Fanfic: Atração Perigosa - Terminada | Tema: Vondy

— Essa é a parte que dói. — Murmurou, com os olhos fechados tentando regular a respiração. — Que horas são? — Christopher olhou o relógio de pulso.

— 12h46min — Respondeu sem entender e ela apanhou a prancheta nos pés da cama. Ele viu a mão tremula dela tentar anotar o horário. — Eu faço isso. — Ela assentiu, acariciando a barriga, ainda tinha a careta no rosto, mas a dor parecia diminuir.

— Pelo amor de Deus, eles não tinham que te dar uma anestesia ou algo assim? — Perguntou exasperado. Vê-la com dor o angustiava. Ela negou com a cabeça, pedindo um tempo com a mão. Alguns minutos depois ela respirou fundo, abrindo os olhos.

— Está passando. — O tranquilizou sorrindo.

— Me diga o que eu faço. — Pediu impotente.

— Fique aqui comigo. Sua presença me acalma — Admitiu, e ele assentiu apanhando a mão dela e beijando.

— Eu não sairei daqui um segundo. — Prometeu, ela o encarou quieta.

— Jura?— Perguntou, os olhos brilhando pelas lágrimas, ele podia muito bem ver que ela também estava assustada.

— Com a minha vida. — Respondeu e ela sorriu. Ele se inclinou selando os lábios dela, que em seguida voltou a andar.

Ainda havia muita água pela frente...

— Eu quero a minha mamãe. — A voz bravinha de María Laura ecoou no corredor. Christopher negou com a cabeça e Dulce sorriu de leve.

Havia entardecido. Dulce conseguira andar durante as contrações por seis horas, mas por fim não aguentou. A dor estava mais aguda, mais persistente. Já se passavam das cinco da tarde. Agora ela estava na cama, à cabeceira levemente inclinada.

— Hospital não é local de criança. — Disse cansado, olhando a menina em sua frente, María Laura parecia brava tinha as mãozinhas na cintura. A listinha com os horários crescera; agora as contrações estavam vindo de quatro em quatro minutos.

— Mas é minha mãe. — Disse enfezada, com as pequenas mãozinhas na cintura. Christopher viu Dulce prender a respiração de novo, levando o punho a boca. Ele olhou o relógio, anotando a hora. — Mamãe?

— Está tudo bem. — Christopher tranquilizou-a. María Laura o olhou e em seguida a expressão de dor no rosto de Dulce. Não parecia nada convencida.

— Vai passar. — Murmurou deitando a cabeça na cama, os olhos fechados.

— Vá ficar com seus tios lá fora. — María Laura olhou a mãe, angustiada. Dulce queria tranquilizar a menina, mas o aperto de aço em sua barriga tornava a opção impossível. Ela respirava as arfadas. O rosto pálido. — Eu vou chamar o Guto. — Decidiu tão angustiado quanto à filha. Dulce ia dizer não, mas Christopher já tinha tocado a campanhinha.

Maria Laura segurou a mão da mãe, que abriu os olhos virando o rosto para olhá-la. Viu a expressão de preocupação no rosto da menina e se obrigou a sorrir. Ela beijou a mão dela, fazendo carinho em seguida, não demorou nada e Gustavo apareceu. Era a enésima vez desde que ela chegara.

— Então? — Perguntou entrando.

— Acabaram de passar para quatro minutos. — Christopher disse apreensivo. Gustavo observou-a por um instante e assentiu. Dulce suspirou sentindo a contração começar a parar. Gustavo olhou o relógio de pulso assentindo parecendo fazer uma conta mental.

— Seis horas e quarenta minutos. Está em um bom tempo. — Disse parecendo satisfeito. Christopher que observava Dulce virou-se como se satanás tivesse chamado por ele.

— Bom tempo?! — Perguntou exasperado.

— Tem mulheres que passam por mais de vinte horas de contrações para conseguir chegar ao trabalho de parto. — Dulce levantou o olhar, os olhos arregalados, o rosto apavorado. — Fique calma. Você está mantendo um bom tempo, não deve demorar muito agora. — Ela deitou de novo. — Sente alguma tontura?

— Não. — Respondeu quieta. — Estou com sono. — Admitiu.

— Só sono?  — Ela assentiu. — Alguma dor na cabeça? — Ela negou. — Enjoo? — Ela negou com a cabeça de novo. — O sono é normal, pelo esforço, está te cansando. Escute, sua obstetra já está aqui. O anestesista e toda a equipe, eu vou acompanhar o parto. — Explicou.

— Christopher poderá ficar? — Perguntou observando-o.

— Seria divertido alguém tentar me impedir. — Christopher garantiu debochado.

— Vai. — Guto revirou os olhos e Dulce sorriu. — Suas contrações vão continuar diminuindo de tempo. Já estão de quatro em quatro minutos, e vai seguir diminuindo. Quando chegar de duas em duas, a obstetra vai vir aqui, vai te fazer um exame de toque e se você já tiver com dilatação suficiente vamos para sala de parto, tudo bem?

— E se eu não tiver? — Perguntou quieta.