Fanfics Brasil - Livro.01-Cap.08 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Livro.01-Cap.08

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Oito


 


Infelizmente, foi impossível para Dulce não notar a mudança na atitude de Uckermann desde a chegada de Xavier Ochoa à cidade. Ele não ligara para ela naquela noite, nem no dia seguinte. E, quando telefonaram da delegacia porque o filho de umas das famílias que ela atendia, Devon Carter, fora detido por roubar mercadorias de uma loja, perguntou-se se Christopher estaria envolvido na prisão.


Entrou na sala do xerife tão rápido quanto pode. Uckermann estava lá como o oficial que executara a detenção. Tratou-a com educação, mas estava tão distante que Dulce quase não soube o que dizer.


Sentou-se ao lado do menino e perguntou gentilmente:


- Por que fez isso, Devon? Ele deu de ombros.


- Não sei.


- Você foi preso em flagrante - disse, consciente da presença silenciosa de Uckermann em pé atrás dela. - O dono da loja falou que você pôs várias caixas de cigarro no bolso e que você olhou bem para a câmera ao fazer isso, sem tentar se esconder.


Devon se moveu nervosamente sobre a cadeira.


- Eu fiz isso mesmo, tá? Que tal me prender agora? - acrescentou para Uckermann. - Dessa vez não fui apenas cúmplice. Dessa vez fui o culpado. Isso significa que vou cumprir pena, não é? Quando vão! me prender?


Uckermann fez uma careta. Algo estava errado. O menino estava assustado, mas não porque fora preso roubando. Esperou pacientemente Uckermann chegar para levá-lo e entrou no carro de patrulha quase voluntariamente. Mas havia algo perturbador, um grande machucado cicatrizado ao lado do olho.


- Não posso fazer isso ainda - disse Uckermann. -Precisamos esperar pelas autoridades juvenis. Sendo menor de idade, vamos entregá-lo a eles.


- Autoridades juvenis? De novo não! Mas eu não era apenas cúmplice. Fiz tudo sozinho. Não deveria ter de voltar para casa novamente!


Uckermann sentou-se na beirada da mesa, encarando o menino.


- Por que não me conta a verdade? - perguntou baixinho. - Não posso ajudá-lo, se não souber o que está acontecendo.


Parecia que Devon queria lhe contar alguma coisa, mas, no último minuto, baixou os olhos e deu de ombros.


- Nada a dizer - disse grosseiramente. - Há uma chance que queiram me deter na ala juvenil, não há?


Uckermann respondeu zangado:


- Não. Vai ser mandado de volta para casa depois de a papelada ser preenchida e de ter uma audiência programada.


O rosto de Devon se fechou. Uckermann lembrou-se de ter aquela mesma expressão em seu próprio rosto quando sua mãe lhe quebrou o braço. Precisava entender qual era a situação de Devon e sabia que não conseguiria fazer isso apenas conversando com ele e a família. Teria de haver outra forma. Talvez pudesse conversar com algumas pessoas na escola do menino. Alguém teria alguma pista que o ajudaria a desvendar o caso.


Dulce foi se encontrar com o pai e a avó de Devon. Esperava que Uckermann se oferecesse para acompanhá-la, mas ele saiu assim que o garoto foi entregue para o policial juvenil. Estava óbvio que a evitava, provavelmente porque Xavier Ochoa enchera-lhe a cabeça com meias-verdades. Se ao menos lhe dissesse alguma coisa, Dulce poderia se defender. Contudo, como poderia fazer isso se as palavras não eram ditas?


David Carter não ficou surpreso ao saber que seu filho estava causando problemas.


- Sabia que ele estava aprontando - disse a Dulce amargamente - Puxou a mãe, sabe? Ela se foi com um marinheiro e o largou para mim e a avó. Ela nunca quis o filho. - Parecia que o pai também não o queria. - Só Deus sabe tudo o que fiz por ele, mas nunca demonstra gratidão. Está sempre metido em encrenca. Não fico surpreso que tenha cometido mas um roubo.


- Você sabia que ele fumava? - Dulce perguntou deliberadamente, curiosa por perceber que a avó do menino nunca aparecia, mesmo tendo ouvido o carro de Dulce se aproximar.


- Claro que sabia - David disse num tom sereno. - Não lhe dou dinheiro para cigarros. É por isso que foi roubá-los.


Aquilo era mentira e Dulce sabia, porque, na delegacia, Uckermann ofereceu um cigarro ao menino, que o recusou com uma careta. Disse que não gostava de fumar, mas rapidamente se corrigiu e disse que apenas não queria um no momento. Mas não havia mancha de nicotina nos seus dentes e nenhum cheiro de tabaco.


- Diga-lhes para mandá-lo para casa assim que puderem - David disse a Dulce com firmeza. - Há muito trabalho por aqui e preciso dele. Não pode ficar preso.


- Não vão prendê-lo - garantiu. - Mas ele não quer nos contar nada, nem mesmo por que fez isso.


- Fez porque precisava de cigarros - o homem disse com convicção.


Dulce entendeu por que Uckermann tinha suspeitas. Quanto mais falava com o pai do menino, mais ficava curiosa sobre a situação. Fez mais algumas perguntas, mas David estava escondendo tanta informação quanto Devon o fizera. No fim, levantou-se para ir embora.


- Gostaria de dizer olá à sra. Carter - falou.


- Ah, está muito ocupada para vir até aqui - respondeu ele com indiferença. - Mando-lhe seus cumprimentos.


- Sim. Por favor faça isso. - Dulce sorriu e estendeu-lhe a mão de propósito. Quando David relutantemente a segurou, ela pôde ver machucados nos seus dedos. Como ele era destro, se tivesse batido em alguém, teria usado aquela mão.


Não comentou sobre o assunto. Apenas deixou a casa pensando em uma teoria incômoda. Gostaria de estar em melhores termos com Uckermann porque precisaria de sua ajuda. Estava arrependida de não lhe ter ouvido antes. Se tivesse, talvez pudesse ter evitado a acusação de roubo na ficha de Devon.


Assim que chegou ao escritório, ligou para o xerife e pediu que Uckermann viesse até ela. Em outro momento, ele teria parado no meio de qualquer coisa para atendê-la. Mas já era quase fim do expediente quando apareceu. E, ainda assim, não estava feliz por ser chamado.


Dulce teve de fingir que não se importava e que não via as fagulhas de raiva que saíam do seu olhar. Deu-lhe um sorriso forçado e o convidou a se sentar.


- Tive uma longa conversa com o pai de Devon - disse de uma vez. - Ele falou que Devon fuma e por isso roubou os cigarros.


- Besteira - respondeu.


- Eu sei. Não notei marcas de nicotina nas mãos ou nos dentes de Devon, mas notei machucados nas mãos de David - acrescentou.


Ele arqueou a sobrancelha.


- Observadora, não é? - perguntou com sarcasmo. - Você foi a pessoa que disse não ter nada errado na casa de Devon, ao que me lembro.


- Sim, eu disse. Deveria ter ouvido você. Mas o que eu posso fazer sobre isso? O pai dele não vai admitir que está batendo nele, e o Devon é muito leal para contar para alguém. Até tentei perguntar para a sra. Carter, mas David não me deixou chegar perto dela.


- A não ser que Devon denuncie, não temos um caso - Uckermann respondeu. - O juiz do distrito não vai dar uma ordem de prisão apenas baseado em palpite.


Dulce deu-lhe um sorriso amarelo e disse:


- Sei disso. Enquanto isso, Devon está desesperado para sair de casa, mesmo que isso signifique ter de ir preso. E não vai parar até conseguir.


- Eu sei.


- Então faça alguma coisa! - insistiu.


- O que você tem em mente? Ela jogou as mãos para o alto.


- Como vou saber? Não sou policial.


Ele cerrou os olhos de maneira acusatória e respondeu:


- Você está no serviço social e leva seu trabalho muito a sério, não é?


Era uma provocação, claramente. Sentou-se com as costas eretas e as mãos entrelaçadas sobre a mesa, encarando-o de igual para igual.


- Vá em frente, desabafe.


- Tudo bem - ele disse sem aumentar a voz. - Você não pode ter filhos.


Esperava ouvir algum tipo de fofoca antiga, mas não isso. O rosto dela ficou lívido. Não conseguia nem mesmo explicar-se. Baixou o olhar.


A culpa confirmou o que ele queria.


- Você pensou em me contar? - perguntou friamente. - Ou não era nada que me dissesse respeito?


- Pensei que não estávamos num relacionamento sério. Então, não era necessário lhe contar.


Uckermann não queria mencionar o quão seriamente começara a levar a relação deles. Ficaria muito vulnerável.


- E sobre o julgamento? - acrescentou. - Também não me falaria sobre isso?


Os olhos dela se levantaram em direção aos dele.


- Você precisa entender que Xavier Ochoa não é um observador imparcial. O irmão dele estava envolvido. Naturalmente, pensaria que era tudo culpa minha.


- E não foi? - quis saber. - Você esteve na casa do homem sozinha, não esteve?


Aquela observação foi um tapa na cara. Levantou-se com os olhos úmidos e disse:


- Não preciso lhe dar satisfações sobre uma decisão que tomei há anos - disse friamente. - Você não tem o direito de me acusar de nada.


- Não sabia que a acusara - replicou. - Você se sente culpada pelo irmão de Ochoa?


A expressão dela endureceu como o aço.


- Não tenho do que me arrepender - falou com o máximo de orgulho que conseguiu. - Na mesma circunstância, faria tudo igual e encararia as conseqüências.


Ele fez uma careta.


- Até mesmo fazer um homem pagar com sua família, expondo-o à humilhação pública e levando-o ao suicídio, como aconteceu?


Então, era isso que Xavier andava dizendo para as pessoas, que Dulce colocou o homem a caminho da morte.


Ela se sentou novamente.


- Quando se gosta de alguém, acredita-se na pessoa. Se não fizer isso, nenhuma palavra adianta. Xavier deveria ter sido advogado, pois tem habilidade para influenciar pessoas. Realmente me difamou nesses últimos dois dias.


- A verdade sempre aparece, não é? - respondeu. Dulce nem piscou.                                          


- Você não sabe a verdade, mas isso não importa mais. - Estava arrasada. Pegou as pastas. - Se me der licença, oficial Uckermann, tenho um dia de trabalha para terminar. Vou conversar novamente com Devon, quando as autoridades juvenis o trouxerem de volta à sala do xerife.


- Faça isso. - Ele se levantou furioso porque não lhe ofereceu nenhuma explicação ou desculpa por ter mantido segredo. - Você poderia ter me contado a verdade no começo - acrescentou, raivoso.


Ela abriu uma das pastas.


- Cada um tem suas cicatrizes. As minhas são tão grandes que é difícil olhá-las - levantou-lhe os olhos magoados. - Nunca poderei ter filhos - disse, tensa. - Agora você sabe. Não teria lhe contado porque nunca tive a intenção de deixar a nossa relação chegar tão longe. Você que continuou fazendo força para entrar na minha vida. Se apenas tivesse me deixado em paz...! - parou de falar, mordendo o lábio para abafar as palavras dolorosas. - O irmão de Xavier Ochoa recebeu o que merecia. E essa é a última coisa que direi sobre o assunto.


Uckermann ficou de pé, a observá-la por um minuto antes de sair. Ficou andando do lado de fora da sala, pensando que Dulce tinha razão. Ele que correu atrás dela, não o contrário. De qualquer forma, ela faltou-lhe com a verdade.


- Oi, Uckermann - Bess o chamou, de sua mesa, sorrindo docemente.


Ele parou e sorriu-lhe também. -Oi!


A olhada que a moça lhe deu seria capaz de secar gelo.


- Acho que você e Dulce estão namorando sério para eu tentar a minha sorte, hmm? - perguntou com um suspiro falso.


Os olhos dele brilharam.


- Dulce e eu somos apenas amigos - ele disse, sem mencionar que já não eram nem mesmo isso.


- Bem, nesse caso, por que você não passa lá em casa para provar o meu espaguete caseiro? - perguntou, bem suave. - Depois podemos ver um filme na TV a cabo. Sabe, um daqueles proibidos para menores? - acrescentou sugestivamente.


Bess era bonita, jovem e obviamente sem pudores. Uckermann contraiu os lábios. Apesar do longo tempo sem sexo, algo nele resistia à idéia de sair com uma mulher tão próxima de Dulce. Por outro lado, disse a si mesmo, Dulce mentira, e o que poderia significar para ela se ele saísse com uma funcionária sua?


- A que horas? - perguntou.


- Seis em ponto. Moro na casa ao lado da de Truman Haynes, sabe?


Respondeu que sim com a cabeça.


- É muito confortável e ele dorme bem cedo - completou.


- Ah, dorme?


Ela sorriu e respondeu:


- Com certeza!


- Então a vejo às seis. - Piscou para ela e foi embora ainda sentindo uma pontinha de culpa.


Bess pôs a cabeça na sala de Dulce e disse:


- Uckermann falou que vocês são apenas bons amigos, e você havia dito o mesmo. Então, tudo bem se eu tentar a sorte com ele, não é?


Dulce ficou perplexa, mas sabia esconder seus sentimentos mais profundos. Forçou um sorriso e respondeu:


- Claro que sim.


A moça deu um suspiro de alívio e exclamou:


- Graças a Deus! Eu o convidei para jantar. Não queria puxar o seu tapete, mas ele é tão sexy! Obrigada, Dulce! Vejo você amanhã.


Bess fechou a porta rapidamente e, um minuto depois, Dulce a ouviu ir embora. Parecia que uma porta havia se fechado em sua vida. Ela hesitou por um momento, antes de voltar ao caso em que estava trabalhando. A visão estava tão embaçada que quase não conseguia ler.


Cozumel era uma cidade pequena e, imediatamente, todos sabiam do jantar de Uckermann e Bess. Não ficaram sabendo que, na verdade, nada tinha acontecido entre eles, porque Bess tratou de espalhar que fora o encontro mais fogoso da vida dela. Dulce conteve-se para não ser ríspida com a sua funcionária, mas não podia deixar ninguém perceber o quanto a experiência era dolorosa e humilhante para ela. Ao menos, tinha orgulho.


Xavier Ochoa soube do encontro e deu gargalhadas. Originalmente, tinha planejado passar apenas uma noite em Cozumel, mas estava se divertindo demais para ir embora com pressa. Uma semana depois, ainda estava hospedado em um hotel e tomava café diariamente na frente do escritório de Dulce.


Dulce estava a ponto de bala. As pessoas estavam fofocando sobre ela outra vez. Começou a ficar impaciente com as assistentes sociais e com os clientes, o que não era de seu temperamento. Não podia fazer nada contra Xavier Ochoa e, com certeza, Uckermann também não faria, pois parecia que gostava do homem. E parecia gostar de Bess também, porque todo dia passava no escritório para almoçar com ela.


- Estou indo - Bess disse hesitante, na tarde de sexta-feira. Do canto do olho, Dulce notou que a moça lhe olhava com preocupação. Não se surpreendeu, uma vez que, até mesmo para si mesma, parecia pálida e quieta. Na verdade, quase não comia nada. Estava perto de deixar a cidade. O desespero tirou-lhe o temperamento equilibrado do qual sempre se orgulhara.


- Bom almoço - disse a Bess, sem olhar, porque sabia que veria Christopher na outra sala, esperando.


Bess ainda assim hesitou. Sentia-se culpada demais. Era óbvio o que sua chefe sentia por Christopher Uckermann. Ficara mais óbvio agora que ele estava saindo com Bess, que detestou estar no meio dos dois e se sentiu mal de lembrar o quanto exagerou ao contar para todos sobre os encontros com Uckermann. Tudo para parecer que estavam num relacionamento quente.


Dulce sempre tratou Bess educadamente, mas agora a tratava como uma desconhecida. E doía-lhe ver a amizade antiga se esvair. Dulce não a olhava mais nos olhos, tratava-lhe como um móvel, e isso era penoso. Mesmo assim, Bess não podia culpá-la. Apesar de ter lhe pedido permissão para sair com Uckermann, percebia que sua chefe gostava muito dele. Bess se sentiu mal por colocar a sua paixão por Uckermann na frente dos sentimentos de Dulce. Isso não lhe trouxera nada de bom. Uckermann era boa companhia, e a beijara uma vez, embora sem afeto, mesmo que demonstrasse gostar de ficar com ela. Por outro lado, quando ele olhava para Dulce, havia um verdadeiro tormento em seus olhos.


- Posso trazer alguma coisa para você? - Bess perguntou abruptamente. - Dulce, você parece tão...


- Estou bem - Dulce disse brevemente. - Peguei uma gripe e perdi o apetite, apenas isso. Pode ir.


Bess deu um sorriso amarelo e fechou a porta.


Uckermann também viu Dulce no instante em que a porta do escritório dela se abriu. Desejou demonstrar-lhe que não se importava com ela, que poderia sair com outras mulheres, sem ligar para os sentimentos dela. Mas o tiro estava saindo pela culatra. Sentiu-se mal por perceber o quanto a humilhava vê-lo sair com uma de suas funcionárias.


Verdade que não era culpa dela não poder engravidar, e Uckermann nunca dera a entender que quisesse uma relação permanente entre os dois. Admitiu para si mesmo que estava tentando arrumar motivo para mantê-la à distância. Sentia medo de confiar nela e de ser magoado se lhe entregasse seu coração completamente. Acreditou em Xavier Ochoa porque quis. Mas agora, ao pensar racionalmente, percebeu a própria ingenuidade. Estava realmente tão desesperado em tirar Dulce de sua vida que acreditou em um estranho tendencioso, antes mesmo de perguntar a Dulce a sua versão dos fatos.


Xavier Ochoa também estava almoçando na cafeteria e parou na mesa de Uckermann para cumprimentar a ele e a Bess. O xerife Villardy passou com o carro de patrulha e os viu pela janela. Mais tarde naquele dia, ele chamou Uckermann em sua sala e fechou a porta.


- Ouvi falar que Xavier Ochoa está na cidade há seis dias - disse baixinho. - O que ele quer aqui?


-Está apenas de passagem - respondeu Uckermann.


-E...?


Uckermann estava confuso. Não era comum seu chefe se interessar tanto pelos estranhos que visitavam a cidade.


- Está passando um tempo aqui, acho.


Villardy colocou as mãos sobre a mesa e começou a brincar com um clipe de papel.


- Ele é um homem ressentido - disse, olhando para Uckermann. - Ouvi umas conversas das quais não gostei. Foi uma audiência fechada, mas, mesmo assim, houve muita fofoca. A esposa e a filha de Guillermo deixaram a cidade depois do veredicto, mas Dulce não tinha para onde ir. Guillermo, claro, fez da sua vida um inferno.


- Talvez tivesse motivo - Uckermann arriscou. Villardy colocou o clipe sobre a mesa.


- Escute - disse friamente. - Dulce não fez nada, exceto tentar ajudar a mulher e a filha dele. Guillermo era viciado em cocaína. Um dia, ele ficou tão maluco que bateu na filha e fugiu. Foi Dulce quem a acolheu e a confortou. Foi Dulce quem convenceu a mãe da menina de que era casada com um viciado e precisava de ajuda. Quando Dulce ficou sabendo, provavelmente por seu amigo Xavier, que Guillermo forçou Clarice, a filha dele, a voltar para casa, ela foi lá naquele dia. Guillermo? atacou Dulce, que quase não teve tempo de escapar.


Uckermann não disse uma palavra, apenas ficou um pouco pálido.


Villardy continuou:


- Para azar de Dulce, o julgamento não foi divulgado, para proteger Clarice, e Dulce teve de arcar com a fofoca. Tudo o que as pessoas ouviram foi que Dulce quase fora estuprada. Tornou-se o assunto da cidade. A todo canto que ia, graças a Xavier Ochoa, era ridicularizada como a moça que provocou Guillermo e depois o denunciou por estupro. Ela deixou falarem, pelo bem de Clarice, até a mãe da menina arrumar um emprego em outra cidade, enquanto Guillermo estava preso.


- Não foi isso que Xavier me contou - Uckermann disse com tristeza.


- Xavier Ochoa detesta Dulce. Ele era membro do conselho municipal, tinha bastante influência e soube usá-la. Mas o tempo passou e Xavier se mudou. Mas não acabou por aí. Guillermo saiu da prisão, seis meses depois, e foi atrás de Dulce. Ele morreu num acidente de carro - o xerife afirmou -, mas estava perseguindo Dulce por vingança quando isso aconteceu. Ele a teria matado se não tivesse morrido.


Uckermann sentiu um frio na espinha. Conseguia visualizar a cena facilmente. O xerife acrescentou:


- Dulce sobreviveu e manteve a cabeça erguida, de maneira que os que sabiam da verdade a admiram ainda mais por causa disso, Ela sofreu o suficiente. Eu não tinha idéia de que Xavier Ochoa estava na cidade até vê-lo nesta manhã, mas não deixarei que ele fique aqui. Vou agora escoltá-lo até a divisa do estado pessoalmente - levantou-se e pôs o chapéu. - E para registro, acho que você foi baixo ao começar a sair com Bess bem na cara de Dulce depois disso tudo. Ela não merece isso. Uckermann também se levantou.


- Quero dar uma palavra com Ochoa antes de expulsá-lo da cidade.


Villardy viu a expressão no rosto de Uckermann e entendeu o que queria.


- Você acreditou nele sem questionar o que disse - relembrou-o. - Se há culpa, ela é sua tanto quanto dele. Você não vai se aproximar de Xavier.


Uckermann apertou os lábios com raiva.


- Ele nunca deveria ter vindo aqui espalhar mais mentiras sobre Dulce.


- Você nunca deveria ter acreditado nele - respondeu, sem compaixão. -Aprenda com a experiência. Há sempre dois lados para a mesma história. Você tem bastante trabalho a fazer. Por que não vai cumprir seu papel como oficial?


Uckermann pôs o chapéu.


- Porque não me sinto como um no momento - admitiu. - Fui um idiota.


- Momentos difíceis ensinam boas lições. Só assim aprendemos. Dulce não julga as pessoas, mesmo que você o faça.


Uckermann não acrescentou mais nada, embora tivesse suas dúvidas de que não seria julgado. Magoara muito Dulce, que talvez o perdoasse, mesmo sem um pedido formal de desculpas, mas ela jamais se esqueceria do o que ele lhe dissera.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

    Amei

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