Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

O tempo corria como o vento. E quanto mais o tempo passava, mais afetada eu ficava. Eu tinha que confirmar bufê, fotógrafo, contratar DJ e equipe de filmagem, confirmar a entrega de convites para todos os convidados,confirmar a Igreja e o local de festa, confirmar decoração, confirmar floricultura e ainda havia milhões de tarefas a serem checadas e confirmada para que nada saísse errado no dia perfeito. 
Faltando pouco mais de um mês para o casamento, avisei a Dulce que ela precisava trazer os parente: mão, pai, madrinhas e damas de honra para escolherem as roupas do casamento. Ou seja, eu precisava estar lá na loja enquanto a mãe dela comprava o vestido, porque ela podia comprar algo inadequado ao estilo da festa ou preto que dá azar. Eu precisava estar lá também para garantir que o pai dela estivesse impecável e que os vestidos das madrinhas fossem todos iguais e feitos sob medida. E eu também precisava conferir os vestidos das daminhas de honra para que elas parecessem anjinhos caídos do céu.

- Você parou um minuto pra pensar no que isso significa? - Dulce me perguntou pelo telefone, falando sobre toda essa aventura de escolher a roupas dos seus parentes.

- Não, porque eu mal tenho tempo pra comer, imagina pensar. - Respondi rindo.

- Na minha opinião você come bem, muito bem pra ser mais específica. - Dulce disse num tom malicioso e eu ri negando com a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia me ver.

- Garota, você não tem jeito...

- Pois é, acho que não tenho mesmo não. - Ela riu. - Mas enfim, como você se sente sabendo que vai conhecer meus pais, minha familia inteira e as minhas melhores amigas?

- Eu estou normal Dulce. - Respondi dando de ombros. - Eu deveria me sentir de outra forma?

- Ah, eu só estava curiosa mesmo. Eles vão vir na sexta a tarde então deixe um espacinho na sua agenda pra isso e de noite também, se puder... Estou com saudades. - Ela disse num tom manhoso e eu ri assentido.

- Tudo bem Maria. Vou fazer esse sacrifício por você. - Respondi e desliguei o telefone.

Dessa vez a semana não se arrastou como sempre fazia quando Dulce e eu marcávamos de nos encontrar. Na verdade, a semana voou. A semana passou num piscar de olhos e quando eu dei por mim já era sexta feira e eu tinha que almoçar correndo em algum lugar que vendesse pizza por um preço bem barato. Quase não dei conta de toda a latinha de refrigerante por estar tão apressada. Deixei uma gorjeta na mesa e saí correndo, procurando um táxi que me levasse à Quinta Avenida, na loja da Dior, que foi onde marcamos de nos encontrar.

Eu não estava muito longe de lá. O taxista demorou poucos minutos pra chegar onde eu havia lhe pedido e eu desci do carro antes do necessário, literalmente correndo até a loja para não chegar atrasada. Assim que entrei, completamente sem fôlego, os vendedores nem olharam direito pra mim. Caminhei para dentro da loja, para a parte privativa onde ficavam os provadores mais sofisticados para a elite nova iorquina. Vi um grupinho de pessoas e caminhei até lá assim que vi Dulce acenando e sorrindo pra mim.

- Você está atrasada senhorita Portilla. - Ela disse com voz rouca e séria.

- Eu sei, me desculpa! - Disse tirando a bolsa do ombro e colocando em um lugar livre num daqueles sofás em frente ao espelho.

- Está tudo bem, estou brincando contigo. - Dulce riu e revirou os olhos. - Vem cá, deixa eu te apresentar pra todo mundo.

Dulce me puxou pelo braço e me levou aos seus familiares mais importantes. Conheci seu pai, Fernando e suas duas irmãs: Blanca e Claudia. Conheci as amigas dela também, que seriam as madrinhas, Zoraida e Paty. Dulce me apresentou a algumas amigas de infância e por fim me apresentou a sua mãe, Blanca.

Uma das coisas que mais me impressionou na família de Dulce foi o quanto todos eles são humildes. Dulce era famosa no mundo todo e tinha dinheiro pra alimentar um país inteiro, mas suas família era simpática e atenciosa. Todos ali eram doces e tinham Dulce como uma pessoa especial e a aceitavam sem um pingo de julgamento. Ninguém me tratou como se eu fosse empregada ou algum tipo de ser inferior, como já aconteceu algumas vezes em alguns casamentos que planejei. Todos me trataram mais do que bem, até melhor do que eu imaginei que tratariam.

- Any, eu queria te perguntar uma coisa. - Dulce chamou a minha atenção.

- Pode pergunta meu anjo. - Respondi no mesmo tom carinho que ela usara, esquecendo até que estávamos no meio da sua família.

- Eu tenho que ter quantas madrinhas?

- O número tradicional é quatro, mas você que decide. - Respondi.

Ela me encarou com as sobrancelhas franzidas, mas negou com a cabeça. Me afastei rapidamente porque percebi que uma vendedora havia se aproximado. Eu pedi para que ela trouxesse modelos de vestido, para a mãe, as irmãs, as amigas e as madrinhas da noiva e terno para o pai. Era uma mulherada que só. Ela marcou num ipad a medida de todo mundo e entrou por uma porta, sumindo de vista.

- Acho que vou ter três madrinhas. - Dulce me puxou parecendo confusa. - Zora, Paty e a Fuzz. Mas a Fuzz só vai vir aqui na loja outro dia, hoje ela tinha compromisso.

- Não precisa se preocupar com isso. - Eu disse. - A única regra é que você e Maite precisam ter o mesmo número de madrinhas, já que optaram por não ter padrinhos. Vocês duas tem que escolher uma das madrinhas para ser a mais importante de cada uma e elas serão as damas de honra.

- Mas a Regina vai ser minha dama de honra. - Ela disse frustrada. 

- A irmã da Zoraida vai ser sua daminha de honra Dulce. É diferente. - Expliquei.

- Ah, isso é tudo muito confuso, será que ainda tenho tempo pra desistir? - Ela disse e eu dei risada negando com a cabeça.

- Se você desistir agora, eu vou te dar um tapa muito bem dado. Eu não trabalhei que nem uma escrava fugindo do troco por nada meu amor.

Dulce riu e revirou os olhos pra mim, se afastando e indo em direção as amigas.