Fanfic: Meus três namorados [Terminada]

- Deve ser porque os dois são cinqüentões, fumam e têm cara de durão e cicatrizes no lábio superior, não é?

- perguntou ela, deitando-se de lado no chão, apoiando-se no cotovelo levantando uma perna para o alto.

Sam riu da provocação de Dulce, fazendo um aceno de desprezo com a mão.

- Não, é porque os dois são do tipo frio e quietão. Frios por fora e sensíveis por dentro - sentenciou Sam.

Ela vestiu a camisola e subiu no beliche.

- Não consigo enxergar essa parte sensível de dentro - ataquei.

Sam suspirou.

- Além do mais, ambos são lindos.

- Pra quem gosta do tipo musculoso... - resmunguei, encolhendo os ombros.

Vesti uma camiseta regata azul-clara. Era de Christian. Eu roubara várias camisetas dele ao longo dos anos, e

adorava dormir com elas.

Dulce soltou o velcro do cinturão de pesos amarrado ao tornozelo.

- A Anahí gosta de poetas torturados, de preferência franceses - provocou, ficando de pé e alongando o

corpo.

Peguei um travesseiro e o atirei na direção dela. Dulce riu e se esquivou, e o travesseiro atingiu a parede,

caindo no chão.

- Dulce, eu reparei que o Derek ficou do seu lado na fogueira - comentei, enquanto me sentava outra vez no

beliche. - E vocês vão ser parceiros nesse verão. Provavelmente vão passar muito tempo juntos... Ele é uma

gracinha, não é mesmo?

Dulce levantou um punho do ar.

- Nem tente me provocar, Anahí. O Derek é um cara legal, mas não tenho absolutamente nenhum interesse

nele. Em primeiro lugar, não quero saber de amores neste verão. Não há a mínima chance de eu perder a nossa

aposta. E em segundo lugar, mesmo que estivesse procurando alguém, escolheria um cara um pouco mais

sofisticado do que o nosso amigo Derek.

- Que aposta? - perguntou Sam.

Ela tirou suas argolas de prata da orelha e as colocou alinhadas no tampo da penteadeira.

- Nada demais, uma bobagem sem importância - respondi depressa.

Sam encolheu os ombros, apoiando-se na parede e cobrindo-se até os Joelhos com o edredom.

- Ele sem dúvida é um cara sensível por dentro - ela disse.

- Estamos falando de Alfonso Herrera outra vez? – perguntei.

Sam confirmou com um gesto de cabeça.

- Jackson, o cozinheiro, deixou a gente assaltar a cozinha hoje. Alfonso e eu fizemos um piquenique.

Entramos no bosque e ficamos num cantinho isolado, perto do lago. Havia patos, cisnes, cardumes de peixinhos

vermelhos...

A narrativa de Sam estava começando a me irritar, e desviei a atenção dela. Peguei no meu armário o

porta-retratos com a foto de Christian. A simples visão do sorriso agradável e dos olhos azuis dele me aqueceu por

dentro. Coloquei a fotografia de volta no armário, entrei debaixo das cobertas e me deitei de lado, aconchegando

a cabeça no travesseiro.

- Dulce, você se importaria de apagar a luz? – perguntei.

- Boa noite, meninas - disse Dulce, enquanto apagava o abajur em seu criado-mudo.

Puxei mais as cobertas, com o filme ainda fresco na minha memória. Christian e eu sempre alugávamos filmes

clássicos na video-locadora. Era uma das poucas coisas românticas que ainda fazíamos juntos. Eu sabia que Christian

teria adorado Sabrina.

Os filmes antigos sempre me deixavam sentimental, e Christian sempre gozava de mim por causa disso.

Naquela noite não pude evitar dar uma choradinha no fim do filme, quando Bogart voa para Paris para ficar com

Audrey Hepburn. Se Christian estivesse lá, teria rido de mim e me puxado para seus braços.

Me aconcheguei bem na camiseta dele e me entreguei ao sono.