Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

Tentei de todas as formas disfarçar o fiasco que havia sido ter esbarrado na minha mãe na loja da Dior. Também tentei esquecer que ela e Poncho estavam me rodeando conferindo umas quatro vezes todo o trabalho que eu já tinha feito até ali. Eu tentei esquecer tudo isso porque só de pensar na minha mãe eu ficava estressada. Quando ela cismava de acabar com o meu trabalho, ela conseguia.

O vestido vermelho e maravilhoso que Dulce me fez provar, eu tive que deixar na loja. Eu não tinha dinheiro o suficiente pra comprá-lo, mas se tivesse eu levaria só pra provocar a minha mãe. E naquele dia eu fui embora muito mais cedo do que o combinado, deixando todos os meus compromisso de lado, o que só meu deu dor de cabeça no dia seguinte.

Dulce me ligou mas eu não atendi. Eu não queria conversar com ela porque sabia que seria pior. Uma parte de mim realmente concordava com a minha mãe e eu não venho fazendo meu trabalho do jeito certo. Aquela era a primeira vez que eu fazia as coisas do jeito errado, mas também era a a primeira vez em que eu me sentia viva de verdade. Dulce me fazia bem e isso era um fato. Mas eu tenho que pensar no meu trabalho em primeiro lugar.

Pode-se dizer que eu voltei pra estava zero. Eu ainda estava indecisa sobre o que fazer. Dulce queria que eu continuasse com ela, mas eu sabia que não devia, na verdade, eu sempre soube que não devia porque era imoral, mostrava uma grande falta de princípios tanto minha quanto dela. Traição, eu estava ficando maluca ou o quê? Eu nunca traí ninguém antes disso e eu não deveria nem ter começado. Meu trabalho tinha que ser mais importante do que uma atração sexual passageira.

Assim, eu resolvi que agora o meu trabalho será o meu amante.

Passado dois dias depois do fiasco na loja o meu celular tocou. Era um número desconhecido e isso me deixou apreensiva. Eu estava em casa, assistindo Friends sem preparação alguma pra encarar alguma boba que qualquer pessoa resolvesse me tacar, mas atendi mesmo assim. Sendo quem eu era, não podia me dar ao luxo de não atender o celular.

- Anahi? - Disse uma voz feminina familiar do outro lado.

- Ela mesma.

- Oi, aqui é a Blanca, mãe de Dulce. - Arqueei minhas sobrancelhas no mesmo instante.

- Oi Blanca. Como você conseguiu o meu número?

- A Dulce me passou, espero que não se importe.

- Ah, claro que não. Eu mesma lhe disse para me ligar caso tivesse algum problema. - Suspirei. - Então, o que aconteceu? Seu vestido não ficou bom? Alguém não recebeu os convites?

- Pra falar a verdade, eu queria conversar com você em particular. O mais rápido possível. - Meus olhos se fecharam e eu senti uma dor de cabeça bem no fundo da minha mente.

- É sobre o casamento? - Perguntei.

- É.

- Hum, é claro que podemos conversar. Você quer se encontrar em algum lugar?

- Sim, eu ainda estou na cidade então é só me dizer o endereço e eu estarei lá.

- Que tal Delicatassen na esquina da rua 34? Estou indo pra lá agora e te espero.

- Sem problemas, estarei lá em alguns minutos.

- Ok. Vejo você lá. - Suspirei e desliguei o telefone.

Eu me levantei do sofá soltando fumaça pelas orelhas, porque eu já tinha uma leve ideia sobre o que Blanca queria conversar comigo.  " Eu estava conversando com mãe de Dulce e ela disse que você duas concordaram que ela não está pronta. Eu disse pra ela que é besteira e é isso que você vai dizer se ela tocar no assunto novamente. " Eu sabia que era a minha vez de negar essa história e fazer com que Blanca acreditasse que Dulce está mais do que pronta pra casar. Ela é a mãe dela e se lhe dissesse qualquer mínima coisa ia ter uma influência enorme no rumo daquele casamento. Portanto se ela acreditar que a filha está pronta e vai viver um conto de fadas, não influenciaria em nada.

Saí de casa trancando tudo e andei um pouco até chegar na esquina da rua 34, onde eu tinha marcado com Blanca. Era um lugar pequeno e movimentado, assim ninguém escutaria  a nossa conversa por conta do barulho de gente entrando e saindo o tempo todo. Sentei numa mesa qualquer e a esperei chegar.

Blanca não demorou muito. Ela logo entrou na Delicatessen, envolta por muitos casacos de orelha a orelha. Eu lhe dei um abraço rápido e nós nos sentamos na nossa mesa.

Uma das poucas garçonetes do lugar pegou nosso pedido sumiu no caixa.

- Então como você está? - Perguntei.

- Estou bem e você? - Blanca respondeu.

- Estou ótima. Mas me diga, qual é o problema. Por que você quis falar comigo? - Perguntei indo direto pro assunto.

Os croissants e nossos cafés chegaram naquele mesmo instante e Blanca me deixou sem resposta até a garçonete sair da nossa mesa. Assim que a garota voltou pro caixa, Blanca me encarou e me mandou mais um de seus sorrisos.

- É sobre... - Ela fez uma pausa e olhou pros lados, se certificando que ninguém ouviria. - É sobre Maite. - Arqueei as sobrancelhas, feliz e chocada com o assunto.

- E o que tem de errado?

- Eu não a vejo faz um bom tempo e ontem a noite nós nos falamos por telefone e bom, ela parecia muito... - Blanca fez uma careta.

- Ela foi grossa com você? - Perguntei preocupada.

- Também. Ela simplesmente não parecia ela mesma, me entende? Maite sempre foi tão gentil comigo, um doce de menina com todo mundo e agora ela parece estar... Diferente.

- É, eu percebi. - Dei de ombros.

- O que tem de errado com ela? - Blanca me encarou como se eu tivesse todas as respostas do mundo.

- Provavelmente ela só está muito estressada com o casamento.

- Mas é você quem está cuidando de tudo e você mesma não está estressada! - Eu ri e neguei com a cabeça, tomando um gole do meu café antes de dizer algo.

- Sim, mas esse é o meu trabalho e eu estou acostumada com ele Blanca. A Maite está passando por uma mudança enorme em sua vida agora. Do nada, ela vai se casar e vai morar com a sua filha, logo elas vão adotar crianças e criar filhotinhos de Golden retrievers por todos os lados da casa. É uma grande mudança do estilo de vida que ela leva. Fora que dar uma festa para trezentas pessoas não é fácil. - Expliquei da melhor forma que consegui.

- Eu só tenho medo de que ela desista de tudo por conta desse estresse. - Blanca soava preocupada.

- Eu não acho que ela vá desistir. E bom, falando nisso... tem algo que eu quero te dizer.