Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

Dulce me ligou pelo menos uma vez por dia durante a semana toda. Eu sempre estava com o celular na mão quando ela ligava e sempre fazia questão de ignorar todas as chamadas. Eu não queria conversar com ela, muito menos ouvir sua voz.

Meu trabalho que antes era algo maravilhoso, prazeroso e totalmente gratificante se tornou um verdadeiro inferno, um peso em minhas costas. Maite gritava comigo pelo telefone todos os dias, umas cinco vezes ao dia, sempre dizendo que nada estava saindo do jeito que ela queria - ou ela pensava assim - e obviamente a culpa era toda minha. Tudo bem, a culpa era realmente minha, mas não precisava gritar comigo, ainda temos tempo suficiente para arrumar as coisas que saíram erradas.

Naquela tarde de sexta-feira, enquanto nos falávamos pelo telefone eu senti que já estava no meu máximo. Eu estava cansada dos gritos, dos insultos, de tudo.

- Dulce já escreveu os votos dela? Ela já comprou o vestido né? Pelo amor de Deus, me diga que pelo pra ajeitar as coisas dela você está sendo útil. - Maite reclamou pelo telefone e eu fechei os olhos com força, segurando para não xingá-la.

Minha vontade era de gritar com aquela infeliz, falar tudo na cara dela, que a noiva dela esteve na minha cama, que ela era uma neurótica, doida. Aquele comportamento desenfreado dela passava todos os meus limites, ela estava uma pilha de nervos e descontava absolutamente tudo em mim. Gritar comigo tudo bem, até aceito, mas me chamar de inútil já é outra coisa.

- Dulce já comprou o vestido sim Maite. E não, ela ainda não escreveu os votos, mas e você querida, já escreveu os seus? - Perguntei, segurando a rispidez na voz.

- Ainda não escrevi.

- Então não fique cobrando dela. - Rebati. - E se você acha mesmo que eu sou tão inútil assim, por que não me demite? Por que não pede outro cerimonial? Eu largo meu cargo sem problema algum. - Maite ficou em silêncio por minutos incontáveis.

Eu simplesmente não acreditava que aquelas palavras haviam saído da minha boca, mas ao mesmo tempo, suspirava completamente aliviada por finalmente ter dito o que eu queria dizer há tempos.

- Me desculpe Anahi... Eu só... Eu... Estou nervosa. - Maite disse suspirando pesado e eu bufei, relaxando os ombros.

- Está tudo bem Maite, eu entendo o seu nervosismo, mas você precisa se acalmar. Ainda temos dois meses até o casamento, as coisas estão indo bem. Não perca a cabeça Maite.

- Eu não vou perder a cabeça, eu vou tentar, eu juro. - Ela disse.

- Tá, então vai tomar um cházinho e nós conversamos outro dia.

- Tá bom. Mas, ah, Anahi só mais uma coisa...

- O quê?

- Por que Dulce voltou pra Los Angeles?

A pergunta me pegou completamente de surpresa. Eu não tinha como responder aquilo, eu nem sabia que ela tinha saído de Nova York. Por que ela voltou para Los Angeles? Será que ela tinha alguns compromissos na cidade da fama?

- Ela me disse que tinha alguns compromissos. - Menti.

- Ah sim, mas ela não disse o que era?

- Não, mas logo ela volta. - Menti mais uma vez.

- Tudo bem, então, vou ligar pra ela. Não se esquece que eu quero provar meu vestido na sua presença mas não com ela e eu queria que você já fosse chamando as madrinhas e os pais dela pra prova das roupas, mas não se preocupe com isso por agora, ainda é cedo né? Acho que um mês antes do casamento dá.

- Dá sim. - Respondi.

- Ótimo, obrigada mesmo Anahi. E me desculpe de novo.

- Tá tudo bem Maite. Tchau. - Disse e desliguei o telefone.

Maite me pedindo desculpas, Dulce saindo de Nova York e eu tendo um encontro com Poncho, não sei o que mais foge do padrão. Mas pelo menos todas as opções são boas, exceto Dulce ter saído da cidade. Eu realmente não entendi o por que dela ter feito aquilo, mas também não ia ficar me preocupando, não era como se eu realmente fosse suas babá e nosso acordo não existia mais.

Me joguei no sofá da sala e fechei os olhos tentando me esquecer por um curto espaço de tempo que tinha que me encontrar com Poncho aquela noite. Sendo muito sincera eu realmente não queria. Eu não estava nem um pouco a fim de sair de casa e ainda mais ter que ficar de sala pra ele, que estava dando em cima de mim descaradamente. Depois de eu ter "terminado" com Dulce, eu só queria paz e mais ninguém na minha vida.

Fiquei ali, sentadinha meditando, respirando fundo e deixando que o universo ou sei lá o quê agisse sobre mim, fazendo com que a positividade entrasse e a negatividade saísse junto com a minha respiração profunda. Depois de uns vinte minutos, quando abri os olhos eu realmente me sentia mais leve.

Tomei um banho rápido e coloquei um vestido preto básico, torcendo para que Poncho não quisesse ir para nenhum lugar muito badalado. Eu não estava nem um pouco afim de me arrumar pra sair com ele. Então só passe o básico da maquiagem, me olhei no espelho e respirei fundo, tentando me preparar melhor para esse encontro. Soltei um suspiro, talvez eu devesse ligar pra ele e cancelar tudo.

Naquele exato momento meu celular tocou e eu levei um susto. Saí correndo do banheiro e fui atender, de primeira achei que fosse Dulce, eu queria saber por que ela tinha saído de Nova York. Mas não era ela, era o Poncho.

- Oi Poncho.

- Mas que animação em falar comigo. - Ele riu. - Está tudo bem por aí?

- Tudo mais do que maravilhoso, por que não estaria?

- Só estou tentando manter uma conversa cordial pelo telefone. Vou perguntar a mesma coisa quando te ver e assim vai, é o código social, você sabe. - Abri um sorriso e revirei os olhos.

- Eu sei bem sim, mas então, me ligou por que?

- Porque estou na sua porta. - Abri um sorriso e desliguei o telefone.