Fanfics Brasil - Meus três namorados [Terminada]

Fanfic: Meus três namorados [Terminada]


Capítulo: 4? Capítulo

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Ele encolheu os ombros, seus olhos ainda brilhando com o riso. - Talvez você queira dar uma penteada no


cabelo. Acho que se excitou um pouco durante o sonho.


Pus a mão no meu cabelo e percebi que ele estava todo espetado. Poderia dizer que se transformara em algo


parecido a um esfregão eletrificado. Meu cabelo, comprido e loiro, tendia a ficar eriçado no calor. Às vezes eu


parecia uma doida varrida quando acordava.


Completamente sem graça, ajeitei-o o melhor que pude.


- Com licença - falei, com a máxima dignidade que consegui reunir. - Acho que estou no lugar errado.


Me espremi entre os Joelhos do garoto e a poltrona da frente e fiquei no corredor, procurando outro lugar


com os olhos qualquer um.


Mas aparentemente o ônibus fizera muitas paradas enquanto eu dormia. Estava lotado.


- Se importa de me deixar passar outra vez? - sussurrei entre os dentes.


- Claro que não - o cara respondeu, sempre sorrindo.


Ele contorceu o corpo e se levantou um pouco, deixando apenas o espaço suficiente para que eu tornasse a


me sentar.


- Tome, quer usar isto? - perguntou, segurando uma escova de cabelo.


- Me deixe em paz, tá bom? - disparei.


Cruzei os braços e olhei pela janela, rezando para a viagem acabar logo.


Uma hora depois o ônibus entrou no estacionamento em frente à cabana central do Acampamento Seneca


Falls, e eu suspirei de alívio. Continuara sentada num silêncio sepulcral durante toda a última hora da viagem, e


no fim já me sentia um bocado tensa. O garoto continuara tentando puxar conversa, mas eu me recusara a lhe dar


atenção.


- Chegamos - anunciou ele quando o ônibus parou abruptamente.


- Percebi - respondi.


- Bom, foi realmente um prazer conversar com você - ele


disse, os olhos brilhando com um sorriso irônico. - Você tem um papo realmente ótimo, e deu pra perceber


que nós dois temos muito em comum. Eu adoraria poder continuar a nossa conversa qualquer hora.


- Se importa de me deixar sair?


Me levantei de repente e o empurrei, arremetendo para o corredor. Então me apressei para a frente do


ônibus, tentando me afastar o máximo possível dele. A porta se abriu, e eu praticamente voei pelos degraus


abaixo.


- Anahí! Anahí!


Era Dulce, que pulava enquanto acenava para mim. Salvação!, pensei, correndo na direção dela.


Achei Dulce linda como sempre. Seus cabelos castanhos, densos e cacheados, estavam mais compridos do


que no verão anterior, e me pareceu que ela ficara ainda mais alta. Os cachos balançavam sobre seus ombros


presos por uma faixa verde, que criava reflexos esverdeados em seus olhos castanhos. Um monte de pequenas


sardas cobria seu nariz e suas bochechas.


Pulei do ônibus e nos abraçamos fortemente. Me sentia felicíssima por vê-Ia, e também por me livrar


daquele chato no ônibus. Subitamente me senti envolvida e acalmada pela beleza natural de Seneca Falls. Quase


me esquecera do quanto aquele lugar era sossegado. A altitude era bem maior que a de Washington, e por


isso o ar era mais fresco. A luz do sol brincava por entre os galhos das altíssimas coníferas, e um delicioso


cheiro de fumaça de alguma fogueira pairava no ar. O oval verde do lago brilhava a distância, e enormes


montanhas se erguiam imponentes atrás dele.


- Anahí, estou tão feliz por ver você! Cheguei há horas! O que aconteceu com o seu cabelo? - disse


Dulce de uma só vez. - Não quero falar sobre isso - murmurei, falando baixo e temendo que o chato do


ônibus estivesse ouvindo.


- Ficou legal assim - disse Dulce. - Dá um ar de rebelde.


- Obrigada - respondi com desânimo.


Peguei um elástico em meu bolso e prendi o cabelo num rabo-de-cavalo.


- Ei, o que aconteceu? - perguntou Dulce, se aproximando. - Tá com cara de quem acabou de sair de


uma guerra!


Essa é uma característica importante em Dulce: ela me conhece melhor do que ninguém. Melhor que


Maite. Dulce sempre percebia o que eu estava sentindo só de olhar para a minha cara.


- Uma guerrilha - repliquei. - Tive o azar de me sentar ao lado do cara mais insuportável do ônibus.


Não me deixou em paz durante todo o caminho. Acho que foi a viagem mais longa da minha vida.


Afastei uma longa mecha de cabelo.


- Vamos nos mandar daqui antes que ele apareça, tá bem?


- Mas Anahí, eles ainda estão tirando as malas do bagageiro - respondeu Dulce, apoiando-se na lateral


de um velho Ford azul. - Temos de esperar.


Fiquei balançando o corpo de um pé para o outro, ansiosa por cair fora dali o quanto antes.


- Anahí, sabe de uma coisa? Cheguei a uma conclusão definitiva com relação aos homens: eles


simplesmente não prestam.


- Ah-ah! Olha quem fala! Quer dizer que Jason Mann já é coisa do passado? - perguntei,


provocadora.


Nos últimos meses Dulce estivera saindo com um jogador de basquete chamado Jason, e me fizera


relatórios semanais por telefone. Na verdade ele era o primeiro cara com quem ela saía, de verdade. Apesar de


sua beleza de topmodel, Dulce não tinha lá muita sorte no amor. A maior parte de seus amigos eram homens, mas


não eram nada além disso: amigos. No começo pensava que os rapazes não se interessavam por ela, mas


finalmente percebeu que era ela quem os assustava. Dulce era autoconfiante e direta, além de bonita e inteligente.


Uma combinação fatal.


Dulce confirmou com um gesto de cabeça.


- Acabou na noite passada. Um dramalhão. Praticamente me implorou pra ficar com ele - contou ela,


suspirando e ajeitando os cabelos sobre os ombros. - É sério, Anahí, estou até as tampas com homens.


Ela levou uma mão até a testa e continuou.


- A maioria dos garotos da nossa idade é medrosa demais pra falar comigo. E o primeiro cara que


finalmente cria coragem pra me convidar pra sair é tão possessivo que me sufoca. A coisa chegou a ficar tão


ruim que eu não podia nem mesmo sorrir para algum dos meus amigos, ou conversar a sós com eles.


Dulce agitava os braços no ar com nervosismo enquanto falava


- É isso aí, Anahí. Faço aqui e agora um juramento solene: chega de homens.


Ela parou e me olhou fixo.


- Decreto que este será para mim um verão sem garotos! - concluiu num tom sentencioso.


Eu ri e enganchei meu braço no dela.


- Então será pra nós duas, garota. Christian está me esperando em Washington, e não quero saber de


ninguém além dele.


O motorista acabara de acrescentar a minha mala à pilha de bagagem ao lado do ônibus, e puxei Dulce


naquela direção.


Fiz menção de pegar a mala, mas Dulce me impediu.


- Deixe comigo - ofereceu. - Você já está carregando essa mochila gigantesca.


Ela pegou a alça da minha mala e a largou imediatamente.


- Mas que diabo você tem aqui?


Suspirei.


- O Christian me perguntou a mesma coisa. Trouxe alguns livros, só isso.


Eu tinha mania de carregar os meus livros comigo para onde quer que fosse. Era como se não me sentisse


segura sem eles por perto. Não todos, claro. Só os meus favoritos.


- A mala tem rodinhas, é só puxar - expliquei.


Dulce pegou a alça de novo e levantou a mala alguns centímetros do chão, testando o peso. A mala oscilou


perigosamente no solo coberto de pedregulhos, e eu a estabilizei com um gesto rápido.


- Tudo bem, mas vamos ser obrigadas a ir pelo caminho mais longo, que é mais liso - disse Dulce. - Ainda


bem que a nossa cabana fica deste lado do lago, senão acho que nunca chegaríamos nela com todo este peso.


- Eles vão continuar com o apartheid neste ano, é?


A diretora do acampamento tinha regras estritas para separar rapazes e garotas. As cabanas dos rapazes


ficavam de um lado do lago, e as das garotas do outro. E atravessar o lago à noite era estritamente proibido.


- Pois é, não há justiça neste mundo - suspirou Dulce. Mas logo se corrigiu.


- Não que isso me importe, já que não tenho nenhum interesse em qualquer coisa que se refira a garotos...


- Ora, vejam só, se não é a minha pequena sonhadora! falou uma voz sensual masculina atrás de mim.


Reconheci a voz, e os cabelos da minha nuca se arrepiaram.


Me virei enfurecida. Era o cara do ônibus, claro. Vestia uma jaqueta jeans clara, e levava uma mochila


roxa pendurada no ombro direito. Eu não percebera o quanto ele era grande quando estávamos sentados lado a


lado no ônibus. Tinha ombros largos e músculos potentes, o que fazia sua camiseta cinza ficar bem colada ao


peito.


- Adoraria que nos encontrássemos depois pra continuar o nosso maravilhoso papo - ele disse, me


provocando. - Se você concordar, eu gostaria de analisar o seu sonho.


Ele deu uma piscadela maliciosa e desapareceu.


Abri a boca para responder, mas o garoto já sumira de vista em meio à multidão de monitores que se


reunia em volta do ônibus. Senti meu rosto pegando fogo novamente.


- Que sonho? - perguntou Dulce. Encolhi os ombros.


- Esse é o cara de quem falei a você. Tive um sonho quente com Christopher durante a viagem. Parece que


eu disse Je t`aime dormindo.


Dulce explodiu numa risada.


- Tá brincando! Ainda sonhando com Monsieur Sauvignon Blanc? E falando francês no sonho?


- Dulce, não tem a mínima graça! Foi uma total invasão da minha privacidade. Acho que tenho o


direito de sonhar e pensar o que quiser. É como se o meu irmão mais velho estivesse sentado do meu lado,


me vigiando. É mole? Que babaca!


Dulce continuava com um leve sorriso nos lábios.


- Hum, isso tá cheirando a futuro romance. Olhei para Dulce, chocada.


- Você pirou, é? Aquele panaca foi um grosso comigo no ônibus! Pode crer, ele não teria a menor


chance! Além do mais eu... eu amo o Christian.


- Bem, aquele "panaca", como você diz, não é nada mau...


- Exatamente - respondi - esse é o problema. Ele é um gato e sabe disso. Conheço bem o tipo: machão,


convencido, metido e arrogante.


Ajustei as alças da mochila e comecei a caminhar para fora do estacionamento.


Dulce me seguiu caminhando ao meu lado e puxando minha pesada mala.


- Humm, sei... - murmurou, não parecendo muito convencida.


- Dulce, não há nenhuma chance de eu me envolver com alguém neste acampamento - garanti


com firmeza, enquanto atravessávamos o bosque. - Acredite, aprendi bem a lição no verão passado.


Nunca vou trair o Christian. Nunca.


Dulce sorriu.


- E você apostaria algum nessas suas palavras? Fiquei boquiaberta.


- Como assim? - perguntei, me virando para encará-la.


- Uma pequena aposta - disse Dulce, sorrindo. - Se você se envolver com alguém que não seja o Christian


neste verão, vai ter que... hum... - ela fez uma pausa para pensar e olhou para o alto, como se buscasse


inspiração nos céus - já sei! - exclamou, estalando os dedos. - Vai ter que tingir o cabelo de roxo até o fim


do verão!


Me arrepiei toda só de pensar na idéia. Desde que o tempo não esteja úmido, meu cabelo é o meu


maior orgulho. É sedoso e dourado, e sempre ganha altos elogios de todo mundo. Naquela época ele era um


dos meus poucos atributos físicos que realmente me satisfaziam. Mas eu não gostava de me esquivar aos


desafios. Além do mais, aquela aposta seria uma barbada. Eu não tinha o menor interesse em sair com


alguém que não fosse Christian.


- Fechado! - topei com firmeza, rindo para Dulce. – E se você se envolver com alguém neste verão,


terá que tingir o cabelo de verde fosforescente!


Dulce torceu o nariz.


- Argh! Verde fosforescente?


Fiz que sim com um gesto de cabeça e estendi minha mão.


- Combinado?


Dulce riu também, e apertou minha mão.


- Combinado!



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Autor(a): theangelanni

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- A nossa cabana fica logo ali adiante - disse Dulce, apontando com o dedo. Havíamos andado pelo caminho de terra batida por mais de quinze minutos. Dulce protegeu os olhos do sol enquanto nos aproximávamos de um cabana de madeira incrustada no alto da montanha. Uma floresta de bétulas brancas se estendia bem atrás dele, criando um efeito m&aac ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 136



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  • jl Postado em 26/10/2011 - 15:59:09

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