Fanfic: Outro lado do amor | Tema: drama adolescente

Passei a noite no hospital com a Júlia, ela praticamente dormiu a noite toda, acordou umas duas vezes com pesadelo. E não disse nada sobre o que sonhou, também não questionei. Logo cedo seus tios vieram com a Duda, e foi uma alegria pra Júlia. O delegado foi no hospital pela manhã, tinha que pegar o depoimento da Júlia. Ela não tinha dito nada sobre o que aconteceu, e todos evitaram o assunto. Muito pelo fato de que ela estava precisando de um tempo, parecia muito cansada.
- Eu fui pra essa festa, de uma amiga da aula de canto. Eu tava indo até o banheiro, quando o Victor apareceu e me levou pra essa sala. Foi quando ele me beijou e o Léo acabou vendo toda a cena...E aí eu saí correndo, tentei falar com o Léo, mas quando cheguei na rua ele já tinha ido. Então o Victor tentou me agarrar e eu tentei fugir dele mas acabei caindo. Acho que machuquei minha cabeça, porque quando acordei já tava na cabana, minha cabeça tava sangrando e doendo muito. Ele tava bem nervoso, mas ficava falando como se a gente tivesse fugido pra ficarmos juntos de vez.- Ela olhou pro nada, só de olhar pra expressão dela, eu sabia que ela estava segurando o choro.- Eu não sei porque ele fez isso tudo, eu nunca fiz nada que pudesse dar a entender que eu queria ficar com ele.
- Na verdade, ele tem uma lista enorme de problemas, ele foi direto pra uma clínica psiquiátrica.- Disse o delegado olhando uma papelada.- Aquele garoto era bastante perigoso, ainda bem que chegamos a tempo.

3 meses depois.
Acordei com algo que não acontecia a algum tempo. A Júlia me batendo e me empurrando da cama. Eu achava que esses pesadelos tinham acabado, mas pelo visto não. Desde o sequestro ela tinha pesadelos que a deixavam muito agitada na cama. O primeiro mês foi o mais complicado, depois ela foi melhorando e agora teve outro.
- O que aconteceu?- Ela me perguntou assustada.
- Você teve pesadelo outra vez, mas agora está tudo bem.- A coloquei deitada em meu peito.
- Que bom que eu vim dormir aqui, me sinto melhor quando você ta pertinho.- Ela ficou um tempo pensativa e por fim começou seu papo da madrugada.- As coisas tão indo bem agora, eu espero que continue assim. A gente se dando bem, a Sara e o Bruno também...Você trabalhando numa das maiores empresas da região.- Ela adorava falar isso.
- Virei um cara decente pra você.
- Como assim Leandro? Você podia ser desempregado e morar numa casa na árvore e ainda assim seria decente pra mim.- Nós rimos.
- Casa na árvore é?
- Sim, adoro casa na árvore, apesar de nunca ter tido uma...Ou sequer ter visto uma, mas enfim, adoro mesmo assim.
- Você é a garota mais maluca que eu conheço. E a mais linda, mais cheirosa e mais gostosa também.- Fui beijando seu corpo inteiro e ela abafando os gritos que dava.
Fomos pegar a Duda na escola, pra ir até o parque de diversões que ela tanto queria. A Sara e o Bruno combinaram de ir, então a gente ia se encontrar com eles no parque. A Ju tava toda louca dentro do carro, cantando uma música nova da Taylor que basicamente acabava com a raça masculina. Ainda não consegui entender o que aconteceu na vida amorosa dela, mas já tinha uma noção da complicação que tinha envolvida, as músicas me davam medo.
- Olha que menina mais linda, minha gordinha.- Ela apareceu com a Duda no braço, praticamente sufocando a irmã de amor.
- Tio Léo, a gente vai no parque?
- Vamos sim gordinha, ainda vamos tomar aquele sorvete enorme que você gosta. Agora me diz quem é a pessoa mais legal desse mundo?- A Júlia olhou pra Duda com cara feia e a menina caiu numa gargalhada gostosa.
- O tio Léo.- Ela respondeu rindo e deixando a Ju toda pasma.
- Vocês dois se amam demais, precisam me dar um espaço também viu!
A Júlia com sempre, tendo o dom de me deixar perdido, literalmente. Ela me jurou que a rua do parque era a direita, quando na verdade era na esquerda. Depois de um ano consegui voltar pra mesma avenida de antes, e aí sim pegar a rua certa. Quando chegamos os dois já estavam na entrada, com uma cara nada legal.
- De quem foi a culpa?- A Sara perguntou revoltada. Eu e a Júlia apontamos pra Duda sem dó alguma, ela era uma criança fofa, ia conseguir escapar da louca.- Vocês não conseguem mentir e ainda jogam a culpa na criança, dois babacas.- Ela pegou na mão do Bruno e entramos no parque.
- O que aconteceu com ela?- Perguntei assustado.
- Com toda certeza, tpm.- O Bruno respondeu o mais baixo que podia. Ainda bem que a tpm da Júlia era resolvida com um pouco de chocolate e um sorvete de flocos.
O parque estava todo movimentado, a Júlia só faltou colocar uma coleira na Duda de tanto medo da gente se perder dela. A gente foi em um monte de brinquedo pra criança, a Duda ficou toda bobinha com a maioria deles.
- Vamos no bate-bate, vamos, vamos!
- Quem você quer que vá no seu carro?- Perguntei com meu sorriso mais encantador, mas ela apontou pra Júlia. Deve ser algo de mulheres adorarem competir juntas contra homens, vai entender essas mulheres.
Elas estavam com tudo, tinham uns duzentos carros pra elas baterem. Mas é claro que a porrada era toda pra mim, e eu tinha que ser um cara legal e não bater com tudo pois tinha uma criança no carro. A cara da Júlia era algo que me deixava ainda mais louco da vida, ela tava adorando aquilo, ia me pagar quando a gente chegasse em casa, ah se ia...
- Você ta se melando toda meu bem, vem aqui pra eu te limpar.- A Júlia ficou numa tentativa falha de limpar a Duda, e acabou deixando seu sorvete derreter também, se melando toda.- Não acredito!
- Esse sorvete aí não ta dando muito certo, ta me dando ideias.- Disse olhando pra blusa dela, que tinha sorvete de flocos bem nos seios.
- Seria bem legal respeitar meus ouvidos, não quero ficar pensando em vocês e suas safadezas.- A Sara tava conseguindo se recuperar da tpm e tava voltando a ser a Sara de sempre.
- A culpa é toda dele, e da sua mente poluída. Meu namorado anda muito perdido, temos que rezar por ele, anda cometendo muitos pecados.
- Rezem por ela também, porque ela comete todos comigo.- Claro que saiu meu riso safado no meio disso, porque ela me deu aquela olhada matadora.
- Meus ouvidos, meus ouvidos!- Ela ficou gritando feito uma louca.- Ainda bem que a gordinha não entende essa pouca vergonha.
- Tio, quero ir no brinquedo. Vamos, vamos!- Ela ficou me puxando e tive que ir sozinho porque ninguém tinha terminado o sorvete ainda.
Eu não sei onde eu tava com a cabeça, quando deixei uma menina que tinha acabado de tomar um mega sorvete, ir num brinquedo que gira. Ela girou tanto que saiu toda melada e é claro que eu ia ser assassinado. Quando voltei com a Duda, os três ficaram olhando sem acreditar no que tinha acontecido.
- Alguém devia ter me avisado que era ruim levar ela no brinquedo...
- Meu Deus! Ela ta um nojo total, ainda bem que eu não sou da família.- Disse a Sara sem saber se ria ou se escondia pra não apanhar também.
- Só to tentando pensar no que fazer com essa garota completamente vomitada, alguma ideia?- A Ju perguntou me fuzilando.
- A gente podia ir no banheiro, dar uma limpada básica...
- Ótimo, você pode fazer isso.- Ela ficou rindo.
- Não mocinha, você vai fazer isso, eu te dou apoio.
- Eu não preciso de apoio, preciso das suas duas mãos, só isso.- Ela deu aquele sorriso encantadoramente falso. Eu fui com as duas, mas não limpei sozinho, fiquei ajudando e quase morrendo com o cheiro que já tinha se espalhado por todo banheiro.
- Sem sorvete antes do brinquedo, temos que anotar.- Ela riu.
- Eu te amo e adoraria te dar um beijo agora, mas isso seria muito perigoso devido ao nosso estado atual.- Ficamos rindo, morrendo e rindo da morte. E depois fomos pra casa, não tão sãs, mas salvos.