Fanfic: Separadas pelo casamento | Tema: Portiñon

Eu não sabia por que estava tão surpresa por ter ficado sem ter notícia de Dulce por tantos dias. Afinal de contas, eu tinha escolhido sua saída. Fui eu quem disse que queria acabar com o acordo. Eu decidi que queria focar no meu trabalho. E quando eu a vi aparecer numa capa de revista abraçada com Maite, senti como se tivesse perdido o chão.

Era total e completamento insano. Eu e Dulce não éramos e nunca fomos realmente um casal, o casal de verdade naquela história eram as duas. E elas estava juntas, felizes, abraçadas, caminhando pela praia feito dois pombinhos apaixonados. A revistava contava sobre como o casamento de Dulce e Maite tinha tudo para ser o casamento da década. Eles mencionavam meu nome e o nome da minha família, o que pelo menos levantou a minha autoestima.

Eu nem tentei ligar para Dulce e ela também não me ligou. Agora que eu sabia que ela estava bem com Maite, as coisas pareciam piores. Eu me sentia completamente inútil, porque ela estava feliz. E sem precisar de mim.

Mas por que dinossauros Dulce precisaria de mim? Eu não era nada além da organizadora do seu casamento. Só iríamos conversar em situações importantes e necessárias e nada mais seria como antes. A nossa relação amigável e sexual era passado. Eu não podia mais tratá-la como se ela fosse uma amiga. Eu tinha que tratá-la como realmente sou paga para fazer, tratá-la como Dulce Maria Saviñon, a mulher que estava me pagando milhares de dólares para organizar a noite dos seus sonhos.

Eu parei de pensar nela por alguns dias e só fui me lembrar de que ela também fazia parte do meu trabalho quando o padre da Igreja St. Thomas me ligou, argumentando sobre fazer um casamento gay (felizmente ele era liberal e seguia a lei agora imposta) pedindo para que eu levasse as noivas até lá para que eles pudessem conversar. Então, eu resolvi voltar a me socializar. Liguei para Maite e a avisei, ao invés de ligar para Dulce, mandei-lhe uma mensagem.

Eu não pretendia ir para a Igreja, mas devia ser melhor aparecer por lá. Eu podia conversar com o padre sobre o local que ele não queria que fossem decorados e sobre suas preferências. Eu tinha que estar presente naquele momento, assim como em todos. Assim como na hora do casamento, na hora em que Dulce e Maite dissessem "SIM".

Eu me arrumei e comi alguma besteira antes de sair. Separei algumas coisas na bolsa, peguei as chaves, fechei as janelas, chequei se estava tudo bem e deliguei a televisão. Quando abri a porta para sair de casa, Dulce eme esperava do outro lado com o pulso erguido, uma expressão de ansiedade e pronta para bater na porta.

- Oi. - Eu disse surpresa.

- Oi. - Ela responde sem fôlego.

- Você está bem? Quer uma água? Parece meio sem fôlego.

- Eu subi de escada, o elevador do seu prédio quebrou então eu subi correndo. - Ela respondeu e eu assenti com a cabeça, abrindo a porta para que ela entrasse.

- Entra. - Disse num tom educado.

Era estranho tratar Dulce com aquela cordialidade invés do jeito amigável de sempre. Mas nós duas sabíamos exatamente  em que patamar nós estávamos e não tinha como mudar aquilo. Eu não mudaria de ideia de forma alguma, com nada do que ela dissesse, nem mesmo se ela usasse aqueles olhos lindos ou aquelas mãos macias, ou aquele lábios suaves ou aquela voz rouca, nada iria me fazer  desistir do que ei tinha em mente. Absolutamente nada.

- Você quer água? - Perguntei.

Dulce assentiu com a cabeça e eu fechei a porta atrás de mim. Corri até a cozinha e coloquei água em um copo. Trouxe de volta até ela na sala e esperei que bebesse. Dulce me devolveu o copo e ficou me encarando como se quisesse dizer alguma coisa, mas não sabia como. Eu engoli seco trezentas vezes antes de finalmente decidir colocar o copo na cozinha. Respirei fundo pra me preparar e voltei pra sala.

- Eu recebi a sua mensagem. - Ela disse.

- Que ótimo. - Sorri. - Então a gente pode ir?

- Pra falar a verdade, não. Precisamos conversar. - Dulce me encarou e eu gelei tentando permanecer séria. 

- A gente não tem nada pra conversar. Dulce. - Falei seca.

- É sobre o casamento.

Meus ombros se relaxar e eu pude voltar ao normal. Dulce não queria conversar sobre nós, e sim sobre ela e Maite. Tudo bem. Eu conseguia lidar com aquilo, eu tinha que lidar com aquilo. Eu tinha que aceitar, afinal, eu estava mesmo organizando o casamento das duas. Assenti com a cabeça e suspirei cruzando os braços.

- Tá e o que é? - Perguntei mantendo meu tom.

- Decidi que quero mudar meu vestido. - Ela respondeu.

Descruzei os braços com uma expressão indignada. Faltava um mês para o casamento e ela me fazia uma escolha dessas. Dulce estava ficando doida? Maite já devia ter escolhido o vestido dela também.  Mas até agora nada. E Dulce me começa com essa putaria. Quando eu olhei pra ela fuzilando-a com os olhos, Dulce me devolveu o olhar com inocência.

- O que foi? - Ela me perguntou toda inocente. - Eu quero mudar.

- A essa altura do campeonato Maria? Mas que porra! - Dulce revirou os olhos e ignorou meu último comentário.

- Amsale Bridal já está fazendo um especialmente pra mim, então não se preocupe. - Eu a encarei com os olhos semicerrados.

- Mas o que aconteceu com o vestido de Vera Wang?

- Eu não quero mais aquele. - Ela deu de ombros.