Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

Alfonso acabou de se vestir.

— Mais alguma coisa? — rosnou ele.

De repente, Anahi percebeu que o observava.

— É, ainda não acabei. Essa sua tradição com certeza não funcionou com a sua primeira esposa, já que não tiveram filhos. Nenhum legítimo, quero dizer.

Em dois passos, Alfonso estava a seu lado. Ela estremeceu e desejou recuar.

— Você não conheceu minha falecida esposa e não vai men­cioná-la novamente. Entendeu?

Anahi começava a entender. Alfonso amara a santa esposa, mas isso não o impedira de traí-la dez anos antes.

— Entendi, sim. Assim como entendo que você nunca men­cionou que era noivo dela há dez anos, quando me seduziu. Você não mudou nada, ainda é o mesmo manipulador de sempre!

Alfonso agarrou-a pelos ombros.

— É aí que se engana, Anahi. Não sou mais um idiota que se deixa enganar por um rosto bonito. E eu não estava noivo de outra mulher quando a conheci. Isso é uma mentira que você inventou para salvar a sua consciência pesada pela desgraça que me causou.

— Não insulte a minha inteligência — protestou ela. — Eu vi a fotografia sobre a lareira e Sebastian...

— Não mencione o nome dele em minha presença — inter­rompeu ele, ríspido. — Não permitirei que você envenene a minha amizade para alimentar a sua consciência culpada.

— Minha consciência culpada? —Anahi não entendia mais nada.

— Fui paciente com você. Não exigi nenhuma explicação para sua atitude no passado.

— Você tem uma memória conveniente.

— Não me provoque, Anahi. Eu me controlei e fui cava­lheiro, mas há um limite.

— Você, um cavalheiro? Não me faça rir. Você só me ma­nipulou e me pressionou desde que chegamos.

— Basta! — A expressão dele era tão ameaçadora que Anahi tentou se afastar.

Surpreendentemente, Alfonso a liberou.

— Discutir sobre o passado é inútil, Anahi. Você é minha esposa. E deverá se comportar com decoro compatível. Estou pre­parado para esquecer o passado e considerar que estamos quites.

Ele parecia estar numa reunião de negócios. Anahi quis pro­testar, mas desistiu, cansada.

— Não vou questioná-la, nem querer saber de seus amantes anteriores, Dominic e todos os outros, e você vai me fazer o mesmo favor — determinou Alfonso.

Anahi enrubesceu e tentou se controlar. Não fizera nada de que devesse se envergonhar. Dominic fora um bom amigo, gen­til e sensível. Tentaram namorar, mas não deu certo. Ele assim explicou quando se despediram: "Você é mulher de um homem só e, infelizmente, eu não sou esse homem de sorte". Mas como Alfonso adivinhara sobre Dominic? Só o mencionara uma vez...

A esperteza dele era incrível e ela só perdia tempo tentando desafiá-lo. Por que simplesmente não usufruía o que ele podia lhe conceder, sem pedir mais? Na noite anterior, entregara-se ao prazer físico e sabia que não o experimentaria novamente. Já tinha vinte e nove anos, estava velha demais para acreditar em conto de fadas.

— Pelo seu silêncio, concluo que está de acordo — adian­tou-se ele. — Como se fala mesmo? Águas passadas não movem moinho? De acordo?

— De acordo — admitiu ela. — Mas com uma condição. — Encarou-o, valente. — Exijo absoluta fidelidade de você. — Alfonso não a amava, mas, com o tempo poderia aprender, mas não se tivesse que dividi-lo com a amante. Não era tão idiota...

Anahi surpreendera-o. Havia alguma emoção na expressão dele quando se aproximou.

— Mas claro que tem a minha palavra, querida — prometeu ele, com um brilho divertido no olhar. — Mas entenda que eu exijo o mesmo de você. — Ergueu a mão e Anahi recuou, ágil.

— Espere. Não se esqueceu de alguma coisa? Ou melhor... de alguém? A amante que mencionou quando fez a proposta — observou, sarcástica.

Alfonso franziu o cenho.

— Tenho quase quarenta anos e estou sozinho há alguns anos. Seria tolice negar que tive uma amante no passado, mas não agora. Ontem foi a primeira vez que fiz amor com uma mulher em mais de seis meses. — Antes que ela percebesse, agarrou-a pela nuca e a beijou. Quando terminaram, havia raiva e dor no olhar de Annie.

— Isto não vai dar certo, Alfonso. Não vou viver uma mentira.

— Está se referindo a mim? — Ele parecia incrédulo. — Ninguém nunca duvidou da minha palavra. Como você...

— Pare. — Ela levou a mão ao rosto dele. — Jantar. A primeira noite em Sevilha. Um telefonema. Isso refresca a sua memória? — questionou, irônica.

Sem comentar, Alfonso caminhou até a porta e então voltou-se.

— Quem lhe contou? Não foi meu pai.

— Jamie brincou a respeito quando seu pai se recolheu.

— Sempre ele! Mas Jamie não lhe contou a história toda. Não tenho o hábito de explicar minhas ações a ninguém, muito menos a uma mulher.

Corajosa, ela ergueu o olhar.

— Eu não sou qualquer mulher, sou sua esposa. Ele a fitou.

— Sim, tem razão. Pense naquele dia, Anahi. Houve um telefonema para mim durante o jantar e meu pai ficou furioso antes de eu me levantar para atender. Ele estava assim porque a dama em questão já telefonara várias vezes e eu estava na Inglaterra. Como meu pai observou, uma boa amante devia ser visitada ocasionalmente, mas não devia ser ouvida e, com certeza; não na casa dele.

— Oh, mas isso é arcaico! — exclamou Annie, desgostosa.

— Talvez, mas é verdade. Eu atendi ao telefone e decidi encerrar o caso imediatamente. Afinal, eu já tinha você.

Annie perdeu o fôlego ante tanta arrogância.

— O que você fez... pagou a ela?

— Mais ou menos. Eu disse que estava tudo acabado e ela saiu satisfeita da história.

Anahi franziu o cenho ao pensar que ele se deitara com a tal mulher uma última vez.

— No sentido monetário, não no sexual — adiantou Alfonso, lendo seus pensamentos. — Você não tem motivo para duvidar da minha palavra ou da minha fidelidade. — Sorriu, perigoso, e estendeu a mão para acariciar a linha do maxilar antes de beijá-la.

Anahi podia acreditar ou não, mas, sentindo o gosto de Alfonso daquele jeito, não conseguia contestar.

— Decida-se, Anahi — disse ele. — Porque está quase na hora do almoço e estou morrendo de fome.

Involuntariamente, ela olhou para a cama e então para ele.

— Isso também. — Ele ergueu o sobrolho, persuasivo. — Mas, agora, preciso de comida. Estava tão nervoso ontem que quase não me alimentei.

A confissão tornou-o mais humano. Annie sorriu.

— Vamos almoçar.

— Você sabe cozinhar? — indagou Alfonso, abrindo a porta.

— Se eu disser que não? Será motivo para divórcio? — replicou Annie, sentindo-se descontraída pela primeira vez em semanas.

De repente, ele a agarrou pela cintura e a fez se voltar.

— Não, Anahi. Não haverá nenhum divórcio. Nunca. Que­ro que seja a mãe dos meus filhos.

Ela sentiu o coração falhar. Ele adivinhara que estava grá­vida quando o procurara havia dez anos? Poderia ter sido tão insensível? Fitou-o nos olhos, procurando uma resposta, mas não encontrou nenhuma.

— Pense nisso. — Alfonso ancorou uma mecha de seus cabelos rebeldes na orelha e sorriu. — Quanto a cozinhar, eu também sei. É dia de folga da criadagem.

— Ah, agora eu entendi. Você espera que eu trabalhe de graça no fogão? — provocou Annie. Por mais que o amasse, sempre haveria uma barreira entre eles. Jamais seria possível discutir certos assuntos abertamente.