Fanfics Brasil - capitulo2: Antipatia à primeira vista Meus três namorados [Terminada]

Fanfic: Meus três namorados [Terminada]


Capítulo: capitulo2: Antipatia à primeira vista

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O ônibus estava quase vazio quando entrei. Só uns poucos passageiros: um homem de terno e gravata, uma


mulher com três crianças histéricas, e duas garotas que pareciam ter mais ou menos a minha idade. Escolhi uma


poltrona no fundo e me afundei nela.


Observei Christian e Maite fazendo uma pequena bagunça no estacionamento enquanto o ônibus se afastava.


Doutor J escapara, e os dois corriam atrás dele. Finalmente Christian pisou na coleira e Maite tropeçou nela, caindo no


chão. Doutor J a lambeu carinhosamente, colocando as patas no peito dela e passando a enorme língua em sua


cara. Ri sozinha enquanto observava as palhaçadas deles, sentindo uma pontada de arrependimento. Teria sido divertido


ficar por lá com os dois.


À medida que o ônibus saía da cidade, meus pensamentos se voltavam cada vez mais para as férias que se


iniciavam. Pensei no que o acampamento me reservaria. O verão anterior fora empolgante: meu primeiro contato


com a liberdade total, muitos amigos novos, e Christopher... Mas desta vez eu queria algo diferente. Estava ansiosa para


ficar com Dulce e todos os amigos que eu havia feito, mas também queria algum tempo para mim, para refletir e


escrever um pouco.


Me perguntei se Christopher estaria lá outra vez. Ele me enviara alguns cartões-postais durante o ano, cada um de


um país diferente. Um vinha da Espanha, outro da Itália, e até mesmo da Grécia. Ele viajava em todas as férias


escolares, e imaginei que agora que terminara o colegial, provavelmente se mudaria de país.


Justamente uma semana antes eu recebera um breve cartão dele. Dizia: Seneca Falls ou l`Afrique cet été -


qui sait?


Maite sabia um pouco de francês e traduzira a frase para mim: "Seneca Falls ou África neste verão -


quem sabe?" Ela quase tivera um ataque ao ler aquilo. "É a coisa mais pretensiosa que já li", dissera,


simulando que ia vomitar.


Eu apenas sorri. Gostaria de ver Christopher novamente, mas sabia que seria melhor que ele ficasse bem


longe, na África ou em qualquer outro lugar. Me sentira muito culpada por causa do meu "quase-caso" com


ele. Mesmo que nada houvesse de fato acontecido, Christopher e eu tínhamos nos comportado como um casal


romântico. Passáramos muito tempo juntos, e Christopher dissera que estava perdidamente apaixonado por mim.


Tudo aquilo era um pouco estranho, e eu ainda não compreendera totalmente o que sentia por ele. A única


coisa que eu sabia era que o achara incrivelmente atraente e intrigante, e que desejava que ele me beijasse.


Uma parte de mim ainda se perguntava se devia mesmo ter impedido Christopher de me beijar aquele dia nas


cataratas. Se eu tivesse deixado, pelo menos teria sabido como seria namorar com ele, e talvez tivesse


compreendido melhor a natureza dos meus sentimentos. Aquele quase-beijo me assombrara durante meses


depois que eu voltara para casa. Relembrara aquele momento inúmeras vezes, imaginando como teria sido


sentir os braços dele me enlaçando, seus lábios nos meus...


Eu planejara contar a Christian tudo sobre Christopher ao voltar do acampamento, mas Maite me fizera desistir da


idéia. "Você pirou, Anahí?", ela perguntara. "Não aconteceu nada! É completamente normal se sentir atraída


por alguém. Você gostaria que o Christian te contasse cada vez que se interessasse por alguma garota?"


Lembro bem que olhei chocada para Maite ao ouvir aquilo.


- Você acha que o Christian se interessa por outras garotas? - eu perguntara.


Maite balançara a cabeça.


- Anahí, você não tem jeito mesmo. Santa ingenuidade!


No fim cheguei à conclusão de que ela estava certa. Afinal de contas, nada acontecera realmente entre


mim e Christopher. Não valia a pena arriscar meu relacionamento com Christian. E eu amava Christian. Tinha certeza disso.


Ele ainda me fazia sentir feliz e segura. Contar-lhe sobre Christopher seria magoá-lo sem motivo.


Pensar em Christopher fez meus dedos coçarem de vontade de escrever, e tirei da bolsa meu diário e minha


caneta, que estavam sempre à mão.


Apoiando meus Joelhos na poltrona em frente à minha, procurei por uma página em branco. Pensei


naquela história de Christopher ter recitado poesia em um café de Paris. Imaginei um dia quente de verão e um


café lotado. Uma garota parisiense está sentada sozinha numa mesa, quando de repente um americano se


levanta e começa a recitar poesia...


"Ela francesa, ele americano", escrevi. "Vinham de mundos diferentes, mas as palavras dele os


uniam. Era como se ele falasse só para ela, como se tivesse escrito o poema para ela... "


Mas poucos minutos depois meus pensamentos se desviaram, e eu larguei a caneta. O ritmo calmo


do ônibus me embalava, e a luz quente do sol que entrava pelas janelas amolecia o meu corpo. Coloquei


nos ouvidos os fones do walkman, fiz um travesseiro com meu moletom, e apoiei a cabeça na janela.


Ouvindo a voz de Joan Osborne, fechei os olhos e desabei.


Christopher e eu estamos andando no deserto do Saara, no coração da África. Tudo parece calmo, mortalmente


calmo. Os únicos sons são os das moscas zunindo sobre nossa cabeça. O sol se põe devagar. Sinto calor, e minha


boca está seca.


- Christopher, tenho sede - digo.


Ele aponta para a frente. Um lago azul e cristalino brilha a distância. Passamos pelo meio de uma tribo de


africanos cujos corpos estão cobertos com uma tinta vennelha. Usam apenas tangas e a tinta vermelha, e não


fazem barulho enquanto andam.


Alcançamos o lago e nos ajoelhamos. Finalmente, penso. Mas a água do lago virou areia. Christopher pega um


punhado dela e me encara com um ar solene.


"Je t`aime, Anahí... ", ele diz, "je t`aime." Eu te amo, Anahí... eu te amo.


"Je t`aime, Christopher", replico sussurrando.


Também pego um punhado de areia, e o levo à boca. Então eu pisco. Agora Christopher é Christian, e sua cara está


pintada de vermelho. Tento falar, mas minha boca está cheia de areia...


Fui acordada de repente quando o ônibus deu uma freada brusca. Olhei confusa para o meu relógio. Eram


duas da tarde. Eu dormira por mais de uma hora. Meu sonho estava vivo em minha mente, e me senti perturbada.


O sol quente batia em minha pele, e quase podia sentir o gosto de areia em minha boca. Lambi os lábios,


tentando tirar a areia e tudo o mais da minha cabeça.


Por que Christopher se transformara em Christian? E por que a areia na boca? Será que aquilo significava que eu


quisera contar a Christian sobre Christopher mas não conseguira? E o que queria dizer a tinta vermelha? Seria um símbolo


da raiva de Christian? Seu amor por mim? Ciúmes? Não, pensei. O ciúme é verde.


O sonho estava se tornando nebuloso, começava a se apagar rapidamente. Esfreguei os olhos e estiquei o


pescoço, voltando aos poucos ao presente. Meu cabelo caíra como uma cortina na frente do meu rosto, e eu o


afastei dos olhos. Ainda meio grogue, olhei ao redor para ver se algum dos meus amigos do verão anterior


entrara no ônibus.


Dei um pulo ao perceber que havia um cara sentado ao meu lado - um garoto especialmente interessante.


Tinha cabelos castanho-escuros, tão escuros que quase pareciam pretos, e um rosto forte, de traços angulosos.


Seus olhos, de um castanho tão profundo quanto os cabelos, eram grandes e bem separados um do outro, e


naquele instante enfocavam fixamente as páginas do meu diário.


- Ei! - exclamei, fechando abruptamente o meu caderno. - Que diabo você pensa que está fazendo?


Enfiei o diário no bolso da frente da minha mochila e voltei à carga.


- Você não tem nenhum respeito pela privacidade alheia, é? Não tem nada melhor pra fazer?


Mas ele apenas sorria para mim.


No início pensei que fosse por causa do que eu havia escrito. Fiquei vermelha quando me lembrei da


história ridícula que começara a escrever antes de cair no sono.


- Tá rindo de quê? - perguntei, cruzando os braços.


- O seu sonho era assim tão quente a ponto de fazer você acordar? - perguntou, seus olhos piscando contra


a luz do sol que entrava pela janela ao meu lado.


- O quê? Do que você está falando? - perguntei horrorizada. Ele olhou fixo para mim, com uma expressão


suave e sonhadora. - Je t`aime, Christopher... Je t`aime - sussurrou.


Senti meu rosto pegar fogo.


- Christopher é o seu namorado francês, ou algo do gênero? - ele insistiu.


- Não, não é - respondi irritada. – Christian é meu namorado.


- Então quem é o príncipe do sonho? - perguntou o garoto, com um sorriso zombeteiro.


- Ele é... não é... é só... É só uma história que eu estava escrevendo.


Então calei a boca de supetão. Por que tinha de me justificar para aquele cara, afinal? Meu sonhos e meus


romances não eram da conta dele.



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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 136



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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09

    Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaain acabei de ler essa web *--* Geeeeeeeeeeeeeeent eu amei */--*

  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:08

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:07

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:06

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:04

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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:03

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