Fanfic: Outro lado do amor | Tema: drama adolescente

Depois da cena no palco, onde o Victor roubou um beijo da Júlia, fui basicamente banido de aparecer perto do prédio onde ela tinha aula de música. Ela ficou morrendo de medo do Victor tentar brigar novamente, e aí já viu. Eu tive que entender e perder minhas horas extras com ela, porque sempre íamos comer em algum lugar quando ela terminava. Mas hoje marcamos de sair, com nosso casal preferido, pra jantar num restaurante que as meninas escolheram.
- Qual desses?- Júlia perguntou segurando dois vestidos. Eu já devia ta umas duas horas no quarto dela, esperando ela decidir o que ia vestir, e olha que nem era um jantar especial.
- Se eu escolher o branco, você vai acabar indo com o azul. Então não vou escolher nenhum...
- Mas se você não escolher nenhum, eu vou acabar não escolhendo nenhum também, amor. Você tem que me ajudar, mesmo que eu não ache legal a sua escolha.- Ela sorriu toda irônica e me deu um beijo. Eu apenas apontei pro azul, porque queria que ela fosse com o branco.- Branco então!
Finalmente chegamos no restaurante, o Bruno e a Sara já estavam sentados tentando escolher o que iam comer. A Júlia como sempre, levou uma eternidade pra se decidir. O restaurante era novo, virou queridinho das meninas pelas sobremesas que eles faziam.
- Gente, essa comida está ótima, mas eu não consigo parar de pensar no que vou pedir de sobremesa.- Disse a Sara e a Júlia já ficou fazendo cara de gorda desesperada.
- Vocês duas não deviam ser gostosas, de tanto que comem, deviam ser duas baleias! Com todo respeito pelo "gostosa" viu Léo.
- Ela é mesmo.- Pisquei pra Ju, que já me deu um tapa de tão envergonhada que ficou. Logo a sobremesa chegou, eu tinha que concordar, que aquele era o melhor petit gâteu que eu já tinha comido na vida. A gente tava num papo bem animado sobre viagens que podíamos fazer, até que eu vi os pais do Bruno vindo na nossa direção. Ia dar em merda.
- Eu pensei que você fosse sair só com o Leandro...- Disse a mãe dele, o pai ficou quieto logo atrás. Ela já devia ter entendido bem o que significava aquilo.
- Mãe? O que vocês tão fazendo aqui?
- Isso é um restaurante, estamos aqui pelo mesmo motivo que vocês. Não vai me apresentar as meninas?- Ela perguntou com aquela cara, aquela que as mães fazem, se preparando pra acabar com a sua vida. A Sara ficou sorrindo, esperando pela apresentação.
- Elas são a Sara e a Júlia, do colégio.
- Sara...Muito bonita sua amiga.- Ela deu aquela olhada atravessada, até eu tava com medo dela.
- Namorada.- Ela disse daquele jeito Sara de ser. Não ia deixar nada no ar, ia direto ao ponto.
- Onde estava sua namorada no final de semana que passamos juntos?- Perguntou o pai dele.- Eu não me lembro de ter notado que você estava comprometido, você tava se divertindo bastante...Bom, de qualquer modo, lhe esperamos em casa.- Ele levou a sua mulher até a saída e o clima na mesa ficou bem pesado.
- Existe uma explicação pra o que aconteceu aqui?- Ela perguntou pro Bruno, que ficou sem reação.- Acho melhor ir pra casa, vocês podem me levar?
- Claro, a gente pode sim, não é?- Júlia ficou me olhando, e eu olhei pro Bruno que estava do mesmo jeito.
- Acho melhor vocês conversarem sobre isso.- Eu achava mesmo, mas não sabia o que devia fazer, o que era melhor no momento.
- Por favor, me levem pra casa, eu não quero conversar agora.- Ela claramente estava segurando as lágrimas. Eu apenas tirei o dinheiro pra pagar a conta e dei pro Bruno. Então levei as duas pro carro, a Júlia foi no atrás com a Sara. Assim que eu sai do estacionamento ela começou a chorar, e a Júlia a abraçou.
- Calma, eu to aqui, vai ficar tudo bem.
- Eu não consigo...- Foi a única coisa que ela disse, até que chegamos em sua casa, e as duas entraram. Eu fiquei esperando durante uma eternidade, a Júlia ia dormir na minha casa hoje, até onde eu sabia...
- Ela disse que eu podia ir.- Ela disse quando entrou no carro, pelo visto a Sara não foi a única que tinha chorado.
Eu não falei nada, não perguntei nada. Do mesmo jeito que o Bruno era o meu melhor amigo, a Sara era a melhor amiga dela. E eu não podia me meter nisso. Ela tava deitada no meu peito, e não tinha falado quase nada, ficou com aquela cara de preocupação.
- Ela não consegue se abrir pra ninguém, e de alguma forma, ela se abriu com ele.- Ela falou baixinho, e eu pude sentir a lágrima caindo em meu peito, depois mais e mais.
- Eles vão se resolver, o Bruno ta mesmo apaixonado pela Sara, é que o lance com os pais dele são bem complicados. Ele fez tudo isso pra proteger a Sara...- Ela saiu de cima de mim e se sentou na cama.
- Proteger? Você viu como o pai dele falou? Como se ela não fosse nada pra ele, como se ele tivesse umas duzentas dela o rodeando. Aquele cara é um babaca, e a mulher dele não é menos que isso.
- Amor, a gente não pode se meter nessas coisas, eles que tem que se entender. Vamos ajudar como amigos, mas não se mete nisso.
- Mas amigas precisam falar mal dos namorados quando eles pisam na bola.- Eu ri.
- Eu te amo sabia? Você é a melhor pessoa que já pisou nesse mundo.- A derrubei na cama e lhe beijei.
- Vai com calma nas cantadas, assim você me atropela, amigão.
No dia seguinte já acordei com o Bruno me ligando feito um louco, ele queria saber onde a Sara estava, e eu não tinha essa resposta. O que o deixou ainda mais louco, ele a procurou em todos os lugares que ela poderia ter ido. A Júlia não quis dar dicas, porque seria trair a amiga com informações secretas. Depois de algum tempo a própria Sara apareceu na casa do Bruno, por sorte os pais dele não estavam, e então eles conversaram. Não fiquei sabendo dos detalhes, o que deixou a Júlia furiosa.
- Ela mandou aúdio! Tem cinco minutos, cinco, sabe o que isso significa? Detalhes!- Ela disse pulando em cima da minha cama, cama essa que eu tinha acabado de arrumar.
- Ótimo, to bem feliz por você.
- Shhhh! Eu preciso escutar, ta baixo.- Eu não queria mesmo saber dos detalhes, então desci pra fazer alguma coisa pra comer. Depois de algum tempo a Júlia apareceu na cozinha e me ajudou a fazer omelete.- Deixa que eu cuido da panela, só pega meu celular, ta em cima da cama. - Quando peguei o celular, chegou uma mensagem do Victor "Não paro de pensar na nossa cena, foi demais."
- Quer dizer que esse babaca ainda ta no seu pé.- Ela deu um pulo com meu grito e me olhou confusa. Então eu entreguei o celular e ela leu assustada.
- Ele não ta, quer dizer, não tava. Juro que ele não fez nada desde então...Eu não to entendendo porque ele mandou isso.
- Ele ta afim de você, por isso.- Eu sentei no sofá irritado e ela ficou um tempo olhando a mensagem.
- Olha só, eu vou conversar com ele mais uma vez, se não adiantar eu mesma te levo pra brigar com ele.- Ela começou a fingir uns socos, o que me fez rir, como ela conseguia ser tão pateta?
- Vem cá.- Ela sentou no meu colo e me beijou, aquele tipo de beijo que você não pode dar quando um cara acaba de acordar.
- Tem alguém querendo fazer amorzinho.- Ela disse baixinho, com aquela voz provocante.- Que tal a gente comer o omelete daqui a pouco? Eu to afim de ficar mais um tempo na cama.- Ela levantou e foi subindo as escadas. Claro que em dois segundos eu já estava lá.