Fanfic: Meus três namorados [Terminada]
- Chegaram! Eles chegaram! - exclamou Dulce na segunda-feira de manhã enquanto olhava pela janela do
galpão da recepção do acampamento.
Segui o olhar dela. Dois ônibus lotados entravam no estacionamento naquele exato instante. Dulce e eu
estávamos sentadas atrás de uma mesa, preparadas para listar as campistas quando chegassem, e Amir e Sacha
estavam sentados ao nosso lado para fazer o mesmo com os meninos. Jojo ficara do lado de fora, no
estacionamento, para receber as crianças e conduzi-las até a recepção. Com seus movimentos exagerados e
teatrais, parecia mais um guarda de trânsito.
- Espero que alguns dos campistas do ano passado tenham voltado neste ano - falei, dando uma olhada
atenta para ver se reconhecia alguém.
De repente uma horda de fedelhos entrou gritando no galpão. A maioria deles carregava mochilas coloridas
nas costas e falava mais rápido que um locutor de futebol.
- Anahí! Anahí! - ouvi uma voz excitada de menina chamar da porta.
Era Nikki Daniels, acompanhada de Jennifer Thomas e Olívia Puccini. As três tinham ficado na nossa
cabana no verão anterior. Nikki, uma garota robusta com longos cabelos castanhos, fora a líder do grupo. Jennifer
era uma menina bagunceira e palhaça de pele pálida e cabelos ruivos enroladinhos em compridos cachos
espiralados. Olívia, de origem italiana, com olhos escuros e amendoados e um elegante nariz romano, era a mais
sofisticada das três. Vieram direto na minha direção, e eu me ajoelhei e abracei todas ao mesmo tempo.
- Oi, meninas! Olhem só pra vocês! Acho que cresceram uns cinco anos de uma vez! - exclamei, feliz.
Nikki riu.
- Foi só um ano, Anahí. Agora a gente tem onze.
- Ah, bom! - falei. - Ainda bem, se não eu também ia estar cinco anos mais velha!
Todas riram contentes.
- Anahí, a viagem de ônibus foi horrível! - reclamou Jennifer, pondo a língua para fora numa careta.
- Ah é? Por quê? - perguntei.
- Porque o Albert Cohen sentou bem do meu lado e ficou jogando bolinhas de papel em mim o tempo
todo.
Olívia deu uma risadinha matreira.
- Ela gosta dele, Anahí - explicou.
- Eu não! - grunhiu Olívia. - Ele é que gosta de mim!
Sacha ficou de pé na mesa e colocou as mãos em concha ao redor da boca.
- Bem-vindos todos ao Acampamento Seneca Falls Meninas, façam a ficha ali com a Anahí e a Dulce.
Meninos, venham falar comigo e Amir.
- Garotas, preciso voltar ao trabalho. A gente se vê depois, tá bom? - falei, voltando para a mesa.
- Vocês vão dormir com a gente de novo neste ano? - perguntou Nikki, puxando a barra da minha
camiseta.
Balancei a cabeça.
- Infelizmente não.
- Ahhh ... - elas reclamaram em coro.
- Mas vamos comer juntas em todas as refeições - assegurei. - Não se preocupem. A gente vai se ver
tanto que até o final do verão vocês já vão estar cheias de mim.
Elas acenaram e foram embora, e eu me juntei a Dulce atrás da mesa. As crianças tinham formado
duas filas, e se empurravam e tagarelavam hiperexcitadas.
Voltei minha atenção para a primeira menina da fila e lhe dei um belo sorriso de boas-vindas.
- Oi! Eu sou Anahí, uma das monitoras sênior. Qual é o seu nome?
- Sandra Spelling - respondeu ela com uma voz entediada. - Tenho treze anos - concluiu, inflando as
bochechas e assoprando a franja loira que lhe caía na frente do rosto.
Percorri minha lista com o dedo.
- Tudo bem, Sandy, você está no quarto da Gina Alexander. Peguei um kit e uma agenda das atividades e
dei tudo a ela.
O kit continha sabonete, pasta dental, uma lanterninha e um mapa do acampamento.
- Isto aqui é a programação das suas atividades neste verão. Apontei para um canto do salão onde Gina,
uma das novas monitoras júnior, estava sentada. Gina era uma bela morena com covinhas no rosto e um enorme
sorriso.
- Aquela é a Gina. Ela vai levar vocês até o quarto.
- Obrigada - replicou Sandra secamente, enfiando o material na sua sacola de mão e indo embora com o
nariz empinado.
Balancei a cabeça e me concentrei na próxima campista.
- Oi! Bem-vinda ao Seneca Falls! - falei mais uma vez. Meia hora depois a fila já começava a desaparecer.
Dulce se inclinou na minha direção.
- Acho que o meu rosto vai rachar em dois de tanto sorrir - ela cochichou em meu ouvido.
- É, eu também - repliquei.
Imediatamente reparei em uma menininha encolhida num canto, sentada em cima que sua mochila e
parecendo à beira das lágrimas.
- Ops - falei, me levantando. - Dulce, você pode cuidar das duas filas por um minuto?
- Claro.
Atravessei a sala e me ajoelheiao lado da menina. Tinha longos cabelos castanhos, embaraçados e
amarrados com uma fita de cetim, e um belo par de úmidos olhos azuis.
- Dá um pouco de medo no começo, né? - perguntei, iniciando a conversa.
Os lábios da menina tremeram e uma lágrima rolou pelo seu rostinho.
- Eu quero ir pra casa - ela sussurrou. Coloquei um braço em volta de seus ombros.
- Sei como você se sente - continuei. - Na primeira vez em que fui a um acampamento de verão,
detestei. Escrevia cartas aos meus pais fingindo que estava me divertindo, mas na verdade sofria muito.
Ela piscou e olhou para mim com os olhos arregalados.
- Sofria?
Confirmei com um gesto de cabeça.
- Sofria. Até o dia em que decidi me dar uma chance. E no fim das contas acabei achando que o
acampamento não era tão ruim assim.
Ela me olhou desconfiada.
- Meu nome é Anahí - falei, me sentando no chão de pernas cruzadas. - Qual é o seu?
- Maureen - respondeu, rodando uma mecha de seu cabelo entre os dedos.
- E o que você gosta de fazer, Maureen? Ela encolheu os ombros e fez uma careta. - Eu estava na
peça de teatro da escola...
- Ei! Então você devia tentar participar da peça do acampamento. Tá vendo aquele cara sentado ali? -
perguntei, apontando para a mesa dos garotos - O nome dele é Amir. Vai ser o diretor da peça. Vou dizer a
ele pra ficar de olho em você.
Ela abriu um sorriso encantador.
- Tem uma peça aqui? Achei que o acampamento tinha só coisas da natureza.
- Tem de tudo aqui - respondi, me levantando. - Agora vamos lá, vamos registrar você.
O rosto de Maureen se iluminou, e ela ficou de pé num salto. Peguei na sua mão e a conduzi até a
mesa, onde lhe dei o kit do acampamento. Depois a levei até o grupo de Nádia Barnes, outra monitora
júnior.
- Nádia, esta aqui é a Maureen. Ela está na sua cabana. Acho que vai ser uma estrela da peça - falei,
piscando para a menininha.
- Oi, Maureen - cumprimentou Nádia, abrindo um caloroso sorriso e mostrando uma cadeira a seu
lado.
Quando voltei para a mesa, Dulce já estava terminando a última inscrição.
- Bom, parece que acabamos - disse ela, massageando o próprio ombro e alongando o pescoço. - Acho
que se tiver que dizer "bem-vinda ao Seneca Falls" mais uma vez, vou explodir.
Mas eu balancei a cabeça e apontei para a porta. Um novo grupo de crianças estava entrando no
galpão.
Dulce afundou a cabeça nas mãos.
- Ah, nãããão - resmungou.
Desci para a sede ao meio-dia, vestindo bermudas e camiseta por cima do meu maiô com o emblema do
Seneca Falls. Os monitores tinham de usar camisetas vermelhas nos workshops e maiôs do acampamento no lago.
A primeira sessão de natação estava programada para aquela tarde.
Fazia um dia lindo, e o perfume dos lilases pairava no ar. Delicadas flores azuis do campo enfeitavam o
caminho desde a saída da minha cabana. Me inclinei e colhi algumas, cantarolando enquanto andava pelo caminho
de terra até o galpão da sede.
De repente algo agarrou a minha coxa. Gritei e tentei me desvencilhar. Logo percebi que minha bermuda
ficara enganchada nos galhos mais baixos de uma árvore. Puxei a bermuda, mas só consegui enroscá-la ainda
mais. Me virei para analisar a situação.
A bermuda estava irremediavelmente agarrada ao galho. O único jeito era sair de dentro dela. E foi o que
fiz.
- Opa! Nada de strip-tease no bosque! - ressoou uma voz penetrante e familiar.
Vesti minha bermuda de volta rapidamente, desejando que a terra se abrisse e me engolisse. Era Alfonso.
Claro. O cara devia ter uma espécie de detector de situações embaraçosas. Toda vez que eu estava em uma delas,
podia contar que ele apareceria.
Alfonso se encostou numa árvore, com os braços cruzados à altura do peito e as pernas cruzadas nos
calcanhares.
- Ia perguntar se você queria dar uma volta, mas parece que está meio enroscada - ele disse, com um sorriso
irônico.
Sua fala era lenta e provocante, e os olhos brilhavam. Senti meu sangue começar a ferver de raiva e
frustração. Se estivesse livre, teria avançado nele.
Humilhada, puxei a bermuda com mais força. Mas meus esforços só pioraram as coisas: ouvi um
desesperador som de tecido rasgando.
- Ei, calma! - exclamou Alfonso, andando até mim.
Aquilo me agitou ainda mais. Não há pior remédio para a histeria do que alguém pedir para você se
acalmar.
Antes que eu pudesse detê-lo, Alfonso me segurou com as duas mãos e me fez parar de me remexer. Em
seguida desenroscou gentilmente minha bermuda do galho, e me liberou.
Eu estava furiosa. Me virei para encará-lo, pronta para dizer o que pensava dele e de suas aparições
inoportunas.
- Obrigada, mas não preciso da sua ajuda - disparei. Sou perfeitamente capaz de ...
- Não precisa me agradecer - interrompeu Alfonso, já indo ;embora. - Foi um prazer. Afinal de contas, pra
que servem os parceiros?
Quando já tinha andado alguns metros pelo caminho de terra à minha frente, ele acenou e piscou.
- Até mais tarde, Anahí! E vá pela sombra.
- É i-na-cre-di-tá-vel - desabafei na cozinha do acampamento depois do jantar, enquanto esfregava uma
panela com palha de aço. - Esse cara tem uma habilidade incrível pra aparecer no lugar errado na hora certa.
Presenciou todas as minhas situações embaraçosas e humilhações! Todas!
Dulce e eu tínhamos assumido a limpeza da cozinha durante aquela semana. Havia uma pilha de louça suja
que ia quase até o teto, e eu estava com os braços enfiados até os cotovelos numa pia cheia de água suja e sabão.
- Esse cara é o Alfonso, suponho - disse Dulce, lavando mais um prato e colocando-o no escorredor.
Afastei o cabelo da minha testa com a luva amarela cheia de espuma de sabão que eu estava usando.
Apesar de a cozinha ser enorme e arejada, com pé direito alto e grandes janelas, nunca fazia menos de trinta e
cinco graus ali. Havia um antigo aquecedor a carvão num canto e enormes panelas e frigideiras de cobre
penduradas nas vigas do teto.
- E quem mais poderia ser? - repliquei, agarrando na pilha de louça uma grande panela de ferro recoberta
de crostas de macarrão e queijo do almoço. - Deus me dê paciência! - continuei, enquanto mergulhava a panela na
água e a deixava afundar. - Primeiro ele se senta do meu lado no ônibus e fica ouvindo os meus sonhos...
Peguei a palha de aço e esfreguei violentamente a panela.
É mesmo - disse, soltando uma risadinha zombeteira ao se lembrar. - Aquela história do sonho com Christopher e
o "je t`aime".
Ela pegou um pano de prato e enxugou um punhado de talheres. Passei a panela sob o jato d`água da
torneira e a joguei na pia de enxágüe na frente de Dulce.
- Dulce, acho que você não está me levando a sério.
- Desculpe - ela disse. - Continue.
Dulce afundou a panela na pia algumas vezes e em seguida a enxugou.
Afundei cuidadosamente uma pilha de copos dentro da minha pia.
- Continuando: primeiro ele invade os meus sonhos; depois goza do meu cabelo...
- Bom, pra falar a verdade você parecia uma lunática quando saiu do ônibus - observou Dulce, me
interrompendo mais uma vez.
Ela se voltou e olhou de frente para mim.
- Aliás, você está perto de atingir o mesmo estado neste instante.
Eu sabia que sim. Podia sentir meu rosto grudando e meu cabelo se eriçando com a umidade da cozinha.
- Obrigada, companheira - retorqui, jogando um pouco de água nela.
Dulce pulou para trás, soltando um gritinho.
- Mas não foi só isso - prossegui. - Depois ele ainda me pegou no meio da dança do ovo...
Esfreguei os copos na pia com raiva, fazendo a espuma saltar pelos ares.
- Ei, cuidado! - exclamou Dulce quando a água com sabão caiu em seu short. - Lembre-se, somos uma
equipe de limpeza.
- Desculpe - falei, jogando na direção dela um pano de prato limpo.
Peguei dois pratos da pilha e suspirei. Não importava quanta louça lavássemos, a pilha não parecia
diminuir.
- E hoje ele me pegou com a bermuda enganchada numa árvore. O cara não me dá uma folga, Dulce! E vou
ter de passar todo o verão com ele! Vamos estar juntos o dia inteiro no lago para as aulas de natação, vamos estar
em dupla em todas as atividades noturnas do acampamento, e no tempo livre vamos planejar a gincana juntos.
Não vai dar pé!
Me virei e olhei para a minha amiga, esperando uma resposta. Ela tinha um sorrisinho matreiro estampado
nos lábios.
- Sabe o que eu acho? - perguntou.
- O quê?
- Acho que você gosta dele.
- O QUÊ!? - gritei. - Caramba, Dulce, você não ouviu nada do que eu acabei de dizer?
Dulce fez que sim com um gesto de cabeça.
- Cada palavra, Anahí. Cada palavra.
Autor(a): theangelanni
Este autor(a) escreve mais 24 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Na terça-feira à tarde desci correndo para o lago para ler a minha correspondência tranqüila e sozinha antes da próxima bateria de aulas de natação. Eu tinha passado na sede logo depois do almoço e ficara surpresa ao encontrar duas cartas no meu escaninho. Uma era um cartão de Maite, a outra era uma carta de Chris ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 136
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:08
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:07
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:07
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:06
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:05
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:04
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:04
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:03
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