Fanfic: Outro lado do amor | Tema: drama adolescente

Pode parecer loucura, a gente não tem nada um com o outro, mas eu senti vontade de correr atrás dela...De dizer que o que ela viu não era o que parecia e isso soava rídiculo. Me senti um daqueles idiotas de filme. E agora, eu estava deitado na minha cama a mais de uma hora tentando dormir e não conseguia. A única coisa que eu conseguia fazer era pensar nessa garota. No dia seguinte fiquei olhando pro número dela, pensando no que dizer, em como falar cada palavra sem soar idiota. Por fim criei coragem e fiz a ligação.
- Oi. Sou eu, o Leandro.
- Hm.- O que diabos "hm" quer dizer?
- Eu to ligando pra saber se você não topa ver um filme, ou sei lá...fazer alguma coisa.
- Hm...- Que merda de "hm" é esse.- Eu to saindo da minha aula daqui a 15 minutos, se você quiser me pegar...
- Ok. É só me dizer onde é.
- Te mando o endereço por mensagem.
Eu não fazia ideia de onde ir com ela, porque ela era totalmente diferente das outras garotas. Todos os lugares que eu já tinha levado alguém, nesse momento pareciam tão banais e idiotas. Eu estava parado esperando ela sair por aquela porta, e ainda não sabia o que ia fazer. E quando a vi notei que mesmo que tivesse ideia do que fazer, ia esquecer quando a visse. Ela estava totalmente diferente de como ia no colégio. Saiu com uma amiga, completamente sorridente. Tava usando um vestido que caía perfeitamente bem nela, e usava umas flores no cabelo, não sabia bem o nome daquilo...Talvez fosse uma tiara.
- Oi.- Ela voltou a ser aquela garota anti-sorrisos.
- Oi...Aula em pleno sábado?
- Ah, eu gosto dessa em particular, aula de música.- Ela sorriu de lado, quando você acha que não tem como melhorar esse sorriso...
- Então você faz aula de música...Mais uma coisa sobre você.- Eu abri a porta do carro e ela entrou.- Ta com fome?
- Um pouco...Onde você quer me levar?
- Na verdade eu não sei.- Respondi rindo.- Você tem algo em mente? Algum lugar que goste, sei lá...
- Ta, tudo bem. Vai em frente, tem um restaurante ótimo por aqui. Geralmente eu venho com a minha turma da aula de música, parece que foi feito pra nós. Acho que você vai gostar.- Eu tive que rir disso.- O que foi? Do que você ta rindo?
- De você falando sem parar...Pensei que fosse continuar fria comigo.
- Eu não estou sendo fria...Eu só não te conheço.
- Vamos mudar isso hoje?
- Vamos.- Ela sorriu e quase me fez bater o carro me mandando entrar numa rua que na verdade era proíbida de entrar.- Ai! Me desculpa, eu juro que não sabia...Entra na próxima.- Ela caiu numa crise de riso e disse que ficava assim quando ficava nervosa.
Chegamos no tal restaurante, o lugar era realmente muito legal. Diferente de todos os restaurantes que eu ia, parecia aqueles lugares de filme. Tinha uma iluminação bem baixa com velas em todas as mesas e um palco bem pequeno todo de folhas de bananeira espalhadas. Uma garota estava cantando uma música do John Legend, apenas ela e o violão.
- Nossa, eu amo essa música.- Ela disse fechando os olhos e cantando a música baixinho, dessa vez um pouco mais alto do que no carro. Ela tinha uma voz muito bonita, linda na verdade.
- Você canta bem.- Ela então abriu os olhos e parecia ter acordado de um sonho.
- Eu tento.- O garçom veio sorrindo em nossa direção e a abraçou, os dois ficaram se falando enquanto eu olhava para os lados sem saber o que fazer.- Esse é o Leandro, ele estudava comigo.
- Leandro é...-Ele olhou pra ela sorrindo.- Meu nome é Pablo, seja bem vindo...Aqui está o cardápio, já volto pra pegar os pedidos de vocês.- Ele piscou pra Júlia e foi atender outra mesa.
- Me desculpe por ele.- Ela disse sem graça.- Ele acha que estamos juntos, por isso ficou me olhando daquele jeito, detesto isso.
- O quê?
- As pessoas sendo incovenientes. Eu sei que não fazem por maldade, mas sei lá, é chato.
- Eu entendo, também não gosto...Mas me diz, qual é o melhor prato?
- Eu diria todos, porque realmente gosto de todos...Mas o meu preferido é esse risoto aqui.- Ela apontou no cardápio.- Você gosta de risoto?
- Sim, vou seguir sua dica.
Nosso prato chegou, e o risoto era realmente muito bom, o melhor risoto de todos que já comi. Agora no palco estava um cara com uma barba bem legal, ele estava cantando uma música folk que eu não reconheci. A Júlia balançava a cabeça junto com a música, era uma coisa linda de se ver, você conseguia notar o quanto ela gostava daquilo.
- Vai lá, canta uma música.- Disse quando terminamos de comer.
- Eu teria vergonha de cantar na sua frente.
- Porquê?
- Eu nunca cantei na sua frente antes, sei lá, teria vergonha.
- Então o problema sou eu...
- Basicamente.- Ela riu.- Um dia quem sabe...
- Então teremos mais dias...Isso é bom.- Ela riu e bateu no meu ombro. Por mais rídiculo que isso pareça, aquele toque foi a melhor coisa do dia.
- Nosso dia ainda não acabou, posso te levar num lugar bem melhor.
- E o que estamos esperando?- Paguei a conta e fui novamente guiado pela Júlia até uma fábrica que parecia abandonada, mas pela quantidade de carros que tinha em volta, você sabia que tinha algo ali.- O que ta acontecendo lá dentro?
- Vem.- Ela me deu a mão e eu fiquei esperando a hora que ela iria soltar, mas ela não a soltou. Entramos na fábrica, estava lotada. Uma música bem alta e agitada, as pessoas estavam todas dançando. Um dança sincronizada, o que me fez ficar nervoso, como eu ia dançar aquilo? Mas a Júlia me ajudou com isso, ela parecia super a vontade com os passos, e era tão legal que você aprendia bem rápido. Duas mulheres se aproximaram da gente com bonés de peão e pintou manchinhas preta na Júlia a fazendo parecer caipira. Dançamos por tanto tempo que só depois de algum tempo notei o cansaso.
- Preciso beber água.
- Ok, vem comigo.- Ela me levou pra uma sala que era o bar de lá.- Gostou?
- Muito.- Ela estava linda, eu precisava dizer isso a ela, mas seria tosco.- Você não ficou nada mal com essa cara da caipira.
- E você não ta nada mal de vaqueiro, ou seria peão...Não sei.- Ela riu e só depois notou que estava com os braços no meu peito e os tirou.- O que te fez ir falar comigo?
- Ahm?
- Na festa...Por que você foi falar comigo, do nada, sei lá. O que te fez ir lá?
- Eu sempre quis isso.
- Porquê?
- Não sei, eu só queria saber mais sobre você. Todo esse tempo, você vivia no seu canto e não falava com ninguém...Eu achava isso curioso sabe, e queria te conhecer. Daí te vi na festa e pensei "nossa, ela ta aqui" e fui no impulso falar contigo.
- Você quer saber o motivo disso?
- Se você quiser falar sobre isso...
- Eu não sou daqui, vim morar com a minha tia depois do acidente de carro que sofri com a minha família. Eu e minha irmã perdemos nossos pais, ela tinha três meses quando isso aconteceu. A úncia parte que ficou inteira do carro, foi a que nós duas estavamos. E aí eu vim parar aqui, com uma irmã que chorava todos os dias pedindo pela mãe e eu não sabia lidar com isso. Eu me fechei por pouco mais de um ano, e então não fazia parte mais daquilo, mesmo que quisesse...
- Eu sinto muito pelos seus pais...Não sei o que dizer.- Isso era horrivél, eu realmente não sabia o que falar.
- Você não precisa dizer nada.- Ela sorriu, dessa vez um sorriso que lembrava o da minha mãe.- E você, nenhuma história triste que supere a minha?
- Bom, meu pai é um canalha. Faz um ano que ele saiu de casa, ele teve um caso com a melhor amiga da minha mãe. Se mandou com ela e levou todo nosso dinheiro, isso inclui o da minha faculdade. Minha mãe pirou e eu não sei porque to falando isso...Eu nunca falo disso pra ninguém. Esse não é o tipo de coisa que se fala num encontro.
- Acho que falar que seus pais morreram num encontro também não vale né?
- Então você considera isso um encontro?- Perguntei rindo, ela deu de ombros e riu. A puxei de volta pra pista de dança, dessa vez tocava Closing Time. Alguns casais dançavam, cada um do seu jeito. Nós ficamos lá dançando e eu me perguntava por que tinha demorado tanto tempo pra falar com essa garota. Ela era basicamente a garota mais perfeita, a que qualquer cara teria sorte em ter.
- Eu não quero estragar isso aqui, mas eu preciso ir. Minha tia deve estar preocupada.
- Tudo bem, mas você tem que me prometer que vamos sair novamente!
- Eu prometo.- Ela me olhou tímida e eu sabia que estava completamente ferrado.
Quando chegamos na frente da casa dela uma menina estava brincando no jardim, com certeza era a irmã. A tia veio logo em seguida até nós.
- Onde você estava, tentei te ligar!
- Desculpa tia, esqueci completamente de avisar, eu estava com o Leandro. Ele estudava comigo...
- Prazer em conhece-lá.- A cumprimentei e ela me disse que seu nome era Leila. A menininha veio correndo dar um abraço na Júlia e logo estava no seu braço.
- Essa daqui é a Duda, esse é o Leandro.- Ela disse pra menina que deu um sorriso tímido me olhando.- Fala oi pra ele.
- Oi.
- Oi Duda.- Ela era bem branquinha, parecia uma boneca.
- Vem Duda, vamos deixar o amigo da Júlia se despedir, e você precisa de um banho.- Ela pegou a menina no braço e deu tchau.
- Ela é linda...- Eu disse enquanto a menina entrava.
- É...Hoje foi sem dúvida um dos melhores dias que eu tive aqui, obrigada por isso.
- Pra mim também, estamos quites. E você me deve outro encontro desse.
- Bom, eu tenho aula três vezes por semana...
- Isso é bom.- Ela riu.
- Tenho que entrar.
- Eu sei.
- Bom, você me liga e a gente marca outra coisa.- Ela me deu um abraço e eu a segurei pra dar um beijo no rosto. Ela ficou sem graça mas ficou parada ali, nossos rostos colados um no outro.- Até mais.
- Até mais.- Ela finalmente saiu em direçao a porta e olhou pra trás dando tchau.