Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

Mais uma semana inteira havia se passado e eu não tinha nenhuma notícia de Dulce. Ela havia para de me ligar todos os dias e suas ligações passaram a ser mais raras e espaçadas. Eu queria atendê-la, mas sempre tinha algo mais forte que eu que me impedia. Talvez minha consciência quisesse me dar uma lição de moral ou algo do tipo.

Eu sabia que tinha que conversar com Dulce, não porque eu queria, mas sim por causa do casamento. Havia muita coisa pra ser planejado e ela tinha que me ajudar, nós ainda tínhamos muita coisa para fazer juntas. Ela tinha que trazer toda família para Nova York para que pudessem escolher as roupas da festa e tinha que fazer os votos, que eu tenho cem porcento de certeza que ela não conseguirá fazer sozinha.

Então ao invés de ligar pra ela ou pra Maite, resolvi pegar um táxi e ir até o Four Seasons. Se Dulce voltasse pra Nova York era naquele mesmo hotel que ela iria ficar, na mesma suíte, no mesmo andar.

Desci em frente ao Four Seasons e passei pelas portas giratórias, caminhando calmamente até a recepção. Normalmente eu passava direto por ali porque sabia exatamente onde Dulce estava, mas agora eu não fazia ideia se ela estava lá e só poderia saber perguntando.

- Oi. - Disse para uma das recepcionistas que sorriu pra mim. - Eu gostaria de saber se Dulce Maria está hospedada aqui. - Ela franziu a testa e negou com a cabeça.

- Não. - A mulher me respondeu. - Ela fez check out há duas semanas.

- Ela não fez reserva pra voltar?

- Sinto muito, mas não posso te dar essa informação. - Ela me mostrou um sorriso educado e tímido.

- Não tem problema algum falar pra mim, sou Anahi Portilla, a organizadora do casamento dela.

- Me desculpe, mas é política do hotel senhorita Portilla. Eu realmente não posso te dar essa informação.

- Tudo bem então, obrigada. - Mostrei-lhe um falso sorriso. - Volto quando a senhorita Saviñon estiver aqui.

- Tudo bem. - Ela sorriu de volta. 

Revirei os olhos ao sair daquele hotel e peguei outro táxi para voltar pra casa, sentindo que minha viagem fora completamente inútil. Eu não sabia muito bem o que fazer porque precisava da presença de Dulce para resolver o resto das coisas, já que tudo o que eu podia fazer sozinha eu havia feito. Eu não podia fazer mais nada, apenas esperar a boa vontade de Dulce em aparecer.

Me joguei no sofá ligando a televisão, procurando por alguma coisa legal pra assistir. Acabei deixando num canal de filmes antigos, em preto e branco e realmente não sei por que fiz essa estupidez. O filme era daqueles melosos e que não fazem bem algum.

- Mais eu te amo. - Dizia a protagonista.

- Então prove. - O mocinho rebateu.

- Mas que merda é essa... - Resmunguei mudando de canal.

Passei por todos os canais da minha tv por assinatura e não encontrei um sequer capaz de me agradar, até que percebi que o problema não era com a programação e sim comigo. Eu não estava com o mínimo saco para assistir histórias de amor ou programas humorísticos. Eu não queria estar trancafiada no meu apartamento assistindo televisão porque precisa esperar um certo ser voltar para Nova York. O problema era exclusivamente comigo.

Na verdade, o problema era Dulce.

Desliguei a televisão e me levantei. Peguei o celular dentro da bolsa e disquei o número dela, coloquei o celular no ouvido e fiquei esperando por um minuto inteiro, até cair na caixa postal. Liguei de novo logo em seguida e caiu na caixa postal outra vez.

- Oi, aqui é a Dulce. Não posso atender agora, deixe seu recado depois do bipe. - Dizia sua voz mecanizada e risonha na caixa postal.

- Escuta aqui sua estúpida: Onde é que você está? - Foi tudo o que eu disse e desliguei.

Liguei mais uma vez e depois mais uma vez e outra vez.

- Dulce, atende essa merda desse celular caramba! - Deixei mais um recado na caixa postal. - E volta logo pra Nova York!

Devo ter ligado no mínimo umas dez vezes. Como ela tinha coragem de me ignorar daquele jeito? Quando ela me ligava uma vez no dia ou três vezes na semana eu ignorava porque obviamente não era importante. Ela só queria jogar seu charme pra cima de mim. Mas eu liguei dez vezes em menos de meia hora, ela tinha que perceber que eu precisava falar com ela. Era importante.

Tudo bem, eu não precisava realmente falar com ela, mas eu queria. Com muita dificuldade e relutância fui convencendo a mim mesma de que eu sentia falta dela. E o pior de tudo, eu sentia falta do nosso maldito acordo, o que era muito irônico afinal fui eu quem quis terminar com tudo.

Talvez Dulce estivesse dizendo a verdade e só eu estivesse mesmo sendo envolvida. Talvez aquilo fosse para o melhor. Talvez ela tivesse percebido tudo e  fugiu para Los Angeles para que eu não sufocasse. Ou talvez, eu estivesse apenas sendo idiota mais uma vez.

Eu não queria ficar sem Dulce na minha vida, aquilo era fato. Mesmo depois do casamento, eu queria que nos mantivéssemos amigas ou algo do tipo. E eu queria que o nosso acordo continuasse até que o casamento acontecesse. Maite só tinha tempo pro trabalho e pros preparativos do casamento, eu não podia culpar Dulce por apenas querer uma mulher de verdade ao seu lado na cama. Mas por que diabos essa mulher tinha que ser logo eu? Por que eu não a deixei pegar uma prostituta qualquer?

Era uma mentira deslavada dizer que eu não estava envolvida, porque Dulce tinha se tornado uma amiga colorida. E por mais que eu não quisesse admitir, eu queria o nosso acordo de volta. Eu queria que Dulce voltasse pra Nova York, queria que ela voltasse pra mim e não queria que ela fosse embora nunca mais.