Meu ânimo vai por água abaixo nos noventa minutos seguintes. Nem o comportamento
razoavelmente agradável que Angel adotou, não agindo como uma tremenda megera, ajuda.Até começo a pensar que talvez fosse uma boa ideia voltar para casa esta noite.
Uma hora depois, enquanto lavo o contêiner de limão fatiado no meu lado do bar, ainda estou ponderando as minhas opções, enquanto considero a probabilidade de sofrer de transtorno bipolar não diagnosticado. Um copo desliza sobre o balcão, bem na minha frente. Levanto os olhos e dou de cara com Angel, à minha direita, sorrindo, com outro copo na mão.
— Psiiiu — diz ela, dando uma piscadela. — Não conto se você não contar. Já está na hora de fechar mesmo. — Então ela tira uma nota de 10 dólares do bolso e a coloca sobre o balcão.Pelo menos ela está pagando.Em uma situação normal, eu recusaria educadamente. Mas uma dose para acalmar os nervos
e aliviar meus pensamentos conturbados parece uma boa ideia. Seco as mãos em uma toalha e pego o copo.
Angel ergue o seu e sorri.
— Salut! — exclama com um aceno de cabeça.
Eu repito o gesto, erguendo o meu copo também, e nós duas entornamos, de uma vez só. Não preciso perguntar qual era a bebida. A vodca desce queimando.Após um profundo e rouco “ahhh”, Angel sorri para mim.
— Vamos sair. Você parece estar precisando de uma noite de pura diversão.
Antes que eu possa responder, a voz de Alfonso nos interrompe.
— Anahí — chama ele da porta do escritório. — Não deixe de falar comigo antes de ir
embora. Preciso resolver algumas coisas com você.
— Tudo bem — respondo, sentindo o estômago se contrair com uma mistura de excitação,desejo e medo. Ele entra no escritório novamente e fecha a porta. Eu me viro para Angel. —Vamos deixar para uma próxima vez?
— Claro — responde ela em tom simpático. — Vou só acabar de arrumar as coisas e me mandar.
Ela volta para a sua ponta do bar e eu fico imaginando que, um dia, nós poderíamos de fato ser amigas.
Vai entender.
Eu fico enrolando um pouco, fazendo as coisas devagar o bastante para que Angel possa terminar antes da minha “reunião” com Alfonso.
— Acabei! — exclama ela, jogando a toalha dentro de um recipiente com desinfetante. —Bem, Any, estou saindo. Queria que você pudesse vir, mas o dever chama. — Ela inclina a cabeça em direção ao escritório de Alfonso e revira os olhos. Após pegar a bolsa na prateleira debaixo do balcão, Angel dá a volta para ficar em frente a mim, do outro lado do longo balcão preto. Ela pousa as mãos na superfície brilhante, inclina-se para a frente e lança um beijinho no ar. — Tchauzinho, amiga.
Ainda estou desconfiada enquanto observo Angel passar pela porta e sair na noite,balançando os dreads. Chego à conclusão de que uma mudança de personalidade tão drástica não pode ser algo normal.No instante em que a porta da frente se fecha,a porta do escritório de Alfonso se abre. Ele surge,com uma expressão inflexível e determinada. Com firmeza, ele atravessa o salão vazio e tranca as portas atrás de Angel.Por alguns segundos, toda a preocupação das últimas horas se desvanece, assim como o espaço que suas passadas largas devoram com facilidade. Fico hipnotizada só de olhar para ele, o modo como ele se movimenta. Suas pernas longas e musculosas se flexionam a cada passo. Sua bund*inha perfeita se desloca atrás dos bolsos de sua calça. Seus ombros largos são quadrados e retos acima da sua cintura sarada.
Então ele se vira, na minha direção.Acho que nunca vou deixar de notar o quanto ele é lindo. Acho que nunca vou deixar de ficar extasiada. Seus olhos penetram os meus.Eles não quebram o contato visual,enquanto Alfonso atravessa o salão novamente, desta vez na minha direção.Ele pula por cima do balcão, junto de mim. Sem uma palavra, ele se curva, me põe no ombro e me carrega até a saída na outra extremidade do bar.Meu coração está disparado quando ele passa pelo escritório e entra em seu apartamento, do outro lado. Meu corpo arde de desejo e expectativa pelo que está para acontecer, mas minha mente ainda abriga um pouco da dúvida e da insegurança que me atormentaram mais cedo.Estou considerando se devo dizer alguma coisa e ir para casa ou se devo simplesmente ignorar qualquer pensamento racional e ficar quando ele me põe de pé, no chão.Imediatamente, seus lábios cobrem os meus e todos os outros pensamentos desaparecem. Ele me empurra para trás,contra a porta da sala. Sinto o clique da porta se fechando atrás de mim.Ele toma as minhas mãos e ergue os meus braços acima da cabeça, prendendo os meus
pulsos com seus dedos longos de uma das mãos. Com a outra mão ele abre um caminho de fogo,descendo pela lateral do meu braço. Seu polegar roça o meu mamilo já intumescido e vai até minha barriga, por baixo da minha camiseta.Ele põe a mão aberta nas minhas costelas e a desliza até o cós da minha calça, que, por ser
largo, facilita sua mão deslizar para dentro da minha calcinha, para segurar minha bund*a.Ele me puxa contra si, roçando o quadril no meu enquanto chupa meu lábio inferior.
— Você tem ideia do quanto foi difícil deixá-la trabalhar esta noite? Sabendo que não podia tocá-la ou beijá-la ou sequer olhar para você? — sussurra ele ofegante na minha boca aberta. —Eu só pensava em você nua e nos gemidos que você solta quando enfio a língua em você.
Suas palavras fazem a parte inferior do meu ventre se encher de tesão e se contrair. Ele solta meus braços, mas em vez de afastá-lo, eu enfio os dedos em seu cabelo e aperto meus lábios nos dele. Sinto que ele tenta abrir o botão e o zíper da minha calça e a excitação toma conta do meu corpo.
— Foi há poucas horas e eu só consigo pensar no seu gosto, na sensação de tê-la nos meus braços. Quando você está tão excitada e tão pronta. Tão molhadinha — murmura ele na minha boca.
No instante em que meu desejo chega ao máximo, uma voz nos interrompe.
— Miguel? — É Mia, e ela está batendo na porta que dá para a garagem. Alfonso afasta os lábios dos meus e coloca o dedo na minha boca para que eu faça silêncio. — Miguel? — Ela bate novamente. — Eu sei que você está aí. A garagem está aberta e o seu carro está aqui.
Ouço Alfonso rosnar.
— Merda! Por que ela voltou? — sussurra ele.
Minha mente dispara. Embora eu saiba que Alfonso e Miguel são a mesma pessoa, o fato de Mia não saber pode representar um problema em momentos como este,principalmente porque ela não sabe o que rola entre mim e Alfonso.
— O que devemos fazer? Não podemos deixá-la descobrir tudo assim!
Alfonso suspira e inclina-se para trás, ajeitando o cabelo com a mão. Por sorte, seu estilo favorito é meio espetado e desgrenhado, e não fica evidente que os meus dedos andaram acariciando aqueles fios.
Meu corpo está ardendo de desejo, mas minha mente já está ligada na realidade.
— Bem, acho que a única coisa a fazer é fingir que estava fechando. Vou pensar em algo para dizer sobre Miguel.
— Certo — digo, ajeitando minha roupa e meu cabelo.
— Eu merecia um pontapé por ter aberto a porta da garagem tão cedo. Eu ia colocar o seu carro para dentro depois que Angel fosse embora. — Ele suspira novamente e balança a cabeça. Quando volta a olhar para mim, seus olhos estão embaçados e ardentes. — Mas ainda não terminamos — promete ele, ao inclinar-se para a frente para morder, de leve, o meu ombro.Um raio de eletricidade passa por todo o meu corpo e se fixa entre as minhas pernas. Ele sabe exatamente o que fazer e o que dizer para me deixar arrasada.
Merda.
E agora será que ele vai contar pra Mia?
Feliz día das mães pra mamães de vcs