Já era mais de uma e meia da manhã e eu tentava ligar para a dona de um buffet. Eu tentei ligar mais cedo, mas ela me disse que só teria tempo para falar comigo num intervalo entre as festas que tinha para hoje. E lá estava eu, falando com ela no meio da festa, discutindo sobre a possibilidade dos funcionários irem para o Brasil.
- Brasil? Você está maluca? - Ela gritou do outro lado da linha.
- Minerva, você vai faturar mais do que nunca na vida, é o casamento de Dulce Maria Saviñon. - Disse insistindo naquela possibilidade.
Já era o quinto buffet que eu ligava e que rejeitava a proposta de um casamento no Brasil. Nenhum deles gostava da ideia de ter que transportar tanto material e tanta gente para outro país e a maioria estava com a agenda cheia. O que eu realmente não entendia já que aquele seria o casamento da década.
- Poderia ser o casamento do Príncipe Harry e mesmo assim eu não aceitaria. - Ela disse com firmeza e eu bufei. - Me desculpe, mas não tem como fazer isso em menos de três meses, ainda mais com essa quantidade de convidados.
- Ok Minerva, muito obrigada. - Disse finalizando a ligação.
Mais um buffet que eu risco do meu bloquinho. Respirei fundo e aproveitei para ler as outras coisas que eu deveria fazer. Eu tinha que sair com Dulce para que ela pudesse escolher o modelo dos convites, o carro para levá-la até a igreja e encomendar seu vestido. Eu mesma tinha marcado uma hora com Vera Wang. Não me pergunte como, mas eu consegui. Ela me disse que era só aparecer lá e que ela adoraria oferecer seus melhores vestidos para Dulce. Isso me fez dar cambalhotas de felicidade, afinal era menos uma preocupação para a minha cabeça.
Eu já tinha várias ideias e sugestões para o local do casamento. Providenciei todos os documentos de Dulce e Maite para o casamento no civil. Eu não tinha conversado com elas para saber como ficaria o nome de casada de cada uma, quem ficaria com o sobrenome de quem.
Enfim tinha sido uma semana completamente corrida. Aquele era sem sombra de dúvidas o trabalho mais complicado e estressante que eu já tive em toda a minha vida. Pensar no tanto de dinheiro que eu iria ganhar ajudava e muito, mas não aliviava o peso das minhas obrigações. Eu não estava dormindo e nem comendo direito, eu tinha tanta coisa para fazer e pensar que eu até esquecia de fazer essas coisas. Mas eu não podia reclamar porque eu precisava trabalhar, porque só assim eu consiguia desviar minha mente da minha vida pessoal.
Quando meu celular tocou, eu quase pulei da cadeira da mesa de jantar. Eu estava tão imersa nos meus pensamentos que eu havia esquecido que havia um mundo real fora da minha mente. Peguei meu Iphone e atendi sem ao menos ver quem é. Ninguém de importante me ligaria a quase uma e quarenta da manhã.
- Alô. - Atendi bufando.
- Mas por quê tão emburrada? - Disse a voz feminina do outro lado da linha. - A vida é bela Anahi.
Uni as sobrancelhas e tirei o celular do ouvido para ter certeza de que as minha suspeitas estavam certas. E sim, estavam. Aquela voz era de Dulce Maria. Por que diabos ela está me ligando a essa hora?
- Dulce? O que houve? - Perguntei com um súbito medo dela ter desistido de se casar.
- Eu tenho que falar com você. - Suspirei e comecei a fazer minhas preces para não ser nada de ruim, mas aquelas palavras sempre estragavam tudo. Já usei muito essa frase antes de terminar um namoro.
- Tá e onde quer me encontrar?
- Vem pro Empire States. Estou no observatório.
- Dulce o observatório fecha as duas da manhã.
- Então é melhor você correr. - Ela disse rindo e desligando na minha cara.
Maldita mulherzinha famosa que iria me render uma fortuna. Se esse trabalho não fosse me render tanto eu já teria o passado a outro cerimonial. Sai correndo do apartamento e corri para alcançar um táxi. Um taxista mais velho parou para me atender e eu mandei ele correr até o Empire States.