Fanfic: DOCE VINGANÇA DE AMOR - ADAPTADA (FINALIZADA) | Tema: PONNY, Mentiras, Intrigas, Drama, Romance

— Acho que você passou muito tempo no exterior, envolvida demais com sua carreira, a ponto de não perceber o que acontece a seu redor. Nos últimos anos,

fazendeiros britânicos foram à falência. O mal da vaca louca e a proibição dos demais países europeus à importação da nossa carne foram determinantes. Os cavalos de corrida pagam o investimento, mas apenas isso, de acordo com Jamie. Não fosse a ajuda de Alfonso, eles já teriam perdido a fazenda. Sendo assim, por favor, tente ser gentil com ele ou pode estragar tudo. Contamos com a ajuda dele para que Jamie possa se estabelecer como veterinário em dois ou três anos.

— Eu não sabia. — Annie fitou a prima com pesar. Perdera o contato com a prima durante aqueles anos e agora se sentia culpada. — Tem razão, provavelmente estou afastada há muito tempo. Já me esqueci de como me comportar. De agora em diante, serei gentil e amistosa com o Sr. Alfonso Herrera. Prometo. — Apreciou o próprio reflexo no espelho, ajei­tou alguns fios de cabelo rebeldes na testa e endireitou os ombros. — Ele não terá mais motivo para se aborrecer, eu lhe asseguro, Ann.

— Assim é melhor. — Ann sorriu e admirou a imagem da mulher alta e elegante a seu lado. — A supermodelo está de volta.

— Não mencione que fui modelo — pediu Annie, aflita.

— Por que não? Ele vai comer na sua mão. É evidente que gosta de você.

— Não! Estou falando sério, Ann. Nem uma palavra sobre minha carreira de modelo.

— Está bem — concordou a prima. — Mas terá que manter o seu lado do acordo. Chega de ironia. Seja gentil com o homem.

— Riu suave. — Mesmo uma profissional obcecada como você deve estar vendo que ele é bonitão. Meio "passado", mas rico, sofisticado e solteiro, o que mais você quer?

"Passado" era exagero, mas Annie sabia do que a prima fa­lava. Alfonso tinha a atitude de um homem que dominava a cena familiar, porém sem fazer bem parte dela. Distante, num nível superior, autoritário.

— Sabe, Ann, eu não conhecia esse seu lado mercenário.

— Não. Mas amo Jamie de todo o coração e estou sendo prática.

— Já estávamos imaginando que tinham se perdido — co­mentou Jamie, quando as duas retomaram seus lugares à mesa.

— Só alguém tão jovem poderia fazer tal comentário, Jamie — observou Alfonso. — Nós, mais velhos, temos mais experiên­cia. Sabemos que duas damas, quando vão ao toalete, começam a fofocar e nos deixam esperando sem dó.

Annie concentrou-se na comida sem saboreá-la de fato, ten­tando não olhar para Alfonso. No entanto, por algum motivo, tinha que espiá-lo. Ele era mesmo bom de conversa, dominando os assuntos mais díspares, como ações na bolsa de valores e cavalos de corrida. O prato principal foi retirado e pediram a sobremesa. Passaram a falar sobre viagens.

— Sua tia me disse que esteve fora por três anos — comentou Alfonso com Anahi. — Deve ter vivido experiências interessantes.

Lembrando-se da promessa feita a Ann, Annie forçou um sorriso.

— Algumas, mas a maior parte do tempo era trabalho e mais trabalho. Há poucos médicos nos países africanos, prin­cipalmente nas áreas rurais. As pessoas aqui estão tão acos­tumadas a telefonar e chamar uma ambulância que se esque­cem de que o resto do mundo não tem tanta sorte. — Sempre se entusiasmava ao falar da profissão, o que pareceu impres­sionar Alfonso.

Jean não se conteve:

— Francamente, Annie, você precisa falar disso?

— Mas é uma vergonha para todos nós, tia Jean. — Ela lançou um olhar de repreensão à tia. — Uma vergonha que, em pleno século vinte e um, em muitos lugares do mundo, as mulheres tenham que andar durante dias para levar o filho doente a um posto de saúde, que dirá um hospital.

— Annie, esta noite, não. Lembre-se do que sua chefia disse: três meses de férias — observou a tia.

— Isso não me impede de ter uma opinião — argumentou ela, contendo-se ao ver Ann de cenho franzido.

— Você está de férias prolongadas — comentou Alfonso, es­treitando o olhar. — Eu não sabia.

— Não tinha como. — Annie o encarou, meio ofegante. Havia algo vagamente perigoso no olhar dele. — Afinal, acabamos de nos conhecer — mentiu, convincente.

Imediatamente, foi assaltada pela imagem daquele corpo esguio e bronzeado, nu, entre lençóis de cetim preto formou-se e ficou atônita com a própria reação. Experimentara o sexo novamente havia dois anos, decepcionara-se e não tentara de novo desde então. Sendo assim, por que o desejo agora? Talvez devido à raiva que sentia por Alfonso Herrera mesclando-se à piedade, ao saber que a esposa dele morrera. De repente, via-o simplesmente como um homem muito viril. As cenas eró­ticas se repetiam em sua mente e levou algum tempo para perceber que Alfonso lhe dirigia a palavra:

— Você deve vir com Ann e Jamie amanhã, eu insisto. Annie meneou a cabeça, confusa, e encarou o homem à sua frente. Do que eles estavam falando? Ir aonde com Jamie e Ann?

— É uma grande idéia — declarou Ann. — Eu imaginava mesmo estar em desvantagem, com tantos homens por perto, mas sem ninguém para me acompanhar às compras.

— Você precisa vir, Annie, qualquer coisa para me poupar desse martírio — concordou Jamie, esperançoso.

— Sim, vai lhe fazer bem — apoiou tia Jean.