Fanfic: Laços de Sangue 2 | Tema: Primeiro Amor
2022
Odeio acordar com a luz a entrar pelas frinjas das persianas. Odeio dormir tão pouco, já são nove horas e preciso preparar o trabalho que não consegui fazer ontem à noite. Levanto-me ligo a máquina do café e vou tomar um duche, era mesmo o que estava a precisar, nada melhor que um relaxado duche para acordar seguido de uma chávena de café. Sento-me ao balcão da ilha da cozinha para não correr o risco de adormecer no sofá, começo então a rever os emails e a escolher as obras e os artistas que poderei lançar no próximo domingo.
Como era habitual a minha mãe telefonava todos os domingos a tentar convencer-me a almoçar com eles mas a minha vida tinha mudado, já não era a criança que eles educaram, a minha prioridade já não era a felicidade da minha mãe, e repensando na minha vida acho que também não era a minha felicidade uma das minhas prioridades, sou dona de uma galeria de arte bem sussedida na capital, tenha uma vida economicamente boa, tenho amigos, boas relações e sexo.
Quando era apenas uma adolescente sempre me imaginei com trinta anos a beber um copo de vinho no sofá e a ler um bom livro, e aqui estou eu com trinta anos a viver sozinha, não diria que sou uma pessoa sem amor na minha vida, apenas não tenho o amor de um homem.
Acabo por inventar uma desculpa qualquer para me livrar do almoço de familia, consigo sentir a tristeza e a saudade na voz da minha mãe mas não consigo estar perto dela sem pensar que é a razão de eu estar a viver sozinha. O meu domingo acaba por se passar como a maioria deles, escolhi os artistas que quero para a minha próxima exposição, apontei na agenda para não esquecer de os contactar e deitei-me no sofá a ler o resto do meu livro de ontem e a beber um copo de vinho. Os meus trinta anos de sonho.
Normalmente costumo estar sempre em Viana do Castelo onde estou a abrir um café concerto, raramente preciso ir a Lisboa mas como é semana de preparação para a exposição tenho de estar presente, passo a segunda feira a despedir-me do meu afilhado, dos irmãos e do Afonso e do Gustavo, afinal de contas eram filhos da Elisa eram todos como se fossem meus sobrinhos. Passei por casa da minha mãe para estar um bocado com ela, sabia que não podia ficar muito tempo com o pretexto de não apanhar transito.
Ando na galeria ocupada quase sem tempo para contactar com o mundo real, organizar a exposição dos quadros, contratar o buffet, enviar convites, quando me dou conta a semana passa e tenho as minha amigas a bater-me à porta do escritório. Para minha admiração estão sozinhas.
- Então as crianças? E o Tiago e o Diogo?
- As crianças estão com as avós e os maridos estão num café qualquer, quem se importa, estamos aqui não vamos perder esta exposição por nada, e recebeste uma carta e tinhamos de a trazer.
- Sim concerteza não tinha só uma carta, e nunca vieram a Lisboa trazer o meu correio.
- Mas esta é importante!
A carta estendida na mão de Benedita e quando vejo o remetente era do Boris, diretamente da França, o meu coração parecia explodir, já não recebia uma carta dele desde 2009, quando abro para ver o que estava escrito sinto que os meus saltos já não aguentam o meu peso, este vestido está demasiado apertado e não consigo respirar.
- Ele vai casar!
- O quê? - Respondem as duas em sintonia que era o que eu mais adorava.
- O Boris vai casar! É um convite de casamento.
- Casar?
- Com quem?
- Ainda em Agosto tiveste com ele.
-Tive Elisa? Fui jantar a casa dos pais dele ele por acaso estava lá. Mal nos falamos. Vai casar com a namorada Benedita com a que tem um filho! Que lhe chama pai, que ele sente falta, quando está comigo no banco de trás do teu carro!
- Isso foi em 2015 Joana tens de esquecer esse verão.
- Aliás tens de o esquecer!
- Já deu para ver que ele seguiu em frente.
O meu corpo cai sobre o cadeirão e encontro conforto num abraço de grupo.
- Vamos sair! - É a melhor maneira que encontro de esquecer os meus problemas, pelo menos todos os que têm a ver com o Boris.
A música está uma merda, as pessoas estão todas a procura do mesmo, de sexo, é o que motiva os adultos hoje em dia, os meus amigos estão a divertir-se, pelo menos assim parece e eu estou na pista de dança a mexer os quadris que é o que me motiva a mim, sempre motivou aliás. Adoro sentir os olhares masculinos postos em mim, sentir-me desejada, quem não gosta. Mas quando se aproximam demasiado como agora afasto-me porque convenhamos que não é na discoteca que vais encontrar um pai para os teus filhos.
Autor(a): rainhadossonhos
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2015 Já não vejo o Boris há dois anos, e agora acabei com o meu namorado porque não consigo parar de ter sonhos com ele desde que soube que ele já não namora. Estou no bar dos escuteiros, como sempre todos os meses de Agosto, estou na caixa e vejo ele a aproximar-se com o resto da familia, os nosso melhores clientes. Cruzei-me com e ...
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