Fanfic: °ღ°Nada Será como antes°ღ°[terminada]

— Olá, Dulce.

Ela o fitou e sentiu o coração dar um pulo em seu peito. Ele estava exatamente como se lembrava dele: grande, musculoso e magnificamente viril.

— Posso entrar?

Seu primeiro instinto foi fechar a porta, mas os bichinhos pareciam tão empolgados em vê-lo...

— Sim — ela disse educadamente, deixando-o passar.

Ela fechou a porta, enquanto ele observava a sala desarrumada.

— Você não mudou nada — ele disse.

Ela respirou fundo, ergueu a cabeça e caminhou decidida até a cozinha.

 —  Não. Por que deveria?

— Bem, com sua herança...

— O dinheiro não mudou o que sou — ela disse mais incisivamente do que o planejado. — Ainda sou a pessoa que sempre fui.

Ele a contemplou. Ela estava usando uma saia indiana, camiseta comprida e um colete colorido por cima e, em suas orelhas, estavam pendurados os pequenos sinos de cujo som ele sentia tanta falta.

Mas foi no rosto de Dulce que ele se concentrou. Aquele rosto lindo, os olhos cor de violeta, os lábios macios e rosados, o queixo determinado...

— Sim — ele disse gentilmente e sorriu. — Sim, você é a pessoa que sempre foi. — O olhar dele tornou-se mais severo. — Mas você está mais magra.

Um arrepio correu pela espinha de Dulce. Não olhe para mim desta forma, ela pensou, por favor, não...

Ela se empertigou e abraçou-se, dispensando-lhe um olhar frio.

— Por que veio aqui, Chris? Se é algum detalhe legal que deixou passar, prefiro que o resolva com Sam Abraham.

— Está com tanta pressa de se livrar de mim? — ele quis saber.

Ela o fitou. Não, ela refletiu, não quero me livrar de você. Quero que você fique, que você...

— Imagino que esteja esperando por Derrick.

Dulce virou-se rapidamente e pegou a chaleira sobre o fogão.

— Eu... sim — ela disse, colocando água na chaleira. — Ele saiu e...

— Você o ama?

A voz de Chris estava carregada de raiva. Não, não era de raiva, ela ponderou. Era de dor.

— Responda, droga! — Ele a segurou pelos ombros. — Você o ama, Dulce?

Ela fechou os olhos e cuidadosamente depositou a chaleira sobre a tampa do fogão.

— Vá embora! — ela disse, a voz embargada. — Se tem um pingo de dignidade, Chris, por favor, vá embora!

Ainda segurando-a pelos ombros, ele fez Dulce virar-se na direção dele e fitou-a intensamente.

Ele também emagrecera; ela percebia os ossos malares mais pronunciados, os olhos mais fundos.

As lágrimas vieram aos olhos de Dulce. Por favor, ela implorou em sua prece, por favor, Deus, não faça isso comigo.

Mas era tarde demais. Seu coração solitário latejava a verdade nua e crua: amava Chris e iria adorá-lo para sempre.

Chris viu as lágrimas, viu os lábios rosados e trêmulos e sentiu o velho aperto no peito.

— Dulce? — ele- murmurou.

— Por favor. — Ela respirou fundo e fechou os olhos. — Vá embora daqui, por favor...

Ele segurou o rosto adorado entre as mãos, inclinou a cabeça e a beijou. Foi um beijo cheio de ternura, repleto do amor que há muito vinha acumulando em seu coração.

— Dulce — ele disse. — Eu amo você.

Ela abriu os olhos, surpresa.

— Se... se Derrick significa mais para você do que eu, então... desejarei a você toda a felicidade do mundo e sairei por aquela porta. — Ele respirou fundo. — Mas como posso acreditar que você o ama, depois de tudo que compartilhamos? Só quero crer que sou o único homem que você quer, o homem com quem quer passar o resto de seus dias.

As lágrimas correram pelo rosto de Dulce.

— Oh, Chris! Chris, eu o amo tanto! — Ela sorriu enquanto ele a abraçava. — Sempre amei você, apenas você. Será que você não percebe?

— Mas Derrick...

—A única coisa que compartilhei com Derrick foi este apartamento.

— Não estou entendendo. Você disse...

— Você disse. Você disse que ele era meu amante e eu deixei que pensasse isso. Mas ele sempre foi apenas um amigo maravilhoso. — Ela precisou tomar fôlego. — Nunca houve outro além de você, Chris. Você foi o primeiro homem que amei, o primeiro homem com quem fiz amor.

Chris a beijou apaixonadamente. Depois de um longo momento, ele afastou os lábios.

— Dulce, meu amor, você pode me perdoar? Creio que me apaixonei por você no primeiro instante em que a vi...

— No instante em que me atropelou, você quis dizer.

Ele sorriu e suspirou, para então voltar a abraçá-la.

— Céus, quando você me deixou, senti a vida escapar de minhas mãos.

— Jamais o deixarei novamente — ela sussurrou. — Jamais!

Eles se beijaram até que um latido os separou.

— Percebo que o abrigo conseguiu um bom lar para o Chapinha — comentou Chris, sorrindo. Ele então agachou-se e fez um carinho na orelha do bichinho.

— Não planejava ficar com ele — respondeu Dulce. — Sabia o que você sentia a respeito de gatos e cães e...

Ele ergueu-se e abraçou-a novamente.

— Sabe, estou pensando em redecorar meu apartamento. — Ele franziu a sobrancelha. — Mas precisarei de uma consultoria especializada. Quer dizer, não sei que tecido combina melhor com pêlos de cães e gatos.

Dulce sorriu e afagou o pescoço de Chris.

— Bem, está falando com a pessoa certa.

— Minha esposa é que dará a palavra final na decoração. Ela gosta de cores e precisa de uma oficina onde possa fazer suas jóias e...

Dulce sorriu.

— Tudo de que sua esposa precisa está bem aqui, ao alcance dela — ela suspirou, os lábios roçando na boca de Chris.

Ele a afagou nos cabelos.

— Se depender de mim, você não sairá de meus braços. Não quero correr o risco de perdê-la novamente. Eu a amarei para sempre, meu amor — ele prometeu.

E ela soube, sem duvidar, que aquela era a mais pura verdade.

FIM