Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

A mãe dela, Blanca cutucou meu ombro e se aproximou de mim. Eu a encarei e sorri. Talvez ela precisasse de algo, Blanca sorriu de volta pra mim.

- Então, eu escutei suas conversa com Dulce. - Ela disse.

Automaticamente minhas bochechas esquentaram e eu me senti completamente envergonhada. Nós não falamos nada de revelador ou chocante que pudesse trazer a tona a nossa verdadeira condição de relacionamento, mas saber que a mãe de Dulce estava nos espionando era assustador.

- Hum, é. - Disse tentando relaxar a expressão. - E qual é o problema?

- Não tem nenhum problema querida. - Ela riu pousando a mão em meu braço. - Mas eu percebi que Dulce está um tanto quanto... indecisa.

Aquilo me pegou em completa surpresa, então tudo o que eu pude fazer depois de deixar escapar uma careta foi negar com veemência e tentar argumentar o contrário. Mas quem eu era para discutir com a mãe de Dulce? Ela conhecia a filha melhor do eu ou qualquer pessoa.

- Eu não acho que ela esteja indecisa senhora Saviñon.

- Por favor me chame de Blanca. E sim, eu acho que ela está indecisa, insegura. Eu disse a ela que estava casando cedo demais com essa menina, não que eu seja preconceituosa, mas Dulce é muito nova... Mas ela não quis me ouvir. E se ela está feliz, eu também estou. Mas é que, eu acho que as vezes, ela não me parece extremamente feliz, me entende?

Assenti porque eu entendia o que ela estava dizendo, eu havia reparado naquilo no primeiro dia que encontrei Dulce. Ela não estava apaixonada, essa era a verdade. Ela podia sim amar Maite, porque depois de tanto tempo convivendo com alguém, os sentimentos surgem, mas ela não estava apaixonada por ela. Eu tinha certeza.

- Blanca, eu realmente espero que não diga isso pra ela... - Eu pausei, mas ela assentiu com veemência me fazendo continuar. - Mas logo no primeiro dia em que a conheci, achei que ela não estava pronta pra casar. - Ela arregalou os olhos e me fitou boquiaberta, tirando a mão do meu braço e parecendo realmente ofendida. - Eu não estou dizendo que ela é nova ou imatura demais ou que não tem responsabilidade pra isso, não tem a ver com isso. - Logo tratei de me corrigir. - Eu só acho que... O amor, aquele amor que pega fogo apagou no relacionamento delas. Ela pode até amar Maite, mas não é realmente apaixonada por ela.

Blanca ficou calada por uns bons segundos, parecendo refletir o que eu acabara de dizer.

- Eu acho que... que você tem razão. - Ela disse suspirando. - Eu só não quero ver a minha menina sendo infeliz. Eu não quero que ela tenha um casamento curto ou se case por pressão. Mas eu acho que ela sabe o que faz, ela já é adulta o suficiente pra isso. - Eu assenti concordando com ela.

- Eu nunca disse nada sobre a minha opinião pra ela, porque eu não quero que ela comece a duvidar do que escolheu pra si. De qualquer maneira Dulce já sabe muito bem o que faz. - Dei de ombros e Blanca assentiu de novo, sorrindo pra mim.

- Obrigada por conversar comigo sobre isso, achei que fosse a única a pensar assim.

- Imagina, não há de quê mesmo. - Sorri de volta pra ela. - Se quiser conversar mais sobre isso ou sobre qualquer coisa, estou disponível. Meu trabalho é fazer com que esse casamento dê certo.

- Você está trabalhando muito bem Anahi.

- Muito obrigada Blanca, de verdade, é muito bom ouvir isso. - Nos afastamos depois disso e caminhamos para lados diferentes.

Dulce estava sentada sozinha no sofá e me chamou para sentar ao seu lado. Todos os seus familiares ocuparam os outros sofás vagos, esperando a vendedora trazer os vestidos e ternos disponíveis. Demorou alguns minutos, mas a vendedora trouxe tudo com a ajuda de três assistentes.

Todos foram para os provadores e saíram de lá impecáveis. A Sra. Blanca se apaixonou pelo primeiro vestido que experimentou, mas Fernando demorou mais um tempo para escolher um terno. Cláudia e Blanca  ficaram elegantes demais e a pequena Regina ficou fofinha demais em sua roupa. Na vez das madrinhas, Dulce escolheu azul como a cor de sua preferência para os vestidos. Zoraida e Paty tiveram de encomendar vestidos que estavam na loja mas não era de suas medidas e teriam de fazer reajustes, mesmo assim estava encantadas com os vestidos.

Eu batia palmas e ria quando cada um da família de Dulce desfilava na frente do espelho, fazendo caretas e brincadeiras. Dulce, sentada do meu lado, também ria e muito. Ela acabou colocando o braço em volta do meu ombro, mas eu logo a empurrei mostrando-lhe um sorriso sem graça e um olhar repreensivo.

A vendedora por fim me ofereceu um vestido vermelho e apontou os provadores.

- Mas eu não vou provar nada hoje. - Afirmei.

- Ah vai. Você vai sim! - Dulce disse pegando o vestido da mão da vendedora e me entregando. - Eu separei esse vestido especialmente pra você enquanto não chegava, espero que goste.

Eu arregalei os olhos e encarei o vestido novamente. Era bonito demais pra mim. Era chique demais para o evento. Não que eu não pudesse usar vestidos finos em um casamento, as vezes as noivas até me mandavam usar um desse porque não me queria andando de terninho pela festa. Mas ainda assim eu não podia experimentar aquele vestido. Era Dior.

- Dulce, eu... - Neguei com a cabeça mas ela me fez pega o vestido e me empurrou até os provadores.

Ela praticamente me jogou dentro de uma das cabines e disse bem baixinho:

- Se você não vestir isso agora, eu vou aí dentro tirar o seu vestido e colocar esse em você.

Senti um arrepio por todo o meu corpo e tive uma vontade louca de desafiá-la, mas eu sabia que não podia. Nós estávamos no meio de pessoas que eram importantes na vida de Dulce e eu não podia agir impulsivamente daquela maneira. Então eu assenti e fechei a cortina.

Assim que eu coloquei o vestido meu queixo caiu. Eu queria mesmo comprá-lo e guardá-lo num lugar especial do meu guarda-roupa, porque era maravilhoso. Procurei pela etiqueta por baixo do tecido e quase engasguei com a saliva. Aquele vestido custava mais de um mês do meu salário. Pra poder comprar eu teria de ficar um mês sem comer e pagas as contas. Saí da cabine com um sorriso triste, ignorando o fato de que eu realmente queria levar aquele vestido pra casa. Meu sorriso se desmanchou na mesma honra quando eu vi quem estava me esperando do lado de fora conversando com Dulce e Blanca.

- Poncho? Mãe? - Perguntei fitando os dois. - O que vocês estão fazendo aqui?

- Só estamos checando seus afazeres meu bebê. - Disse minha mãe Marichello.

Eu quis voar no pescoço dela. Na verdade eu quis voar no pescoço do Poncho, porque ele sabia que eu estaria na Dior hoje, provando roupas com os parentes de Dulce. E ele havia contado pra minha mãe só para que ela aparecesse e me atormentasse mais.

- Está tudo muito certo, mãe. Você já pode ir embora. - Eu disse bufando.

Caminhei com passos firmes até o espelho na frente dos sofás e quase tive um treco. Aquele vestido era maravilhoso, mas era demais pra mim. Eu nunca poderia ir a um casamento que eu estava organizando com um vestido daqueles.

- Você está linda querida. - Minha mãe disse, muito perto de mim.

- Obrigada mãe. - Disse sem muita convicção.

- Viu? - Dulce se aproximou de mim com um sorriso enorme e os olhos brilhando. - Eu disse que esse vestido ia ficar perfeito em você. - Acabei rindo e assentindo.

- É muito lindo mesmo. - Disse alisando o tecido macio.

- É perfeito em você Any. Perfeito! - Dulce repetiu sorrindo. Eu sorri pra ela e abaixei a cabeça tentando não olhá-la de forma sugestiva.

Dulce pareceu perceber que aquela havia sido a fala errada no momento errado e na frente de pessoas mais erradas ainda. Ela deu um sorriso envergonhado, levantou os ombros e saiu de perto.

- Eu estava conversando com a mãe dela e ela me disse que vocês duas concordam que Dulce não está pronta. Eu tiver que fazer um carão e dizer que isso era um grande besteira dela. - Minha mãe me encarou de um jeito mais do que furioso.  - E é isso que você vai dizer se ela perguntar algo do tipo novamente.

- Tá mãe. - Assenti e revirei os olhos.

- Você acha que isso aqui é algum tipo de brincadeira de boneca Anahi? - Ela me perguntou séria.

Voltei meu olhar para o espelho e engoli seco, eu não queria começar um briga ali. Vi pelo canto do olho que Poncho me encarava com um sorriso de admiração nos olhos e eu contive um sorriso bobo. 

- Eu sei que isso não é brincadeira mãe. - Respondi seca. - Eu estou trabalhando.

Minha mãe se aproximou de mim e me puxou para um abraço frio, sorrindo forçado pra poder sussurrar em meu ouvido.

- Então faça seu trabalho direito ou não o faça de forma alguma. 

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Mais capítulos amores. Fiquem a vontade pra comentar. hihi. *-*

ajmaterazzi: Anahi é tão mais racional que a Dulce, nessa web a Dulce é mais despreocupada. Mas nossa Any já está começando a se envolver. Postado. :)