Fanfic: um amor infernal{dyc}
Capítulo 1
Dulce Baker, ou Dul, como ela gostava de ser chamada, estava agachada entre dois carros estacionados em fila dupla, se escondendo e amaldiçoando o dia em que havia nascido.
Bom, na verdade, não, ela não amaldiçoava o dia que nascera. Ela nunca amaldiçoava, praguejava ou xingava. Boas moças católicas como ela não faziam esse tipo de coisa. Nem mesmo quando se encontravam numa situação que praticamente implorava por um bom palavrão!
Considerando que sua principal preocupação naquele momento era continuar viva e ilesa, ficar irritada com sua data de nascimento não fazia muito sentido. Ao invés disso, ela roia o pouco que restava de suas unhas, tentando decidir quem precisava mais de uma boa intervenção divina, ela ou Gastão.
Com toda a honestidade, se Dul decidisse se iniciar numa vida de xingamentos faria muito mais sentido começar amaldiçoando o dia em que Gastão Diestro tinha nascido, uma vez que era culpa dele os dois estarem naquela situação. Ou talvez amaldiçoar o dia em que ela fora estúp*ida o bastante para concordar em acompanhá-lo no meio de uma turba furiosa!
Um aumento no volume do caos à sua volta fez com ela arriscasse uma espiada por cima de um dos carros estacionados numa rua normalmente tranqüila em Garment District. Um prédio abandonado em chamas lhe permitia enxergar tudo com clareza, mas Dul não sabia ao certo se aquilo era uma boa coisa. O corpo de bombeiros anunciara que o fogo já estava controlado, e que não existia perigo de se espalhar, mas aquele era o único perigo que havia sido controlado, numa área de cinco quarteirões.
Figuras raivosas com vozes raivosas enchiam as ruas, desde quatro quadras atrás de Dul, até a pequena vila duas quadras à sua frente. Elas estavam protestando contra a mesma coisa que inúmeras pessoas vinham protestando nas últimas seis semanas: o inacreditável, surreal e altamente perturbador fato de que criaturas de histórias para assustar crianças de filmes de terror existiam de verdade! E provavelmente eram seus vizinhos.
Era bizarro demais para ser real, exceto pelo fato de que era real mesmo, e o mundo inteiro tinha visto as imagens que provavam. Menos de dois meses antes, uma conferência internacional foi exibida ao vivo em todas as principais redes de TV americanas, CNN, MSNBC, FOX News e, até onde Dul sabia, até pela Aljazeera e Rede Borneo, revelando que vampiros, bruxas, fadas, lobisomens, homens-gato, homens-urso e homens-sei-lá-o quê não apenas existiam, mas também eram eleitores. E além de tudo isso, vinham negociando secretamente nos últimos dois anos garantias para seus direitos civis com os governos humanos do mundo!
Aquilo tinha sido o equivalente da vida real da transmissão de "Guerra dos Mundos" de Orson Wells, e nada mais tinha sido o mesmo desde então. Na verdade, depois de tudo, a notícia de uma invasão alienígena não teria despertado o menor interesse dos nova-iorquinos.
Talvez sua mãe não estivesse tão errada, quando chamou a mudança de Dul de sua pacata cidadezinha do interior para a grande e perversa metrópole de "a descida de Dulce ao abismo do inferno". Mesmo que fosse só uma piada.
Mas naquele momento, estava próxima demais da realidade, pois a vizinhança ao redor de Dul mais parecia uma versão distorcida do inferno. Ou pelo menos de uma zona de guerra. Dul não ficaria nem um pouco surpresa de ver um tanque descendo a 7a Avenida naquela noite. De fato, ela até agradeceria. Soldados ajudavam vítimas civis em conflitos armados, não ajudavam?
Os protestantes nas ruas ao seu redor podiam ter começado armados com nada mais perigoso do que cartazes e slogans raivosos - o que para ela já eram perigosos o bastante - mas à medida que a noite caia, as cabeças ficaram cada vez mais quentes e Dul pensou ter visto várias armas improvisadas circulando pela multidão. A situação rapidamente se transformou num barril de pólvora prestes a explodir.
Autor(a): silksgt
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Capítulo 1 - 2ª parteDul levou uma das mãos até o pequeno crucifixo de ouro preso numa corrente que usava no pescoço, e se perguntou, pela milionésima vez naquela noite, como ela havia se metido naquela roubada?! "Vamos lá, Dul. É minha grande chance, eu posso sentir!Você precisa me ajudar!" A voz mel ...
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