Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

Aquele era o momento perfeito para fazer o que minha mãe tinha mandado pra estabelecer de uma vez por todas o meu trabalho como a minha prioridade. Era o momento em que eu mentia com a cara deslavada para o bem de todos.

- O que? - Blanca perguntou.

- Lembra que eu te disse que Dulce não estava pronta pra casar?

- Sim e eu concordei com você, na verdade, continuo concordando. - Ela assentiu.

- Eu mudei de ideia, pra falar a verdade Dulce está mais do que pronta.

Blanca me encarou com as sobrancelhas arqueadas e o queixo caído mas havia um brilho de satisfação em seus olhos como se aquilo fosse tudo que ela sempre quis ouvir. Eu devia ter mentido antes pra não ter formado nenhum dúvida nela, agora eu sabia o quanto aquilo fazia bem pra ela, afinal tudo o que Blanca queria era ver a filha feliz.

- Jura minha filha? - Ela perguntou.

- Juro. Maite está meio instável, mas Dulce está bem calma. Acho que agora ela viu como se prepara um casamento e viu como as coisas são na realidade, ela está se adaptando com tudo. Ela acalma a Maite quando fala com ela e isso mostra que ela tem cem porcento de certeza do que está fazendo. - Menti descaradamente.

- Isso é incrível. - Sorri feliz em saber que isso a fazia ficar feliz.

- Pelo o que estou vendo até agora, sua filha vai ser muito feliz com sua adorável noiva. - Confirmei.

Blanca se levantou da cadeira e me abraçou. Eu dei risada e também levantei para abraçá-la melhor. Eu não fazia ideia de como uma mentira podia fazer as pessoas tão felizes.

- Anahi, você é uma anjo. Muito obrigada por isso. - Ela agradeceu me abraçando ainda mais forte.

Eu retribui o abraço me sentindo meio mal por ter falado tanta merda, mas sorri e fingi que nada daquilo estava errado porque quando ela me soltasse,  precisava ver um sorriso verdadeiro em meu rosto e foi naquilo que eu me concentrei.

- Sem problemas Blanca. Você pode conversar comigo sobre isso quando quiser. Eu tenho experiência nisso e sei o que estou falando. - Eu lhe garanti.

- Eu tenho certeza que sim. - Blanca deu risada. - Muito obrigada de novo.

Depois desse momento, nós duas nos sentamos em nosso lugares, sorrindo uma para a outra. Eu terminei de comer meu croissant em um instante mas Blanca demorou um pouco. Assim que nós duas acabamos, pagamos a conta e saímos daquele lugar. Blanca me abraçou de novo, nós nos despedimos e eu esperei até que ela entrasse um táxi para poder ir pra casa.

Assim que cheguei em meu apartamento, tirei aquela roupa e coloquei o que eu tinha de mais confortável. Fiz pipoca e peguei barras e mais barras de chocolate. Assim que tudo estava pronto me joguei no sofá e coloquei o filme mais depressivo e romântico que achei disponível na netflix. Aquele era a minha noite de lamentações e ninguém iria me atrapalhar.

Quando meu celular tocou, dei pause no filme e o peguei em cima da mesa. Eu não olhei no visor pra ver quem era, eu só ia atender e dizer pra pessoa ligar depois porque eu não podia conversar com ninguém naquele momento.

- Alô. - Falei bufando.

- Ih, olha só quem está viva! - Dulce disse rindo do outro lado da linha. 

Rapidamente eu me ajeitei no sofá, como se ela pudesse me ver naquele estado deplorável.

- Oi Dulce. - Disse numa voz trêmula e calma.

- Oi Any. Achei que a gente podia se encontrar hoje, já que você fugiu de mim naquele dia na Dior. - Ela comentou e eu pude ouvir um sorriso em sua voz.

- Desculpa Dul, mas hoje não dá. Eu tenho planos. - Disse e encarei a minha televisão tristemente.

- Que planos?

- Eu tenho coisas pra fazer. - Respondi arrastadamente.

- Ah tudo bem, a gente deixa pra uma próxima. - Ela disse despreocupada.

- Pra falar a verdade, eu acho que a gente devia falar sobre isso porque eu realmente acho que não deveria haver uma próxima pra gente. - Soltei de uma vez só.

Dulce ficou em silêncio por alguns segundos pensando em minhas palavras.

- Por que? - Ela perguntou.

- A única razão de nós termos nos conhecido foi por causa do meu trabalho e é isso que eu vou fazer daqui pra frente: o meu trabalho. O nosso acordo não faz parte do meu trabalho e eu sinto muito mas vamos ter que cancelá-lo. - Suspirei.

Dulce ficou em silêncio por mais tempo. Fechei os olhos com força praguejando por estar fazendo aquilo por telefone. Eu estava terminando por telefone. Aquilo era ridículo. Mas eu sabia que se encontrasse Dulce seria pior, eu não ia acabar com isso se tivesse de dizer todas essas palavras olhando em seus olhos.

- Se é assim que você quer. - Dulce disse com a voz séria.

- É assim que eu quero.

- Então tá, tchau. - Ela desligando o telefone na minha cara.

Tirei o telefone da orelha e encarei o visor, me sentindo pior do que antes.

- Tchau Dulce. - Sussurrei.