Fanfics Brasil - Capitulo8: A garota mais sozinha do mundo Meus três namorados [Terminada]

Fanfic: Meus três namorados [Terminada]


Capítulo: Capitulo8: A garota mais sozinha do mundo

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Quando a sexta-feira finalmente chegou, eu estava exausta.


Percebi que minhas obrigações de monitora sênior eram ainda mais estafantes do que haviam sido as de


monitora júnior no ano anterior. Entre as aulas de natação, as de artes e as atividades noturnas, eu raramente tinha


um tempinho para mim mesma. Mas percebi também que estava gostando daquele ritmo de vida movimentado do


acampamento, sobretudo pela constante proximidade da natureza.


Quando cheguei ao lago na sexta-feira à tarde, Alfonso já estava na água com um grupo de meninos de dez


anos de idade, jogando pólo aquático. Tirei meu short e minha camiseta, ficando só de maiô, e andei


apressadamente até a margem.


O vento parecia pesado e denso, e soprava com força ao longo da praia. Acenei para Alfonso enquanto


caminhava pela areia na direção do píer, mas ele não me viu.


Observei-o dizendo algo aos garotos na água. Eles caíram na gargalhada e saíram nadando em grupo até a


linha das bóias. Eu me sentia cada vez mais impressionada com o quanto Alfonso era bom para lidar com os


meninos. Eles o adoravam e faziam tudo o que ele mandava. Começava a me dar conta de que Alfonso talvez não


fosse o babaca arrogante que me parecera quando o conhecera no ônibus. Na verdade era uma pessoa doce,


inteligente e divertida.


Pensei na nossa guerra aquática alguns dias antes naquela mesma semana, quando Alfonso dissera que eu era


defensiva. Será que eu realmente vivia em guarda? Será que eu empurrava as pessoas para longe de mim, de


maneira que elas não pudessem se aproximar muito? Não, não podia ser verdade. Se eu era tão bloqueada, então


como tinha conseguido manter uma relação duradoura com Christian? Mordi o lábio. Talvez me sentisse segura com


ele e nada mais. Talvez Christian nunca tivesse se aproximado muita da verdadeira Anahí, do meu eu mais profundo.


- Ok, meninos! - gritou Alfonso logo que me viu. - Nadem livremente por mais uns dois ou três minutos, e


então todo mundo pro deque.


Os garotos se animaram e começaram a brincar na água.


Alguns ficaram lançando a bola de pólo um para o outro, enquanto o resto apenas bagunçava, saltando nas


costas do companheiro que estivesse mais perto, ou tentando lhe dar um caldo, ou batendo mãos e pés e


espirrando enormes jatos d`água para todos os lados.


Continuei andando pela praia rumo ao píer, os olhos fixos em Alfonso.


Ele veio nadando também na direção do píer, e ao chegar se pendurou nas pranchas de madeira da beirada


para subir. A água escorria de seus cabelos escuros quando ele ficou de pé no deque, e seus olhos castanhos


cintilavam no rosto bronzeado. Por um instante minha única vontade foi pular em seus braços e cair junto com ele


na água. Então sacudi a cabeça. Era Alfonso quem estava ali, e não. Christian. Eu devia estar passando por algum sério


distúrbio afetivo para que aquelas idéias viessem à minha cabeça, talvez uma espécie de "síndrome do namorado


distante". Alfonso e eu éramos amigos, ponto.


- Me larga! - escutei um garoto gritar na parte rasa do lago... A agitação me fez sair dos meus devaneios e


voltar à realidade. - Eu cheguei primeiro! - gritou outro menino.


Os dois começaram a se jogar água e se agarrar com fúria.


Então vi Alfonso mergulhar de novo e nadar com braçadas longas e suaves até os garotos. Não. pude ouvir o


que ele lhes dizia, mas parecia estar conseguindo terminar com a briga entre os dois.


- Socorro! Socorra!


Fiquei alarmada ao ouvir aqueles novos gritos vindo da água. Olhei rapidamente pelo lago, à esquerda de


onde Alfonso se ocupava dos dois brigões, e vi um menino se debatendo desesperadamente depois da linha das


bóias. Ele espirrava água para todos os lados feito um louco, e já mostrava todos os clássicos sinais de pânico.


Corri como uma bala até o píer e mergulhei sem vacilar nem um segundo. Nadei com a cabeça para fora


d`água o mais rápido que pude, o tempo inteiro com os olhos fixos no menino. De repente seus braços se


estenderam para cima e afundaram. Meu coração saltou para a garganta.


- KEEEERRYYYY! - gritei.


Sem esperar que ele respondesse, tomei ar, prendi a respiração e nadei por baixo d`água até a linha das


bóias, procurando desesperadamente pelo menino, meus pulmões quase explodindo. Então o vi flutuando para


baixo, já perto do fundo arenoso. Era Danny Broderick. Icei o garoto rapidamente até a superfície e saí nadando


mais rápido que nunca, rebocando-o na direção do píer.


Quando chegamos, Alfonso já se dera conta do que ocorria, e nos esperava nervoso e completamente


desorientado. Ele ergueu Danny rapidamente com seus braços fortes e o deitou de barriga para cima no deque.


Danny estava flácido, inconsciente, com os olhos fechados.


Meu coração ficou ainda mais apertado, e me agachei ao lado do menino, pegando em seu pulso.


- Alfonso, ele não está respirando - falei baixinho, meu pânico aumentando.


Os olhos de Alfonso ficaram arregalados de pavor, mas ele se manteve calmo.


- Segure a cabeça dele, Anahí - ordenou, abrindo a boca de Danny.


Então tampou o nariz do menino e fez respiração boca a boca. Mas Danny não se mexeu. Alfonso repetiu o


procedimento. Nada. Todos os outros garotos estavam de pé em círculo à nossa volta, em completo silêncio.


Senti as lágrimas subindo aos meus olhos. Por favor, por favor, fique bem.


Alfonso respirou na boca de Danny mais uma vez. Subitamente o menino teve um espasmo e começou a


vomitar e tossir golfadas de água. Todo o meu corpo tremeu de alívio. Momentos mais tarde ele já estava sentado,


consciente, trêmulo e com o rosto bastante vermelho, mas aparentemente recuperado.


- Ei, Danny, você está bem? - perguntou Alfonso, colocando uma mão carinhosa no ombro dele.


Danny franziu a testa.


- Acho que sim... - murmurou olhando para o chão, claramente encabulado.


- Não se sinta envergonhado de nada, garoto - disse Alfonso, passando seu braço por cima dos ombros do


menino. - Poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Você apenas nadou um pouco longe demais. Ficou


enroscado em algum arbusto debaixo d`água, não foi?


Danny fez que sim com um gesto de cabeça, tossindo levemente.


- Por hoje chega, gente! - anunciou Alfonso, pondo-se de pé e batendo palmas. - E o resto de vocês, meninos,


podem tirar uma boa lição disto que aconteceu. Aquelas bóias sinalizadoras estão lá por alguma razão. Não quero


ver ninguém ultrapassando a linha das bóias de novo, entendido?


Os garotos prometeram que sim com solenes gestos de cabeça e se dirigiram para as suas cabanas.


Eu ainda estava tremendo quando Alfonso passou seu braço ao redor dos meus ombros.


- Não sei o que teria acontecido se você não estivesse aqui pra me ajudar, Anahí - falou, balançando a


cabeça e pegando na minha mão.


- Dois garotos brigando e outro se afogando, tudo ao mesmo tempo...


- Foi um bocado assustador, não foi? - perguntei.


Eu não queria que ele se soltasse de mim.


- Foi. É impressionante a rapidez com que alguém pode se afogar.


Alfonso se voltou e me olhou direto nos olhos.


- Anahí, você foi demais.


- Você também - repliquei suavemente, me derretendo por dentro com a deliciosa sensação de sua mão


forte agarrando a minha.


- Pra isso servem os parceiros - observou, me dando um grande sorriso.


- Ah, o Alfonso é um nadador incrível! - exclamou Sam, excitada, na noite daquele mesmo dia.


Dulce, Sam e eu estávamos na nossa cabana, nos trocando para o jantar. Sam sentara-se de pernas cruzadas


em sua cama e olhava para um pequeno espelho em seu colo enquanto aplicava uma grossa camada de rímel nos


cílios. Dulce estava acomodada na beirada do beliche, vestida só com uma camiseta e fazendo uma grossa trança


com seus belos cabelos cacheados.


- Tá conversando com a gente ou com o espelho? - perguntei a Sam com uma certa aspereza.


Eu acabara de tomar banho e de colocar jeans e uma camiseta limpa. Meu cabelo estava enrolado em uma


toalha, tipo turbante. Soltei a toalha e o sacudi.


- Ãh?... Ah, desculpe, acho que estava falando comigo mesma - respondeu ela, dando uma risadinha boba.


Olhei para o teto. Às vezes Sam agia como uma perfeita babaca.


- Então você e o Alfonso foram nadar juntos hoje? - perguntou Dulce, enquanto se enfiava num macacão e


saltava pelo quarto puxando-o para cima.


Sam suspirou emocionada.


- Na verdade eu o levei pra velejar. Foi o dia mais perfeito de toda a minha vida.


O deslumbramento de Sam com Alfonso estava começando a me virar o estômago. Liguei abruptamente meu


secador de cabelo na esperança de abafar a voz dela, mas por baixo do ronco do aparelho ainda podia ouvir a


maior parte das babaquices que dizia.


- Lá no barco... depois da minha aula de vela... deslizando pela água ... deitados no deque do píer... depois


fomos nadar... lago totalmente deserto...


Desliguei o secador e o joguei na cama. Meu cabelo ainda não estava seco, mas senti uma súbita e urgente


necessidade de cair fora daquela cabana o mais rápido possível. Calcei um par de tênis e catei meu relógio na


penteadeira.


- Isso tudo me soa a começo de romance de férias - sentenciou Dulce, sentando na beirada da cama de


Sam.


- Você acha mesmo que ele gosta de mim? - perguntou Sam, ansiosa.


Dulce encolheu os ombros.


- Tudo indica que sim.


Sam se inclinou para mais perto de Dulce e falou em tom confidencial.


- Bom, ainda não aconteceu nada de verdade - confessou. - Mas acho que vamos à cachoeira amanhã de


manhã, antes do passeio com os campistas. E Alfonso prometeu me mostrar como acender um fogo usando só


pedras hoje à noite, na fogueira que vamos fazer com os campistas mais velhos.


Agarrei minha bolsa e me dirigi à porta.


- Vejo vocês mais tarde. Tchau.


Dulce me olhou preocupada.


- Ei, Anahí, tudo bem aí como você?


- Claro - respondi, tentando manter minha voz leve e alegre. - Acho que todo esse papo romântico está me


fazendo sentir sozinha. Sinto falta do Christian.


Me esgueirei pela porta antes que ela fizesse mais perguntas. Enquanto caminhava pela mata silenciosa,


tentei organizar minhas emoções. Por que eu me sentira tão irritada com Sam se derretendo toda por Alfonso? Devia


ter ficado contente pelos dois, e não chateada. Afinal Alfonso e eu éramos apenas amigos. E ele tinha todo o direito


de ser tão feliz quanto eu era com Christian.


Estou feliz por eles, disse a mim mesma. Estou feliz por eles.


Repeti aquelas palavras como um mantra por todo o caminho.



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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 136



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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:08

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