Fanfics Brasil - Livro.01-CAP.10 ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)

Fanfic: ˙·٠•●ღ●๋•Série Mavericks•ღ♥ღ•(Vondy)


Capítulo: Livro.01-CAP.10

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Dez


 


As últimas palavras que Uckermann disse a Bess foram proféticas. Estava pensando em Dulce quando não deveria e entrou numa loja de conveniência, fora da cidade, sem notar o silêncio agourento e a cara assustada da balconista.


Parece que aconteceu em câmera lenta. Um homem com uma jaqueta jeans desbotada apareceu segurando um revólver. Quando Uckermann pôs a mão na própria pistola, o homem atirou. Houve um impacto como se tivesse levado um soco na parte de cima do braço, que o fez girar o corpo. Uma fração de segundo depois, escutou o estouro, como uma bombinha explodindo. Nesse longo minuto em que tentou reagir, o criminoso deixou a outra vítima, Tammie Jane, a atendente horrorizada, e saiu correndo pela porta como um louco.


- Você levou um tiro! Ai, meu Deus, o que devo fazer? - Tammie Jane gritou e correu até Uckermann esquecendo-se do perigo que corria. - Não estou tão mal - disse, rangendo os dentes e pegando um lenço para estancar o fluxo de sangue.


- Não quebrei nada, mas parece que o tiro perfurou uma artéria - falou, amarrando o lenço ainda mais fortemente, apesar da dor que isso lhe causava. - Tudo bem com você?


- Sim! Ele entrou e pediu cigarros. Quando me virei para pegá-los, sacou a arma. Nossa, tomei um susto! O ladrão tinha acabado de me mandar esvaziar o caixa quando você entrou.


- Entrei como um recruta - acrescentou pesarosamente. - Não sei onde estava com a cabeça. Nem tive tempo de atirar.


- Está perdendo muito sangue. Melhor eu chamar uma ambulância...


- Não precisa. Vou ligar para a delegacia pelo rádio - disse, indo para o carro de patrulha, cambaleando um pouco. Estava perdendo sangue rapidamente e sua cabeça rodopiava. Pelo rádio, deu sua localização e um breve relato do ocorrido, acrescentando uma sucinta descrição do assaltante e pedindo um boletim de ocorrência.


- Fique tranqüilo. Enviaremos a ambulância - o correspondente disse e desligou. O rádio anunciou alto o chamado de uma ambulância e depois o boletim de busca do criminoso, na freqüência municipal.


A balconista saiu da loja com uma toalha e a entregou a Uckermann, pois seu lenço já estava encharcado.


- Não sei como fazer um torniquete, mas posso tentar se você me disser como - Tammie Jane se ofereceu com preocupação. O sangue do ferimento formava poças no chão, onde Uckermann permaneceu segurando seu braço, do lado de fora do carro.


Encostou-se na cadeira, pressionando o machucado.


- Obrigado, mas a ambulância chegará logo. Já estou ouvindo a sirene.


Era uma sorte Cozumel ser uma cidade pequena. Menos de dois minutos depois, a ambulância chegou e dois paramédicos desceram, avaliando a situação. Com eficiência, posicionaram Uckermann na maca e depois no veículo.


Mesmo enfraquecido pela perda de sangue, chegou consciente ao hospital. O sangue já estava estancado quando entraram na sala de emergência.


Sorriu, dopado, ao ser internado no hospital.


- Que coisa horrível para um policial! Acho que fui pego distraído.


- Agradeça à sorte por ter sido um tiro ruim - disse um dos enfermeiros com um sorriso. - Foi um tiro superficial, mas estourou uma artéria. Você teria sangrado até a morte se não tivesse nos chamado.


- Começo a acreditar.


Levaram-no para uma sala e chamaram o médico residente, que estava cuidando do atendimento de emergência.


Dulce tivera uma manhã agitada, com a agenda lotada de ligações para fazer. A conversa com Uckermann sobre a pequena Gabrielle mexera muito com ela. Não estava considerando os fatos enquanto sonhava com o bebê e ela juntos na sua casinha aconchegante.


Agora, estava considerando um futuro frio e solitário com nada, exceto a velhice no final. Da promessa dourada dos bons tempos com Uckermann, haviam restado apenas cinzas.


Retirou os óculos e esfregou os olhos cansados. Desistiu de usar lentes de contato, agora que não estava mais se encontrando com Uckermann. Não se importava mais com sua aparência, exceto para o trabalho. Vestia-se bem, mas não precisava mais se arrumar para um homem. Nunca se sentira tão pra baixo, mesmo tendo sofrido outras desilusões antes dessa. Parecia que nada daria certo para ela.


O telefone do lado de fora do escritório tocou alto, mas Dulce quase não prestou atenção. Estava desanimadamente cumprindo as tarefas da sua agenda, quando Bess, de repente, abriu a porta da sala de Dulce e entrou, pálida e nervosa.


- Christopher Uckermann levou um tiro - anunciou, e se sentiu mal ao ver o impacto dessas palavras sobre Dulce, que cambaleou com o susto.


- Tiro? - repetiu - Uckermann? Ele está bem?


- Acabei de falar com Sandy, uma amiga do hospital, que me contou que está internado lá. Aparentemente, o incidente ocorreu há duas horas. Meu Deus, não acha que alguém deveria ter nos ligado antes? Ou que deveriam ter anunciado no rádio? Ah, o que estou dizendo, nem mesmo ouvimos a estação local!


- Sandy sabe do estado dele? - Dulce perguntou, agitada.


- Ela não teve tempo de descobrir. Resolveu me ligar primeiro. - Não explicou que era porque Sandy, assim como a maioria das pessoas, pensava que Uckermann e Bess eram um casal. - Tudo o que sabia era que ele tinha levado um tiro e acabara de sair da cirurgia de emergência.


- Cancele os meus compromissos da tarde - Dulce disse, segurando a bolsa. - Termino de preencher esses papéis quando eu voltar, seja lá quando for.


 


- Quer que eu dirija para você? - Bess ofereceu. Dulce estava revirando à bolsa para achar a chave do carro.


- Não precisa. Eu mesma dirijo.


Bess entrou na frente dela para evitar que saísse correndo porta afora.


- Menti sobre Christopher e eu - disse sem rodeios, enrubescendo. - Nada do que disse era verdade. Ele não quis nada comigo e fiquei ressentida. Então inventei um monte de coisas. Não o culpe. Ele nem sabe o que fiz.


Dulce hesitou. Queria tanto acreditar! Mas ousaria?


- Honestamente - Bess disse, e os olhos não deram sinal de hesitação. - Nada aconteceu.


- Obrigada - Dulce respondeu com um sorriso forçado. E então saiu correndo. Se ele morresse... Mas nem pensaria nisso. Tinha de se lembrar de ficar calma, ninguém dissera que a condição dele era crítica. Tinha de acreditar que ficaria bem.


Parecia que estava levando muito tempo para chegar ao hospital. E, quando finalmente chegou, não encontrou uma vaga para estacionar. Teve de ficar rodando no estacionamento, perdendo um tempo precioso, até que alguém saiu da área reservada aos visitantes. Houve uma epidemia de gripe e o hospital estava lotado.


Dulce correu, ofegante, até a sala de emergência. Parou na recepção para se informar onde Uckermann estava.


- O oficial Uckermann está na ala de recuperação, descendo três andares - a atendente informou-lhe. -Mas... Espere! Você não pode entrar lá...!


Desviou-se de uma enfermeira que tentou detê-la e parou ao lado de Uckermann, pálido, deitado numa maça, com uma bandagem em volta do peito e do braço. Havia tubos saindo dos dois antebraços, um com sangue e outro com um líquido transparente.


A equipe médica voltou os olhares para ela, surpresa com sua entrada e sua cara pálida.


- Você é parente? - um deles, provalvemente um médico, perguntou.


- Não - Uckermann respondeu meio tonto.


- Sim - Dulce disse ao mesmo tempo. O homem não entendeu.


- Ele não tem mais ninguém para cuidar dele - Dulce disse com teimosia, posicionando-se ao lado de Uckermann. E depois pôs a mão sobre a dele.


- Não preciso que cuidem de mim - murmurou, detestando que Dulce o visse em posição tão vulnerável. E estava embriagado por causa dos efeitos da anestesia que tomara para a remoção da bala.


- Bem, na verdade, você precisa, por pelo menos 24 horas - o médico respondeu com um sorriso. - Vamos deixá-lo aqui uma noite - disse a Dulce. - Ele perdeu muito sangue e está fraco. Queremos dar a ele antibióticos também, para evitar que a ferida infeccione. Ficará com o braço dolorido e um pouco de febre durante alguns dias.


- E não pode trabalhar, certo? - indagou. Uckermann murmurou alguma coisa.


- Certo - o médico concordou.


- Vou ficar com ele hoje, caso precise de alguma coisa. - Dulce se ofereceu.


Uckermann virou-lhe a cabeça e a encarou com seus olhos inchados e entorpecidos.


- Está arrependida? - perguntou, tentando falar com força como de costume.


- Não, estou fazendo penitência - ela respondeu. - Estou ajudando um amigo.


Finalmente, Uckermann conseguiu que os olhos se focassem o suficiente para ver o rosto dela com clareza. Estava abatida e o medo mostrava-se no olhar. Provavelmente, alguém mencionara o tiro sem detalhar que era algo relativamente pequeno. Parecia que Dulce esperava encontrá-lo morto ou destroçado.


- Estou bem - disse-lhe. - Já levei um tiro antes, e bem pior que este. Não é nada.


- Nada! - ela zombou.


- Um machucado superficial - ele completou. - Ligamento rompido, artéria perfurada que teve de ser reconstituída, perda de sangue extensiva... comparado com a última vez que levei um tiro, não foi nada - Uckermann insistiu. - Deus, o que me deram? Não consigo ficar de olhos abertos.


- E nem precisa - o médico disse, dando tapinhas no seu ombro bom. - Agora descanse, oficial. Vai dormir um pouco e depois sentirá muita dor no braço, mas lhe daremos alguma coisa para fazê-la passar.


- Não preciso de mais... analgésicos - bocejou e fechou os olhos. - Vá para casa, Dulce. Não preciso de você também.


- Sim, precisa - disse, teimosa. Olhou ao seu redor e se deu conta de que fora louca de forçar sua entrada daquela maneira. Enrubesceu.


- Desculpem-me - falou, indo em direção à porta. - Não sabia se era sério o ferimento dele. Pensei que fosse bem pior.


- Tudo bem - o médico disse gentilmente e sorriu.


- Vamos levá-lo para o quarto. E você pode sentar-se lá, se quiser. Ele ficará bem.


Dulce balançou a cabeça, agradecida, segurando a bolsa como se fosse um colete salva-vidas. Saiu e se sentou numa poltrona da sala de espera. Ainda estava com o coração acelerado e se sentiu enjoada ao pensar que Uckermann poderia estar morto. Esquecera-se de que a vida era tão incerta e que o trabalho dele era tão arriscado. Agora se encontrava cara-a-cara com suas próprias inseguranças e estava lidando mal com elas.


Quando o levaram para um quarto compartilhado, ela foi junto. O outro leito do quarto estava vazio, então ela não teria de disputar espaço com outro paciente e seus visitantes. Isso era um alívio. Notou que havia um telefone e, assim que Uckermann foi acomodado e a equipe médica se retirou, ligou para o escritório e comunicou a Bianca sobre o estado dele e que não voltaria ao escritório, antes de pedir para ser transferida a Bess.


- Quer que eu leve alguma coisa até aí? - Bess se ofereceu.


- Não, obrigada, estou bem. - Dulce não queria Bess ali. Queria Uckermann apenas para si, sem intrusos. Era um ato egoísta, mas tinha levado um grande susto. Precisava de tempo para se sentir segura de que tudo ficaria bem, de que ele não morreria.


- Então nos ligue se precisar - Bess disse. - Falei com Sandy de novo e contei-lhe a verdade. Assim, ninguém vai ficar comentando nada sobre mim e Christopher Uckermann. Fico feliz de saber que ele vai se recuperar, Dulce.


- Eu também - ela concordou. Desligou e aproximou a cadeira da cama. Notou um olhar estranho de uma das enfermeiras, mais cedo. Deveria ser a amiga de Bess.


Uckermann estava dormindo agora, com a expressão diferente de sua cara fechada usual. Parecia mais jovem e vulnerável. Dulce fez uma careta ao ver o braço dele e pensar na dor que deve ter sentido. Nem ao menos sabia se tinham pegado o homem que lhe baleara. Aparentemente, estavam vasculhando a área atrás dele.


Alguns minutos depois, o xerife Villardy e outros policiais passaram para ver Uckermann. Villardy fora até a casa de Uckermann para pegar uma muda de roupa e deixar comida para Mack. A camisa que vestira estava manchada de sangue e rasgada. Uckermann ainda dormia com a anestesia.


- Já pegaram o culpado? - Dulce perguntou. Villardy balançou a cabeça, irritado.


- Ainda não, mas vamos pegar - disse asperamente. - Nunca deveria ter deixado isso acontecer. Uckermann é um bom homem e, pelo salário que o trabalho oferece, é difícil conseguir pessoas deste calibre.


Dulce questionou o porquê de um homem como Uckermann, com sua formação, aceitar trabalhar num emprego que, sabidamente, pagava tão mal.


- Me pergunto o porquê de um monte de coisas que ele faz - ela refletiu, observando-o inconsciente e imóvel. - Ele tem muitos segredos.


- Você também.


Ela deu um sorriso amarelo.


- Bem, todo mundo tem direito a enterrar o passado - relembrou-lhe.


Villardy deu de ombros.


- E muitos de nós têm algum esqueleto no armário. Diga-lhe que dei comida ao cachorro e lhe trouxe essas coisas. Volto amanhã. Vão tentar mantê-lo aqui por uma noite?


- Sim - ela disse com convicção. - Ficarei com ele. Só saio daqui amarrada.


- O Harris está aqui e pode ficar com você, se necessário - Villardy disse com um sorriso maroto.


Dulce olhou para o jovem oficial.


- Obrigada, mas, se eu precisar, o médico tem uma boa injeção subcutânea...


- Ótimo argumento. - Villardy deu mais uma olhada em Uckermann, que estava dormindo tranqüilamente.


- Diga-lhe que estamos na cola do assaltante. Temos quase certeza de quem é, pela descrição. Estamos observando a casa da avó do suspeito. É para onde deve correr quando se sentir seguro.


Dulce fez que sim com a cabeça.


- Essa é uma vantagem das cidades pequenas, não é? - pensou. - Ao menos sabemos onde achar os infratores.


- Facilita a vida da polícia, que está em ação. Uckermann é muito benquisto.


- Sim - disse. - Obrigada por tirar o Xavier Ochoa das minhas costas.


Villardy sorriu.


- Vizinhos devem ajudar uns aos outros. Talvez você me faça um favor algum dia.


- Apenas peça.


- Bem, um pedaço daquele pão de passas caseiro não me ofenderia - ele sugeriu.


- Assim que tirar Uckermann daqui, o pão de passas será a minha prioridade - prometeu-lhe.


Aquelas palavras fizeram-no rir, mas a chocou perceber o quanto se sentia dona de Uckermann, que não lhe dera nenhum direito a isso. Dulce simplesmente entrou e tomou conta sem sua permissão. Mas, se fosse embora, sabia o que ele faria: voltaria para casa naquela noite e para o trabalho no dia seguinte, pois não acreditava em mimos. Então, ela não podia deixar o hospital. Tinha que mantê-lo lá durante a noite e ter certeza de que ele descansaria, de acordo com a recomendação médica. Mas como conseguiria isso?


Ainda estava se preocupando com o assunto quando ele acordou. Já era noite, e ele estremeceu ao se espreguiçar. Puseram nele uma camisola de hospital, e o toque do tecido de algodão parecia irritá-lo. Tentou tirá-la.


Dulce se levantou e segurou sua mão, pois ainda tinha tubos nelas.


- Não, não pode - disse gentilmente, inclinando-se sobre ele.


Os olhos dele se abriram. Olhou ao redor e cerrou as sobrancelhas.


- Ainda estou aqui? Dulce balançou a cabeça.


- Querem que fique até amanhã. Você está muito fraco e ainda não terminou de receber a transfusão.


Uckermann soltou um suspiro longo.


- Estou muito mal. O que fizeram comigo?


- Eles o operaram, acho - disse. - Depois lhe deram algo para fazê-lo dormir.


Olhou-a, confuso.


- O que está fazendo aqui? Já é tarde.


- Vou ficar aqui hoje à noite - falou com firmeza, e o desafiou com o olhar a dizer o contrário.


- Por quê?


- Para caso precise de alguma coisa. E, principalmente, caso tente ir embora - acrescentou. - Vai ficar bem aí, Uckermann. Se fizer qualquer movimento para se levantar, chamo o médico e a enfermeira e vão enchê-lo de tantos analgésicos que você vai dormir até domingo.


Encarou-a.


- Ameaças não vão me afetar - garantiu.


- Não são ameaças - respondeu calmamente. - O médico me disse que ficaria contente em apagá-lo sempre que eu pedisse se você tentasse escapar.


- Droga! - Ele levantou as duas mãos e observou as agulhas. - Como me meti nessa bagunça?


- Você deixou um homem lhe dar um tiro - relembrou-o.


- Não deixei - disse, nervoso. - Entrei sem olhar, quando ele estava tentando roubar a loja. Nem vi a arma até a bala me atingir. Era justamente uma arma de policial - acrescentou, furioso. - Um 38. Não é à toa que me causou tanto dano.


- Fico feliz que esse ladrão não tenha conseguido atirar para frente - ela disse.


- Sim, eu também. Ele estava assustado e, provavelmente por isso, não acertou nenhuma área vital, atirando para qualquer lado - contraiu os olhos e o rosto ao se mexer. - Espero que eu possa ter cinco minutos com ele quando for preso. Notícias de Villardy?


- Ele e outros oficiais estiveram aqui para vê-lo enquanto estava dormindo. Disseram que sabem quem foi e que estão fazendo guarda na casa de um parente dele.


- Ótimo.


- Você não sabia que o local estava sendo roubado? Não foi por isso que estava lá? - continuou.


- Fui até lá porque queria uma xícara de café - disse, com um sorriso amargurado. - Acho que, depois do que houve, nunca mais vou querer café para o resto da minha vida. E, se quiser, faço em casa.


- Posso ver com a enfermeira se você pode tomar um pouco de café agora - ela ofereceu.


- Não, obrigado. Vou sobreviver. - Ele hesitou. - Eles têm um enfermeiro neste andar?


-Sim.


- Você pode chamá-lo aqui, por favor?


Não precisou perguntar por quê. Foi procurá-lo e pediu que entrasse. Esperou até vê-lo sair antes de se juntar a Uckermann outra vez.


- Tubos malditos - murmurou. Parecia exausto, deitado ali no meio daquela parafernália. Ele virou-se e olhou para ela, vendo-lhe as linhas no rosto, a ausência de maquiagem e a palidez.


- Vá para casa.


- Não vou - disse com firmeza. Sentou-se na cadeira ao lado da cama. - Vou deixar o hospital junto com você e não antes.


Ele arqueou as sobrancelhas.


- Pedi a você que ficasse responsável por mim? - perguntou, irritado.


- Alguém tem que ficar - disse a ele. - Você não tem mais ninguém.


- Villardy ficaria aqui comigo, se eu lhe pedisse, ou qualquer outro oficial.


- Mas você não pediria - respondeu. - E, no momento em que eu sair daqui, você vai pedir baixa e ir para casa.


- Preciso ir para casa. E o Mack? - gemeu. - Vai ficar sem o jantar?


- O xerife Villardy já deu comida ao cachorro. Também trouxe para você uma muda de roupas.


Essas informações o fizeram relaxar.


- Bacana da parte dele - comentou. - Mas quem vai dar comida ao Mack amanhã de manhã e levá-lo para passear?


- Imagino que teremos que pedir que o xerife vá novamente. Até me ofereceria, mas seu cachorro não gosta de mulheres. Não quero entrar na sua casa sem você. Ele vai rosnar para mim.


- Seu gato rugiu para mim e isso não me impediu de entrar na sua casa.


- Marylin não poderia causar-lhe muito estrago, mas Mack é um cachorrão com dentes afiados.


Fitou-a.


- Tem medo dele?


- Digamos que tenha medo de ser mordida - disse evasivamente.


- Tudo bem, passe-me o telefone.


Ela fez isso e o ajudou a discar. Falou com Villardy e lhe agradeceu. Depois, pediu para que fosse alimentar Mack de manhã. Villardy já sabia onde Uckermann guardava uma cópia da chave, pois a utilizara antes. Aceitou prontamente cuidar de Mack.


- Isso é um peso a menos nas minhas costas - Uckermann disse, quando terminou, recostando-se nos travesseiros. - Está sentindo esse cheiro?


Assim que terminou essa frase, a enfermeira entrou com duas bandejas.


- Hora do jantar - disse bem-humorada, colocando-as sobre a mesa. - Trouxe uma para você, srta. Saviñon - acrescentou. - Não tomou nem mesmo um café desde que chegou aqui.


- Tão gentil da sua parte! - Dulce disse. - Obrigada!


- O prazer é nosso. Cuide para que ele coma - acrescentou ao sair. - Vai precisar de proteína para reconstituir o sangue que perdeu.


- Farei isso - prometeu.


Ela destampou os pratos de comida e Uckermann fez caretas terríveis.


- Odeio fígado! Não vou comer.


Não lhe respondeu. Apenas cortou a refeição em pedaços pequenos e os serviu na boca para ele. Ele lhe arregalou os olhos, mas, depois de resistir teimosamente por um minuto, abriu a boca e deixou que o alimentasse.


- Indecente, tratar um adulto dessa forma - murmurou. Mas ela notou que não se recusou a comer, como poderia. E, na verdade, ele não deu nenhum sinal de protesto, mesmo quando ela prosseguiu com os legumes e finalmente, o pudim de baunilha.


Aquilo era uma cena íntima. Não tinha pensado sobre as suas ações, mas agora percebia que poderia ser mal interpretada, até mesmo por Uckermann. Estava se comportando como uma idiota apaixonada. O que ele deve ter pensado quando ela entrou correndo na sala de recuperação e forçou sua entrada na vida dele dessa forma?


Deu-lhe o último pedaço de pudim e, com uma cara preocupada, moveu a bandeja para outra mesa.


- Agora coma você, antes que esfrie - ele insistiu. - Se estiver determinada a ficar aqui a noite toda, precisa comer algo para se manter de pé.


- Não estou com fome...


- Eu também não estava - disse sorrindo. - Mas não tive escolha, tive? Agora pegue esse garfo ou saio agora da cama e pego para você. - A mão dele segurou o lençol. Com um suspiro resignado, ela pegou o prato e o garfo e sentou-se de volta na cadeira. Não gostava nada de fígado também, mas comeu. Ao menos ficou alimentada.


Observou-a até terminar e tomar o café.


- Não foi bom? - provocou.


- Detesto fígado.


- Eu também, mas isso não me livrou de comê-lo.  - Ele sorriu para ela. - A vingança é um prato que se come frio.


Dulce suspirou e levantou-se para deixar o prato na bandeja.


- Não vai comer isso? - perguntou.


- Gosto de chocolate - murmurou -, mas detesto baunilha.


- Eu não - seus olhos brilharam. - Quer me dar na boca?


Ficou corada, mais pelo tom suave da voz dele do que pela pergunta. Porém, não pôde evitar.


- Se quiser... - disse hesitante.


- Então venha.


Pegou o pudim e aproximou-se da cama. Mas, quando começou a tirar a tampa, ele a agarrou pelo braço e a puxou para perto.


- Christopher! - protestou com fraqueza.


- Me anime - sussurrou, estendendo os braços para segurar seu rosto entre as mãos e trazer-lhe mais perto. - Sou um doente, preciso de mimos.


-Mas...


- Quero beijá-la - sussurrou-lhe sobre os lábios. - Não pode imaginar o quanto. Chegue só um pouquinho mais perto, Dul, apenas mais um centímetro.


Soltou um suspiro sobre os lábios dele, ao se aproximar, e deixou seus lábios lhe tocarem. Uckermann deu um gemido suave e, apesar dos tubos, passou o braço por trás da cabeça dela para aumentar-lhe a pressão sobre a boca. Dulce enrijeceu, mas já era tarde. A insistência do beijo dele driblou todas as dúvidas e resistências que tinha e tocou-lhe a alma. Ela suspirou e, cedendo à necessidade de comprovar que ele estava vivo, abriu-lhe os lábios sem timidez e percebeu a surpresa que isso lhe causou, antes que ele a beijasse mais profundamente.


Fora do quarto, o som do carrinho de recolher bandejas a fez levantar a cabeça. Uckermann ficou triste, pois seus olhos demonstravam o quanto a desejava.


- Covarde! - provocou.


Os lábios dela ficaram intumescidos. Afastou-se dele e levantou-se, embora os joelhos bambos quase a entregassem. Aquele homem tinha um efeito em seu corpo que nenhum outro tivera. Havia tantas razões para não deixar que o sentimento entre eles crescesse... Mas fora desapontamento. Não sentia nenhuma outra emoção naquele momento além de um jorro de prazer que logo se transformou em frustração.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Onze   A enfermeira entrou para retirar as bandejas e Dulce conseguiu fingir-se calma e relaxada. Mas, por dentro, todo o seu corpo se contorcia de desejo. Apenas de olhar para Christopher, a boca estremecia com a memória do beijo. Estava se perguntando como iria contornar essa situação, quando o médico veio vê-lo e recomendou um seda ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 323



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  • Jusly_ Postado em 27/06/2015 - 18:35:47

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