Fanfic: O CONQUISTADOR GREGO.VONDY

dedicado a jessika.

wnvondy sim é adaptada

Há dias em que realmente não vale à pena sair da cama — Dulce resmungou, zangada, ao olhar para o relógio digital sobre o criado-mudo.

O pequeno botão vermelho piscava indicando uma falha de energia durante a noite, que havia interrompido o mecanismo do despertador. Ela conferiu o horário e, em voz abafada, murmurou uma imprecação enquanto caminhava preguiçosamente até o banheiro.

O jato frio da água a despertou de vez, no que talvez fosse o banho mais rápido já registrado. Então, vestiu-se depressa, correu até a cozinha, providenciou a ração para o gato e engoliu um copo de suco pronto de laranja. Apanhou sua bolsa, igualmente apressada, e tomou o elevador para a garagem do prédio.

Segundos depois, Dulce assumiu o volante do furgão da firma Flores e Buquês, girou a chave na ignição e... Nada!

Não faça isso comigo, suplicou ao veículo mudo. Durante os minutos seguintes, ela pediu, implorou, xingou, prometeu, e o motor continuou sem vida.

Dulce reprimiu o impulso de gritar de frustração. Aquela era apenas uma terça, mas bem que parecia ser uma sexta-feira 13. Tudo parecia dar errado aquela manhã.

Restava-lhe dirigir seu MG vermelho, exibindo a contragosto o carro esporte pelas ruas de Sydney. Não era o veículo mais indicado para transportar flores da loja localizada na Doublé Bay, da qual era proprietária junto  com sua irmã, Anahi.

Ainda bem que o trânsito era tranqüilo. A cidade dava sinais de acordar aos poucos, com os veículos de entrega de pão e leite começando a circular, os caminhões-pipa da prefeitura terminando de limpar as ruas com seus assustadores jatos d’água e os táxis levando executivos para os primeiros vôos da manhã.

Dulce gostava desse período do dia. Ligou o rádio do carro numa emissora popular e balançou o corpo ao ritmo das batidas fortes da música, maneira bastante peculiar de convocar o bom humor.

Logo o sol estaria firme no horizonte, afastando as últimas nuvens cinzentas, mergulhando tudo em luz e cor. No mercado atacadista de flores, um olhar de relance bastou-lhe para concluir que as melhores rosas já haviam sido levadas. Ela escolheu as flores que lhe pareceram mais atraentes, preencheu a ordem de compra e tomou o carro rumo a Doublé Bay.

Era uma área nobre, aquela em que a floricultura se situava. Graças ao espírito previdente de sua finada mãe, o negócio além de próprio, estava livre de dívidas e hipotecas e era razoavelmente lucrativo.

Às seis e meia, Dulce chegou, abriu a porta externa de enrolar e acendeu as luzes, pois ainda estava escuro. Ligou a cafeteira, depois de abastecê-la de pó, e então se sentou para trabalhar.

Enquanto o café não ficava pronto, ela teve tempo de ligar o computador e conferir as encomendas feitas por e-mail. Também verificou a máquina de fax e concluiu que teria um dia totalmente ocupado. E pelo telefone, chamou um mecânico conhecido e pediu-lhe que fosse ao prédio onde morava para consertar o furgão.

O café forte e fresco reforçou-lhe as energias. Dulce estava em sua terceira xícara quando Anahi apareceu. Observá-la era um pouco como olhar o espelho. Ambas possuíam estaturas mediana, ossos salientes no rosto, curvas suaves e cabelos naturalmente lisos. Dois anos as separavam, e Anahi, a mais velha, tinha vinte e sete. O detalhe das personalidades, porém, era mais importante. Mostravam-se semelhantes nos valores e critérios, embora Dulce tivesse maior dificuldade em tomar decisões.

A necessidade de sobreviver a uma relação amorosa negativa havia lhe trazido uma força de vontade que ela ignorava possuir. Mas também tinha plantado nela uma radical desconfiança em relação aos homens.

Um ano de noivado com Brad Somerville, os planos para um belo casamento e uma lua-de-mel perfeita não a haviam preparado para súbita transformação do homem que ela havia jurado amar e honrar.

A princípio, ela julgou que fizera ou dissera alguma coisa que aborrecera Brad. A agressão verbal que ele passou a adotar com hábito já era suficientemente ruim, mas o abuso físico ela não pode suportar. Ciumento, possessivo até o limite da obsessão, Brad matara os sentimentos que ela nutria por ele. Três meses depois de um convívio infernal Dulce simplesmente havia feito as malas e saído da vida do marido.

Após o divórcio, voltou a usar seu nome de solteira, comprou um pequeno apartamento, adotou uma gata de raça, que batizou de Millie, e passou a viver somente para o trabalho.

_Olá_ Dul cumprimentou a irmã com um sorriso, notando o leve ar de fadiga de Anahi._Grande noitada? Enjôo matinal?

_Até que não seria mal._Anahi cruzou à frente da irmã e inclinou-se diante do monitor para verificar as encomendas já agendadas.

_Talvez fosse bom você escutar Poncho e trabalhar menos.

_De que lado você está?_Anahi lançou-lhe um olhar reprovador.

_Do seu, claro._Dul empinou o nariz, bem-humorada.

_O que eu faria naquela casa enorme, o dia inteiro? Petros é o criado perfeito. Não deixa nada pra eu fazer.

O telefone sem fio tocou, Anahi apanhou o receptor e o ouviu. Passou o aparelho a Dulce.

_Para você.

Era o mecânico, avisando que havia instalado uma nova bateria no furgão e que mandaria a conta pelo correio.