Fanfic: Meus três namorados [Terminada]
No sábado de manhã, um dia frio e chuvoso, acordei de mau humor. Não conseguia apagar da minha
cabeça a imagem de Alfonso e Sam na gruta na noite anterior. Continuei vendo os dois abraçadinhos num
canto, em absoluta intimidade, sussurrando e dando risadinhas um para o outro.
As coisas não melhoraram no café da manhã. Sam e seu rebanho de campistas de dez anos de idade
comeram na mesa de Alfonso, e os dois pombinhos se sentaram lado a lado. Eles estavam diretamente no meu
campo de visão, e fui forçada o tempo todo a vê-los comendo, conversando e rindo juntos. Não podia evitar
de me sentir irritada quando Sam jogava sua cabeça para trás e piscava seus olhos azuis de bebê para Alfonso.
- O que os campistas de Alfonso e os de Sam estão fazendo juntos? - grunhi para Dulce, enterrando a
faca nos ovos estrelados que jaziam em meu prato.
Tudo naquele café da manhã me parecia uma gororoba insípida, e eu obrigava cada bocado a descer
com um gole d`água.
Dulce pegou seu copo de suco de laranja e bebeu com prazer.
- Hã, bom, acho que estão tomando o café da manhã.
- Ah, obrigada pelo esclarecimento, Dulce - repliquei secamente.
Dulce empurrou o resto de seus ovos para dentro de um pãozinho.
- E que diabos isso importa a você? - perguntou.
- Nada. Absolutamente nada - murmurei, picando e revirando obsessivamente meus ovos e atochando
tudo de uma vez na boca.
Nikki, a campista sentada à minha direita, inclinou-se por trás de mim e falou num sussurro com Jennifer,
que se sentara à minha esquerda.
- Você ouviu falar do nosso plano de invadir a fogueira dos meninos hoje à noite?
Jennifer sacudiu a cabeça.
- Não. Que plano é esse? - perguntou.
- Conto pra você mais tarde - respondeu Nikki. - Me encontre na cabana depois da aula de vela.
Jennifer fez um sinal positivo com o polegar e se concentrou de novo em sua comida.
Agora Alfonso começara a massagear os ombros de Sam. Os olhos dela estavam fechados, e parecia como se
estivesse ronronando. Estava sentada praticamente no colo dele.
Me levantei do banco de um pulo. Não podia suportar ficar assistindo àquela cena por mais nem um
segundo.
- Vejo você mais tarde - disse a Dulce, já saindo precipitadamente do refeitório na direção do telefone na
cabana central.
Tinha uma súbita e desesperadora necessidade de ligar para Christian. Provavelmente só ficava irritada ao ver
Alfonso e Sam juntos porque me sentia sozinha, raciocinei. Devia ser uma espécie de pena de mim mesma.
Conversar com Christian sem dúvida iria me reconfortar e acabar com aquela bobagem.
O telefone ficava na mesa de centro da sala de descanso da cabana central. Peguei o fone, me esparramei no
velho e maltrapilho sofá cor-de-laranja e fiz uma ligação a cobrar. O aparelho soou duas vezes, e então alguém
atendeu.
- Alô? - disse uma voz feminina. Era Maite.
Quase deixei o fone cair de surpresa.
- Maite!?
- Anahí!? - perguntou ela de volta, soando tão surpresa quanto eu.
- O que você está fazendo aí na casa do Christian? - perguntei.
- Ah... é só uma visitinha - respondeu ela num tom despreocupado.
Franzi a testa desconfiada. Maite fazendo uma visitinha a Christian às nove da manhã em pleno sábado? O que
estava acontecendo, afinal?
- Ah, sei - repliquei, tentando reprimir o tremor em minha voz. - E então, como vão as coisas?
- Tudo em cima. Os dois andamos meio deprê - disse ela. - Tá bem paradão por aqui. As aulas de verão já
começaram, e o Christian tem dado duro pra se recuperar nas matérias em que ficou com nota vermelha. Estamos tendo
treino de vôlei todas as tardes, e tem sido bem puxado.
- Hã-hã - murmurei, me reclinando numa almofada e cruzando as pernas em cima da mesa de centro.
Tive a nítida sensação de que Maite estava me escondendo algo. - E isso é tudo? Vocês não têm feito nada
de especial? pressionei.
- É tudo, e já é bastante. As aulas do Christian são chatas pra caramba...
Segurei o fone a uma certa distância de meu rosto e olhei para ele consternada. Maite estava falando dos
dois como se fossem um casal! Será que ela não podia fazer nada sem o meu namorado? Coloquei o fone de volta
no ouvido.
Maite continuava falando.
- ...hoje vamos andar de caiaque. Vai ser legal.
Senti uma forte fisgada de ciúmes no estômago enquanto ela falava. Era como se eu já tivesse sido
substituída. Provavelmente Christian nem sequer estava sentindo a minha falta, agora que tinha a companhia de Maite.
- E como vai o acampamento? Tem se divertido? - ela perguntou.
- Tenho - falei. - Mas às vezes, bem...
Parei. Pude sentir que Maite não estava prestando atenção.
Ouvi risos ao fundo, e então Christian pegou o aparelho.
- Como vai a minha princesa? - ele perguntou, com sua ternura habitual.
Uma onda de calor percorreu todo o meu corpo ao ouvir o som de sua voz, tão doce e tão familiar. Eu não
sabia por quê, mas me sentia no limiar das lágrimas.
- Muito bem - respondi, tentando manter a voz serena. E aí, o que tem acontecido de interessante?
- Pouca coisa. Estou numa verdadeira guerra aqui, Anahí.
Três aulas de recuperação por dia, mais educação física, são quatro horas diárias de batente. Um saco. E
sem você por perto pra me animar.
Christian fez silêncio por um momento.
- Sinto muito a sua falta, Anahí - completou.
- Eu também, Christian - repliquei meiga, estremecendo de alívio ao ouvir Christian soar tão carinhoso como sempre.
Então Maite voltou ao aparelho.
- Ah, Anahí, você não vai acreditar. O Christian está ensinando o Doutor J a subir numa pilha de pneus e saltar
dando uma pirueta no ar. Acho que ele quer que o cão entre no circuito dos talk shows da televisão - contou ela,
soltando umas gargalhadas esganiçadas.
- Não é nada disso - disse Christian, retomando o fone. - Estou pensando mais no cinema, Hollywood pra
começar. E o Doutor J ficou totalmente obcecado com a brincadeira.
Pude ouvir Maite soltando mais risadinhas ao fundo. Soava como se os dois estivessem lutando pelo
aparelho de telefone.
- Vamos lá, Christian, tá ficando tarde - ouvi Maite dizer.
- O quê? Ei!... Olhe, Anahí, preciso ir. A Maite vai me levar pra andar de caiaque. Te ligo mais tarde, tá
bom? Obrigado pela carta.
E então o telefone clicou e ficou mudo. Fiquei um momento sentada com o aparelho na mão, atônita. Me
sentia como se uma bola de basquete tivesse explodido na minha cabeça.
Coloquei o fone no gancho, imersa em meus pensamentos.
Christian e Maite eram feitos um para o outro. Eram ambos do tipo esportivo, rústico, que gostavam de
aventuras e programas ao ar livre. Natureza e esportes. Os dois adoravam caminhar no campo, andar de mountain
bike e esquiar.
Christian e Maite, Maite e Christian: até os nomes combinavam direitinho. Eu podia vê-los nitidamente dali a dez
anos, casados, com filhos e morando no Colorado num típico rancho do Oeste.
Me afundei ainda mais nas almofadas do sofá e fechei os olhos, com duas lágrimas quentes rolando pelas
minhas bochechas. Me sentia como se o chão tivesse sumido sob os meus pés.
No sábado à noite me sentei sozinha na praia e fiquei olhando para a água escura do lago. Estava
deprimida, total e completamente deprimida. Apesar de a tempestade ter terminado, o cheiro doce da chuva ainda
perfumava o ar. Era uma noite fria e límpida, e a superfície da água estava absolutamente imóvel. O lago resplandecia
sereno sob a luz prateada da lua. Aquele cenário deslumbrante só aumentava a minha melancolia.
Na cabana, antes do jantar, Sam mais uma vez se mostrara empolgadíssima com Alfonso. Ao que tudo
indicava, agora os dois eram oficialmente um casal.
- Alfonso e eu fomos à cachoeira hoje - contara Sam.
Ela tinha praticamente guinchado ao dizer aquilo.
- Foi tão romântico - suspirara. - Água por todos os lados. A cascata rugindo, a chuva caindo, o lago lá no
fundo...
Os olhos dela quase tinham virado do avesso de puro êxtase. Forcei meus pensamentos para longe dos dois,
mas apenas para aterrissar em Christian e Maite, um lugar não muito melhor de se estar. Imaginei-os na televisão com
Doutor J: "Esta é a Maite, e este é o meu cachorro, o Doutor J", diria Christian ao apertar a mão do repórter. Maite
daria uma risadinha e falaria alguma coisa engraçadinha. "Mas que lindo casal vocês formam", comentaria o
entrevistador.
Gemi e tampei meus ouvidos, como se pudesse apagar fisicamente o som dos meus pensamentos.
- Anahí, encare os fatos de frente! - falei em voz alta para mim mesma, sentindo uma pontada no estômago.
Se eu não gostava de Alfonso, então por que ficava tão irritada cada vez que o via com Sam?
Porque você está se apaixonando por ele, sussurrou uma voz dentro de minha cabeça.
Autor(a): theangelanni
Este autor(a) escreve mais 24 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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Mas como podia estar apaixonada por Alfonso se ainda me importava tanto com Christian? Se não, por que outro motivo eu me incomodaria com o fato de ele e Maite estarem passando tanto tempo juntos? Por que você ainda ama o Christian. Impossível. Não fazia o menor sentido. Justamente naquele momento escutei som de passos se aproximando e levantei ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 136
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09
Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaain acabei de ler essa web *--* Geeeeeeeeeeeeeeent eu amei */--*
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:08
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:07
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:07
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:06
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:05
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:04
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:04
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jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:03
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