocou ela. Ob­viamente, ele acreditara poder ainda levar troco naquela noite.

— Você é desprezível.

— Talvez. Mas você está aqui e é minha esposa. A tradição foi mantida, praticamente toda noiva Herrera passou a noite de núpcias nesta cama. É considerado um símbolo de fertili­dade. Embora, no seu caso, isso não se aplique. Você não deve descuidar dos anticoncepcionais.

Ela ia contradizer, mas deteve-se, lembrando-se de seu abor­to trágico.