Fanfic: Adolescente em crise | Tema: Débora e Rafael

       Rafa

Droga, eu sou tão idiota, já falei mais de trinta vezes, "Coração, não se apaixone pela Dé, não somos bons pra ela.", mas parece que ele é surdo, mas já sei o que devo fazer, me afastar, vai ser melhor, pra mim e pra ela. Estou quase dormindo quando sinto alguém pulando em cima de mim.

-Ai não Amandinha, deixa o tio dormir.- Amanda é a filha do meu irmão, ela tem cinco aninhos e é a coisa mais fofa do mundo inteiro.

-Não tio, por favor, blinca comigo vai, o papai foi ver um tal de Matador e eu to sozinha.-Droga, não acredito que aquele imbecil foi se encontrar de novo com o Matador, já falei que daqui a pouco ou ele morre ou vai preso, com os outros tudo bem, mas o Matador não é confiável, não mesmo.

-Tá bom princesa, mas como você entrou?

-Papi abriu a porta e disse pra eu te acordar, e depois fechou a porta de novo.

-Ah, tá, então, que tal se a gente brincar de nuvem?

-Nuvem? Eu não vou voar não né tio? Eu tenho medo de cair.

-Não meu anjo, a gente vai deitar na varanda e ver que desenho as nuvens estão formando.-Falo dando um sorriso.

-Ah, ta bom.

Nos deitamos e ficamos brincando, amo brincar com minha princesinha, ela é a única coisa que ainda não me fez sair dessa cidade, ela e meu irmão, são as únicas pessoas que me mantém aqui, preciso protejer eles, principalmente porque meu irmão é um imbecil que não pensa em suas atitudes, tudo bem que eu não sou o melhor exemplo de homem direito, mas se meter com Matador é o cúmulo, preciso ter uma conversa com ele.

Três horas depois vejo meu irmãom chegando.

-Você é um babaca Vitor, o Matador? Já é demais.- Falo tentando controlar minha voz pra não acordar Amandinha.

-Olha Rafael, agora não ok? To cansado. Cadê a Amanda?- Fala já subindo a escada.

-Ei, ei, ei, para ai.

-Rafael já disse que agora não.

-Agora sim Vitor, a Amandinha tá dormindo, então desce aqui agora e converse comigo.

-O que você quer que eu faça Rafael? To devendo pra ele, o único jeito de pagar é trabalhando com ele.

-Tá devendo pra ele??? Seu imbecil, tá devendo quanto? E porque pegou dinheiro emprestado logo com o Matador? Porque não pediu pra mim seu idiota?

-Porque eu to cansado de depender de você irmão, quero cuidar da minha filha sem precisar sempre tá te pedindo ajuda.

-É, mas é melhor pedir pra mim do que pro Matador. Me diz, ta devendo quanto?

-5 mil reais.

-5 MIL REAIS VITOR? SÓ PODE SER BRINCADEIRA.

-Não grita idiota, a Amanda vai acordar.

-Olha, eu vou pagar sua dívida, mas nada de se envolver com Matador de novo escutou? Se ele quiser pode te matar em um estalar de dedos, agora sobe e cuida da sua filha.

-Não, espera, e a garota lá? Como tá?- Droga, sabia que ele ia tocar no assunto Débora.

-Esse homem está em processo de desapego, não perturbe.- Falo imitando voz de robõ e me viro pra ir pro meu quarto, nem morto que eu ia falar da Débora com o Vitor.

-Ah, então eu tenho que conversar com você mas você não vai me falar sobre ela?

-Exatamente. Acho que to escutando o choro da Amanda hein, tchau.- E fui pro meu quarto.

...

Hoje era domingo, domingo de páscoa, e minha animação era zero pra qualquer coisa.

-Ei moleque, não vai com a gente comprar ovo de páscoa não?- Meu irmão pergunta entrando no quarto.

-Eu juro que ainda tomo a chave da minha casa de você e te ensino a bater na porta, se eu tivesse com alguém?

-Mas não tá, anda imbecil, vamos.

Me troquei, pegamos o carro e fomos ao mercado, Amandinha estava super feliz, essa daí ama chocolate, eu sou o companheiro de chocolate dela, amo também, mas ultimamente minha animação tava zero pra tudo.

-Ei, terra pra Rafael.- Fala meu irmão balançado as mãos na minha frente.

-O que é?

-Vai querer ovo de que?

-Ovo de páscoa com recheio de mágoas.

-Deixa de gayzice meu, ta muito sentimental.

-Deixa de falar merda e anda logo com isso, quero ir pra casa porra.

-Ei imbecil, sem palavrão na frente de Amandinha.

-Nossa, falou o que nunca fala né?!

Fomos pra casa e me tranquei no quarto. Não estava pronto pra ir ao colégio amanhã e ver a Déb. A escola era só fachada pra não desconfiarem de nada sobre nosso trabalho, mas mesmo assim eu tinha que ir todos os dias, como um garoto normal. Quando eu estou com a Débora fico fora de mim, não consigo manter o controle, eu sei que não sou bom pra ela, não sou bom pra ninguém, nem pra mim mesmo, eu sou uma bagunça, por fora e principalmente por dentro.

Sai do quarto para jantar e meu irmão ainda estava alí, a Amanda dormindo no sofá.

-Você não mora aqui sabia?- Pergunto me sentando na mesa.

-A partir de agora moro sim, eu e a Amandinha nos sentimos muito sozinhos depois que a Marie morreu.

-Ótimo, privacidade não existe mais né?!

-Não.-Rimos.-Irmão.

-Que Vitor?

-E a guria lá? Não vai falar não?

-O que aconteceu com você lá em Dubai?- Ele tinha passado um período em Dubai, e quando voltou, voltou outra pessoa, mas ele nunca me contou o que houve lá.

Silêncio.

-Faço do seu silêncio, minhas palavras quanto a Débora, não vou falar dela com você igual como você não fala de Dubai comigo.- Falo me levantando pra fazer nossa janta.

-Ok. 

-Vitor, mudando de assunto, o que deu pra você tá todo amiguinho da Jade? Você odiava ela.- Jade é minha melhor amiga, minha irmã praticamente, não conversamos faz 1 mês porque ele foi morar em outra cidade, o Vitor odiava ela, não sei porque mas agora vejo ele falando com ela direto no celular.

-Ai irmão, é que sabe quando as pessoas falam tão bem de uma pessoa que você odeia, que você começa a se questionar se o problema não é você? Foi o que aconteceu, sempre vi vocês tão amigos, e você fala tanto dela, que me perguntei se o problema de nós dois não nos darmos bem era porque eu nunca dei chance da gente conversar, e conversamos, e percebi que ela é gente boa.

-Hum, to sentindo cheiro de romance.

-Deixa de babaquisse, idiota.-Falou jogando um copo de plástico em mim e eu ri.

Terminei nossa janta e coloquei na mesa, eu não sei cozinhar muito bem, mas não custa tentar né?!

-Nossa Rafael que comida deliciosa, sabe aquelas comidas que dão vontade de matar a mãe, os irmãos, as tias e a família inteira e vender os órgãos pra poder comprar? Essa tá desse jeito.

-Que exagero Vitor- Falei rindo.

-Mas eu aposto que você não fez essa comida, você nao sabe cozinhar.

-Af, não estraga idiota.-Rimos.-Não, não cozinhei, era uma comida que eu fiz pedido ontem e sobrou, só esquentei.

-Ah, já imaginava.

-Rafa.

-Sim?

-E aquela menina que você tinha um rolo? 

-De verdade, do fundo do coração, eu estou muito melhor sem ela.

-Você não gostava dela né?

-Não irmão, gostava como amiga, só. E ela é grudenta demais.

-Ah.

Coloquei o prato na pia e fui pro quarto pensando em uma frase que minha mãe falava: "Com o tempo eu aprendi a aceitar as coisas que a vida me dá e parei de desejar as coisas que não posso ter.", mas comigo é diferente, encontrei um trabalho que me dá muito dinheiro, e eu posso ter tudo o que eu quero, tudo, vou aproveitar da vida tudo o que minha mãe não conseguiu aproveitar, e pra isso, não posso ter sentimentos, não posso amar uma mulher, porque esse seria meu ponto fraco, se minha família é meu ponto forte, é o que me faz continuar vivo, uma amor seria o que me faria morrer, então, Adeus Débora, você merece alguém melhor.

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Oi amores, tá ai o capitulo narrado pelo Rafa, e já deu pra ter uma ideia de em que ele trabalha né? E a amandinha? Não é uma fofura? Ah, tô pensando em quando terminar essa história fazer a do vitor, o que acham? Deixem nos comentários. Bjos e até próxima semana; <3